quinta-feira, 10 de setembro de 2009

GAÚCHOS ILUSTRES < F-L >

GAÚCHOS  ILUSTRES - F-L -


. . . continuação . . .



FAGUNDES, ANTÔNIO AUGUSTO
Advogado e Antropólogo

Antônio Augusto Fagundes é um nome popularmente conhecido na área da cultura do Rio Grande do Sul.
Professor de Folclore, tem trabalhos premiados como poeta, compositor e ficcionista, Advogado e apaixonado pelas Ciências Sociais, pós-graduou-se em História do RGS, pela UFRGS e alcançou o grau de Mestre em Antropologia Social, pela mesma Universidade.
Dente suas obras, destacam-se:
01 - O Combate da Ponte do Ibirapuitã
02 - Cartilha da História do Rio Grande do Sul - 1994
03 - Indumentária Gaúcha
04 - Co-autor da letra e música “Canto Alegretense”
Tenta dar uma visão global na formação da terra e das gentes do Rio Grande do Sul, sem perder a perspectiva da integração gaúcha ao complexo histórico, geográfico e cultural da bacia do Prata.
Os episódios mais importantes da História rio-grandense desfilam ordenadamente, integrando-se um ao outro, em seqüência, muitas vezes como teses novas e revolucionárias, como no caso das Missões, sempre aproveitando as mais recentes conquistas da historiografia gaúcha.
Antônio Augusto foi o criador do programa “Galpão Crioulo” levado ao ar pela RBS-TV do RS e de SC; por longo tempo foi o seu apresentador oficial, sendo substituído parcialmente pelo seu sobrinho Neto Fagundes (porque foi acometido de um derrame cerebral).



FAGUNDES, FELISBERTO JOSÉ
Militar
Farroupilha

Em março de 1836, os revolucionários interceptaram um ofício do Presidente Araújo Ribeiro enviado a Bento Manuel Ribeiro, que constava uma determinação para que prendesse, entre outros, Felisberto José Fagundes.
Felisberto era oficial de 1ª linha do Exército Imperial; foi feito prisioneiro em Porto Alegre; pertencera ao 2º corpo de Cavalaria, estacionado em Bagé (RS).
Constava entre os denunciados, na “Reação da Capital da Província” tendo sido condenado por sedicioso e era dos “anarquistas” contra o qual avolumava-se quase que maior prova.
Manoel Lobo Ferreira Barreto (coletor em Rio Pardo), acusou-o como um dos principais cabeças da rebelião.
Marciano Pereira Ribeiro na qualidade de presidente da Província, confiara-lhe a tarefa de percorrer os distritos das freguesias de Viamão, Aldeia dos Anjos (Gravataí) e do Curato de Belém (no RGS), a fim de reunir todos no combate de Rio Pardo, como os homens capazes de pegar em armas. Mas ele não fizera, aproveitando-se bem do momento, senão a propaganda da revolução; aparece no combate de Rio Pardo, como oficial republicano.
Também se envolveu com os colonos de S. Leopoldo (RS); haveria mais de um Felisberto José Fagundes ? . . .



FAGUNDES, GLÊNIO CABRAL PORTELA
Tradicionário

Foi no ano da graça de N. S. JESUS CRISTO de 1934, que nasceu esse nosso biografado, entre os rios Ibicuí e Cacequí, no povoado deste último nome, então de poucos fogões; hoje é cidade. Alí, num princípio de outono, com restos de verão antigo, que brotou Glênio Fagundes, à beira de uma sanga.
Era um salso chorão mal emplumado, quando um grilo guitarrero se aquerenciou entre as folhas; aquele grilo boêmio ensinou-lhe as primeiras notas, à luz da lanterninha que trazia atada nos tentos. Mas só falava das coisas noturnas > da lua no poço, estrelas no açude e aragens mensageiras de ausências.
Um dia veio uma cigarra de canto temporão, falando de retoços à luz do sol. Mas foi com a chegada de um louva-a-deus peregrino que fundaram uma aldeia sem pedir licença ao Glênio.
Com ritos e tudo, pois o louva-a-deus era um monge disfarçado que converteu o grilo, a cigarra e o Glênio; todos eram teatinos e falavam do céu e da terra.
O salso chorão crescia assim; até que uma gralha picaça veio falar dos homens e do brilho que eles tinham.
O Glênio passou a cismar debruçando a melena verde do murmúrio cristalino da sanga e quis ser gente.
Tanto incomodou, que o louva-a-deus misterioso fez-lhe a vontade. Transformou-o em guri, mas não tirou-lhe as raízes; e o piá passou a viver entre cavalos e cachorros, sem nunca abandonar a viola, presente do padrinho grilo. Sem esquecer as cantigas da cigarra, nem as lições do sábio louva-a-deus.
Assim, impregnado de céu, veio à cidade um dia, para o meio dos homens. Maneou-se e nunca mais pode voltar. Passou a viver das raízes que buscam seiva na terra; e a seiva era tanta, que chamou uns companheiros para reparti-la. Eram todos sem dono e sem ajuste.
E o Glênio fez Os Teatinos, com coisas de grilo e cigarra e as bênçãos do louva-a-deus rezador. Por isso seu canto é reza, porque eles cantam, rezando, a querência para a desquerência dos homens. Há vinte anos, se não me falha a memória.
Mas só cantar não bastava para regar as raízes. Fez-se poeta, e que poeta! Desenhista, tecelão e outros mistérios terrunhos. Agora escreve. Sua madrigueira é um templo.
Cevando mate após mate, vai sorvendo o próprio pago no amargo doce que lhe vem da cuia e da saudade que lhe açoita. É um ritual permanente. Tão impregnado ficou dessa imposição telúrica, que mergulhou na sua história.
Do que aprendeu, ele nos dá a essência; nos houve com aquela sensibilidade e depois, se estivermos mal à cavalo, ele nos apadrinha com palavras inefáveis de carinho, dando-nos sábios conselhos apontando o caminho da verdadeira tradição gaúcha, reprovando com sabedoria tradicionária, os mambirismos que perambulam por aí.
Escreveu em 1984, CEVANDO MATE (uma aula), que inicia com um belo Sumário:
Breves palavras, passa pela erveira, fazer a erva, do hábito salutar a uma tradição, da hospitalidade e confiança depositada, na intimidade do mate, os avios de mate (chimarrão), o mate, como pegar a chaleira, fechar ou cevar o mate, mate curto / mate comprido, entre mates . . . retirar erva, virar o mate, encilhar o mate, o mate doce, os avios de mate doce, a bomba de mate / sua nomenclatura, feitio e material da bomba, Tacuapy / a bomba primitiva, o porongueiro, feitios de cuia, os mates-de-cálice ou mates-a-pé, o trabalho de arte nas cuias, cuia saco-de-touro, curtir ou curar a cuia, porongo com feitio programado, a pintura nas cuias de mate doce, cuias de mate doce, porta-cuia com chaleira, recipiente para a água, a cambona, cambona primitiva, a chicolateira, o jujo / ervas medicinais, as lendas do mate, a bolsa de mate e acaba com um breve vocabulário guarany.
Glênio é o apresentador do magnífico programa dominical “Galpão Nativo”; levado ao ar pela TV-E de Porto Alegre, RGS.



FARIA ALENCAR, ALEXANDRINO DE
Almirante

Em Rio Pardo, a cidade que indiscutivelmente merece o nome de “Cidade-Monumento” (Tranqueira Invicta), num halo sublime e místico, em cada canto tem a sua história, se descobrindo em cada canto, relíquias e monumentos de arte, que nos falam a cada instante do seu passado e das suas glórias, cuja tradição está bem viva em nossos dias, como uma legenda heróica da terra de nobres e cultos filhos. “Reduto invencível das armas brasileiras” como bem se expressou o saudoso historiador Gen. Souza Doca.
Entre as belezas toscas que ainda restam em Rio Pardo, atestando o que a história registrou, conserva-se de pé uma velha casa, de construção rústica, porém sólida, que a gente tem que admirar e em reverência, deveríamos ao passar defronte à mesma, nos descobrir em continência aos que habitaram-na nos tempos idos.
Quem passar, realmente pela rua Júlio de Castilhos, em Rio Pardo, na esquina da subida que nos leva ao Alto de São Francisco (outro recanto que não se pode visitar sem que o nosso pensamento se alce aos longínquos tempos), há de ver sob uma elevação do terreno, como mirando-se no tempo, a casa onde nasceu o Alm. Alexandrino de Faria Alencar, mais um rio-pardense da velha estirpe dos bravos filhos deste rincão.
Nasceu Alexandrino de Faria Alencar, na velha “Tranqueira Invicta” aos 12 de outubro de 1848, quando o Rio Grande de São Pedro recém iniciava o seu período de descanso das lutas que por tantos anos sustentou, para manter a sua integridade material, moral e cívica; era filho do Capitão Alexandrino de Mello e Alencar e de Ana Ubaldina de Faria.
O Almirante Alexandrino era irmão do Major Leonel de Alencar, ambos casaram no Rio Pardo, na mesma família, com duas irmãs filhas de Manoel José Ferreira de Faria e de Maria Esmeria Simões Pires.
Mas, nem por isso deixou Alexandrino de Faria Alencar de ser chamado um dia a servir à Pátria, pois que ainda uma vez mais o Rio Grande também teria de ser chamado para defender o Brazil.
Da infância do ilustre rio-pardense, pouco sabemos, mas o que se pode afirmar é que ele se fez homem na escola dos nossos antepassados, educando-se com aprimorados dotes morais e cívicos, fazendo a carreira militar na Marinha de Guerra do Brazil, à qual serviu com carinho e patriotismo.
Quando o Brazil esteve em guerra com o Paraguai, o Aspirante a Guarda-marinha Alexandrino de Faria Alencar seguiu para a luta às ordens do Alm. Tamandaré e do Alm. Barroso, onde defendeu com heroísmo a nossa bandeira.
Cessada novamente a luta, voltando a paz aos lares brasileiros, continuou Alexandrino de Faria Alencar servindo na Marinha, sucessivamente na Divisão Naval de Montevideo, em viagens de circunavegação, como instrutor do Batalhão Naval, como adido militar à missão especial na China, na Divisão de Torpedeiros e na Capitania dos Portos do Ceará, alcançando de posto em posto, a elevada posição de “Almirante da Armada Brasileira.”
Na jornada de 15 de novembro de 1889, comandou todas as forças de desembarque, que apoiaram as forças de terra revoltadas e teve a missão, como comandante do cruzador Riachuelo, de comboiar o Alagoas (que levava ao exílio a Família Imperial Brasileira de D. Pedro II).
Ardoroso propagandista da República, acompanhou Saldanha da Gama, por ocasião da Revolta da Armada, em 1893, comando o Aquidabã, com ele saindo à barra e enfrentando a esquadra legalista em Santa Catarina; exilado, voltou com a anistia. Integrou o Conselho Naval e foi em 1906, senador pelo Amazonas, defendendo na Câmara Alta os interesses de nossa defesa naval.
Escolhido para a Pasta da Marinha, na presidência de Afonso Pena, continuou no cargo durante o governo Nilo Peçanha, voltando a ocupa-lo nas presidências de Hermes da Fonseca, de Venceslau Brás e mais tarde Artur Bernardes.
Alexandrino de Faria Alencar ocupou ainda o posto de Ministro do Superior Tribunal Militar. Foi também o iniciador da política Rumo ao Mar, devendo-se-lhe a aquisição de nossos mais modernos vasos de guerra, entre os quais os encouraçados São Paulo e Minas Gerais, bem como a Aviação Naval, das Escolas Profissionais, da Escola de Guerra Naval e o início das obras do Arsenal de Marinha, na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro (RJ).
O ilustre rio-pardense, cujo nome, para orgulho dos filhos de Rio Pardo e quiçá do Brasil, está em alto relevo nas páginas da nossa história, faleceu no Rio de Janeiro aos 18 de abril de 1926.



FARIA, ANTÃO GONÇALVES DE
Engenheiro Civil - Político gaúcho

Antão Gonçalves de Faria nasceu aos 17 de janeiro de 1854, em S. Sepé, Rio Grande do Sul; formou-se em engenharia civil no Rio de Janeiro.
Faleceu aos 3 de fevereiro de 1936, em Porto Alegre (RGS).
Tomou parte ativa na propaganda republicana em sua terra. Participou do primeiro governo republicano do Rio Grande do Sul à Constituinte Federal e Ministro da Agricultura no princípio do governo de Floriano Peixoto (1891-1892).
Demitiu-se e voltou para o seu Estado, afastando-se da política mas, ingressando nas fileiras de Gaspar Silveira Martins, contra o Castilhismo.
Em Porto Alegre, foi escolhido Redator do jornal O RIO GRANDE, sendo preso pela polícia Castilhista.
Em 1913, escreveu o livro "Problemas Nacionais".

Suas obras:

01 - Viação Férrea do RGS -
Rede Estratégica (ensaio) > 1912

02 - Problemas Nacionais (discurso) > 1913
...................................................................................................................................................

Tal verdade se constata nas páginas 163 / 4, do livro A patrulha de sete João do autor
Euclides Torres, da JÁ Editores - Maio / 2005.



FERNANDES BARBOSA, NILO
Poeta

Natural de Rosário do Sul (RS), nasceu aos 05 de fevereiro de 1912; foi funcionário municipal em Cachoeira do Sul (RS) e também era cronista.
Usava o pseudônimo de João do Adro e assinava Fernandes Barbosa.
Suas obras:
01 - Frutinha Proibida (versos) - 1938
02 - Minhas Flores de Jacarandá (poemas) - 1944
03 - Os Gatos e o Remédio (poesias satíricas) - 1949
04 - Carreirada (versos regionalistas) - 1954
05 - Súplica ao Negrinho do Pastoreio (poema) - 1959
06 - Sepé - O Morubixaba Rebelde (poema) - 1964



FERNANDES CARNEIRO VIANA, PAULO
Conde de São Simão

Natural da localidade de São Simão, próximo à Lagoa de São Simão, no município de São José do Norte (RS), onde nasceu aos 10 de março de 1804; era filho de Paulo Fernandes Viana (Desembargador do Real Paço, do Conselho de S. M. Fidelíssima e Cavaleiro Professo da Real Ordem de Cristo) e de Luís Rosa Carneiro da Costa (filha de Braz Carneiro Leão e de Ana Francisca Maciel da Costa que era a “Baronesa de São Salvador”, de Campos, por Portugal).
Casou aos 11 de abril de 1830, com Honorata Carolina Benigna da Penha de Azevedo Barroso, que nasceu aos 22 de dezembro de 1816; filha de João Gomes Barroso (Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Comendador da Real Ordem de Cristo e Coronel de Milícias) e de Maria Joaquina de Azevedo.
Carneiro Viana era irmão da “Marquesa da Cunha” e pai da terceira “Viscondessa da Cachoeira” (BA).
Era Grande do Império, Gentil-homem da Imperial Câmara, Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, Comendador das Imperiais Ordens de N. S. Jesus Cristo e da Rosa, Cavaleiro da Real Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa, de Portugal, e foi-lhe concedido o Senhorio de São Simão, no Rio Grande do Sul.
Aos 06 de fevereiro de 1818, foi agraciado por S. M. Fidelíssima com o título de Barão de São Simão. Por Imperial Decreto de 22 de janeiro de 1823, confirmou-lhe este título no Brasil.
Aos 12 de outubro de 1826, foi elevado a Conde de São Simão.
Faleceu, aos 14 de fevereiro de 1865.



FERNANDES FRANCO FILHO,  ANTÔNIO

Fazendeiro

Natural do Rio Pardo (RS), Antônio Fernandes Franco, filho de outro Antônio Fernandes Franco nascido na cidade de Porto Alegre (RS) e de Ana Maria de Jesus, natural do Rio Grande (RS).
Antônio Franco Filho casou-se com Cecília Bernarda do Amaral, de Viamão (RS), nascida em 1773, tendo o casal dez filhos.
Cecília era a oitava e última filha de Bernardo José Ferreira (português do bispado de Lamego) e de Bárbara Isabel de Santa Rosa, da vila do Rio Grande de S. Pedro.
Bárbara (mãe de Cecília), era também a oitava e última filha de Antônio de Sousa Sardinha, natural do Rio de Janeiro (RJ) e de Joana Rodrigues, nascida na Ilha das Canárias (Espanha) e falecida já viúva, mais ou menos entre 1760 e 1774, em Porto Alegre (RS).
O Capitão Antônio de Souza Sardinha foi tronco de importante família do Rio Grande (RS); fez parte do número de casais que foram povoar a Colônia do Sacramento, transferindo-se depois, para a praça do Rio Grande (RS).
Jorge Felizardo - Antônio de Sousa Sardinha
Tese ao “III Congresso Sul-Riograndense de História e Geografia”.



FERNANDES FRANCO,  JOSÉ

Natural do Rio Pardo (RS), foi o segundo filho de Antônio Fernandes Franco Filho e de Cecília Bernarda do Amaral.
José casou-se em 1821, com a riopardense Firmina Maria do Nascimento, filha de Feliciano José Gonçalves (de Stª Catarina) e de Eufrázia do Nascimento (do Rio Pardo).
O casal José e Firmina tiveram os seguintes filhos: Delfina, Leopoldina, Zeferino, Feliciano, Feliciana e Senhorinha.
José Fernandes Franco desempenhou também seu papel no desenrolar dos acontecimentos da comuna riopardense, nos tempos da Cisplatina e dos Farroupilhas.



FERNANDES LIMA,  RAPHAEL

Militar

Nasceu na cidade de Porto Alegre, em 1837. Eram seus pais, Vasco Fernandes Lima e D. Margarida da Costa Lima.
Sentou praça em 05 de março de 1853, sendo promovido a alferes em 02 de dezembro de 1860.
Dando-se o rompimento das relações com o Estado Oriental, marchou para aí, tomando parte nos ataques à praça de Paissandú, em 31 de dezembro de 1864 e em lº e 02 de janeiro de 1865.
Depois de haver caído a cidade em nosso poder, marchou com o exérci¬to a fim de pôr cerco à cidade de Montevideo, assistindo à rendição no dia 19 de fevereiro.
Pouco depois, seguiu com as primeiras forças para o Paraguai, tomando parte nos ataques de Estero Belaco, Passo das Pedras, batalha campal de 24 de maio e no combate de 16 a 18 de julho.
Foi elogiado em ordem do dia do general em chefe, pelo brilhante feito de armas, realizado na passagem do Paraná, em 16 de abril e ainda a 02 de ju¬nho do mesmo ano foi elogiado pelo heroísmo e valor com que se portou nos ataques de 24 de maio e 14 de junho.
No combate de Patrício Ovello, em 29 de outubro, recebeu sério ferimento, sendo mais uma vez elogiado, em ordem do dia, pela bravura com que se portou nesse combate e pelas providências que as circunstâncias o obriga¬ram a tomar independente de ordem superior.
Dessa época em diante, tomou parte em quase todos os combates que se realizaram até a conclusão da guerra, merecendo sempre dos seus chefes os mais rasgados elogios pela sua bravura e inexcedível heroísmo.
Reformou-se, mais tarde, no posto de general de divisão, vindo a falecer em 08 de outubro de 1898.



FERNANDES STURM,  ANTÔNIO

Empreendedor

Antônio Fernandes Sturm era natural de Lajeado (RS), onde nasceu aos 14 de fevereiro de 1886; filho de Miguel Sturm e de Catharina ( ? ).
Casou-se no município de Estrela (RS), em 1907, com Frederica Amália com quem teve cinco filhos: Arthur, Selma, Alberto, Hilda e Erica.
Antônio Fernandes Sturm foi um empreendedor ativo, dedicou-se muitos moço ainda, ao comércio, desdobrando-se no trabalho, o que lhe garantiu uma posição destacada, não só no meio comercial e industrial, como na sociedade a que soube honrar e engrandecer.
Passo Fundo e Carazinho (RS), muito lhe devem, pois foi um dos colonizadores de Sarandy (então 6º Distrito do primeiro daqueles municípios). Foi ainda encorporador da Companhia Força de Luz, de Não-Me-Toque e Carazinho (RS), sendo sócio de poderosa firma comercial que gozava de sólido prestígio em diversas praças do RGS e do Brasil.
Na vida política, militou nas fileiras do “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense), fundado por Júlio de Castilhos; demonstrou em todas as emergências, ser um republicano disciplinado e cumpridor de seus deveres cívicos. Por todos esse predicados, foi muito acatado no seio daquela agremiação.



FERNANDES,  ALEXANDRE JOSÉ

Poeta

Nasceu na cidade do Rio Grande a 24 de julho de 1863. Era filho do capitão José Ignácio Fernandes e de D. Ana Luiza Fernandes.
Desde bem jovem revelou sua formosa inteligência, produzindo versos delicados de encantador lirismo. Tendo perdido seus pais, com dezessete anos de idade, foi viver na Bahia, em companhia de duas tias, que com insistência, o chamaram para lá. Aí chegando, foi empregado no escritório comercial de Horácio Nunes, que o tratava carinhosamente.
Algum tempo depois deixou o emprego contra a vontade do patrão, e começou a trabalhar ativamente na imprensa. No Jornal de Notícias, firmou os seus créditos de notável polemista.
Aos vinte anos publicou o seu primeiro livro de versos, com o título Rosas. Em seguida, com pequenos intervalos, fez aparecer mais os seguintes volumes: Violetas, Magnólias, Baunilhas, Coralinas, Ondulações, Pergaminhos, Mater prussiana, Epopéia do Génio e Líricos, duas edições.
Cultivou também o gênero dramático, com bastante felicidade, apresentando diversas produções, entre elas: O Gondoleiro, Cristo e Madalena, Descoberta do Brasil, Quebrou o braço, Vida Alheia, etc.
Tinha muito espírito e felizes lances cénicos de uma naturalidade que encantava. Deixou ainda outros trabalhos inéditos, sobressaindo entre eles Cecilianas, volume de versos, consagrado à sua filha Cecília, que ele amava loucamente e foi quem lhe cerrou as pálpebras, quando a morte o levou para sempre, a 20 de março de 1 975.
No Almanaque Literário e Estatístico - 1910, pág. 17, encontra-se a data de 30 de março de 1907.



FERREIRA DA LUZ,  FRANCISCO ANTUNES

Médico

Talvez não tivesse ainda quinze anos, quando a fatalidade o feriu impiedosamente nos seus extremos de filho amoroso.

Seu pai, o Dr. Antonio Antunes da Luz, era médico militar e fora mandado servir na guarnição do Estado de Mato Grosso. Quase chegando ao seu destino, o vapor “Marquês de Olinda”, que o conduzia, foi aprisionado pelos paraguaios, sem que houvesse rompimento de relações entre os dois países.

A tripulação e os passageiros, entre eles o Cel. Carneiro de Campos, que ia presidir aquele Estado, foram encarcerados, sucumbindo todos, sem exceção de um só, à fome e aos maus tratos.

Esse trágico desenlace atuou de tal maneira sobre a formação do caráter do adolescente, que compungia vê-lo, sempre recolhido na sua tristeza, como um vencido da vida.

Para esquecer as mágoas, que o torturaram, entregou-se então com desespero ao estudo, como se fosse o único bálsamo capaz de amortecer as dores que lhe iam na alma.

Na roda dos amigos mostrava-se silencioso e pensativo: era uma nota destoante nas expansões alegres dos companheiros.

Revelou-se, pouco depois, poeta de grande merecimento pela feição delicada de seu espírito e doçura dos cantos repassados da saudosa melancolia.

A sua lira tinha os acordes melodiosos da harpa de Davi, quando suspensa dos salgueiros que balouçavam à doce viração das noites calmas do deserto.

Na “Revista do Partenon Literário” apareceram suas primeiras produções, acolhidas desde logo com sinceros gabos.

Seguindo, mais tarde, para o Rio de Janeiro, matriculou-se na Escola de Medicina, onde fez brilhante figura, tendo publicado em 1876, quando ainda cursava o sexto ano, seu primeiro livro de versos com o título de “Harmonias Efêmeras”.

Concluídos os estudos acadêmicos, dedicou-se de corpo e alma à profissão que abraçara, conseguindo, em pouco tempo, granjear a confiança da numerosa clientela que o procurava pelo bom nome deixado na Faculdade.

A despeito, porém, dos pesados deveres que tinha a cumprir, nos momentos de lazer, não esquecia a lira inspirada, que tanto o consolara nos dias em que o seu coração chorava no desespero de uma dor irreparável.

Pode a crítica de agora, distanciada do poeta quase meio século, encontrar uma ou outra falha no seu modo de versejar, mas ninguém lhe negará a espontaneidade da inspiração e o sentimento delicado que se evolva como um perfume sutil de suas belas estrofes.

Francisco Antunes Ferreira da Luz tinha um grande mérito, tão raro nos poetas de hoje; era sincero, cantava o que sentia, sem envolver, num véu, por mais tênue que fosse, o encanto de sua sonora lira.

E se acaso, na atualidade tumultuária, algum irreverente motejo visasse a sua maneira poética, trabalhada nos moldes de antanho, tão lírica e suave, tal gesto significaria apenas a luta surda dos novos, em sua maioria, iconoclastas e maus, derrubando os velhos deuses, apolíneos de então, para colocarem nos seus altares os ídolos de barro de hoje. Seria a “delenda mens” do gênio poético do antigo Parnaso!



FERREIRA D’AVILA,  ANTERO

Advogado

Antero Ferreira d’Ávila nasceu na vila da Encruzilhada, em outubro de 1845, aprendeu as primeiras letras na cidade de Pelotas e estudou preparatórios em Porto Alegre, no Colégio Fernando Gomes, reputado estabelecimento de ensino, por onde passaram duas ou três gerações de rio-grandenses notáveis.

Em 1862 seguiu para S. Paulo e matriculou-se na Faculdade de Direito, fazendo com brilhantismo o seu curso de ciências jurídicas e sociais e colaborando superiormente em várias revistas literárias.

Cursava o 40 ano, quando foi convidado pelo então presidente da província de S. Paulo, desembargador lavares Bastos, para seu secretário particular, lugar que exerceu até a sua formatura.

Formado, regressando ao Rio Grande do Sul, permaneceu algum tempo na capital, colaborando então na Reforma, ao lado de Aurélio de Bittencourt, Florêncio de Abreu e outros.

Mais tarde, abriu banca de advogado na sua terra natal, tendo também servido aí como 19 juiz municipal, promotor interino, inspetor escolar e vereador da Câmara.

Foi depois eleito deputado provincial, e em 1879 transferiu a sua residência para Porto Alegre. Trabalhou durante 15 anos no foro desta cidade, tendo assumido o patrocínio das causas mais importantes que então se agitaram, tanto na civil como na criminal.

Em Porto Alegre exerceu o cargo de Procurador Fiscal da Fazenda Provincial e Diretor Geral da instrução Pública.

Em 1881 foi eleito deputado à Assembléia Geral, não chegando, entretanto, a tomar assento na Câmara, por ter sido anulado seu diploma.

Quando se operou a mudança do regime em 1889, o Dr. Antero d’Ávila estava afastado da política, não se mostrando hostil ao novo estado de coisas; antes pelo contrário, dispôs-se a nele colaborar, tanto que em 1904 foi eleito Intendente Municipal pelo 29 distrito da Capital Federal.

O Dr. Antero d’Ávila era um espírito culto e adiantado. Filantropo em extremo, foi membro de diversas associações de caridade e pertenceu a muitas instituições de utilidade pública.

Por serviços prestados durante a guerra do Paraguai, o Dr. Antero d’Ávila foi agraciado com a comenda de Cavaleiro de Cristo, e a Câmara Municipal de Porto Alegre lhe conferiu, em sessão solene o título de benemérito por haver alforriado grande número de escravos à sua custa.

Quando por outros títulos não se recomendasse à posteridade o nosso patrício, bastaria sem dúvida o último para colocá-lo no plano superior a que só atingem os espíritos de eleição na sua passagem pela vida.

Mas o Dr. Antero d’Ávila foi um rio-grandense verdadeiramente notável pelo talento, pelo saber, pelo caráter e pelo coração.



FERREIRA DE ABREU,  FRANCISCO

Barão de Teresópolis)

Nasceu a 18 de novembro de 1823, em Porto Alegre, o Dr. Francisco Ferreira de Abreu.

Indo estudar no Rio de Janeiro, doutorou-se em Medicina, em 20 de dezembro de 1845, deixando na Faculdade um nome acatado pelas irradiações de invejável talento.

De 1846 a 1849, cursou a Academia de Paris, onde foi discípulo de Orfila, Bonchardat e preparador no laboratório de Pelouse.

As fascinações da ruidosa cidade não o seduziam e não o afastavam dos seus estudos; trabalhava sem descanso, na convivência dos grandes mestres, para ilustrar no dia-a-dia o seu espírito.

Tal foi o importante papel que aí representou tendo a glória de ver o seu nome inscrito no “Tableau de savants étrangers” sendo o primeiro brasileiro que mereceu semelhante distinção.

Não foi só isto: o governo francês, em atenção aos serviços prestados às ciências, conferiu-lhe a Cruz da Legião de Honra.

Representou, mais tarde, o Brasil em diversos congressos internacionais de Medicina e de Higiene na Europa, sendo notáveis os estudos que apresentou no congresso de Genebra, em 1883.

Nesta ocasião mereceu a honra de presidir o mesmo congresso e de ver os seus discursos publicados, por extenso, nas atas das sessões.

Era médico de D. Pedro de Alcântara e professor de Ciências Naturais das filhas, D. Isabel e D. Leopoldina.

Foi durante alguns anos diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo prestado a essa Instituição serviços que ainda hoje são rememorados.

Voltando à Europa, por motivo de doença, faleceu em Paris, a 14 de julho de 1885, sendo sepultado no cemitério de Battignoles.

Mais tarde, foi daí removido para o de S. Francisco de Paula, no Rio de Janeiro.

O governo do nosso país, como uma homenagem aos seus grandes serviços, o agraciou com o título de Barão de Teresópolis.



FERREIRA DE ANDRADE,  VICENTE

Jornalista Farroupilha

Dirigiu o jornal farroupilha O CONTINENTE - o órgão da sociedade Continentina, gabinete de leitura e loja maçônica onde foi venerável José Mariano de Matos.

O Pe. Chagas visitou essa loja, aliás muito importante na propaganda da revolução de 1835.

Vicente Ferreira de Andrade era filho de André Ferreira de Andrade, um dos companheiros de Borges do Canto na campanha das Missões; André também nascera no Rio Pardo, filho de José Ferreira de Andrade e de Rosa Maria de Jesus, tendo casado ainda na mesma cidade, com Gertrude Maria Barbosa, filha do Capitão Bento Barbosa de Siqueira, paulista e de Rita Joaquina de Menezes, riopardense.

Vicente Ferreira de Andrade - o “Andrade de Tipografia” como ficou conhecido, foi um dos farroupilhas de mais destaque.

Das oficinas gráficas de sua propriedade saíram os seguintes jornais:

01 - O Reconciliador Liberal (1832-1836) - que foi redigido por Zambecari, Ruedas e Calvet;

02 - O Republicano (1835-1836)

03 - O Mensageiro (1835-1836) - redigido por Vicente Xavier de Carvalho, professor de francês em Porto Alegre.

04 - O Colono Alemão - redigido também pelo Andrade; jornal destinado a pregar a sedição entre os imigrantes de S. Leopoldo e outras partes do Rio Grande.

Vicente Ferreira de Andrade foi oficial das forças republicanas, pertenceu ao comitê de deportação dos inimigos da revolução e terminou pronunciado pela justiça do Império do Brazil.

Tomou parte no cerco da capital da Província.



FERREIRA DE ASSUMPÇÃO,  CARLOS A.

Dragão

Nasceu em 1849 e faleceu em 1905; fez a Guerra do Paraguai, quando foi promovido a alferes e a tenente, por atos de bravura. Atingiu o posto de Capitão por estudos, pois tinha o curso completo das três armas.

Trabalhou, depois de deixar a farda, nos Telégrafos do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul, onde foi, em ambos os lugares, “Inspetor de 1ª Classe”.

Foi Cavaleiro da Ordem da Rosa e de S. Bento de Aviz; aposentado, foi escolhido para Vice-intendente da cidade do Rio Grande (RS).

Aos 29 de maio de 1904, foi eleito Intendente da cidade do Rio Grande (RS).



FERREIRA DE BRITO,  ANTERO JOSÉ

Barão de Tramandaí

Antonio José Ferreira de Brito nasceu em 1787 na vila do Rio Grande; a 22 de novembro de 1808 assentou praça nas antigas milícias da capi¬tania de S. Pedro do Rio Grande do Sul.

Nas campanhas de 1811 e 1812, comandando uma bateria volante de 4 bocas de fogo, invadiu o Estado Oriental, sob as ordens do Mar-de-campo Manoel Marques de Souza.

Em 1818, achou-se encarregado da guarda Castilhos, surpreendendo as partidas de La-Torre e Pancho, fazendo-os prisioneiros.

Em 1823, a bordo da nau Pedro I, assistiu ao combate travado entre as esquadras brasileira e portuguesa, em águas da então província da Bahia.

No memorável 2 de julho de 1823, à frente do corpo de exploradores, que ia na vanguarda das forças, penetrou na cidade de S. Salvador, já abandonada pelo general Madeiro, sendo recebido com vivas estrepitosos da popu¬lação.

Em 1824, seguiu para Pernambuco, onde havia sido proclamada a Confederação do Equador, de efêmera existência.

Depois de haver exercido o cargo de comandante das armas da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, foi nomeado, a 14 de setembro de 1832, ministro e secretário da guerra e, interino da marinha.

Em 21 de novembro de 1836, foi escolhido para presidir a província do Rio Grande do Sul, que se achava a braços com a revolução chefiada pelo Cel. Bento Gonçalves da Silva. A 05 de fevereiro de 1837, assumiu o exercício do seu novo cargo, onde só encontrou desenganos e aborrecimentos.

Poucos dias depois de haver tomado as rédeas do governo, solicitou exoneração de comandante das armas o Cel. Bento Manoel Ribeiro, que se sentia magoado com a demissão do presidente José de Araújo Ribei¬ro, que era seu parente e devotado amigo, vingando-se assim do governo da regência.

Seguindo para a campanha o Gen. Antero de Brito, a fim de dar combate aos rebeldes, foi preso, na noite de 23 para 24 de março, na passagem do arroio Itapevi, pelo seu colega Bento Manoel Ribeiro.

A 5 de janeiro de 1838 conseguiu sua liberdade, em Viamão, o Gen. Antero de Brito, por troca com o Ten.-coronel Francisco Xavier do Amaral, que se achava prisioneiro dos legalistas. Recolheu-se logo ao Rio de Janeiro, desempenhando ainda diversas comissões e sendo então, a 13 de julho de 1852, agraciado com o título de Barão de Tramandaí.

Com quase 70 anos, veio a falecer a 05 de fevereiro de 1856, no Rio de Janeiro, esse ilustre patrício que mereceu de um escritor de sua época as seguintes linhas, cheias de verdade: “Rígido na disciplina militar, cumpridor austero de seus deveres e exigindo de seus companheiros de armas a mesma exatidão, porque aliava à severidade de chefe a dedicação do pai”. “Suas opiniões liberais, em quadras difíceis e arriscadas, deram-lhe uma posição política no país até certo tempo. A essa circunstância foi devida a sua entrada em um gabinete da regência, na época da menoridade e a sua nomeação, depois, para a presidência do Rio Grande do Sul. Mas, por desgosto ou porque não tivesse propriamente aspirações políticas, nunca tomou parte ativa nas lutas dos partidos.”



FERREIRA FILHO,  ARTHUR

Militar

Arthur Ferreira Filho era natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu aos 20 de setembro de 1878; filho de Arthur da Silva Ferreira e de Maria José.

Casou-se na cidade de Bom Jesus (RS), em 1900 com Thereza Fonseca com quem teve cinco filhos: Fany, Eunice, Helena, Lívia e Dirce.

Filiado ao “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense), desde muito jovem prestou grandes serviços à essa agremiação política; foi soldado para qualquer terreno > na prédica, quando das campanhas eleitorais; nas coxilhas , quando das lutas armadas - sempre ardoroso e firme em suas convicções.

Em 1923 em mais um movimento revolucionário, abandonou os interesses profissionais e despediu-se da família, para cumprir o dever político ao lado dos seus correligionários, incorporando-se à Brigada do Nordeste, cuja atuação brilhante mais uma vez é descrita pela história do RGS, quando lhe foi conferido o posto de Capitão, que ele soube honrar.

Mais tarde, participou das Colunas comandadas pelos coronéis Claudino Nunes Pereira e Travassos Alves, expedicionando com as mesmas aos estados de Stª Catarina e Paraná; só retornou ao aconchego feliz da família, após a pacificação do Rio Grande, trazendo dos campos de batalha, o louvor de seus comandantes e a simpatia de seus comandados.

A 1º de novembro de 1929, o eleitorado de Bom Jesus (RS), o fez Intendente, do Município, mandato que assumiu a 1º de janeiro de 1930.

Arthur Ferreira Filho soube corresponder à confiança de seus companheiros políticos, conquistando mesmo a gratidão dos filhos de sua terra adotiva, em geral.

Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, desempenhando com honradez a profissão de advogado, em Bom Jesus (RS).



FERREIRA FILHO,  ARTUR

Literato

Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 20 de setembro de 1899; ensaísta, sociólogo, historiador e genealogista.

Filiado à Academia Sul Rio-Grandense de Letras, ao Instituto Histórico e Geográfico do RGS e à Estância da Poesia Crioula.

Suas obras:

01 - O Professor Primário e a Nacionalidade - 1921

02 - Floriano Peixoto - 1939

03 - Pelo Regime do Estado Novo - 1939

04 - Homenagens das Classes Conservadoras ao Prefeito - 1939

05 - O Pequeno Marginal - 1944

06 - Legendas do Rio Grande - 1950

07 - Caudilhos Platinos e Caudilhos Rio-Grandenses - 1953

08 - Cronologia da Revolução Federalista - 1954

09 - Luiz da Silva Ferreira e sua Descendência - 1955

10 - História Geral do Rio Grande do Sul (1500-1957) - 1958

11 - Nomes Tutelares do Magistério Rio-Grandense - 1958

12 - Revoluções e Caudilhos - 1962

13 - Município de Bom Jesus - 1964

14 - Revolução de 1923 - 1973



FERREIRA GOMES,  FERNANDO

Jornalista

Nasceu em Porto Alegre, a 30 de maio de 1830. Era filho de Vicente Ferreira Gomes e de D. Francisca Vellez Gomes.

Seu pai representou papel saliente na política do Rio Grande pelo devotamento às idéias adiantadas. Era um lutador apaixonado e temido.

Fundou e redigiu o “Constitucional Rio-Grandense” jornal que se celebrizou pelos ataques violentos aos adversários políticos.

Por ocasião da Reação, em Porto Alegre, promovida pelo Maj. Manoel Marques de Souza, exercia então Vicente Ferreira Gomes o cargo de chefe de polícia, e foi imediatamente preso e recolhido à prisão dos revolucionários exaltados.

Aí enfermou gravemente e foi removido para a Santa Casa, onde dias depois veio a falecer.

Fernando Gomes era exatamente uma criatura diferente de seu pai. Entre um e outro havia um verdadeiro contraste. Calmo, tolerante e refletido, Fernando Gomes só excepcionalmente perdia a paciência.

Sem recursos para viver, não podia abraçar outra profissão a não ser a de mestre. Era este o seu papel no mundo. Forra disto estaria deslocado. Ninguém o excedia nem em competência,.nem no modo afetuoso com que tratava os seus discípulos. Era de uma bondade paternal para com todos que se lhe aproximavam. Se era assim, sabia também ser enérgico quando não podia deixar de o ser.

Sem ter quem o encaminhasse na vida, logo depois de haver perdido seu pai, aceitou o convite de seu padrinho, que se achava no Rio de Janeiro, em condições de o ajudar nos seus estudos.

Infelizmente, três anos depois de lá ter chegado, perdeu para sempre o generoso protetor.

Essa morte inesperada trouxe, a Fernando Gomes as maiores provações, seguindo para Vassouras, em Minas Gerais, onde foi lecionar num colégio, pondo em evidência, desde logo, as suas aptidões para a carreira do magistério.

Foi com estes predicados superiores que conseguiu, mais tarde, tornar aqui o seu instituto preferido por todos.

Pelas suas mãos passaram diversas gerações de homens de valor que honraram, em toda a parte, o grande mestre. Foram seus discípulos o Marechal Bibiano Costallat, Dr.. Graciano Alves de Azambuja, Dr. Júlio de Castilhos, Dr. Ernesto Alves, Dr. José Caetano Pinto, Gen. Alípio Costallat e tantos outros, que se distinguiram nas letras, nas armas e na política.

Era um mestre que podia substituir, sem prejuízo para o ensino, em qualquer cadeira, o professor que faltava.

Já velho e cansado lembrou-se. um dia, de fechar o Colégio Gomes, que era a menina dos seus olhos. Apesar, porém, de ter acabado o seu colégio, continuava a lecionar no colégio dos outros com o mais vivo interesse.

Pouco tempo depois adoeceu, vindo a sucumbir, entre atrozes sofrimentos, a 28 de dezembro de 1896.

O Dr. Júlio de Castilhos que presidia, então, o Rio Grande, querendo dar uma prova de veneração pelo seu velho mestre, determinou que as despesas do seu funeral fossem feitas por conta dos cofres do Estado.



FERREIRA PORTO,  FRANCISCO

Barão de Caí

Nasceu em Porto Alegre (RS). Segundo algumas fontes, nasceu em Santo Antônio da Patrulha (RS), em 1817, onde faleceu em 1884.

Foi grande proprietário de terras e grande comerciante, sendo fundador da Associação Comercial de Porto Alegre.

Também foi um dos maiores senhores de escravos do Rio Grande do Sul.

Recebeu o título, em 1870, de D. Pedro II.



FERREIRA PORTO,  JOSÉ

Político


Comendador Manoel Ferreira Porto, Comendador Manoel Ferreira Porto Filho e o Vereador José Ferreira Porto; eram riopardenses; Mário Teixeira de Carvalho os dá como português o primeiro e de Santo Antônio da Patrulha (RS), os dois últimos.
O Vereador José Ferreira Porto foi proprietário da “Fazenda Pederneiras” (Rio Pardo - RS), que em 1866 foi nomeado moço de Câmara Honorário de S. M. I. D. Pedro II e em 1878; Veador do mesmo monarca.
Exerceu as funções de Vereador da Câmara Municipal de Porto Alegre (RS). Era casado com a fluminense Eugenia Rosa Marcondes Jobim, filha do rio-grandense Conselheiro e Senador do Império José Martins da Cruz Jobim.
O Conde D’Eu, no seu livro “Viagem Militar ao Rio Grande do Sul” (agosto a novembro de 1865), faz referências das mais elogiosas à hospitalidade de que foi alvo, na “Fazenda das Pederneiras” - não só por ocasião dessa primeira viagem, como da segunda (em 1885), então acompanhado da Princesa Isabel e filhos.
D. Pedro II se hospedou na mesma fazenda, quando a caminho da fronteira (brasileira / argentina), onde ia presenciar a rendição do exército paraguaio do General Antônio de La Cruz Estigarriba.



FERREIRA VIANNA

Advogado e Conselheiro

O Conselheiro Ferreira Vianna nasceu na cidade de Pelotas, na antiga província do Rio Grande do Sul, a 11 de maio de 1833 e faleceu no Rio de Janeiro, a 10 de novembro de 1903. 23
Tendo revelado, ainda muito criança, notáveis predicados de inteligência, seu pai levou-o para o Rio de Janeiro e matriculou-o no antigo Colégio D. Pedro II, onde fez um brilhante curso de bacharel em letras.
Pouco depois, Ferreira Vianna entrava para a Faculdade de Direito de S. Paulo e em 1855, formou-se em ciências jurídicas e sociais, tendo sido o seu tirocínio acadêmico coroado de aprovações distintas.
De volta para o Rio, o conselheiro Nabuco de Araújo nomeou-o promo¬tor público da corte e Ferreira Vianna conservou-se no exercício deste cargo durante o quadriênio, findo o qual se dedicou à advocacia e entrou para a imprensa política.
Além de muitos periódicos, colaborou no Correio Mercantil que, naquele tempo, era o Estado Maior da intelectualidade política e literária do Império, assumindo, em seguida, a redação em chefe do Diário do Rio de Janeiro, de cujas colunas assestou baterias terríveis contra o ministério liberal presidido pelo conselheiro Zacarias de Vasconcelos.
Lançado na política conservadora, mau grado seu espírito superiormente liberal, Ferreira Vianna foi deputado em cinco legislaturas, presidente da Câmara Municipal, ministro da Justiça e do Império, distinguindo-se sempre por serviços de real utilidade pública e nacional, nomeadamente no ministério de 2 de março, de que foi presidente e conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira um dos maiores estadistas do Império.
Ferreira Vianna nunca se deixou obcecar pela politicagem. Amigo da instrução popular, das crianças, dos enfermos e dos miseráveis, foi ele o fundador de um sem número de institutos endereçados a essas classes de gente. Neste propósito, fundou as escolas municipais de S. Sebastião e S. José, em 1870 e 187l, os hospitais de S. Sebastião e de Jurujuba, os asilos do Conde de Mesquita e S. Bento, nos terrenos cedidos pelos religiosos beneditinos e herdeiros do Conde de Mesquita, a Casa de S. José para as crianças abandona¬das nas ruas, o Instituto de Higiene, o Laboratório do Estado, o Hospital con¬sagrado exclusivamente ao tratamento das crianças, a Inspeção de Higiene, da Infância Escolar. Fundou também, a Associação Protetora das Crianças Pobres e um Albergue Noturno, para dormida dos infelizes sem teto.
Como Ministro da Justiça, o Conselheiro Ferreira Vianna “reformou os regulamentos do Corpo Militar de Polícia, garantindo aos oficiais os seus postos, a Casa de Detenção e o Asilo de Mendicidade. Iniciou a inspeção dos hospitais e casas em que são recolhidos os loucos, no sentido de garantir-lhes a liberdade e os bens e, elaborou os seguintes projetos: reforma judiciaria, lei de repressão da vagabundagem, reforma da Câmara Municipal, reforma da administração das províncias, reforma financeira sobre estradas de ferro e telégrafos do Estado e de iniciativa particular”.
“Protetor e defensor da liberdade individual, mandou destruir as escuras da Casa de Detenção, convocar júris ex¬traordinários e proibiu as prisões sem nota de culpa.”
Abolicionista ardoroso, Ferreira Vianna fez parte do ministério que aboliu a escravatura no Brasil.
Acatadíssimo como jornalista operoso e adiantado, de rara e profunda cultura, muito antes de haver prestado os serviços relevantes que mais tarde o país lhe deve, Ferreira Vianna mereceu sempre a admiração e o apoio incondicional de seus correligionários e disto teve mais um testemunho, como prova o banquete político, que ficou célebre, em que Sales Torres Homem, saudando-o, exaltou “os seus incomparáveis dotes de publicista”.
Ferreira Vianna fundou e dirigiu com o conselheiro Andrade Figueira, o jornal de combate a Nação e escreveu vários trabalhos de notável alcance liberal, entre os quais Libelos Políticos, na Gazeta de Notícias, “pugnando por várias reformas, principalmente a da eleição direta”.
Era um homem de espírito, anedótico, irônico e cáustico. Traduziu várias fábulas de Lessing e de Esopo e ele mesmo escreveu algumas com risonha sutileza.
Pouco depois da proclamação da República, Ferreira Vianna publicou no País, do Rio, com o pseudônimo de Suetonio, uma série interessantíssima de artigos sobre o Antigo Regimen, artigos esses que alcançaram ruidoso sucesso, não só pela análise sutil de coisas e homens dos últimos anos do segundo império, como pelo fino humorismo que, por vezes, neles se desata com adorável e maliciosa graça.
Fernando Osório > no seu trabalho Ferreira Vianna e sua terra natal, registra 11 de maio de 1832, para o nascimento - e, 10 de novembro de 1904, para o falecimento.



FERREIRA,  CARLOS AUGUSTO

Escritor

Quando em 1865, uma coluna paraguaia, sob o comando de Estigarribia invadiu o Rio Grande, D. Pedro de Alcântara deixou o Rio de Janeiro para vir se colocar à frente das forças que deviam repelir o inimigo.
Na sua passagem por esta capital, Carlos Ferreira, que era aprendiz de ourives, recitou-lhe uma belíssima poesia, enaltecendo as suas virtudes.
D. Pedro de Alcântara interessou-se, desde logo, pelo jovem poeta e fê-lo seguir para S. Paulo a fim de estudar os preparatórios para freqüentar a Academia de Direito.
Chegando lá, Carlos Ferreira, em vez de consagrar-se ao estudo, entregou-se, de corpo e alma, à vida da imprensa, pondo logo em evidência os seus grandes atributos de escritor.
Foi trabalhar no Correio Paulistano, onde publicava esplêndidas crônicas semanais, bem acolhidas desde o seu aparecimento.
Mais tarde transferiu a sua residência para Campinas, fundando, aí, com Querino dos Santos, a Gazeta de Campinas.
Entre os poetas brasileiros mais distintos, não pode deixar de ser considerado o nosso ilustre patrício.
Escreveu os seguintes livros de versos:
1 - Cânticos Juvenis;
2 - Rosas Loucas;
3 - Alciones;
4 - Redivivas;
5 - O Marido da Louca (drama);
6 - Grandes e Pequenos (drama);
7 - Histórias Cambiantes (coleção de contos).
O notável escritor português Fernandes Costa, ocupando-se das obras do nosso patrício assim se exprime:
“Nos versos de Carlos Ferreira há inspiração, há verdade, há sentimento; há a expressão de crenças sinceras e boas na virtude, no amor, na honestidade, no Bem. Com estes predicados não pode deixar de haver poesia verdadeira, poesia de comoções simpáticas e de consolações santas”.



FIGUEIREDO PINTO,  AURELIANO DE

Médico e Poeta

Nascido na “Fazenda S. Domingos” município de Tupanciretã (RS), a 1º de agosto de 1898; filho de Domingos José Pinto e de Marfisa de Figueiredo.
Foi alfabetizado em casa, pela sua mãe; estudou no Colégio Santa Maria, da cidade do mesmo nome (RS); aos 16 anos, publica seus primeiros poemas na revista REAÇÕES (em Santa Maria), dirigida por Walter Jobim.
Em 1916, transfere-se para Porto Alegre, a fim de preparar seu ingresso no Curso de Direito. Posteriormente, resolve-se pela Medicina.
Em 1920, assiste ao massacre de operários pela força policial; seu repúdio às arbitrariedades que marcaram o Governo Borges de Medeiros, está presente no Romance < AS MEMÓRIAS DO CORONEL FALCÃO.
Em 1924, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde vai cursar Medicina; é dessa época o poema “O mar visto por um gaúcho”. Dois anos após, volta a Porto Alegre, instalando-se na “república” da rua da Olaria, local que se tornaria ponto de encontro de estudantes e intelectuais.
Em 1931, formou-se em medicina no Rio de Janeiro e abre consultório de Santiago (RS).
Em 1932, já está em Santiago, cidade da campanha não muito distante de sua terra natal, onde passa a exercer a Medicina.
Em 1936, começa a escrever Memórias do Coronel Falcão, que ficaria inédito até 1973.
Em 29 de dezembro de 1938, casa-se com Zilah Lopes e desta união lhes nasceram três filhos:
01 - José Antônio;
02 - Laura Maria;
03 - Nuno Renan.
Em 1941, deixa Santiago e vem para Porto Alegre, assumir a subchefia da Casa Civil do interventor Cordeiro de Farias; fica poucos meses no cargo e retorna para Santiago (RS).
Em 1943, abandona a vida polí¬tica e retorna à clínica médica em Santiago.
Em 1946 publica “Safra Ruim”, na revista Província de São Pedro nº 5, excerto do romance, Memórias do Coronel Falcão, ainda inédito.
Ao completar 50 anos, em 1948, observa: “Para alguma coisa, por certo, nos foi dado atingir o alto da montanha (...). Dentro de dois anos, penso poder dispor de algum vagar para lidar com as palavras (...). Assunto há. Falta paciência para o trabalho. É só começar a garrotear o couro das emoções criadoras, que o apero sairá no fim das contas”.
Em 1958, com problemas de saúde, viaja a S. Paulo em busca de tratamento.
Em 1959, pouco antes de morrer, recebe de seu filho José Antônio os primeiros exemplares de ROMANCE DE ESTÂN¬CIA E QUERÊNCIA - Marcas do Tempo.
Em 1996, José Antônio de Figueiredo Pinto entrega à Editora Movimento um caderno com poemas inédito do seu pai, a serem publicados no decorrer de 1997.
Além de uma novela intitulada Memórias de um coronel, deixou numerosas poesias, das quais se publicou uma coletânea, sob o título Romances de Estância e Querência.
Um de seus poemas mais guascas, intitula-se Tobiano Capincho, uma verdadeira obra prima, em matéria de gauchismo autêntico.
Faleceu em Santiago (RS), aos 22 de maio de 1959.

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JORNAL DO NATIVISMO

O grande poeta nascido em Tupanciretã, consagrado em Santiago foi uma das mais marcantes figuras de sua época, na literatura gauchesca e até hoje é interpretado como tal.
Em 1° de agosto de 1898 nascia na fazenda São Domingos, o filho de Domingos José Pinto e Marisa Figueiredo Pinto, que se tornaria um médico respeitável e um poeta incomparável, com obras até hoje regravadas por artistas gaúchos. Segundo Sérgio Jacaré (Luiz Sérgio Mentz), autor da do livro da coleção Esses Gaúchos, que conta a história de Aureliano de Figueiredo Pinto, o poeta pode ser considerado o precursor do nativismo gaúcho, pois identificou o regionalismo em seus versos, ganhando reconhecimento universal.
Aureliano de Figueiredo Pinto relatou em seus versos o seu mundo e seu tempo, pois viveu um perí¬odo de grandes disputas políticas e ditaduras. Ouviu do pai, Domingos, sobre a
Revolução de 93, presenciou a de 23 e foi capitão-médico das tropas getulistas em 30, porém nunca perdoou Getúlio Vargas, que segundo ele, teria o sanborgense, traído Uma geração inteira de revolucionários que arriscaram a vida na revolução. “Aureliano nas¬ceu numa época de entrepostos históricos.
Aureliano teve a oportunidade de participar de política, porém não esquentou o banco, pois sendo sub-chefe da casa civil do interventor Cordeiro de Farias.
Poderia ter sido poeta. escrito, mas preferiu ser médico e escrever nas horas de folga porém quando visitava algum paciente no interior do município, ficava horas proseando com os peão ou mateando com eles no galpão. Ouvir era uma grande virtude de Aureliano, pois sabia que aprende mais aquele que ouve mais. Outra grande virtude. do poeta era a leitura e pare isto não media esforço, importando livros recentemente lança¬dos noutros países ou procurando raridades ou especialidades.
Conviveu com outros importantes escritores de sua época, mas teve amizade marcante com An¬tero Marques e Túlio Paiva que possuía a Farmácia Piva em Santiago e foi o organizador dos versos de Aureliano, pois chegavam escritos em receituários e Túlio passava à limpo e datilografava devolvendo ao poeta.
Aureliano odiava que o chamassem de poeta, embora fosse um dos maiores de todos. Além de poeta, Aureliano foi novelista, embora de uma novela só, mas de grande valor literário, no entanto ele não acreditava nisso.
Entre agosto de 1936 e março de 1937, escreveu Memórias do Coronel Falcão, novela que mantinha em sigilo, não deixando os filhos tomarem conhecimento de seus escritos, tanto que num cedo dia ao chegar mais cedo em casa encontrou seu filho José Antônio lendo seus originais, que havia encontrado num fundo de gaveta. Imediatamente o pai lhe tomou os papéis e jogou sofre um fogo que queimava o lixo no pátio, ralhando com o filho “Então importo Eça para leres e ficas lendo esta porcaria”. Graças a rapidez de Zilah, esposa do poeta, os originais foram salvos do fogo com a primeira página queimada e alguns trechos totalmente inutilizados. Seu amigo Antero Marques, posteriormente restaurou os originais, pois sabia de cor o início do livro. Aureliano nunca quis falar sobre o porque do sigilo ou de queimar seu próprio livro, cujo lançamento aconteceu somente em 1973 pela editora movimento. A segunda edição saiu em 1974 e a terceira em 1986.
Seus poemas foram editados nos livros Roman¬ce de Estância e Querência - Marcas do Tempo pela editora Globo, posteriormente pela Martins Livreiro.
Outro livro de poemas de Aureliano também lançado foi Itinerário – Poemas de Cada Instante, que são poemas que não tem uma conotação campeira como o outro.
Teve seus poemas imortalizados pelas vozes de Jayme Caetano Braun e Noel Guarany, grande parceiro do poeta.
Irmão de outro grande poeta, José de Figueiredo Pinto, mais conhecido pelo pseudônimo de Zeca Blau. Morreu em Santiago em 22 de fevereiro de 1959.

JORNAL DO POVO  (02-08-2003) -  DE BOTA E BOMBACHA - Daniel Leite
FIGUEIREDO PINTO,  AURELIANO DE  -  Médico e Poeta

Considerado o maior de todos os poetas regionais, com um estilo próprio e extremamente telúrico, com um grande conhecimento campeiro, foi uma das mais marcantes figuras de sua época, na literatura gauchesca e até hoje é interpretado como tal.
Em 1° de agosto de 1898 nascia na cidade de Tupanciretã, na fazenda São Domingos, o filho de Domingos José Pinto e Marisa Figueiredo Pinto e irmão de outro grande poeta, José de Figueiredo Pinto, mais conhecido pelo pseudónimo de Zeca Blau.
Tornou-se um médico respeitável e um poeta incomparável, considerado um dos precursores do nativismo literário gaúcho, pois com regionalismo em seus versos, ganhou reconhecimento universal. Foi capitão-médico das tropas getulistas em 30, foi também subchefe da casa civil do interventor Cordeiro de Farias. Escolheu a bela Santiago do Boqueirão para morar, e lá escreveu seus livros e tornou-se um respeitado médico. Apaixonado pela leitura, não media esforço, importando livros recentemente lançados noutros países ou procurando raridades ou especialidades. Odiava que o chamassem de poeta. Foi novelista, embora de uma novela só, mas de grande valor literário, no entanto ele não acreditava nisso. Seu grande amigo Túlio Paiva foi o organizador dos versos de Aureliano, pois chegavam escritos em receituários e Túlio passava à limpo e datilografava devolvendo ao poeta.
Entre agosto de 1936 e março de 1937, escreveu Memórias do Coronel Falcão, novela que mantinha em sigilo, tanto que num dia ao chegar mais cedo em casa encontrou seu filho José Antônio lendo seus originais, que havia encontrado num fundo de gaveta. Imediatamente o pai lhe tomou os papéis e jogou sofre um fogo que queimava o lixo no pátio, ralhando com o filho “Então importo Eça para leres e ficas lendo esta porcaria”. Graças à rapidez de Zilah, esposa do poeta, os originais foram salvos do fogo, com a primeira página queimada e alguns trechos totalmente inutilizados. Seu amigo Antero Marques, posteriormente restaurou os originais, pois sabia de cor o início do livro que só foi lançado em 1973.
Seus poemas foram editados nos livros Romance de Estância e Querência - Marcas do Tempo pela editora Globo, posteriormente pela Martins Livreiro.
Outro livro de poemas de Aureliano também lançado foi Itinerário – Poemas de Cada Instante, que são poemas que não tem uma conotação campeira como o outro.
Teve seus versos imortalizados pelas vozes de Jayme Caetano Braun e Noel Guarany, grande parceiro do poeta.
Morreu em Santiago aos 22 de fevereiro de 1959 deixando poemas belíssimos como:
- Chimarrão da Madrugada,
- Relato do Enforcado,
- Tobiano Capincho,
- Romance do Tropeiro Doido,
- Toada de Ronda
. . . entre outros . . .



FIORAVANTI,  ANTÔNIO ÂNGELO CHRISTIANO

Advogado

Na vila de Santo Antonio da Patrulha (RS), nasceu em princípio do século passado o Dr. Antonio Ângelo Cristiano Fioravanti.

Era filho legítimo de Mário Cristiano Fioravanti, natural da Itália, médico e cirurgião de grande merecimento e de D. Emerenciana Peixoto, filha do abastado fazendeiro Francisco da Silveira Peixoto, residente no município da Conceição do Arroio.

Bacharelou-se na Faculdade de S. Paulo, onde pôs em destaque seu belo talento como orador.

Depois de formado, casou-se na família Marcondes e veio para o sul, abrindo banca de advocacia nesta capital.

Nessa época a tribuna judiciária era representada com o máximo fulgor pelo coronel Felipe Nery, Laurindo Rabelo, o poeta Felix da Cunha e outros homens de valor, conseguindo em pouco tempo o Dr. Fioravanti enfileirar-se entre eles.

Era imaginoso, cheio de verve e de palavra fluente e luminosa. Para a absolvição dos seus constituintes, lançava mofo de todos os recursos que os hábeis advogados empregam.

Ninguém o excedia na graça, ninguém tinha, como ele, o poder de tocar o coração dos que escutavam os rasgos de eloqüência de sua palavra arrebatadora.

Durante muitos anos exerceu o cargo de administrador da mesa de rendas, onde prestou bons serviços.

Pertenceu ao partido liberal, tendo o maior entusiasmo pelo Conde de Porto Alegre, de quem era devotado amigo.

Em fevereiro de 1870, com mais de 60 anos, faleceu o ilustre patrício, que foi uma glória da tribuna judiciária.



FLORES DA CUNHA,  JOSÉ ANTÔNIO

Advogado
Político e Revolucionário

Natural de Santana do Livramento (RS), nascido na “Fazenda S. Miguel” aos 05 de março de 1880. Filho de Miguel da Cunha e de Evarista Flores da Cunha.

Flôres da Cunha foi um personagem de muitas facetas: advogado, tribuno e orador brilhante, administrador e revolucionário; tudo o que fazia, era com paixão.

Em 1923 / 24 e 26 foi um legalista; em 1959, no apogeu de sua carreira política, teve participação decisiva como presidente da Câmara Federal, para frustrar um golpe da UDN que tentava impedir a posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira.


SÍNTESE CRONOLÓGICA

1889 - Na Proclamação da República, Flôres da Cunha com 9 anos de idade, passava sua infância no campo.

1902 - Forma-se advogado, pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.

Exerce o cargo de Delegado de Polícia, na capital carioca.

Volta ao seu Rio Grande do Sul, para exercer a advocacia.

1912 - Ingressa pela primeira vez na Câmara Federal, na condição de deputado eleito pelo Ceará.

1923 - Na revolução que contesta o borgismo; Flôres da Cunha atua ao lado de Borges de Medeiros e do PRR.

Tenta suavizar um pouco os costumes revolucionários do velho Rio Grande do Sul, abolindo a degola.

1924 - Na revolução tenentista, leva Flôres da Cunha volta novamente ao campo de batalha.

Luta contra os jovens tenentes Juarez Távora, Luís Carlos Prestes e João Alberto Lins de Barros > os dois últimos, chefiados pelo cachoeirense Honório Lemes da Silva (Leão do Caverá).

1930 - A revolução que mudou os rumos da história do Brasil.

Pela primeira vez, Flôres da Cunha não estava ao lado dos legalistas.

Lutou ativamente, para derrubar o governo de Washington Luís Pereira de Sousa, na República Velha.

Vitoriosa aquela revolução, Getúlio Dorneles Vargas o nomeia Interventor Federal, no Rio Grande do Sul.

1932 - Flôres da Cunha está presente novamente no campo de batalha.

Na revolução Constitucionalista de S. Paulo, não se deixa levar pela falsa retórica de Constituição; percebeu que o verdadeiro objetivo da revolução era a volta dos velhos oligarcas ao poder.

Lutou então, contra o grupo paulista.

1934 - Flôres da Cunha assume Governo do Rio Grande do Sul, eleito indiretamente pela Assembléia Constituinte.

1935 - A partir deste ano, Flôres da Cunha afasta-se gradativamente de Getúlio Dorneles Vargas, até ao rompimento final.

1937 - Aos 17 de outubro, é obrigado a deixar o governo gaúcho e parte para o exílio, no Uruguai.

1945 - Com a queda do Getúlio Dorneles Vargas, Flôres da Cunha volta à vida política.

Volta a exercer mandatos legislativos de forma consecutiva, até a sua morte.

1955 - Uma tentativa de golpe de civis e militares da direita, tenta impedir a posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira e de João Belchior Marques Goulart na Presidência e Vice-presidência da República, respectivamente.

Flôres da Cunha, como Presidente da Câmara Federal, juntamente com o Gen. Henrique Teixeira Lott (Ministro da Guerra), teve decisiva participação para o impedimento do golpe.

1959 - O Dr. José Antônio Flores da Cunha, faleceu aos 04 de novembro, em Porto Alegre (RS).



FLORES,  MOACYR

Professor

Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 14 de janeiro de 1935; professor, filiado ao CIPEL (Centro de Pesquisas Literárias).

Suas obras:

01 - Os Farroupilhas e a Escravatura - 1971

02 - A Cavalaria Farroupilha - 1971

03 - Notas para a História da Revolução Farroupilha

Relatório ao Cônsul da Sardenha - 1973



FLORES,  THOMAZ

Militar

Nasceu na cidade de Porto Alegre, aos 19 de janeiro de 1852. Era filho do grande médico Luiz da Silva Flores.

Apenas com 14 anos de idade, assentou praça em agosto de 1866, seguindo logo, como 2º Cadete, a reunir-se ao exército que operava no Paraguai, tendo tomado parte em diversos combates; em todos esses encontros pôs em evidência o seu valor e sua temeridade.

Por decreto de 18 de janeiro de 1868, isto é, apenas com dois anos de praça, foi promovido a alferes e a 25 de maio de 1878, a tenente.

Voltando da guerra matriculou-se na Escola Militar, concluindo o curso de infantaria e cavalaria, em 1883.

Em 07 de abril do ano seguinte recebeu a promoção de capitão. Em 1885 serviu como assistente do quartel-general, junto ao comando em chefe das forças em manobras, em Saicã.

Ao ser proclamada a República, foi Tomás Flores nomeado ajudante de ordens do marechal governador deste Estado, cargo que deixou para assumir o comando geral da Força Policial.

Em janeiro de 1890, foi promovido a major por merecimento e em março do mesmo ano, colocou ainda nos punhos os galões de tenente-coronel, passando a comandar o 13º Batalhão de Infantaria, então aquartelado em Porto Alegre.

A 23 de outubro do referido ano, deixou o comando do batalhão por ter de seguir para o Rio, como representante do Rio Grande do Sul, no Con¬gresso Nacional.

Por decreto de 10 de junho de 1891 obteve a promoção de coronel por merecimento.

Em virtude da inteira solidariedade que manifestaram a parte do exército nacional, no Rio Grande do Sul, contra a ditadura estabelecida na capital federal, com a violação da lei fundamental da República, dissolvendo o Congresso Nacional, fez parte das forças revolucionárias sob o comando em chefe do general de brigada Manoel Luiz da Rocha Osório.

Mais tarde serviu nas forças legais que combatiam os federalistas e deve-se dizer, em abono da verdade, que foi um dos chefes castilhistas que mais contribuiu para que o anjo da paz abrisse as asas sob o céu da terra gaúcha.

Seguindo com o 13º Batalhão de Infantaria, para o Estado da Bahia, a fim de com¬bater os fanáticos do Antonio Conselheiro aí, em frente dos jagunços, encontrou a morte o ilustre rio-grandense.



FOGAÇA DE MEDEIROS,  JOSÉ ALBERTO

Advogado

José Alberto Fogaça de Medeiros, é nascido em Porto Alegre (RS); é casado com Isabela e tem quatro filhos: Gustavo, Carmela, Martim e Francesca.

Formado em Direito pela PUC-RS; exerceu a atividade de professor de Direito Constitucional e Língua Portuguesa, comunicador e consultor.

Fogaça ingressou na vida pública em 1978, como Deputado Estadual; em 1982, foi eleito Deputado Federal e em 1986, foi eleito Senador da República pelo Rio Grande do Sul, completando 24 anos de vida parlamentar; atualmente integra o “Partido Popular Socialista”- PPS.

Na Câmara dos Deputados, Fogaça foi um dos coordenadores da campanha pelas “Diretas-Já” que, em 1985 mobilizou o País, para restabelecer as eleições diretas à Presidência da República; como um dos líderes na luta contra a ditadura, Fogaça ajudou a conquistar, ao lado de Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Lula e Leonel Brizola - um país com liberdades democráticas.

Eleito Senador Constituinte em 1986 e reeleito em 1994, foi relator-adjunto da “Assembléia Nacional Constituinte” (1987-1988) e um dos responsáveis pela elaboração do texto final da atual Constituição.

No Senado, apresentou projeto que propôs o Parlamentarismo como sistema de governo e participou de três momentos importantes na ampliação dos direitos sociais do Brasil; a “Constituição”, o “Novo Código Civil” e o “Estatuto da Criança e do Adolescente”.

Contribuiu para a elaboração de leis que influenciaram a vida do país, tais como a “Lei de Diretrizes e Bases da Educação”, o “Estatuto das Cidades”, o “Sistema Único de Saúde” e a “Lei Orgânica do Sistema Social”.

Também, foi o relator da proposta de emenda constitucional que criou os “Juizados Especiais.”

Em 2004, foi eleito Prefeito de Porto Alegre (RS), sendo reeleito em 2008; também ocupa o cargo de Vice-presidente Regional Sul, da Frente Nacional de Prefeitos – FNP.

Fogaça também tem sua vida marcada pela atividade como poeta e compositor popular.



FOGLIATTO,  BORTOLO

Xarqueador e Empreendedor

Natural de Tupanciretã (RS), forte pecuarista e xarqueador naquele município, certa feita em visita à Ijuí (RS), descobriu a existência alí, de uma “fonte termo mineral” - homem de visão, comprou aquela área de terras pouco aproveitáveis.

Então, esse sábio empreendedor, tomou a iniciativa de mandar construir naquele aprazível local, distante de Ijuí apenas 12 Km, um balneário de sua propriedade com o nome de Hotel Fonte Ijuí - situado numa das paragens mais pitorescas dos arredores daquela querência, hoje conhecida como “Colmeia do Trabalho”, que se ergue por entre um bosque natural de árvores centenárias, as quais, por só, já convidavam ao repouso físico e espiritual.

Em suas imediações ele mandou construir pela firma “Fogliatto & Werner Ltda.” - o pavilhão do engarrafamento da água mineral, licenciada pelo Departamento Nacional de Saúde Pública, o que em análise química procedida pelo Instituto de Química Industrial da Escola de Engenharia de Porto Alegre, pelo químico chefe Y. Nemoto, acusou o resultado abaixo especificado:
01 - Cheiro (inodoro, gostoso e sui-gêneris);
02 - Cor (incolor e cristalina);
03 - Reação - Ph .................................................................................. 9,6
04 - Dureza total em grau francês ........................................................ 00,6
05 - Efeito de incineração: Muito ligeira carbonização em ............ 1.000.000
06 - Carbonato de sódio ................................................................... 212,0
07 - Bicarbonato de sódio ................................................................... 76,6
08 - Sulfato de sódio ........................................................................... 19,5
09 - Matéria orgânica em oxigênio ....................................................... 0,55
10 - Amônia livre ............................................................................... 0,020
11 - Amônia albuminóide ................................................................... 0,035
12 - Nitratos ........................................................................................ 0,03
13 - Cloretos em Ci Na ....................................................................... 9,36
14 - Resíduo a 100 ............................................................................. 332,0
15 - Alcalinidade ................................................................................. 245,0

PARECER: Água sob o ponto de vista químico, potável água Mineral alcalina.

A Análise bacteriológica efetuada pela Diretoria de Higiene, do Rio Grande do Sul, aos 07 de junho de 1933, foi de todo favorável, havendo o técnico que fez as pesquisas, o bacteriologista Dr. Maia Faillace concluído com o seguinte PARECER: Água muito pura sob o ponto de vista bacteriológico.

Nosso pioneiro que era mui viajado até pela Europa, então mandou edificar um edifício para servir de hotel, dispondo de 40 quartos, sendo 14 para casais, dotados todos eles de todo o conforto da época, tanto no que tocava ao mobiliário, como no que dizia respeito aos acessórios; equipados com água encanada da própria fonte Ijuí, que também era oferecida nos banheiros.

Da mesma maneira que os demais aposentos do hotel, também o salão de refeições, possuía todos os modernos requisitos da higiene, profusamente iluminado, que tinha a contorná-lo em quase todo o seu perímetro, um janelão envidraçado de forma circular, o qual permitia aos hóspedes desfrutarem de uma visão panorâmica atraente da floresta circunjacente.

A fonte hidro-mineral está localizada ao fundo do parque; recobre-a um artístico passadiço, de onde se descortina belíssimo panorama.

Hoje (2006), todo esse complexo foi adquirido e mandado ampliar, pelo craque natural de Ijuí (RS), o famoso Dunga (Capitão do Tetra), da Seleção Brasileira de Futebol - da CBF.



FONSECA,  ANTÔNIO PRUDENTE DA

Militar
Gaúcho por adoção

Nasceu em 1821, nas Minas Gerais, mas adotou o Rio Grande de S. Pedro, onde passou a sua vida.

Filho de João da Fonseca e Sousa; casou-se em Rio Pardo, com uma filha de Joaquim José Domingues da Silva, um dos conquistadores das Missões, ao lado de Borges do Canto e de Maneco Pedroso.

Antônio Prudente era cunhado do Sargento-mor José Plácido de Castro e do Marechal Gaspar Mena Barreto.

Antônio Prudente casou-se com a neta do Visconde de S. Gabriel e Marechal João de Deus Mena Barreto, neta que era filha do Desembargador José Maria de Sales de Carneiro Mendonça Peçanha e de Maria Pulcra Mena Barreto.

Descendente de Antônio Prudente, o Cel. José Plácido de Castro que lutou para o Acre pertencer ao Brazil.

Antônio Prudente era Ten-cel. e fez a Guerra do Paraguai, morrendo em campanha, no Combate do Cerrito, aos 12 de abril de 1867.



FONTOURA XAVIER,  ANTÔNIO VICENTE DA

Diplomata

Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 07 de junho de 1856 e falecido em 1º de abril de 1922, em Lisboa (Portugal).

Era filho do Major Gaspar Xavier da Silva (fazendeiro no distrito de Capané, Cachoeira) e de Clarinda Amália da Fontoura (Lindoca).

Seu avô paterno foi Antônio Xavier da Silva, um veterano da “Campanha Peninsular”; veio para o Brazil e se radicou no Rio Grande de São Pedro, em 1808.

Seu avô materno foi Antônio Vicente da Fontoura, comerciante, veterano da “Revolução Farroupilha”, Deputado e Ministro de várias pastas de “República Rio-Grandense”, cujos ideais “este neto” ajudou a difundir no Brazil.

Estudou no Rio de Janeiro, na Escola Central e em São Paulo, na Faculdade de Direito, sem concluir nenhum dos cursos.

Dedicou-se à imprensa do Rio de Janeiro, colaborando na Gazeta de Notícias e na Revista Ilustrada; foi um dos fundadores da Gazetinha.

Ingressando na carreira diplomática, exerceu sucessivamente as funções de “Cônsul Privativo” nos EUA (1885), Porto (1891), Genebra (1893) e Buenos Aires (1893-94); elevado a “Cônsul de 1ª Classe”, serviu em Nova Iorque (1894).

Como “Ministro”, exerceu funções nas Antilhas (1906) e em Guatemala (1908).

Foi “Ministro Plenipotenciário” em Cuba (1910), México (1911), Espanha (1912), Grã-Bretanha (1914) e Portugal (1919).

Nomeado “Embaixador” em Lisboa (1921), lá faleceu no desempenho do cargo, quando ultimava a programação das comemorações do “IV Centenário do Descobrimento do Brazil”.

É patrono da cadeira número 14, da “Academia Rio-Grandense de Letras”.

A vida literária de “Fontoura Xavier” é iniciada em 1877, quando o autor contava com 21 anos, com a obra em versos alexandrinos, intitulada O Regio Saltimbanco (1877), na qual com juvenil fogosidade republicana investe contra D. Pedro II; a inquietação política que mobilizava os estudantes de São Paulo em torno de idéias literárias motivou o jovem poeta a versejar contra a monarquia, filiando o autor às idéias dos republicanos paulistas, que correspondiam também aos ideais dos rio-grandenses.

De mais corpo é o seu volume de poesias Opalas (1884), livro desconcertante, cosmopolita, variado e mais expressivo do movimento parnasiano do Rio Grande de São Pedro; dividido em três volumes < Musa Livre, Clows e Ruínas, Opalas > reflete matizes da sua poesia do que pouco se aprofunda na realidade nacional, mas que impressiona pela versatilidade vocabular e pela musicalidade de seus versos, em diversos momentos de boa poesia.

Foi MEMBRO da Academia Brasileira de Letras.



FONTOURA,  ANTÔNIO PAULO DA

Paulino da Fontoura

Nasceu em 1800; filho do Brigadeiro Antônio Pinto da Fontoura e teve importante papel na revolução farroupilha, chefiou uma dissidência contra Bento Gonçalves.

Eleito Vice-presidente da República Rio-Grandense, foi convocado para assumir a presidência, no impedimento do mais alto mandatário gaúcho, mas não aceitou a incumbência, afastando-se por completo da administração.

Morreu solteiro, no Alegrete, assassinado no ano de 1843.



FONTOURA,  ANTÔNIO VICENTE DA

Embaixador Plenipotenciário Farroupilha
Comendador

Político gaúcho nascido na querência do Rio Pardo (RS), aos 08 de janeiro de 1807; era filho de Euzébio Manoel Antônio (português de Lisboa, relojoeiro da Comissão de Demarcação de Limites e integrante da coluna do Cel. Francisco João Roscio) e de D. Vicência Cândida da Fontoura; o casal que se estabeleceu em Rio Pardo, teve sete filhos, sendo Antônio Vicente o primeiro.

Seus pais, apesar de muito pobres, preocuparam-se desde cedo, com a educação do filho, que foi alfabetizado por professora particular, já que aulas públicas somente foram instaladas em Rio Pardo, em 1820.

Aos quinze anos, começou a trabalhar como caixeiro em casa comercial de um amigo de seu pai, transferindo-se por volta de 1826, para Cachoeira, onde se estabeleceu como comerciante. - Sua irmã Benta da Fontoura era casada com o Brigadeiro José Gomes Portinho.

Em 1829, Antônio Vicente da Fontoura casou-se com Clarinda Francisca Pôrto (filha do Ten. José Gomes Porto e de D. Luzia Francisca de Almeida - neta do Marechal Bento Manoel Ribeiro), com quem gerou 14 filhos > Antônio Eusébio, José Propício, Affonso, Francisco, Bento, João Propício, Tito Castilhos, Clarinda, Josephina, Gabriela, Maria Egypcia, Vicencia Cândida, Antoninha e Luzia.

Residindo em Cachoeira (sua terra adotiva) onde foi não só homem de negócio, ingressou na vida pública desempenhando ao longo de sua vida vários cargos e funções, tais como:

• Vereador da Câmara Municipal de Cachoeira (1829-1836).

• Procurador Fiscal de Cachoeira (1831).

• Capitão da Guarda Nacional (1832).

• Correspondente de “O Mensageiro”, jornal da Revolução Farroupilha (1835).

• Major de Legião de Guardas Nacional da Comarca de Rio Pardo (1835).

• Chefe de Polícia de Rio Pardo (1838).

• Coletor Geral das Coletorias de Vacaria, Cruz Alta, Santa Maria, São Gabriel, Cachoeira e Rio Pardo (1838).

• Chefe Geral de Polícia de Cruz Alta (1839).

• Ministro da Fazenda da República Rio-Grandense (1841).

• Ministro da Guerra (interino), da República Rio-Grandense (1841).

• Deputado à Assembléia Constituinte e Legislativa da República Rio-Grandense (1842).

• Membro da Comissão de Liquidação da dívida republicana (1845).

• Embaixador Plenipotenciário Farroupilha, nas negociações e assinatura da PAZ de Ponche Verde (1845).

• Presidente da Câmara Municipal de Cachoeira (1853-1856).

• Chefe do Partido “Santa Luzia” (Liberal).

Quando irrompeu a Revolução Farroupilha, coube a Antônio Vicente (então Major de Guardas Nacionais), a tarefa de articular na vila de Cachoeira, os elementos necessários para a formação de uma força revolucionária que marchou para Rio Pardo, aos 23 de setembro de 1835, com o fim de restabelecer a ordem que se encontrava alterada.

Desde então, Antônio Vicente permaneceu a serviço do movimento farroupilha, até a pacificação, na qual exerceu papel de grande relevância.

Foi também, Major de Esquadrão de Legião, mas sua missão não foi só a de zelar pelas finanças da revolução e sim também, como mediador da paz.

Não foi, entretanto, o aspecto militar que predominou na ação deste Gaúcho Ilustre, e sim, o político; inteligente, culto, se tornaria na Revolução, um diretor intelectual, fadado a organizar e dirigir uma corrente de opinião que iria ter nos destinos da República Rio-Grandense, uma influência decisiva.

Chefiou a oposição contra o Gen. Bento Gonçalves da Silva, sendo Deputado na Constituinte de 1842 e redigiu o violento manifesto de 18 de fevereiro de 1843.

Nomeado Ministro da Fazenda da República Rio-Grandense, em 1841, Antônio Vicente inicia um forte dissídio com Domingos José de Almeida, tendo como ponto de discórdia as medidas e atos ministeriais tomadas por este, quando titular dessa Pasta.

O que foi sua passagem pelo Ministério da Fazenda, no espaço de mais de um ano, escreveu muito bem o historiador gaúcho Alfredo Ferreira Rodrigues:

O que foi a administração de FONTOURA, Ministro da Fazenda e interinamente da Guerra, até 12 de dezembro de 1842, no meio de uma anarquia sem nome, encontrando tudo a desorganizar-se sem esperança de impedir a ruína iminente, é impossível descrever. Só mesmo estudando longamente o estado financeiro da República Rio-Grandense é que se poderá fazer idéia dos hercúleos e sobre-humanos esforços dele, para pôr um pouco de ordem em tudo, quando tudo se desmoronava e quando já a República Rio-Grandense começava apenas a existir de nome, foragido o Governo de cidade em cidade. > ( Antunes, 1935:63)

Antônio Vicente foi eleito Deputado para a Assembléia Constituinte e Legislativa, em Alegrete, a 1º de dezembro de 1842. Esta Assembléia foi o maior pomo de discórdia entre os farroupilhas, quando duas correntes se definem no plenário, cuja maioria era solidária com Bento Gonçalves e a minoria chefiada por Antônio Vicente.

Compreendendo que era impossível a vitória dos republicanos e da idéia federativa que era sua, Antônio Vicente vai, de agora em diante, empenhar-se pela conclusão de uma PAZ em que se salve a dignidade do Rio Grande e que assegure aos rio-grandenses a maior soma possível de garantias.

Escolhido por unanimidade entre os principais chefes farroupilhas, para negociar com o Governo Imperial do Brazil as condições de PAZ, como emissário da República Rio-Grandense, parte para o Rio de Janeiro.

Eis a íntegra do credenciamento de Antônio Vicente da Fontoura, como representante do Governo Farroupilha - junto ao Governo Imperial do Brazil:

Os chefes abaixo assinados, do Povo Rio-Grandense em armas contra o Governo Imperial, desejosos de terminarem a guerra civil que há nove anos devasta este belo país, e a que foram forçados pelas sucessivas violações de seus direitos, durante a tormentosa Menoridade de S. Majestade Imperial e Constitucional, resolveram autorizar a Antônio Vicente da Fontoura, depois de havê-lo acordado com o Ilmo. Barão de Caxias, e que siga à Corte do Rio, a fim de expor, não só os justos motivos que forçaram a essa Guerra, como os bem fundados receios de vê-la tornar-se mais sangüinolenta, e devastadora, pelas atuais ocorrências dos Estados vizinhos; e obter do Governo Imperial a Paz, porém a Paz que, não manchando de ignomínia esta porção da Grande Família Brasileira, nem o Sábio Governo de S. Majestade Imperial e Constitucional, imponha um dique formidável ao estrangeiro audaz, que pretende fulminar a ruína desta Terra, a do Brazil inteiro.

Acampamento de Porongos, 13 de novembro de 1844.

Assinado:
José Gomes de Vasconcelos Jardim
David Canabarro
João Antônio da Silveira

Recebido pelos Ministros de D. Pedro II, que esperavam obter a deposição das armas dos farroupilhas em troca de uma promessa de anistia geral, Antônio Vicente defende brilhantemente os direitos rio-grandenses, levando-os a uma compreensão mais justa e mais patriótica da delicada questão.

Em dezembro de 1844, ao retornar ao Rio Grande do Sul, Antônio Vicente, tornou-se sabedor de que alguns chefes farroupilhas não eram favoráveis à PAZ.

Convencido da impossibilidade da vitória, empenhou-se pela conclusão da paz, que negociou no Rio de Janeiro, com o Império do Brazil, iniciando mais uma etapa no seu importante papel em prol da pacificação, percorrendo a República (de acampamento em acampamento), divulgando as condições de armistício a fim de reintegrar o Rio Grande na comunhão do Brazil.

Um dos artigos do “Tratado de Paz de Ponche Verde” (entre os farroupilhas e o império brasileiro), estipulava que a dívida da República Rio-Grandense seria paga pelo governo imperial do Brazil; para a execução desta tarefa, David Canabarro nomeou uma comissão da qual fazia parte Antônio Vicente que, pela sua efetiva atuação, se tornou chefe da mesma, sendo o liquidador dos grandes compromissos que a Revolução, assumira.

Estava, finalmente, pacificada a Província, graças à diplomacia do Barão de Caxias e à atividade extraordinária de Antônio Vicente da Fontoura que a posteridade, com justiça, denominou EMBAIXADOR DOS FARRAPOS.

Depois de cumprir seus últimos compromissos para com a sua Pátria, pôde Antônio Vicente regressar a Cachoeira e aqui dedicar-se aos seus negócios particulares e à sua família.

A política, entretanto, chamava-o de novo e em breve nela reencontrou ao lado de José Gomes Portinho, tornando-se ambos chefes do partido liberal Santa Luzia, contrário ao partido conservador Saquarema - liderado por Hilário Pereira Fortes (o Barão de Viamão), José Pereira da Silva Goulart e pelo Maj. Felisberto Machado de Carvalho Ourique (Maj. Ouriques, maio de 1819 / 13-07-1862).

Por essa época, Antônio Vicente recebeu do governo imperial a Comenda da Ordem de Cristo que lhe foi remetida com o respectivo Diploma, pelo Barão de Caxias, como reconhecimento pela sua atuação na PAZ DE PONCHE VERDE.

Em 1860, tinham de ser renovados os mandatos dos vereadores e juízes de paz do município de Cachoeira.

Aos 7 de setembro iniciaram-se as eleições, sendo a mesa instalada na Igreja Matriz N. S. da Conceição. No dia seguinte (8), devido a um problema de identificação de um votante, estabeleceu-se uma confusão entre os membros da mesa, da qual originou-se um grave conflito; foram disparados três tiros, por partidários do Saquarema, contra o Brigadeiro José Gomes Portinho (que saiu ileso).

Ao mesmo tempo, o preto liberto Manuel Pequeno avançou sobre Antônio Vicente que, alheio à confusão, redigia a relação de votantes, vibrando-lhe profunda punhalada no ventre, ferindo-o de morte; em conseqüência desse ferimento, Vicente da Fontoura veio a falecer aos 20 de outubro de 1860, pedindo aos filhos que não vingassem sua morte; assim eram os nossos antepassados. Valentes na luta e magnânimos para com o inimigo.

Foi sepultado no Cemitério da Irmandade do S.S. em Cachoeira (RS-Brazil).

O partido Santa Luzia venceu as eleições e os mandantes do atentado a Antônio Vicente da Fontoura foram processados e pronunciados - mas, absolvidos.

O cachoeirense Aurélio Porto, com estas palavras resume seu pensamento a respeito da figura de Antônio Vicente da Fontoura:

Vida austera, cheia de ensinamentos, alma extraordinária de puritano, caráter inatingível, infibratura de homem superior, quer dirigindo, com parte saliente, os negócios da República, quer fazendo da paz o mais memorável dos acontecimentos políticos de todo o País, quer dirigindo seu partido, que nem por meio do crime era vencido - Antônio Vicente da Fontoura destaca-se no Rio Grande do Sul, como poucos.

A história há de um dia colocá-lo no pedestal que merece, quando estudada à luz da verdade a sua grande vida de mártir, transparecer clara e brilhante na nebulosidade dos tempos, essa figura admirável de homem e de patriota. ( A. Porto, 1910:13)

Antônio Vicente da Fontoura > escreveu: Diário, Memórias (sobre a campanha revolucionária), alguns poemas e até fez alguns desenhos.

Seus amigos lhe prestaram uma homenagem, elevando-lhe um BUSTO, em sua terra adotiva, na “Praça Dr. Balthazar de Bem”.


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FONTES:

• ANTUNES, De Paranhos. Antônio Vicente da Fontoura.
Porto Alegre, Globo (1935).

• ATAS DA CÂMARA MUNICIPAL DE CACHOEIRA (1832-1845).

• FONTOURA, Antônio Vicente da. Diário (1844-1845).

• RIO PARDO (Cidade-Monumento) - 1946, Duminiense Paranhos Antunes.

• PORTO, Aurélio. Resumo histórico.

In Relatório de estatística apresentado ao Intendente Isidoro Neves da Fontoura (1910).

• PUBLICAÇÕES DO ARQUIVO NACIONAL, Rio de Janeiro.
Oficinas Gráficas do Arquivo Nacional (1933 v. XXIX e 1935 v. XXXI).

FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha, Othelo Rosa - 1935, págs. 145-153



FORTES BRANDÃO,  CÂNDIDA DE OLIVEIRA

Pedagoga

Natural de Cachoeira (RS), onde nasceu aos 23 de abril de 1862; faleceu aos 04 de abril de 1922 e está sepultada no Cemitério das Irmandades (SS. Sacramento e do Rosário), em Cachoeira do Sul (RS).
Além de ser professora pública, foi cronista e poetisa; de 1895 a 1896, colaborou no Correio do Povo, de Porto Alegre (RS), sob o pseudônimo de “Marina Canofilor”.
Seus trabalhos:
01 - Fantasia (Revérberos e Contos às minhas irmãs), poesia e prosa > 1897
Existe em sua terra natal, a excelente Escola Estadual de Ensino Fundamental Cândida Fortes Brandão.
Através de Decreto Municipal, o Prefeito de Cachoeira (RS), conferiu com justiça a perpetuação de sua memória, denominando de Rua Cândida Fortes Brandão, a via pública localizada na Vila Marina, que tem seu início na Av. dos Imigrantes, em direção SE-NW e terminando no Bairro PROMORAR.



FORTES DE BARCELLOS,  RAMIRO

Médico
Amaro Juvenal

Nasceu na “Fazenda Irapuá” município de Cachoeira (RS), aos 23 de agosto de 1851. Alí se criou nas lides campeiras, que o tornaram perfeito guasca.
Em 1859, entrou para a escola e, depois de aprender tudo o que ensinavam na época, empregou-se no comércio.
Em 1865, sua mãe vencendo dificuldades econômicas, mandou-o a Porto Alegre, para o estudo de “humanidades”. Após dois anos, com o auxílio de um tio, o rapaz foi encaminhado à Côrte, no Rio de Janeiro, onde prestou exames.
Em 1868, matriculou-se na Escola de Medicina e, ótimo estudante, concluiu o curso médico em 1873. Sua TESE, aprovada com distinção, versou sobre: “Alianças consangüíneas e sua influência sobre o físico, o moral e o intelectual do homem.”
Já então tendo ensaiado os primeiros trabalhos literários, sobretudo no gênero satírico, foi orador da turma. Formado, regressou ao Rio Grande de S. Pedro, indo clinicar na sua terra (Cachoeira) onde, em 1874, casou-se com uma prima.
Havendo-se sobressaído, quando acadêmico, na campanha da República, foi convidado em 1876, pelos liberais, para uma cadeira a Deputado Provincial. Foi eleito, para o período 1877-1882, mantendo-se republicano.
O Dr. Ramiro Fortes de Barcellos foi, pelo talento e pela cultura, um feliz complexo de qualidades raras e brilhantes.
Liberal do antigo regime, teve no seu partido um momento de incomparável e luminosa atividade, mas no seu espírito de eleito já a idéia republicana vinha florescendo, florindo com viço audacioso e empolgante.
Atraído pelo brilho da Idéia Nova, que já havia produzido na imprensa democrática do Rio Grande do Sul, Apolinário Porto Alegre e Apeles Porto Alegre, Francisco Cunha, o Dr. Ramiro Fortes Barcellos passou-se às fileiras republicanas e perfilou-se ao lado de Venâncio Aires, Júlio Prates de Castilhos, Joaquim Francisco de Assis Brasil, José Gomes Pinheiro Machado, Ernesto Álves, Aparício Mariense, Pereira da Costa, Vitorino Monteiro, Homero Batista, Álvaro Batista, Antônio Augusto Borges de Medeiros e outros, que formaram a plêiade histórica da propaganda.
Quando, a 09 de janeiro de 1884 surgiu o primeiro número de “A Federação” (glorioso órgão do partido republicano rio-grandense), o Dr. Ramiro Fortes de Barcellos aparecia no rodapé, assinando com o pseudônimo de “Amaro Juvenal” as famosas Cartas a D. Isabel, que tamanho sucesso alcançaram no mundo jornalístico e nas rodas intelectuais.
Daí em diante a sua colaboração foi assídua e notável no grande órgão político, pois Ramiro Barcellos jogava com facilidade e maestria, todas as armas do jornalismo moderno: o artigo doutrinário, a polêmica partidária, a critica artística e literária e, o folhetim borboleteante (de humorismo ou de sátira).
Assim o ardoroso republicano ajudou a propaganda e preparou o advento do novo regime, não deixando nunca de prestar o seu valioso apoio à difusão pela doutrina e pelo fato das idéias que adotava, apregoava e defendia. Nesta conformidade, tomou parte ativa no “1º Congresso Republicano” (1887) e, em todos os atos e convenções de igual caráter que a este se sucederam.
Em plena luta de propaganda, foi provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e logo é Proclamada a República em 1889.
O tempo passou e o Dr. Ramiro Fortes de Barcellos, que nunca adormecera à sombra dos louros colhidos na propaganda, contraria o lançamento pelo Partido Republicano, da candidatura do Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca à senatoria pelo Rio Grande do Sul.
O Dr. Ramiro, considerou os desacertos político do marechal, quando Presidente da República, não concordou com a indicação e, embora certo de ser derrotado nas eleições, resolveu concorrer à cadeira de senador.
O Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros (então Presidente do Estado do RGS), zangado com essa rebeldia de um velho republicano, enviou ao Rio de Janeiro um telegrama no qual chamava o Dr. Ramiro de insaciável e incorrigível.
O Dr. Ramiro, convicto de que tais termos muito mais calhavam ao acusador, do que ao acusado, decidiu escrever uma sátira política em verso, referente aos processos do governo estadual e à figura de seu chefe; glosando o mote das próprias palavras deste, fez a oferta do poemeto, assim:
"Velho gaúcho - insaciável
de fazer aos mandões, guerra.
Nestas páginas encerra,
por um pendor invencível,
seu amor - incorrigível,
às tradições desta terra."
O poemeto campestre, composto por 213 “coplas” (estrofes de seis linhas, também denominadas de sextilhas), foi escrito em poucos dias, nas costas do papel timbrado para nomeação dos mesários às eleições (pomo de discórdia), que também usou o pseudônimo de “Amaro Juvenal”, publicado clandestinamente em 1915, tendo extraordinário sucesso popular, sendo ainda hoje considerado uma pequena obra-prima pelo seu sarcasmo e genuíno cunho gauchesco.
Escreveu também “A Revolução de 1835, no Rio Grande do Sul” (1882).
Mais tarde, em 1891 foi eleito senador e reeleito ao terminar o seu primeiro mandato; deste brilhante período de sua vida política, ficaram memoráveis nos anais do senado da República, os sensacionais debates sobre finanças, que o nosso patrício sustentou com o senador Dr. Rui Barbosa.
Era ainda senador, quando foi escolhido para superintendente das obras da terra, lugar particular que se demitiu nos fins do governo do Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca.
Os serviços que prestou com relação à abertura da barra, foram de inestimável valor, e “A Federação” jornal que estava ultimamente retraí¬do, sobre ele assim se expressou ao traçar a necrologia deste nosso patrício:
“À sua ação valiosa e assídua colaboração, durante o governo do Dr. Rodrigues Alves, junto ao ministro da Viação Dr. Lauro Müller, devemos a visita e a solução Cortheil ao magno problema da desobstrução da barra do Rio Grande e a construção do novo porto de mar”.
Arrematando:
Prestou também, grandes serviços durante a revolução federalista de 1893, tendo sido ministro plenipotenciário do Brasil, na República do Uruguai.
O Dr. Ramiro Fortes de Barcellos era formado em Medicina e tinha fama de grande clínico.
Foi um dos maiores talentos gaúchos, superior em todos os ofícios e, gêneros intelectuais em que se exerceu e manifestou; médico, orador, polemista, folhetinista, político dirigente, crítico de arte e poeta satírico, a par de uma figura insinuante e fidalga de homem de sociedade.
Faleceu o Dr. Ramiro Fortes de Barcellos em Porto Alegre (RS), aos 29 de janeiro de 1916.
Através de Decreto Municipal, o Prefeito de Cachoeira (RS), conferiu com justiça a perpetuação de sua memória, denominando de Rua Dr. Ramiro Fortes de Barcellos, a via pública que atravessa a cidade no sentido leste - oeste, que tem seu início no Arroio Amorim e termina na Rua Marques Ribeiro.



FREIRE,  SERAFIM DOS ANJOS

Militar

Serafim dos Anjos Freire nasceu em Rio Pardo (RS); filho do Capitão Manoel Freire de Andrade e de Domiciana Maria de Almeida.

Serafim dos Anjos casou em 1831, na cidade de S. Gabriel (RS), com a cachoeirense Inácia Veloza da Fontoura, filha do Alferes Francisco Carneiro da Silva Fontoura e de sua primeira esposa Maria Alexandrina Oliveira Mota.



FREITAS AMORIM,  MANOEL AFONSO DE

Barão e Visconde de Santa Vitória

O Barão e depois, “Visconde de Santa Vitoria” era natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu em 1831; foi oficial da Imperial Ordem de Rosa, Comendador da Real Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa (Portugal) e, Comendador da Real Ordem da Corôa da Itália.

Por Imperial Decreto de 02 de setembro de 1874, foi agraciado com o título de Barão de Santa Vitoria e, por outro Decreto de 20 de julho de 1889, foi elevado a Visconde de Santa Vitoria.

Residia em Paris (França), quando faleceu em 1906.



FREITAS E CASTRO,  FAUSTO DE

Advogado

Nasceu em Porto Alegre a 12 de abril de 1846. Era filho do Dr. Luiz de Freitas e Castro, um dos chefes do partido conservador, e de D. Josefa de Menezes Freitas.

Aqui estudou os preparatórios, seguindo depois para S. Paulo, onde se matriculou na Faculdade de Direito; bacharelando-se em 1873, regressou à terra natal, tomando logo parte ativa na política, sob a bandeira conservadora.

Foi eleito deputado à Assembléia Provincial em 1875, mas deixou pouco depois essa posição política, por haver assumido a inspetoria da Instrução Pública.

Em 1881, foi o seu nome indicado para a Câmara Temporária, mas desistiu de sua candidatura em favor do Dr. Paulino Rodrigues Fernandes Chaves, de quem era muito amigo.

Procedendo-se à eleição, o Dr. Paulino não conseguiu ser eleito. Em 1885, subindo ao poder o partido conservador, o Dr. Fausto de Castro, que era de uma modéstia sem nome, e esquivo às manifestações ruidosas, recusou comissões honrosas que lhe foram oferecidas pelo Barão de Cotegipe, presidente do Conselho.

Era um jurisconsulto muito acatado pelo vasto saber e inteireza de ca¬ráter. Tendo falecido repentinamente em palácio, em 31 de dezembro de 1886, o Presidente da Província Dr. Miguel Calmon du Pin e Almeida, foi o Dr. Fausto nomeado primeiro vice-presidente, assumindo a 1º de janeiro de 1887, a presidência do Rio Grande.

Por esse motivo, a Reforma, pela pena do conselheiro Gaspar Martins, fez as mais honrosas referências ao Dr. Fausto de Castro, que era realmente um patrício ilustre pelo saber e grandes virtudes.

Apesar de militar nas fileiras conservadoras, fora sempre acatado pelos mais intransigentes adversários que viam nele um rio-grandense que se destacava no seio do seu partido pelos seus raros merecimentos.

No foro deixou honrosas tradições do seu saber, da sua probidade e da contração ao trabalho.

Quando a morte, a 04 de dezembro de 1900 o levou, foi um dia de pesar para todos que o conheciam na sua modéstia, que mais realçava os belos dotes do seu espírito e do coração.



FREITAS VALE,  LUÍS DE

Barão de Ibirocaí

Nasceu no Alegrete (RS), aos 18 de agosto de 1855; era filho de Manoel de Freitas Vale (natural de São Sebastião, na Província de São Paulo; homem abastado, possuidor da “Fazenda São Gonçalo”, “Fazenda São Luís” e a invernada de “Mato Alto” tudo no município do Alegrete, além de diversas casas na Vila do Alegrete e também a importante firma Freitas Vale & Cia.) e de Luísa Firmina Jaques.

Neto paterno de Joaquim Antônio Vale e de Maria de Freitas; e neto materno de Luís Inácio Jaques (filho de João Guilherme Jaques, natural da Holanda - filho de um outro João Guilherme Jaques e de Maria Eva Jaques, que foi para Rio Pardo no princípio do século XIX, ali casando com Antônia Joaquina do Rosário), Faleceu Luís Inácio Jaques, que foi para o Alegrete, que casou no Alegrete, com Felisberta Maria da Conceição.

O Barão de Ibirocaí casou aos 16 de agosto de 1879, com Noemí de Miranda Sá, nascida na cidade do Rio Grande (RS), aos 13 de maio de 1860, e falecida no Rio de Janeiro (RJ), aos 18 de julho de 1916. Era filha do Comendador Miguel Tito de Sá, natural do Rio de Janeiro (RJ), e de Maria de Miranda, natural do Rio Grande do Sul.

Foi Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (RJ), Presidente do “Club dos Diários” e “Corretor de Fundos” na Côrte do Império. Era Comendador da Imperial Ordem da Rosa. Por ocasião do movimento abolicionista, usou do seu largo prestígio no município do Alegrete, conseguindo libertar a maioria absoluta dos escravos deste município. Por este motivo foi agraciado com o título de Barão de Ibirocaí, por Imperial Decreto de 11 de julho de 1888.

De seu casamento, deixou 13 filhos:
01 - Ermínia, que professou na Congregação de N. S. de Sion, com o nome de Irmã Maria Fernanda de Sion;
02 - Noemí que casou com Antônio Lorbes Iriarte;
03 - Maria, faleceu com menor de idade;
04 - Lucilla, que casou com o Eng. Armando de Lamare (sobrinho dos “Viscondes de Lamare” - tiveram duas filhas: Maria Luísa e Maria Lúcia;
05 - Alice, faleceu solteira;
06 - Luísa, faleceu com menor de idade;
07 - João Luís, que legitimou os seguintes filhos: Luís, Patrício e Mário;
08 - Luís, faleceu com menor de idade;
09 - Sára Luísa, faleceu com menor de idade;
10 - Maria Luísa, faleceu com menor idade;
11 - Eduardo Luís, que legitimou como filha Isa;
12 - Maria, faleceu com menor idade;
13 - Carlos Luís, faleceu solteiro.



FREITAS,  ANTÔNIO SAINT PASTOUS DE

Médico Catedrático

Natural do Alegrete (RS), nascido aos 11 de fevereiro de 1892; fez os estudos primário em sua terra natal, nos Colégios Carlos Cruz e Otávio Arenz e, o secundário no Ginásio N. S. da Conceição, em São Leopoldo (RS).

Doutorou-se pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, tendo defendido tese, versando sobre Um caso de Otomicose, pelo Sterigmatocistis Nigra.

Especializou-se em Clínica Médica, Radiologia e Cancerologia, freqüentando cursos de aperfeiçoamento, de 1921 a 1922, em Paris (França), Berlim e Munich (Alemanha), Viena (Áustria); em 1916 e 1918 na cidade de Montevidéu (Uruguai), em 1933 na cidade de Buenos Aires (Argentina).

Em 1929, participou da Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro; em 1941, do Congresso de Hospitais, em Atlantic City, e do Congresso de Radiologia, em Cincinati, nos EE.UU.

Em 1935, conquistou por concurso a Cátedra de Clínica Médica, na Faculdade de Medicina, de Porto Alegre e, posteriormente, a de Radiologia.

Ex-chefe do Serviço Médico durante a Revolução de 1930; Ex-diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Porto Alegre.

Entre os seus trabalhos que publicou, mencionam-se os seguintes:
01 - Colecistografia e Fisiopatologia da Vesícula Biliar
02 - Síndromes pseudocoldocianas
03 - Dietética Pitagórica
04 - Síndrome de Meige
05 - Revista de Radiologia Clínica

Foi Membro Honorário da Academia Nacional de Medicina; da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Porto Alegre e da Sociedade Argentina de Radiologia - afora outras entidades locais.

Exerceu a Clínica em Porto Alegre, ainda foi Diretor do Hospital Moinhos de Vento e do Serviço do Câncer no RGS; também ocupou o cargo de Reitor da Universidade de Porto Alegre.

Casado com Hilda D., de cujo consórcio teve os seguintes filhos:
01 - Paulo
02 - Ilka
03 - Flávia
04 - Antônio Carlos
05 - Vera.



FREITAS,  LEOVEGILDO JOSÉ DE

Gildo de Freitas
Trovador e Cantor


Natural de Porto Alegre, Passo d’Areia (RS), nascido aos 19-06-1919; filho de Vergílio José de Freitas e de Georgínia de Freitas.
Seu forte era a TROVA, criando uma “modalidade própria” (estilo Gildo de Freitas); também era compositor e cantor.
Dentre seus sucessos, destacamos: Por que o gaúcho grita? mas preferia o romantismo; fez muitas canções românticas.
Faleceu em Porto Alegre (RS), aos 04 de dezembro de 1983.
Cronologia
• 1931 - Gildo foge de casa pela primeira vez, aos 12 anos.
• 1937 - É tido como desertor, por não ter se apresentado à convocação militar. Envolve-se na primeira briga séria, onde morre um jovem amigo. Primeira prisão. Cria ódio da polícia.
• 1941 - Casamento com dona Carminha. Passa a ter morada fixa no bairro de Niterói, em Canoas, Grande Porto Alegre. Continuam os contratempos com a polícia.
• 1944 - Nasce o primeiro filho depois de dois perdidos. Gildo começa a viajar bastante e a ser reconhecido como trovador. A polícia mantêm-se em cima.
• 1949 - Trovador com fama ascendente em todo o Rio Grande do Sul, desaparece de casa e reaparece na fronteira gaúcha. Em longa temporada passada no Alegrete, mal consegue caminhar, com problema de paralisia nas pernas.
• 1950/51 - Em São Borja, conhece Getúlio Vargas e entra em sua campanha política. Param as perseguições policiais. Primeira viagem ao Rio de Janeiro.
• 1953/54 - Faz fama como trovador nos programas de rádio ao vivo em Porto Alegre. Volta à viver no Passo d’Areia, com a família.
• 1955 - Encontro e identificação como Teixeirinha. Muitas viagens. Mudança para o bairro Passo do Feijó e abertura do primeiro bolicho.
• 1956/60 - Maior atração do programa Grande Rodeio Coringa dos domingos à noite. Mais viagens com Teixeirinha.
• 1961/62 - Declínio dos programas de rádio ao vivo, televisão começando. Gildo resolve largar de mão a "cantoria" e inventa de criar porcos.
• 1963 - Viagem a São Paulo para gravar o primeiro disco.
• 1964 - É lançado o primeiro LP. Em meados do ano é "convidado" a prestar depoimento sobre suas ligações com o trabalhismo.
• 1965 - Início da célebre disputa com Teixeirinha através dos discos. Jango o convida para viver no Uruguai e ele não aceita.
• 1970/77 - Várias internações em hospitais, sucesso popular das gravações, muitas viagens. A "briga" com Teixeirinha chega ao auge. Mudança para Viamão.
• 1978 - Inaugura em Viamão a Churrascaria Gildo de Freitas e dá início aos bailões.
• 1982 - Grava o último disco, para a mesma gravadora dos outros todos, Continental.
• 1983 - Última internação em hospital, últimas aparições públicas em programas de TV.



FREITAS,  LEOPOLDINO JOAQUIM DE

Político

Era o tipo mais bem acabado do funcionário público. No cumprimento do dever ninguém o excedeu. A lei para ele era uma só, para o grande e para o pequeno. Nunca fez favores à custa dos cofres públicos. Nunca invadiu atribuições alheias, nem consentiu, fosse quem fosse, que passasse por cima de sua autoridade. Era extraordinariamente cioso de sua posição. Apesar de ser o chefe de repartição, nunca entrava fora da ho¬ra regimental. Procedia assim com esse rigorismo, para dar aos seus subordi¬nados o exemplo da pontualidade.
Pertenceu ao partido liberal e o serviu dentro da lei. Por seus elevados merecimentos, foi eleito à Assembléia Provincial. Abandonou, entretanto, esse posto honroso, por uma contrariedade que teve com o Dr. Pedro Chaves, que nem sempre conservava a compostura de um homem sério.
Mais de uma vez ele bateu o pé para presidentes da Província que o queriam obrigar a esquecer os seus deveres.
A tesouraria da Fazenda, era então reputada a primeira repartição do país. Para conseguir essa fama, que esforço não teve de empregar o chefe desvelado pelos créditos de sua repartição modelar!
Quando em 1878 o senador Sinimbu nomeou o conselheiro Gaspar Martins para Ministro da Fazenda, um dos primeiros atos do estadista rio-grandense foi colocar como bispo do tesouro o nosso patrício Leopoldino Joaquim de Freitas.
Como era natural, a promoção do funcionário provinciano para a mais importante repartição da corte, contrariou os empregados de categoria mais elevada.
Apesar, porém, da má vontade que o nosso ilustre patrício encontrou contra si no Tesouro, em pouco tempo ele deixou patente o acerto de sua justa profissão.
Anos depois, foi acometido de uma grave enfermidade, que o impossibilitou para o serviço público, vindo a falecer cercado sempre da consideração de todos.
É bom não esquecer, que, apesar da sua elevada posição, como diretor do Tesouro, só legou à família a extrema pobreza.



FROTA ESCOBAR,  DÉCIO

Poeta

Natural de Cachoeira do Sul (RS), nascido aos 31 de março de 1923 e falecido no Rio de Janeiro (RJ), aos 17 de abril de 1969.
Suas obras:
01 - Alguns poemas - 1949
02 - Rua Sul (poesias) - 1951
03 - Lirismo no Pampa (poema) - inédito
04 - Paja Braba (folclore) - inédito
05 - Roteiro da História do Brasil (poesia) - inédito



GAMA ROSA,  FRANCISCO LUÍS DA

Médico

Natural de Uruguaiana (RS), nascido aos 06 de janeiro de 1852 e falecido no Rio de Janeiro (RJ), aos 12 de julho de 1918; além de médico, era jornalista e político.

Foi Governador da Paraíba do Norte e de Santa Catarina.

Suas obras:

01 - Higiene do Casamento (Biologia e Sociologia do Casamento) - 1876
NOTA: Esse trabalho foi traduzido para as línguas francesa e alemã.

02 - Saneamento da Cidade do Rio de Janeiro (considerações médicas) - 1878

03 - Costumes do Povo: nos nascimentos, casamentos e enterros (contribuição folclórica) - 1916



GARCIA,  JOSÉ FÉLIX

Médico

Natural de Caçapava (RS), nascido aos 05 de março de 1886. Fez seus estudos primário em Juiz de Fora (MG) e o secundário no Rio de Janeiro (RJ).
Diplomou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1918, tendo defendido a tese sobre o tema: Deslocamento da retina e seu tratamento, aprovada com distinção.
Especializou-se em Cirurgia Geral; cursou, também, o Instituto Osvaldo Cruz, em 1915 a 1916.
Fez viagens de estudos à Alemanha, onde se aperfeiçoou em cirurgia, trabalhando pelo espaço de um ano na “Charité” de Berlim, na clínica do Professor Hildebrand.
Na capital alemã e em Paris (França), estagiou pelo espaço de três meses em cada uma delas, aperfeiçoando-se em vias urinárias. Ainda em Berlim, fez estágio de especialização, freqüentando cursos de Radiologia com os Professores Fürstenau e Lidaukoske; e de Diatermia com o Professor Berliner.
Ex-interno do Hospital Central do Exército; clinicou em sua especialidade como cirurgião em Cachoeira (RS).
Casado com Ema de Bem, de cujo matrimônio teve os filhos:
01 - Natália;
02 - Lovely;
03 - José.



GARCIA,  URBANO

Médico

Natural de Pelotas (RS), nasceu aos 26 de setembro de 1876; tirou o curso de humanidades no Colégio D. Pedro II, do Rio de Janeiro (RJ) e estudou na Faculdade de Medicina, da mesma cidade, onde foi interno da casa de saúde do Dr. Eiras.
Formou-se em 1900; fez uma viagem de estudos à Europa, em 1902. Em Viana (Áustria), acompanhou a Clínica do célebre ginecologista Professor Krobach; depois, passou em Roma (Itália), onde estudou com os professores Bastianelli, Pestalozzi e Bompiani. Em Paris (França), freqüentou Bem-saúde; também, tomou parte no Congresso Médico de Bruxelas (Bélgica), realizado em 1903.
Regressando à sua cidade natal, iniciou uma carreira brilhante e afanosa. Foi chefe do serviço de cirurgia do hospital da Beneficiência Portuguesa e, por mais de trintas anos serviu devotamente a Santa Casa que o fez seu Grande Benfeitor, lhe votando uma placa de bronze, ao perfazer-se o terceiro decênio de atividade naquele hospital.
A exuberância do seu coração, que se traduzia por uma irradiante simpatia que por tudo e por todos se derramava, explica do porque ter sido o médico amado por excelência, da cidade Pelotas; apesar de haver exercido intensa atividade partidária em época de paixões convulsas, não teve nunca um inimigo pessoal. Ele também, não poderia fugir à fatalidade que, pelo menos no Rio Grande do Sul, arrasta o médico para a política.
Se o clínico foi querido em sua terra e nos municípios circunvizinhos, o político foi respeitado em todo o Estado. Filiou-se ao Partido Republicano e participou da impugnação da eleição de A. A. Borges de Medeiros, em 1907.
Em 1922, tomou parte saliente em outra campanha eleitoral, contra uma nova eleição do ilustre Chefe do Partido Republicano.
Em 1928, depois de fundado o Partido Libertador (que resultou da fusão das oposições coligadas), foi eleito Presidente do Diretório, em Pelotas; após a Revolução de 1930, foi contrário ao Dr. Getúlio Vargas tendo que se exilar em 1932.
Faleceu aos 13 de abril de 1934, com 54 anos de idade.
Em Pelotas, a rua Riachuelo foi renominada com o nome de Rua Dr. Urbano Garcia e mais tarde, foi-lhe erigida uma “herma” (busto), pela Sociedade de Medicina de Porto Alegre.



GAVIÃO,  CIRO ALVES

Regionalista

Natural de Itaquí (RS), nascido aos 07 de janeiro de 1913; funcionário público, poeta lírico e regionalista.
Filiado à Estância da Poesia Crioula (fundador) e da Academia de Letras da Fronteira Oeste (Uruguaiana); seu pseudônimo era Negro Lúcio e assinava Ciro Gavião.

Suas obras:
01 - Querência Xucra (poemas) - 1966

Desta edição, foram encadernadas artisticamente 6 exemplares, por Raul Vaghetti, ofertados pelo autor, a: Augusto Meyer, Adines Gavião, Moacir Santana, Chico Gaudério e Pedro Leite Villas-Boas.



General  JOÃO MANUEL DE LIMA E SILVA

1º General Farroupilha
Gaúcho por adoção

Natural do Rio de Janeiro (RS), onde nasceu aos 29 de agosto de 1806; era filho do Marechal-de-campo José Joaquim de Lima e Silva e de Joanna Maria da Fonseca Costa.

Tio do Duque de Caxias, embora mais novo, João Manuel de Lima e Silva foi Comandante do Exército Farrapo, o primeiro general da República Rio-Grandense e também a sua perda mais precoce; morreu aos 32 anos.

Nascido na cidade do Rio de Janeiro (RJ), João Manuel de Lima Silva, participou da Guerra da Cisplatina e de lá voltou republicano.

Em 1826, como Major do exército imperial, foi transferido para Porto Alegre (RS), onde se casou em 1829, com Maria Joaquina de Almeida Côrte Real (irmã do Cel. Affonso José de Almeida Côrte Real).
Tornou-se maçom e conspirou para a derrubada de José Mariano de Mattos, Presidente da Província de S. Pedro.

Quando Bento Manuel Ribeiro - Comandante-das-armas, aderiu aos imperiais, em dezembro de 1835, o cargo ficou com João Manuel.

Proclamada a República Rio-Grandense e estruturado seu exército, foi ele o primeiro a ser promovido a general; tinha somente 31 anos.

Ferido no rosto, numa batalha em Pelotas (RS), em 1836, deixou o comando do exército para ir se tratar em Montevidéu; ao voltar, foi enviado para a região das Missões.

No dia 29 de agosto de 1837, João Manuel saiu de uma festa de batizado, no interior de S. Borja (RS) e relaxou a segurança; foi tocaiado por um certo Roque Faustino e seu bando sendo barbaramente assassinado. Faustino seria identificado, mais tarde, por usar os arreios de prata e o poncho do general.

Dois anos depois (1839), os restos mortais de João Manuel foram transferidos para Caçapava, então capital da República Rio-Grandense; foram depositados num mausoléu monumental, numa pomposa cerimônia ao estilo romano, que incluiu tochas e o desfile de 35 virgens.

Ao tomar a cidade, em 1840, as forças imperiais destruíram o mausoléu e espalharam os restos de João Manuel, no campo; tempos depois, um outro monumento foi construído em honra ao herói farroupilha.
Com a intenção de torná-lo mais apresentável, tempos atrás a Prefeitura de Caçapava do Sul (RS), cobriu-o com reboco.
FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 83-91 - Othelo Rosa



General  BENTO GONÇALVES DA SILVA 

2º General Farroupilha

Natural de Triunfo (RS), nascido aos 23 de setembro de 1788. Singular psicose a do bravo chefe da Revolução Farroupilha de 1835; filho do Alferes Joaquim Gonçalves da Silva (natural da freguesia de Santa Marinha de Real, Bispado de Lamego, Portugal) e de Perpétua da Costa Meirelles (natural da freguesia do Triunfo, RS).

Neto paterno de Manoel Gonçalves da Silva e de Josefa Maria de Jesus, ambos naturais da freguesia de Santa Marinha de Real, do mesmo Bispado e neto materno de Manoel Gonçalves Meireles (natural de Mondim de Bastos, Arcebispado de Braga, Portugal) e de Antônia da Costa Barbosa (natural da Vila de Guaratingüetá, SP).

Foi batizado na Igreja Matriz de Triunfo (RS), pelo Vigário Euzébio de Magalhães Rangel e Sá; foram padrinhos: Tenente Manoel Carvalho de Souza e Anna da Costa Meirelles (solteira).

Para muitos, o General Bento Gonçalves da Silva era uma esfinge, porque até ao presente não puderam com segurança afirmar qual foi o seu ideal político; foi um dos cinco generais farroupilha, 4 gaúchos e “1 carioca” (João Manuel de Lima e Silva).

Por mais que se desdobre, debata, vasculhe o assunto, este se conserva envolto num espesso mistério.

Na chamada “Campanha de D. Diogo de Souza” de 1811 a 1812, o moço continentino iniciou a sua carreira militar, sem grandes relevos; soldado de fileira ou passando a Furriel e pelos postos inferiores, não se afirmando ainda nesse período, as qualidades militares que mais tarde fariam de Bento Gonçalves uma expressão autêntica e marcante das tendências belicosas do povo gaúcho.

Bento Gonçalves, como muitos outros continentinos, residira certo tempo no Departamento de Cerro Largo, Cisplatina (Uruguai) e lá, em 1814, casou com Caetana Joana Francisca Garcia, filha de Narciso Garcia (natural da Espanha) e de Maria Gonzales (natural de Povo Novo, nas adjacências de Rio Grande).
Com Dª Caetana teve oito filhos (5 homens e 3 mulheres):
1- Perpétua Justa Gonçalves da Silva
2- Joaquim Gonçalves da Silva
3- Bento Gonçalves da Silva Filho
4- Caetano Gonçalves da Silva
5- Leão Gonçalves da Silva
6- Marco Antônio Gonçalves da Silva
7- Maria Angélica Gonçalves da Silva
8- Ana Joaquina Gonçalves da Silva

Terminada a “Campanha de D. Diogo de Souza”, Bento Gonçalves transferiu residência para a fronteira de Jaguarão (RS)

Espontaneamente, Bento Gonçalves, soldado por instinto, intervinha em nossas lutas no Prata, onde serviços de tal monta prestou que em 1817 o Capitão-general Marquês do Alegrete, nomeava-o Capitão de guerrilhas (ou de milícias).

Em 1818, em Currales (Cisplatina), derrotava o caudilho uruguayo Moreira; aos 20 de julho desse mesmo ano, Las Canas destroça o comandante Francisco Delgado e o fez prisioneiro, repelindo ainda um ataque de Tomaz Latorre.

Aos 06 de maio de 1919, bate e aprisiona em Cordovez (Cisplatina), o Cel. Fernando Otorguez (um dos chefes do artiguismo).

Aos 29 de julho de 1819, junto ao arroio Carumbé, ataca e destroça a força comandada por José Lopez (o famoso Chico Lopez), que deixa no campo 83 mortos e feridos; e já em janeiro de 1820, no arroio Olimar, derrotava o Cel. Aguiar (auxiliar de valor, de Artigas).

Em 1824, Bento Gonçalves era promovido a Tenente-coronel e nomeado Comandante do 39º Regimento de Milícias, que organizou, tendo à frente, aos 12 de outubro de 1825, tomado parte no combate do Sarandy, em que 1.504 brasileiros, sob o comando do Cel. Bento Manoel Ribeiro, foram derrotados pelas forças de Rivera e Lavalleja, em um total de 2.600 homens. Nessa data Bento Gonçalves da Silva foi promovido ao posto de Coronel.

Dedicado à monarquia desde os mais verdes anos, tendo por ela mais de uma vez exposto a vida nos campos de batalha, querem admitir espíritos cultos que Bento Gonçalves houvesse sido realmente o republicano ardoso, convicto, capaz de sacrificar-nos pelo barrete frígio, como dera provas de sacrificar-se pela coroa.

O bravo gaúcho que, aos 20 de fevereiro de 1827, na batalha de Ituzaingó (Passo do Rosário), revelara extraordinárias qualidades militares, era, às vezes, mau grado sua enérgica vontade, um indeciso, um hesitante, um temperamento cheio de reservas.

Aos 24 de maio de 1827, com 220 milicianos, derrotou no passo de S. Diogo, uma força de cavalaria argentina, retomando-lhe uma cavalhada que levavam para a Banda Oriental (Uruguai); e aos 02 de junho do mesmo ano, junto à “Estância do Cego” destroçava um destacamento da coluna do Gen. Lavalleja.

Em 1829, o antigo Capitão de guerrilhas era promovido a Coronel do Estado Maior e nomeado Comandante do 4º Regimento de Cavalaria de 1ª Linha (estacionado em Jaguarão, RS); mais tarde. seria Comandante da fronteira de Jaguarão (RS), tendo também o comando da Guarda Nacional.

Carreira sem dúvida, notável a desse sul-riograndense que, de simples paisano, conquistara por atos de bravura, um oficialato de milícias e depois, em uma série de vitórias, ingressa no Exército Brasileiro, com os galões de Coronel.

Seu nome é, por assim dizer, sinônimo de república, todavia há quem afirme e são muitos, que Bento Gonçalves sempre foi monarquista. Não nos compete comentar o caso.

Em Bento Gonçalves vê-se uma das mais extraordinárias figuras do Rio Grande do Sul e isto é bastante para que se admire e admire-se a sua memória.

Que ele servisse à Pátria como monarquista e republicano ao mesmo tempo (segundo Santo Agostinho), “não existe termo nem medida para um bom cidadão, no seu devotamento à Pátria”.

Entretanto, é bem de estranhar-se que a monarquia mandasse prender seus servidores da estofa de Bento Gonçalves, e este foi preso e guardado rigorosamente, tanto que da Presiganga (o famoso navio prisão), foi transferido para a Fortaleza de Santa Cruz, desta para a Fortaleza da Lage (RJ) e, por último, para maior segurança, foi removido para o Forte do Mar (S. Marcelo), na Bahia, de onde fugiu, com o auxílio do maçom e proprietário do patacho Estrela do Sul.

Como se vê, as autoridades legais procuraram meios de o afastar quanto possível do teatro dos acontecimentos.

O herói rio-grandense, porém, não se intimidava nem esmorecia. Não fora ele um combatente intemerato, que embora vencido no combate da ilha do Fanfa e mais tarde no de Ponche Verde, guardava sempre a compostura soberba dos vencedores...

Mesmo prisioneiro, Bento Gonçalves sabia dos passos dos destemidos farrapos, estava informado de todos os seus movimentos e, quando em seguida ao combate do Seival, o Cel. Netto proclamou a república, não foi difícil aquele saber que havia sido eleito presidente da mesma.

Bento Gonçalves foi sobretudo um adversário leal. Jamais usou do seu prestígio, que foi imenso, nem da força de que dispunha para vingar-se de seus desafetos.
Assim, quando na presidência da efêmera república rudemente ofendido por seu primo Onofre Pires, não abusou de sua alta posição para desforrar-se.
Não.
Que fez?
Desceu do seu alto posto e pondo a vida em holocausto, em duelo com o adversário, vingou a afronta que recebera.

Era irredutível em pontos de honra o que, aliás, constitui um dos mais belos traços do caráter rio-grandense.
A sua lealdade era proverbial e disso dera provas admiráveis, notadamente no ato de tratar-se a paz de 1845, em que esforçou-se por assegurar aos seus companheiros de jornada todas as vantagens e garantias possíveis, sem nada pedir para si.

De uma feita ofereceu-se-lhe ensejo de fugir da fortaleza onde estava recluso. Podia fazê-lo; já estava mesmo livre; mas voltou para o cárcere, porque o seu companheiro de prisão por ser excessivamente gordo, não pode passar por uma das grades de ferro ajeitada para a evasão.

Destes feitos de lealdade anda repleta a biografia do guerreiro gaúcho e o Sr. Alfredo Ferreira Rodrigues, um grande estudioso e conhecedor dos homens de 1835, sobre quem possui informações inéditas, tem trazido muitas delas à publicidade.

Escrever sobre Bento Gonçalves é escrever a história da revolução. Por isso, é de estranhar-se a teimosia com que alguns afirmam ter sido o herói rio-grandense toda a vida monarquista; como se para demonstrar o contrário, não bastassem o ardor cívico com que Bento Gonçalves assumiu a presidência da república em Piratiní; as medidas administrativas e políticas que, no exercício desse cargo pôs em prática, visando afirmar o novo regime sob os mais rígidos princípios democráticos e os termos altamente patrióticos de sua primeira “Fala”, lida por ocasião de instalar-se a Constituinte, em 19 de dezembro de 1842, no Alegrete (RS).

Depois de assina a PAZ aos 28 de fevereiro de 1845, o guerreiro Bento Gonçalves da Silva volveu ao lar, profundamente ferido em sua delicadeza moral e reduzido à miséria; foi um seu amigo, o Major Dyonísio Amaro da Silveira, quem emprestou ao glorioso chefe farrapo, 150 reses de cria, para recomeçar a vida em sua “Fazenda Chrystal” (em Camaquã, RS).

Em dezembro de 1845, quando esteve no Rio Grande, o Imperador D. Pedro II, avistaram-se os grandes adversários, em conferência realizada em Porto Alegre (RS), no dia 10 desse mês.

Em 1847, Bento Gonçalves em viagem que fazia a Triunfo (sua terra natal), é atacado de pleurisia; no regresso, o seu estado de saúde se agrava, quando de passagem por Pedras Brancas (Guaíba, RS), e estaciona na Fazenda de seu amigo Gomes Jardim e ali, exala o seu último suspiro.

Bento Gonçalves foi prático e cauto na vida. Não arriscava passos que não fossem bem aconselhados e tinha secretários atilados como Zambecari, Garibaldi, Ulhoa Cintra, Rosseti, Domingos José de Almeida, José Mariano e outros.

Ou fosse tão-somente com o fito de expulsar o presidente da província, Dr. Antonio Rodrigues Fernandes Braga, e o comandante das armas, com os quais levava luta acesa, ou fosse em prol das idéias de república e separação, o estupendo gesto do valoroso rio-grandense é menos para despertar animada versão que um soberbo, magnífico entusiasmo, e como quer que se o encare, na lenda e na história, Bento Gonçalves há de ser sempre o tipo perfeito do republicano puro, leal, bravo e adorado.

A mocidade do presente e do futuro deve tomar por exemplo, porque como diz Helps: “Os heróicos exemplos dos tempos passados são em grande parte a origem da coragem de todas as gerações e os homens realizam as empresas mais arriscadas levados pelo exemplo dos bravos de outrora”.

Bento Gonçalves faleceu na freguesia das Pedras Brancas (Guaíba - RS) aos 18 de julho de 1847.
No frontispício da casa onde nasceu o imortal herói gaúcho, o Ten.-coronel Manoel Antonio Pires, que residiu ali muitos anos, mandou colocar uma placa de metal.

FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 11-33 - Othelo Rosa

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Tenho o privilégio de ser amigo de JULIANA AZEVEDO GONÇALVES – natural de Cachoeira do Sul, RS (13-02-1981); Oficial do Exército Brasileiro (Arma de Cavalaria).
Filha de Newton Monteiro Gonçalves - natural de Bagé, RS (18-12-1954), casado com Rosane Azevedo - natural de Cachoeira do Sul, RS.
Neta de Newton Cabral Gonçalves - natural de Bagé, RS (13-06-1925), casado com Dora Maria Monteiro - natural de Novo Hamburgo, RS.
Bis-neta de Ary Ravazza Gonçalves - natural de Bagé, RS (02-05-1896), casado com Mécia Cabral - natural de Bagé, RS.
Tri-neta de Caetano Gonçalves da Silva Filho - natural de Bagé, RS (07-08-1850), casado com Joaquina Lopes Gonçalves - natural de Bagé, RS.
Tetra-neta do Cel. Caetano Gonçalves da Silva - natural de Cerro Largo, Melo, UY (21-02-1822), casado com Clara Soares da Silva - natural de Bagé, RS.
Penta-neta do Gen. Bento Gonçalves da Silva - natural de Triunfo, RS (23-09-1788 / 18-07-1847) e de Caetana Joana Francisca Garcia - natural de Cerro Largo, Melo, UY.
FONTE: A Descendência de BENTO GONÇALVES DA SILVA > José de Araújo Fabrício - 1986, págs. 5, 6, 69, 95 e 96.



General  ANTÔNIO DE SOUZA NETTO 

3º General Farroupilha

Natural de Porto Alegre (RS), nasceu aos 17 de fevereiro de 1795, o Cel. Antonio de Souza Netto era de instrução rudimentar, a princípio tropeiro e depois criador, no Rio Grande e no Estado Oriental (Uruguai), foi conseguindo fortuna pelo próprio esforço.

Segundo o historiador Othelo Rosa, Antônio de Souza Netto nasceu em Povo Novo, distrito do município do Rio Grande, no dia 11 de fevereiro de 1801; era filho de José de Sousa Netto, era natural do Estreito (S. José do Norte - RS), nascido em 1764, era filho de Francisco de Sousa Soares e de Anna Alexandre Fernandes. - Sua mãe chamava-se Theotonia Bueno da Fonseca, era natural da Vacaria (RS), filha dos paulistas Salvador Bueno e Ignacia Antonia.

Ao irromper o Movimento Farroupilha, era coronel de legião da Guarda Nacional, onde teve papel saliente; iniciada as operações, foi-lhe dado o posto de coronel e, mais tarde, foi um dos cinco generais farroupilha,  4 gaúchos e “1 carioca” (João Manuel de Lima e Silva).

Tomou parte em diversas peleias, entre as quais a do Seival (10 de setembro de 1836), após a qual proclamou a República RIO-GRANDENSE, no dia 11 de setembro de 1836, donde saíra vitorioso deste encarniçado combate, à frente de seus valorosos companheiros de armas; desbaratara, as forças legalistas comandadas por João da Silva Tavares e, ele quem em ações precedentes, já havia adquirido invejável fama de brioso e bravo soldado, com essa ruidosa vitória conquistava a supremacia militar no exército e a supremacia política entre os demais chefes republicanos, que agiam ao seu lado.

Era o braço forte do Cel. Bento Gonçalves da Silva e, por sua vez, tinha em Joaquim Pedro Soares e Manoel Lucas de Oliveira os inspiradores dos seus atos na revolução.

Como se dá com o Cel. Bento Gonçalves da Silva, está hoje provado, não foi a idéia de fazer a república que arrastou o Cel. Antonio de Souza Netto às incertezas, aos perigos e à crueldade da guerra civil.

Fiel até a morte àquele prestigioso chefe liberal, Netto o acompanhou no seu patriótico gesto de repulsa à administração desonesta do então presidente da Província, Dr. Antonio Rodrigues Fernandes Braga - sem propósito feito de hostilizar a monarquia, como aliás deixou documentadamente provado.

É assaz conhecido o ofício que ele dirigiu de Bagé, ao presidente e vereadores da Câmara Municipal de Pelotas, em 29 de dezembro de 1835, isto é, três meses e dias depois do movimento revolucionário chefiado pelo Cel. Bento Gonçalves da Silva.

Nesse ofício, entre outras coisas, diz o Cel. Antonio de Souza Netto:

Destas letras ressalta a não intenção do Cel. Antonio de Souza Netto e, se o quiserem, dos demais chefes do movimento insurrecto, de bater-se em prol da independência do Rio Grande do Sul e da proclamação da República Rio-grandense.

A verdade verdadeira é que então dominava na província uma política anarquizada, mormente nos meios oficiais e nos grupos de maior prestígio nos prélios eleitorais.

O presidente Dr. Antonio Rodrigues Fernandes Braga, causador da insurreição, era pela própria assembléia denunciado ao governo imperial “por abuso de poder, prevaricação, dissipação do dinheiro público, desordem geral que promoveu na província e pelo sangue brasileiro por sua ordem derramado às margens do Arroio Grande”.

De fato: tendo sido Porto Alegre ocupada pelas forças revolucionárias do Cel. Bento Gonçalves da Silva, no dia 20 de setembro de 1835, aquele presidente refugiou-se, ato contínuo, a bordo do vapor Rio-grandense, seguindo rumo à cidade do Rio Grande, onde, no dia 29 do mesmo mês, proclamou e ins¬talou o seu governo.

Aí, ao que parece, congregou elementos e ordenou o combate do Arroio Grande, em que foram derrotadas as tropas republicanas dirigidas pelo Cap. Manoel Antunes,pelos legalistas comandados pelos futuros titulares João da Silva Tavares e Manoel Marques de Souza.

Entretanto, a anarquia que reinava nas altas esferas governamentais, continuava a provocar violentos comentários à massa popular.

Estava a província sob duas administrações: uma, a de Antonio Rodrigues Fernandes Braga, com sede no Rio Grande e outra em Porto Alegre, porque o vice-presidente Dr. Marciano Pereira Ribeiro, em vista da retirada daquele, assumiu as rédeas do governo, no dia seguinte à ocupação de Porto Alegre.

Por outro lado, a assembléia, alargando os limites da sua competência e agravando a situação, negou dar posse aos presidentes que o governo da coroa nomeava para a província convulsionada.

Junte-se a isso o intolerante espírito de “jacobinismo” que predominava entre os insurrectos e a desconfiança que infelizmente dominava entre indivíduos da mesma facção.

Escravo do dever e, ligado ao Cel. Bento Gonçalves da Silva por estreitos laços de amizade e solidariedade na ação empreendida, o Cel. Antonio de Souza Netto não se movia nem coisa alguma decidia sem conhecer o pensamento do chefe.

Todavia, o que não mais se discute é o fato de haver ele entrado na luta sem desígnios de combater e demolir o trono.

Ele “mostrou-se, diz bem orientado cronista, contrário ao demérito partido republicano e, depois do Seival, relutou um dia inteiro em aceitar a solução extrema da república, alegando não saber a opinião do Cel. Bento Gonçalves da Silva e, só cedeu, por fim, a instâncias de Joaquim Pedro Soares, que foi o seu mentor e o seu braço direito, assim como de Manoel Lucas de Oliveira e de Calengo, oficial de Oribe”.

Todavia, proclamada a República RIO-GRANDENSE, em 11 de setembro de 1836, aclamada pela Câmara Municipal de Jaguarão, no dia 20 e, instalada na vila de Piratiní em 06 de novembro de 1836, quando foi eleito seu presidente o intrépido Cel. Bento Gonçalves da Silva, o Cel. Antonio de Souza Netto, já então general e chefe poderoso do exército republicano, pôs peito em defendê-lo a todo o custo e, mau grado o desastre do dia 04 de janeiro de 1837, no combate do Candiota, em que foi derrotado por Bento Manoel Ribeiro no dia 12 do mesmo mês alcançava ele, na vila do Triunfo, uma brilhante vitória contra as forças imperiais do Cel. Gabriel Gomes Lisboa que ficou morto no campo da ação.

Foi ele quem apresentou a primeira resistência às forças federais. Por ocasião do fracasso do Morro do Fanfa, quando foi preso o chefe da Revolução, Netto, longe de desanimar, convocou numa assembléia todos os chefes políticos,o Congresso de Piratiní < e aí fez proclamar a sua célebre Ordem do Dia de 30 de outubro de 1837:

Esse assomo atiçou o fogo da peleja. Continuou a lutar e a vencer até a data da pacificação (28-02-1845).
Bastante contrariado por essa medida, exilou-se numa estância que adquirira do Estado Oriental (Uruguai), onde se recolheu.

Cada vez mais afeito às aventuras guerreiras, a sua temerária bravura subiu de ponto na célebre jornada de Rio Pardo, em que, a 30 de abril de 1838, juntamente com David Canabarro, Bento Manoel Ribeiro e João Antonio da Silveira, destroçou os imperialistas ao mando do Gen. Sebastião Barreto Pereira Pinto e brigadeiros Cunha e Calderón.

Soldado rústico, pertencendo àquela rara espécie de homens que agem mais do que falam e que têm por escopo na vida o “res non verba” dos fortes, o Gen. Antonio de Souza Netto bem poderia dirigir aos seus soldados as palavras de Catilina às suas legiões, nas vésperas de dar combate a Marco Antonio:

Em 1851, desembainhou novamente a espada e marchou para a guerra contra o tirano Rosas.

Tendo empenhado sua vida à defesa da república, que ele, incontestavelmente fizera, embora forçado por injunções amigas, o bravo rio-grandense, ao enfrentar o inimigo, diria aos seus valentes legionários, como o patrício romano:

Isso ele diria, certamente, se a sua alma de gaúcho guerreiro lhe não inspirasse nos campos de batalha, como exortação aos seus soldados, mais altas, mais sublimes e mais eloqüentes palavras que, as que sabiam dizer às suas hostes os generais romanos.

Voltou depois, à vida privada e em 1858 recebia as honras de brigadeiro do Exército. Lutou ainda, na campanha do Uruguai (1864 / 65) e na fase inicial da Guerra do Paraguai (1864 / 70) batendo-se em Estero Bellaco e Tuyutí (onde foi ferido), vindo a morrer no hospital de sangue de Corrientes (Argentina), aos 07 de julho de 1868.

Muito depois, seus restos mortais foram trasladado para Bagé (RS), sendo sepultado na Catedral da cidade.

FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 35-46 - Othelo Rosa



General  DAVID JOSÉ MARTINS CANABARRO

4º General Farroupilha

Na povoação de Taquarí (RS), nasceu aos 22 de agosto de 1796, David José Martins, mais tarde conhecido por David Canabarro. Foi um dos cinco generais farroupilha, 4 gaúchos e “1 carioca” (João Manuel de Lima e Silva).

De nascimento obscuro, mas cheio de aspirações, dedicou-se ainda bem jovem á carreira das armas que, já naqueles tempos, era um campo aberto à mocidade rio-grandense.

Serviu como praça de 2ª linha na campanha de 1811 a 1812, alcançando por esta ocasião os galões de alferes por atos de audácia e de valor.

Mais tarde, no combate do Rincão das Galinhas (24 de setembro de 1825) deu a mais admirável prova de sua coragem.

Um distinto escritor, tratando desta ação memorável, diz que o nosso ilustre patrício salvou o exército brasileiro do desbarato completo com uma brilhante carga de cavalaria contra as forças inimigas vitoriosas, dando tempo a que o nosso exército fizesse uma retirada em boa ordem.
Por esse feito de temeridade conquistou ele o posto de tenente.

Na campanha de 1827 assinalou-se ainda David Canabarro, por atos de bravura, sob as ordens do Cel. Bento Gonçalves da Silva, que comandava a 2ª Brigada Ligeira.

Depois da batalha de Ituzaingo deixou as fileiras do Exército e consagrou-se inteiramente à vida do campo.
Quando rebentou a revolução no Rio Grande em 1835, David Canabarro conservou-se indiferente ao movimento político e teria se mantido nesta situação se não fossem as violências praticadas pelo governo da legalidade.

Canabarro casou-se por duas vezes: a 1ª, em 1837, com sua tia Eufrásia Ferreira que faleceu em 1851; a 2ª, pouco antes de morrer, aos 19-01-1867, com sua cunhada Leonidia Ferreira (viúva de João Martins Canabarro). Leonidia contraiu núpcias por terceira vez, com José Simões Pires.

Em pouco tempo tornou-se ele um dos chefes de mais prestígio da revolução pela sua capacidade militar.
Quando o Barão de Caxias, presidente da província e general em chefe das forças legais, ajustava com o ilustre farrapo as condições de paz, deu-se entre ambos um episódio que não deve ficar esquecido o general Caxias disse-lhe: “os republicanos não têm mais elementos para continuar a guerra”.

“Está enganado, atalhou David Canabarro, ainda temos elementos próprios para sustentá-la por muito tempo. Se quiséssemos vencer a todo o transe, poderemos fazê-lo. Leia esta carta e se convencerá. Mas note, que não aceitamos o concurso estrangeiro, por que antes de tudo, somos brasileiros e em caso algum auxílio da castelhanada, não aceitaremos.”

“A carta era do Gen. João Manoel de Rosas, ditador da República Argentina, oferecendo a Canabarro gente, dinheiro e cavalos para prosseguir na luta”.

Desde esse momento o barão de Caxias formou o mais elevado conceito dos sentimentos patrióticos do chefe dos farrapos.

Dessa época em diante, o valente guerrilheiro tomou parte ativa em todas as guerras que tivemos que sustentar com os nossos vizinhos, desempenhando sempre incumbências arriscadas.

Para dar uma idéia exata da inteligência natural desse gaúcho, basta citar o seguinte caso que vem narrado na Vida do Duque de Caxias:

“Dispunham-se as operações contra Rosas. Um dia, estava o general dando suas instruções a Canabarro na mais amigável harmonia; ia-lhe desenvolvendo todo o seu plano e ao mesmo passo que delineava as projetadas operações, ia não menos prevenindo quais os movimentos, as surpresas que da parte contrária pudessem sobreviver e o modo de evitar ou de aproveitar as diversas estratégicas”.

Observa o general que Canabarro ria com freqüência e admirando-se de semelhantes disposições em tão solene conjuntura, suspendeu o seu discurso, perguntando-lhe por que ria, ao que lhe respondeu, literalmente, com estas palavras:

— Rio, Exmo. Sr., agora é que estou vendo a razão porque eu nunca ô pude apanhar a jeito; é que V. Ex.ª sabe todas quantas eu sei e sabe outras coisas que estou aprendendo.”

Em 24 de julho de 1839, o Gen. David Canabarro toma a cidade de Laguna (SC), e proclama a República Catarinense - também conhecida, por “República Juliana” (porque foi proclamada no mês de julho).
Faleceu na Estância São Gregório (Livramento – RS), aos 12 de abril de 1867.

FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 47-74 -Othelo Rosa



General  JOÃO ANTÔNIO DA SILVEIRA

5º General Farroupilha

João Antônio da Silveira nasceu na freguesia de N. S. da Conceição do Estreito, aos 08 de setembro de 1780; era filho de José Antônio da Silveira, oriundo da Ilha do Fayal (Açores) e de Maria Ignacia da Silveira, da Ilha de S. Jorge (Açores).

Segundo notas de Aurélio Porto, João Antônio casou-se ainda no Estreito, com Maria Ignacia da Cunha, que faleceu em 1845, tendo o casal trezes filhos.

João Antônio era um admirável tipo de guerrilheiro continentino; tornou-se proverbial, no Rio Grande, a serena bravura desse lidador. Característica fundamental da sua personalidade era a lealdade, uma lealdade pura e simples, que o levava tranqüilamente ao sacrifício, pela fidelidade a um compromisso de honra.

Nas campanhas da cisplatina fez a sua carreira militar, conquistando as suas promoções, uma a uma, atos de bravura, no tumulto dos entreveros de lança e espada.

Nos primeiros anos do século XIX, já se encontra, em episódios da nossa história, o alferes João Antônio, de renome entre os valentes, que eram tantos, no velho e glorioso Continente de São Pedro.

Quando irrompeu a Revolução Farroupilha, João Antônio já era oficial reformado, usufruindo o descanso a que duramente fizera jus, em longos anos de atividades e de lutas. Era, ao tempo, homem de 55 anos de idade; integrado, porém, no movimento farroupilha, dele participou desde a sua organização com a inteireza que lhe era peculiar.

Em S. Gabriel (RS), onde residia, prepara os elementos; e mal o grito de rebeldia soa pelas coxilhas gaúchas, o intrépido soldado cinge a sua espada e atira-se à peleja, em que perseverará modelarmente, nas horas boas e más, sem um recuo, sem uma vacilação, sem um instante de fraqueza ou de cansaço.

Expressão autêntica dos atributos de sua gente; homem simples, nobre, desprendido, impetuoso na refrega, generoso na vitória, João Antônio da Silveira era um chefe que os legionários da epopéia respeitavam tanto quanto estimavam e queriam.

Um irmão de armas dele, deixou esse retrato:
João Antônio da Silveira, quando se apresentou a Bento Gonçalves, tinha o posto de oficial de milícias de 2ª linha e chegou a general pelo seu merecimento. Homem de caráter invulgar, muito calmo na ocasião do combate, a sua prudência era invejável; era um cidadão armado no meio dos seus comandados.

O fogão de João Antônio era freqüentado pelos soldados do seu comando e os seus oficiais o idolatravam; em todas as ocasiões, João Antônio era republicano. Era humano por excelência.

A ação militar de João Antônio, no decênio farroupilha é formidável. Bate-se galhardamente, pelos recantos do Rio Grande; e entre os seus atos de coragem refulge, de vez em vez, o ato de justiça e de generosidade em que luminosamente se espelha a grandeza moral de um homem.

Simboliza a preceito, esse guerreiro destemido, a alma dos pampas; o ideal republicano, no Rio Grande, tem nele um vero expoente. Em S. Felippe, em Vacacuá, em Santa Maria Chica, em Poncho Verde, em Batoví, em São Martinho, em mil rincões da terra rio-grandense, a espada de João Antônio reluz, em defesa da causa farroupilha. O governo da República, aos 03 de julho de 1841, promoveu-o a general, em ato assinado em Itaquatiá.

Em novembro de 1844, nas margens do arroio Candiota, reúnem-se para cogitar da PAZ > David Canabarro, Souza Netto, Gomes Jardim, Manoel Lucas de Oliveira, Padre Chagas; neste alto Conselho, há outra figura - um homem alto, simpático, de olhos grande e bondosos, com uma expressão de lealdade e bravura em todo o seu tipo genuíno de gaúcho: João Antônio da Silveira, general, comandante da 2ª divisão.
Na eleição para a Assembléia Constituinte, em outubro de 1840, João Antônio foi eleito Deputado, com 2.069 votos.

E esse mesmo nome lá está consagrando a pacificação, na Ata de Poncho Verde; assinada a PAZ, o ínclito varão vai ganhar no labor de sol a sol, o pão de cada dia. Ele era general da República e os generais farroupilha haviam se votado à pobreza, pois que não foram nos termos do convênio, reconhecidos em suas patentes, como os outros oficiais.

Desprovido de recursos, tendo a seu cargo família numerosa, João Antônio, o soberbo idealista, vive precariamente , mas honradamente, legando à sua terra um nome de legenda.

João Antônio da Silveira faleceu em S. Gabriel (RS), aos 28 de março de 1872, com 92 anos de idade, não tendo um lençol de mortalha.

João Antônio era uma figura benquista, popular, entre os republicanos de 1835. Antônio Paulo da Fontoura, mais conhecido por Antônio Paulino, um dos poetas de seu tempo e que foi Vice-presidente da República Rio-Grandense, escreve, em 1841, estes versos:

Quem virtuoso se mostra,
Sem o vício da ambição?
João.

Quem persegue sem descanso
O caramurú demônio?
Antônio.

Qual é a valente espada
Que brilha em nossas fileira?
Silveira.

Erija-se um templo agora
essa espada primeira;
E imite, quem quer ser grande,
João Antônio da Silveira.

FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 75-81 - Othelo Rosa



GERMANO,  GERALDO

Odontólogo

Natural de Cachoeira do Sul (RS), nascido aos . . . de . . . de 1934.

Filho de Taufik Badui Germano (conceituado comerciante imigrante libanês, estabelecido na rua 15 de Novembro, em Cachoeira do Sul) e de Nagib Eleas - com quem gerou: Faride, Farido, Octavio, Rafick (pai de Taufik Badui Germano Neto [Pipa Germano], Prefeito de Cachoeira do Sul, nos períodos 1996-1999 e 2000-2003), Pedro, Cecília e Geraldo; o patriarca Taufik foi o fundador e proprietário da “Empresa de Transporte Coletivo N. S. das Graças” (sucessora da “Empresa Marabá” - do pai do Dr. Matheus José Schmidt Filho).

Geraldo foi Professor, tendo lecionado em diversos estabelecimentos da rede pública estadual do RGS.
Geraldo foi:
Vereador em Cachoeira do Sul ( . . . )
Deputado Estadual do RGS ( . . . ).



GERMANO,  JOSÉ OTÁVIO

Advogado e Político

Natural de Porto Alegre (RS), sendo cachoeirense honorário, nasceu aos . . . de . . . de 1962.

Filho de Octavio Badui Germano e de . . .

• Vereador em Cachoeira do Sul (1989-1990);

• Deputado Estadual do RGS (1991-1994, 1995-1999 e 2000-2003);

• Vice-presidente do Grêmio Futebol Porto-Alegrense > Campeão da Copa Brasil, em 1992;

• Presidente da Assembléia Legislativa do RGS (1995-1996) - sendo o mais jovem presidente na história do parlamento gaúcho;

• Presidente do Colegiado de Assembléias Legislativas do BRASIL;

• Governador Interino do RGS por oito vezes, entre 1995 e 1996;

• Secretário Estadual dos Transportes, entre 1997 e 1998;

• Diretor da Eletrosul, em 1999;

• Ministro Substituto do Esporte, em 2000;

• Secretário Nacional do Esporte, em 2001;

• Secretário Estadual de Segurança, entre 2003 e 2006;

• Presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Sul - CODESUL, em 2003;

• Presidente do Colégio Nacional de Secretários de Segurança, entre 2003 e 2004;

• Deputado Federal integrante do Conselho de Ética da Câmara Federal, em 2006 e da Comissão de Combate ao Crime organizado, em 2006.



GERMANO,  OCTAVIO BADUI

Advogado e Político

Natural de Cachoeira do Sul (RS), nascido aos 26 de setembro de 1924.

Filho de Taufik Badui Germano (conceituado comerciante imigrante libanês, estabelecido na rua 15 de Novembro, em Cachoeira do Sul) e de Nagib Eleas - com quem gerou: Faride, Farido, Octavio, Rafick (pai de Taufik Badui Germano Neto [Pipa Germano], Prefeito de Cachoeira do Sul, nos períodos 1996-1999 e 2000-2003), Pedro, Cecília e Geraldo; o patriarca Taufik foi o fundador e proprietário da “Empresa de Transporte Coletivo N. S. das Graças” (sucessora da “Empresa Marabá” - do pai do Dr. Matheus José Schmidt Filho).

Octavio bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1950.

Octavio foi Vereador em Porto Alegre à partir de 1952 e por três mandatos; Deputado Estadual por três legislaturas (1963-1975), quando recebeu o Prêmio Springer Por Um Rio Grande Melhor, em 1969, na categoria Educação.

Após comandar os trabalhos de comissões permanentes do Legislativo gaúcho, Octavio assumiu a presidência do Parlamento Rio-Grandense, em 1969 e foi reeleito ao cargo, em 1970.

Na primeira legislatura (1963-1967), Octavio assumiu uma cadeira como suplente do PDS; em 1966, foi eleito pela ARENA; em 1971, deixou a presidência da Assembléia Legislativa do RGS, para assumir o cargo de Secretário de Estado do Interior e Justiça.

Octavio voltou à Assembléia Legislativa do RGS, em maio de 1974, para integrar a Comissão de Obras Publicas, mas em novembro, retornou a ocupar a pasta no Executivo.

Octavio foi também Vice-governador do RGS e o papel fundamental na construção do “Polo Petroquímico de Triunfo”.

Octavio foi eleito Deputado Federal, mas não assumiu, preferindo servir ao seu Estado, nos cargos acima citados.

Octavio foi Presidente do “Sistema Elétrico Nacional de Furnas” no decurso do governo do Presidente João Batista de Figueiredo.

Aos 14 de dezembro de 2005, recebeu da Assembléia Legislativa do Estado Gaúcho, o título de Deputado Emérito do Rio Grande do Sul.



GERMANO,  PEDRO CHAFIK

Médico Veterinário - Professor - Político

Natural de Cachoeira do Sul (RS), nasceu aos 29 de março de 1931; faleceu em Porto Alegre (RS), aos 16 de abril de 2006, sendo sepultado no Cemitério das Irmandades, em sua terra natal.

Filho de Taufik Badui Germano (conceituado comerciante imigrante libanês, estabelecido na rua 15 de Novembro, em Cachoeira do Sul) e de Nagib Eleas - com quem gerou: Faride, Farido, Octavio, Rafick (pai de Taufik Badui Germano Neto [Pipa Germano], Prefeito de Cachoeira do Sul, nos períodos 1996-1999 e 2000-2003), Pedro, Cecília e Geraldo; o patriarca Taufik foi o fundador e proprietário da “Empresa de Transporte Coletivo N. S. das Graças” (sucessora da “Empresa Marabá” - do pai do Dr. Matheus José Schmidt Filho).

Pedro casou-se com a cachoeirense Míriam Hipp - aos 05 de setembro de 1964 e geraram os filhos Pedro Ricardo (casado com Ivone) e Rita de Cássia (que foi casada com o Dr. Antônio Maria Iserhard > pais de Antônio Pedro Germano Iserhard).

FORMAÇÃO

Curso Primário > Colégio Antônio Vicente da Fontoura - Cachoeira do Sul

Curso Ginasial > Ginásio Roque Gonçalves - Cachoeira do Sul

Curso Científico > Colégio Júlio de Castilhos - Porto Alegre

Cursos Universitários:

Veterinária, UFRGS (1949-1954) - Porto Alegre

Direito (1ª Turma 1975) - Passo Fundo

ATIVIDADES

1952 - Revisor do Diário de Notícias de Porto Alegre

1954 - Médico Veterinário na Secretaria da Saúde (1ª Turma de Comandos Sanitários do Estado do RGS)

1957 - até 1963 > Chefe da Inspetoria Veterinária da Secretaria da Agricultura

1962 - Professor de Ciências Físicas e Biológicas nas Escolas Antônio Vicente da Fontoura e João Neves da Fontoura

1971 - até 1972 > Chefe de Gabinete da Secretaria do Interior e Justiça - Porto
Alegre - “Personalidade do Ano” > Diploma conferido pelo Jornal do Povo

1972 - até 1976 > Prefeito Municipal de Cachoeira do Sul

1973 - Diploma de Honra, concedido pela União Municipal dos Estudantes, devido a sua colaboração junto a UMESPA, no 26º Congresso Estadual de Estudantes do 2º Grau
- Diploma de Honra dos Dirigentes Lojistas de Passo Fundo
- Presidente da Associação dos Municípios do Vale do Jacuí Centro (AJACE)

1974 - Título de “Homem Público do Ano” conferido pelo Jornal do Povo
- Visita a Alemanha Ocidental (maio a julho), realizou curso de Administração Pública
- Diploma de Mérito, recebido na Assembléia Legislativa do Estado do RGS, por serviços prestados ao MOBRAL

1975 - Diploma de Honra, conferido pelo ABSDONS e 2º DRS, por elevados
serviços prestados ao RGS

1976 - Como Prefeito de Cachoeira do Sul (1972-1976) > Diploma conferido pela UCAPOCE e Tribuna do Interior, em São Paulo (elegendo os 10 Prefeitos Melhores do Ano)

1978 - Fundador e Diretor do Sistema Fandango de Comunicações
(rádios Fandango AM, 102 FM e 96 FM)

1979 - Deputado Federal (1979-1982 e 1983-1986)

1992 - Fundador do Jornal O CORREIO.

Quem foi Pedro Germano? Talvez, a melhor definição esteja no respeito e na consideração dos cachoeirenses; foi um administrador, um amigo, uma pessoa preocupada constantemente com o lado humano do seu povo e que nunca deixou de lado o bom senso em todas as suas decisões.



GODÓI GOMES,  JACINTO

Médico

Natural de Cachoeira do Sul (RS), nascido aos 02 de maio de 1883 e falecido em Porto Alegre (RS), aos 15 de outubro de 1959.

Além de médico, poeta, jornalista e teatrólogo.

Suas obras:
01 - Fingindo Pedra (revista teatral) > 1911
02 - A Psiquiatria no Rio Grande do Sul (estudo) > 1955



GOMES BARRETO,  SIMÃO

Farroupilha

Chefiou diversas escaramuças farroupilhas, no Rio Pardo (RS); citado nos feitos contra o “Forte da Ilha do Junco” ( ? ).



GOMES DA COSTA,  FRANCISCO ANTUNES

Barão do Arroio Grande

Natural de Pelotas (RS), nascido aos 08 de junho de 1838; era filho do Major Mateus Gomes Viana (1º Promotor Público de Pelotas, depois desta ter sido elevada à categoria de cidade, falecido no Rio Grande, em 1839) e de Francisca Antunes Maciel, que enviuvando, desposou em segundas núpcias o Comendador Domingos Antônio Félix da Costa nascido aos 18 de fevereiro de 1811, na freguesia de Santo Ildefonso, da cidade do Porto (Portugal) e, vindo para o Brazil em 1826 e falecido em Pelotas aos 13 de junho de 1881 que era filho de Manoel Felix da Costa e de Ana Felix da Costa.

O Comendador Antônio Félix da Costa não teve filhos do seu matrimônio; entretanto, perfilhou e educou aos filhos do primeiro consórcio de sua esposa Francisca Antunes Maciel com o Major Mateus Gomes Viana e que foram:
01 - Francisca Antunes da Costa;
02 - Francisco Antunes Gomes da Costa (o depois, Barão do Arroio Grande).

Francisco Antunes Gomes da Costa casou com sua prima Flora Felisbina Antunes Maciel, filha do Coronel Aníbal Antunes Maciel, natural do Rio Grande (RS), ali batizado e de Felisbina da Silva, falecida em 1870; neta paterna do Capitão Francisco Antunes Maciel e de Maria Vicência Antunes.

A “Baronesa do Arroio Grande” era irmã do “Barão dos Três Cerros” e prima do “Barão de São Luís” e do “Barão de Cacequí”.

Francisco Antunes Gomes da Costa prestou assinaláveis serviços à Pátria, durante a Guerra do Paraguai; foi Tenente-coronel na cidade do Rio Grande.

Aos 15 de julho de 1879, foi nomeado Presidente da Província do Rio Grande do Sul, Dirigiu o Banco Pelotense, foi jornalista e literato, sendo Diretor do jornal “Araribá” que, em 1859, se publicava em Pelotas.


Por Imperial Decreto de 05 de julho de 1884, foi agraciado com o título de Barão do Arroio Grande, por haver concedido liberdade gratuita a 46 escravos.

Ainda foi-lhe concedido o seguinte: O Escudo esquartelado, a Divisa “Deus, Pátria, Liberdade”, a Corôa e o Brasão Armilar.

O casal dos Barões do Arroio deixou os seguintes filhos:
01 - Maria;
02 - Corina;
03 - Felisbina;
04 - Flóra;
05 - Francisco;
06 - José Anibal.

Faleceu no Rio Grande (RS), em 1912.



GOMES DE CARVALHO,  VICENTE WENCESLAU

Médico

Natural do Rio Pardo (RS), nascido em 1844 e falecido na sua cidade natal .

Formou-se em cirurgia, na Universidade de Coimbra (Portugal), exerceu sua profissão de médico com o subtítulo de licenciado, como então eram chamados.

Inventou um sistema para a fabricação de extrato de carne (Tabletes de caldo), segundo denominou o próprio criador do processo, despertando o interesse do governo da Colônia, em 1799 - e da Côrte, também.



GOMES DE VASCONCELOS JARDIM,  JOSÉ

Caudilho Farroupilha

Natural de Pedras Brancas, hoje Guaíba (RS), nasceu aos 12 de abril de 1773, no parecer de Aurélio Porto, embora outros afirmem que seja em 08 de março de 1784 [data que consta na “herma” (busto sem braços), levantada em 1920, na cidade de Pedras Brancas, hoje Guaíba]; também há dúvidas no tocante ao local do nascimento - Graciano de Azambuja opta por Santo Amaro (RS) e ainda outros, por Viamão ou Porto Alegre.

Filho de Agostinho Gomes Jardim e de Theresa Barbosa de Menezes que casaram-se em Triunfo (RS).

Casou-se com sua prima Isabel Leonor Leitão e desse consórcio resultaram sete filhos.

Primeiramente fixou residência nas cercanias do morro São Maximiliano, mudando-se depois para Pedras Brancas, hoje Guaíba (RS). Era proprietário de uma grande estância povoada de gado, nas margens do rio Guaíba; na praia que atualmente tem o nome de “Alegria”, montou uma charqueada e uma olaria.

Mui inteligente e progressista, Gomes Jardim conseguiu fazer fortuna; era um homem de muito prestígio e influência, pois, dava-se ao exercício da medicina alternativa, o que o tornava ainda mais popular e benquisto, chegando a organizar um pequeno hospital que recebia doentes de toda parte do Rio Grande de São Pedro. Os ricos que ali encontravam lenitivo aos seus males, bem recompensavam o seu trabalho; porém, aos pobres nada faltava, e os tratava por caridade.

Descendente de família abastada, foi um dos maiores estancieiros situados próximo à capital dos Pampas e por isso, tornou-se um dos maiores financistas da Revolução e depois Guerra Farroupilha.

Foi um dos pioneiros assessores do líder Bento Gonçalves; Gomes Jardim (comandou um piquete de 200 revoltosos), juntamente com Onofre Pires (que comandou outro piquete de 200 revoltosos), procedendo a invasão e tomada de Porto Alegre, na madrugada de 20 de setembro de 1835.

Quando da única eleição farrapa, aos 06 de novembro de 1836, foi eleito Vice-presidente da República RIO-GRANDENSE, quando dirigiu uma proclamação, reafirmando a sua fé na República e na vitória, com esse eloqüente apelo:

“Todavia, si por uma cruel fatalidade a deusa das vitórias não secundasse nossos esforços, pereçamos antes que entregar nossas mãos aos ferros do cativeiro; verta-se este belo país em um ermo e, sobre suas cinzas e, sobre nossos cadáveres insepultos e tintos de sangue, triunfem embora os tiranos; tenham o prazer canibal de contemplar com rosto enxuto as ruínas da pátria, mas ao menos não possam escarnecer da nossa desgraça.”

“O nome dos Rio-Grandenses será então recordado com respeito e saudade pelas nações do Universo que, admiradas de tanto valor e de tanto patriotismo, dirão: Alí existiu um povo infeliz, porém virtuoso; preferiu antes morrer livre, que viver escravo.”

Ocupou a presidência desde 06-11-1836 até 16-11-1837, quando Bento Gonçalves foge da Bahia, chega ao Rio Grande do Sul e assume a presidência, da qual fora eleito mesmo estando preso noutras plagas.

Nas negociações da PAZ, em 1845, Gomes Jardim interveio ainda uma vez no exercício da presidência da República Rio-Grandense; e na reunião de Ponche Verde, Dom Pedrito (RS), esteve representado pelo Ministro da Guerra, Cel. Manoel Lucas de Oliveira.

Terminada a Guerra dos Farrapos, voltou ao seu lar; estava pobre, o opulento estancieiro de 1835. Recomeçou a sua vida e, entre mil e uma dificuldades, na casa que o abandono arruinara, nos campos que a guerra despovoara, viveu triste o resto de seus dias.

Faleceu aos 07 de abril de 1854, com 81 anos de idade.

FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 117-123 - Othelo Rosa



GOMES PORTINHO,  JOSÉ

Militar
Barão de Vila Rica e Barão de Cruz Alta
(Esses títulos de baronato não foram aceitos por ele)

Natural de Cachoeira (RS), nasceu em 1º de setembro de 1814; filho do Tenente José Gomes Porto e de Luís Francisca de Almeida, que era filha do Capitão de Milícias Gabriel Ribeiro de Almeida, assinalou sua vida com atos de verdadeiro heroísmo, pois fez parte do pequeno grupo de esforçados guerreiros que, no começo do século XIX, liderados pelo Dragão José Borges do Canto, conquistou para Portugal, os riquíssimos territórios dos Sete Povos das Missões, tomando em sucessivos ataques, as povoações de São Miguel, São João, Santo Ângelo, São Luís e São Borja. Foi ele o encarregado por seus companheiros de armas, de trazer a notícia ao Governador da Capitania, Tenente-general Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, que o nomeou Tenente de uma Companhia de Milícias. Mais tarde, foi à Lisboa e apresentou-se na Côrte, onde foi recebido por D. João VI, que o honrou com o Hábito da Real Ordem de Cristo e o promovera ao posto de Capitão de Milícias, e fez voltar ao Brazil, no desempenho de honrosa missão.

Portinho foi casado duas vezes: o primeiro casamento foi com Benta da Fontoura, filha de Euzébio Manoel Antônio (português de Lisboa, relojoeiro da Comissão de Demarcação de Limites, integrante da coluna do Cel. Francisco João Roscio) e de Dª Vicência Cândida da Fontoura; o casal se estabeleceu em Rio Pardo e teve sete filhos, sendo Antônio Vicente o primeiro. - Seu segundo casamento foi com Branca Sertório.

Esse rio-grandense ilustre, não só pelas suas raras qualidades de caráter como pela sua estupenda bravura de soldado (chegando ao posto de general), foi várias vezes provado nos campos de batalha.

Tropeiro, de que muito se jactava, quando arrebentou a revolução de 1835, José Gomes Portinho correu a alistar-se sob o pavilhão republicano, e em mais de um encontro encarniçado patenteou o seu valor e a sua tática, cobrindo-se de louros.

Era um oficial cauteloso, que não se expunha aos riscos de uma surpresa do inimigo, nem conduzia os seus soldados a aventuras duvidosas, embora estas se apresentassem muitas vezes sob aspectos sedutores.

A prudência era a sua força, e esta nunca fraquejou, nem mesmo na presença dos maiores perigos, que muitos ele enfrentou com calma inexcedível.

Espírito rústico, oriundo de uma raça paciente e sofredora, José Gomes Portinho, tinha assim uma compreensão muito nítida da liberdade e da independência. Por isso, foi um republicano instintivo, se assim se pode exprimir. Não havia no seu republicanismo nenhum vestígio de cálculo, nem de inte¬resse, nem de “escotismo” — coisa esta que naquele tempo ninguém sabia o que era.

Era republicano porque isso o encantava e estava na massa do seu sangue, sem que pudesse explicar porque o era, nem porque não podia deixar de sê-lo.

O fato é que era intransigente e, quando o general Andréa, então presidente da Província, foi oferecer-lhe pessoalmente, em 1848, a nomeação de Coronel-comandante superior da guarda nacional das comarcas de Cachoeira, Caçapava e Santa Maria, Portinho recusou ardentemente, alegando não estar no seu feitio comandar homens armados em tempo de paz. Só acedeu, quando Andréa pegando-lhe na palavra, lhe observou que era esse justamente o caso - estávamos sob a ameaça da espada e dos soldados do ditador Rosas.

O mesmo aconteceu quando da campanha do Paraguai, em que também serviu com bravura e desprendimento que, de Portinho ficou assinalado indelevelmente na nossa história militar, infelizmente tão raro em certos homens, em tempo de guerra.

Assim se exprimia a respeito, um dos seus mais talentosos e competentes biógrafos:

"Quando estacionava com a sua divisão no Aguapeí, durante a campanha do Paraguai, foi encarregado pelo governo da compra de muitos milhares de cavalos; mais tarde, na Vila Rica, teve idêntica incumbência em consideráveis compras de gado, serviço em que muita gente enriqueceu.”

“Pois bem, tanto de uma como de outra vez, Portinho chamou concorrentes e obteve o gado e a cavalhada por preços muito inferiores aos estipulados. Levou ainda o seu escrúpulo mais longe, fazendo os fornecedores receberem os pagamentos diretamente do governo.”

“Nunca aceitou do governo recompensa alguma pelos seus serviços. Aos mil oferecimentos que lhe foram feitos, opôs imediata e formal recusa. No Paraguai, Silva Paranhos lhe ofereceu o título de Barão de Vila Rica sem conseguir faze-lo aceitar, o mesmo sucedeu aos 11 de março de 1878, quando foi agraciado com o título de Barão de Cruz Alta com grandeza, título que jamais usou; enviado pelo “Visconde de Pelotas” pedindo-lhe, em nome de sua antiga amizade, que não o devolvesse. Portinho, o velho republicano que havia, nas guerras da monarquia, “servido a Pátria e não o império”, guardou o título mas nunca o usou.”

Explicando o seu proceder, escreveu ele de seu punho, no próprio título e com data de 16 de outubro de 1879, a seguinte declaração:

“Não aceitei o baronato. Se existe o presente título em meu poder, é porque me foi mandado de presente pelo meu ilustre amigo Visconde de Pelotas, pedindo-me que o aceitasse e dele fizesse o uso que entendesse, porém, que não o devolvesse. Por esta razão guardei-o, rasgando-o e lavrando a presente declaração para que em todo tempo conste. As razões que me assistem para não ter aceitado semelhante título são muitas, as quais julgo desnecessário especificar.”

Era assim Portinho; eleito em várias legislaturas à Assembleia Provincial, não teve outro cuidado que não o desenvolvimento da agricultura e da pecuária da Província, colaborando nos projetos que concediam prêmios aos agricultores e criadores, que mais se distinguiam nestas especialidades.

Na Guerra do Paraguai reassumiu o comando de tropas e muito se distinguiu nas inúmeras ações bélicas em que tomou parte.

Após a guerra, voltou à Cachoeira (sua terra natal), onde possuía “Fazenda São Luís”.

O Gen. José Gomes Portinho faleceu em Cachoeira (RS), aos 08 de agosto de 1886, aos 72 anos de idade, deixando aos seus descendentes o legado de uma pobreza honrada e um nome glorioso.

Através de Decreto Municipal, o Prefeito de Cachoeira (RS), conferiu com justiça a perpetuação de sua memória, denominando de Rua General Portinho, a via pública que atravessa a cidade no sentido leste oeste, que tem seu início no Arroio Amorim e termina na Rua Marques Ribeiro.



GOMES,  BOAVENTURA JOSÉ

Barão de Itaquatiá

Grande estancieiro nascido na Sant’Ana do Livramento (RS); foi uma figura de destaque na sociedade da região fronteirista.

Recebeu o título em 1888, de D. Pedro II.



GOMES,  JOÃO LUIZ

Coronel

João Luiz Gomes foi Coronel da Guarda Nacional, possuindo medalha de ouro da Campanha do Uruguai (Guerra contra Rosas, em 1852), além de ser Cavalheiro da Ordem de Cristo e da Ordem da Rosa.

Diversas vezes Presidente da Câmara Municipal do Rio Pardo (no, II Império). Prestou relevantes serviços de assistência aos necessitados e sua atuação, à frente da Irmandade dos Passos, foi tão profícua que, em 1884, o aclamaram não só Provedor honorário por devoção com direito a substituir os irmãos provedores eleitos daí por diante, como também inauguraram-lhe esplêndido retrato a óleo, na sacristia da Igreja Matriz.

Por volta de 1880, o vasto prédio onde se pretendia instalar uma casa de caridade da Irmandade dos Passos ameaçava ruir, João Luiz Gomes conseguiu fundos para restaurá-lo, salvando do desaparecimento um dos mais belos edifícios da cidade.

Militante corajoso das hostes do Partido Conservador, proclamada a república, não transigiu.

Recolheu-se à vida particular sem mais tomar parte em lutas políticas; homem progressista, era concessionário dos contratos de iluminação pública em Rio Pardo, Bagé, Cachoeira, S. Gabriel, Alegrete, etc.

Residia no sobrado da rua Andrade Neves, onde hoje (1946), está a Pharmácia de Carlos Pereira.



GOMES,  MARTIM

Médico Catedrático

Natural de Quaraí (RS), nascido aos 23 de novembro de 1884; fez os estudos primário e secundário na Escola Brasileira, de Inácio Montanha e no Colégio Santa Maria, de Clemente Pinto, em Porto Alegre.

Doutorou-se pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, aos 04 de dezembro de 1908, versando sua tese sobre o tema Ensaio de uma teoria sobre o mecanismo da associação de idéias.

Especializou-se em Urologia, Ginecologia e Psicologia, tendo freqüentado em Paris (França), os cursos de aperfeiçoamento, nos Hospitais Larinboisiére e Tarnier.

Publicou numerosos trabalhos, incluindo-se em seu rol, comunicações, memórias, conferências, romances, novelas, ensaios filosóficos e ensaios psicológicos.

Arrolam-se, entre eles, os seguintes:
01 - Le Rêue et la seléction des Ideés
02 - L’hysterctomie subtotale oblique
03 - Ensaio de uma teoria sobre o mecanismo fisiológico da associação de idéias
04 - A criação estética e a psicanálise
05 - O romance “Flor de Tuna”

Foi membro da Academia Rio-Grandense de Letras, na qual tinha como patrono Caldas Júnior.

Participou de todos os congressos científicos efetuados em Porto Alegre, apresentando nos mesmos, diversas teses.

Desempenhou funções de interno e assistente em vários hospitais de Porto Alegre.

Exerceu a Cátedra de Clínica Ginecológica, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, que conquistou por concurso.

Casado com Maria Corrêa, de cujo matrimônio teve os seguintes filhos:
01 - Apolo Corrêa Gomes (médico);
02 - Fradique Corrêa Gomes (médico).



GONÇALVES DA SILVA NETO,  BENTO

Militar

O Maj. Bento Gonçalves da Silva Neto nasceu em Bagé (RS), aos 02 de julho de 1894, filho do Cel. Caetano Gonçalves da Silva.

Neto do saudoso republicano farroupilha Cel. Bento Gonçalves da Silva e de Dª Caetana Garcia.

Em 1912, casou-se com Dª Helena Villamil e desse matrimônio nasceram quatro filhos.

Desde muito jovem revelou pendores para o comércio, carreira que abraçou, inicialmente em Bagé, dirigindo estabelecimento próprio de mercadorias em geral.

Pela sua atividade, inteligência e honestidade conquistou desde logo grande conceito nos meios mercantis e financeiros.

Quando da fundação da Sociedade Industrial e Pastoril Ltda. organizada em Bagé, com o capital de 2.000:000$000 (Dois mil contos de réis); Bento foi escolhido e eleito membro do conselho de administração. Anteriormente, ocupara o cargo de Inspetor do Banco do Rio Grande do Sul.

Politicamente, o Maj. Bento Gonçalves da Silva Neto conservou os princípios defendidos e cultivados por seu digno pai, que fôra ardoroso republicano; pela segurança e engrandecimento de sua grei partidária não vacilou mesmo ante os maiores sacrifícios, tanto na paz como nos momentos em que se recorreu às armas, para ampará-lo contra a agressão adversária.

Em 1923, e dali até 1930, em todos os levantes, formou sempre ao lado dos seus correligionársios, de armas na mão e por várias vezes foi depositário de comissões importantes por parte do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Nas vésperas do memorável 03 de Outubro de 1930, achava-se na Capital da República, mas ao toque de reunir-se acudiu pressuroso, em compania do Cel. Cyro Aranha e em avião se transportou para Porto Alegre, para participar diretamente da Cruzada Redentora, junto aos seus amigos.

Foi membro da Comissão Executiva de Bagé e é naquela cidade ornamento da sociedade local.



GONÇALVES DA TRINDADE,  SEZEFREDO ANTÔNIO

Sezefredo Antônio Gonçalves da Trindade nasceu no Rio Pardo (RS), em 1805; filho dos riopardenses João Antônio Gonçalves e Maria da Trindade Corrêa Cabral e neto do açoriano Antônio Gonçalves da Trindade e de Também riopardense Maria Theresa.

Sezefredo casou-se duas vezes; a primeira, com Delfina Antônia da Silva e a segunda com Ludovina Antônia da Silva (sua cunhada).

Do segundo matrimônio nasceram dois filhos: Emília Malvina e Francisco Antônio.

Getúlio Schiling, num livro de memórias sobre seus antepassados, escreve de Sezefredo, que é um deles, dizendo da dúvida existente quanto à conduta política desse protagonista, pois o mesmo se envolveu nos acontecimentos de 1835, no Rio Pardo.

Sezefredo é um dos troncos de vastas famílias do Rio Pardo, Candelária e Stª Maria (RGS).



GONÇALVES DAS CHAGAS,  LUÍS

Barão de Candiota

Nasceu em São Gabriel (RS) em 1824 e faleceu em Pelotas (RS) em 1894.

Foi grande proprietário de terras; recebeu o título em 1875, de D. Pedro II.



GONÇALVES DE BRITO,  LUIZ MANOEL

Sacerdote

Nasceu em Porto Alegre a 05 de novembro de 1830 e era filho de Manoel Gonçalves Ferreira de Brito e de D. Eufrásia Maria do Nascimento Brito.

Era um sacerdote ilustre pelo talento, saber e ainda mais, pelos raros dotes de coração; tal norma de conduta sempre teve que, quando faleceu o padre Tomé Luís de Souza, foi logo nomeado para o substituir no curato da catedral, cargo que não solicitou.

Pertencendo ao partido liberal, foi eleito à Assembléia Provincial, pesando sempre a sua opinião nas deliberações aí tomadas. A sua palavra era acatada por gregos e troianos.

Sentido-se gravemente doente, retirou-se para a cidade de Cachoeira, que era então um pequeno povoado.

Os ares de fora, a vida tranqüila que aí levava, cercado de todos os cuidados e carinhos, não conseguiram debelar o mal que ia, de dia a dia, depauperando o seu organismo já enfraquecido pelos estragos da tuberculose; e assim, a 30 de abril de 1863, acabou os dias o virtuoso sacerdote que teria alcançado as mais elevadas posições na carreira que abraçou, se a morte não o levasse aos 33 anos de idade.



GONÇALVES VIANA,  JOSÉ

Cônego

Nasceu na província do Rio Grande do Sul, pouco antes de concluída a revolução de 1835. Foi discípu1o querido do grande mestre Pe. Santa Bárbara, uma glória do clero brasileiro, pelas suas virtudes e vasta erudição.

Quando o nosso primeiro Bispo D. Feliciano Frates. fundou o seminário, o padre Viana aí estudou e se destacou dos outros alunos, pelo seu formoso talento. Foi um homem que viveu toda a existência curvado sobre os livros, na ânsia de saber.

Com o velho Pe. Santa Bárbara aprendera filosofia e retórica, mas aprendera para um dia poder substituir com capacidade o ilustre mestre, quando a morte o levasse deste mundo.

Não satisfeito com os estudos feitos aqui, seguiu para Roma a fim de aumentar o cabedal de seus conhecimentos; lá esteve durante treze anos, recebendo lições de mestres de reputação, que não ficava circunscrita aos muros da cidade eterna.

Quando regressou ao torrão natal, vinha precedido da fama de notável orador sacro; dedicou-se então à vida do magistério, lecionando diversas matérias, mas de preferência o latim e filosofia.

Tinha gosto decidido pelas línguas, manejando algumas com o maior desembaraço; no fim de sua vida, depois de tantos anos de ensino, era considerado um poliglota. Qualquer dúvida que surgisse sobre a nossa língua, quem resolvia era o cónego Viana, que o fazia de maneira a convencer a todos que apelavam para o seu julgamento.

Era considerado um luzeiro do magistério e não o era menos na tribuna sagrada, onde tantas e tantas vezes, nos seus arroubos oratórios, nos fazia lembrar Bossuet e o Pe. Antonio Vieira, cujos sermões serão sempre lidos com o encanto e a frescura, como se fossem inspirados agora.

Na sua época, era reputado o nosso mais ilustre pregador. Os seus sermões eram considerados verdadeiras peças de literatura, que se recomendavam pelo arcabouço filosófico, pelo fulgor do estilo e pela linguagem sábia e castiça.

Ainda no vigor dos anos, no fastígio das suas glórias tribunícias, o ilustre sacerdote foi acometido de uma comoção cerebral, que levou o seu lúcido espírito à escuridão da loucura.

Mas, para tão belo espírito foi melhor talvez acabar assim se é certo, como diz Erasmo, que a loucura é o sonho da vigília.



GONÇALVES,  GASPAR FRANCISCO

Médico Cirurgião

Natural do Rio Pardo, nasceu em 1787; filho do capitão Francisco Gonçalves Cassão (natural da Colônia do Sacramento - Cisplatina, hoje Uruguai) e de Luciana Francisca de Sousa.

Gaspar estudou as primeiras letras na sua cidade natal e depois, segundo se admitiu por muito tempo, seguiu para Coimbra (Portugal), tirando em 1814, na velha universidade portuguesa, o curso de medicina.

Estivera, entretanto, no Seminário Episcopal de S. José, no Rio de Janeiro (RJ), pois a família de Gaspar desejava vê-lo padre, mas saiu dali, sem se formar, em 1809.

Ficou pensionista do Estado do Brazil, por cinco anos. Parece certo que seu Diploma de Cirurgião o obteve aí e não em Portugal, como se pensa.

Exerceu sua profissão em Moçambique (África oriental), Rio de Janeiro (RJ) e depois, no Rio Pardo (RS); nessa última, tradicional cidade do Rio Grande de S. Pedro, foi ainda professor régio de gramática latina.

Em 1826, foi para Cachoeira, tomando parte ativa nas lutas políticas; como Juiz de Paz, ataca o Senado da Câmara; foi Delegado do Fisco-mor do Império, em 1827. Sócio correspondente da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro.

Na Revolução Farroupilha, desenvolveu grande atividade a favor dos republicanos, indo a Rio Pardo e depois tomando conta de Cachoeira, que, em seguida, cai, outra vez, nas mãos dos legalistas de Bento Manoel Ribeiro.

Feito prisioneiro em 1838, foi enviado a Porto Alegre e mandado a bordo do navio-cárcere “Preziganga”.

Morreu, em seguida, na capital da Província gaúcha, em casa de seu amigo Duarte Silveira Gomes, para onde, já moribundo, foi levado do dito navio.



GONÇALVES,  NELSON

Cantor

Nelson Gonçalves, cujo nome de batismo era Antônio, nasceu em Santana do Livramento (RS), aos 01 de junho de 1919.

Seus pais, imigrantes portugueses, logo depois de desembarcarem no Rio de Janeiro, seguiram para o Rio Grande do Sul, onde se fixaram.

Quando Tonico (como era chamado), completou seis dias de vida, a família mudou-se para São Paulo, estabelecendo-se no bairro do Brás.

Gago, o garoto ganhou o apelido de Metralha. Durante esse período, foi jornaleiro, engraxate, mecânico, polidor e tamanqueiro. Com esse apelido, mudou-se para Taubaté (SP) e tornou-se lutador de boxe.

Aos 17 anos, recebeu a faixa de Campeã Paulista dos Meio-médios. Foi estudar canto acadêmico por seis anos com o maestro Bellardi, Descobriu, então, que não era gago: tinha, na verdade, a respiração curta e acelerada. O próprio maestro aconselhou-o a ser cantor popular.

Como Antônio não era um nome sonoro, os amigos do Brás lhe sugeriram Nelson, mais melodioso. Fez um teste e foi reprovado, pois na hora de cantar a voz não saiu. Na semana seguinte, fez nova tentativa e dessa vez foi um sucesso.

Decidiu tentar a sorte no Rio de Janeiro e foi por diversas vezes reprovado, até por Ary Barroso, que o aconselhou a voltar para São Paulo. Arrasado, voltou à capital paulista, onde conseguiu um convite para gravar uma valsa. Foi contratado pela gravadora RCA-Victor. Daí para a fama foi um pulo.

Em 1943, obteve um emprego como crooner do Cassino do Copacabana Palace Hotel, após o estrondoso sucesso interpretando a música RENÚNCIA.

Leia uma de suas frases:

Este país não tem memória. Alguém sabe quando morreu Chico Álves? É por isso que eu quero ser cremado - pra ninguém fazer xixi na minha campa.

Nelson Gonçalves foi um dos maiores intérpretes da música popular brasileira.

Morreu aos 18 de abril de 1998.



GUARANY,  NOEL

Compositor e Cantor Missioneiro

Desde o começo da década de 80, Noel Guarany morava em Santa Maria com a mulher, Neide Fabrício da Silva, e três das quatro filhas, numa casa na Vila Santos. A doença se manifestou há sete anos e debilitou lentamente o organismo do músico.
Nos últimos cinco anos, Noel Guarany teve raros momentos de lucidez. Não falava e nem andava.

No início da década de 70, enquanto a cultura nativa era representada por nomes como Teixeirinha e Gildo de Freitas, um filho de índios fazia composições destacando as características da região em que tinha nascido. Potro Sem Dono, Romance do Pala Velho, Filosofia de Gaudério e Payador, Pampa e Guitarra são alguns dos clássicos da carreira de Noel Guarany.

Com influências de latino-americanos como Athaualpa Yupanqui e Antonio Tarragô Ross, Noel Guarany foi um dos primeiros a percorrer a América levando com sua música a cultura gaúcha.

As palavras de Jayme Caetano Braun, um dos principais companheiros de Noel Guarany, resumem as qualidades do payador: “É o maior cantor do Rio Grande do Sul, uma exceção de cantor missioneiro.”

Apesar de polêmico e acostumado a se desentender com gravadoras e entidades como a Ordem dos Músicos, Noel Guarany nunca deixou de ser admirado pela qualidade de suas interpretações e composições.

Para Jorge Guedes, compositor de São Luiz Gonzaga, o missioneiro gostava de dizer o que pensava: “Todos os que tinham uma formação para a cultura encaravam o trabalho dele acima da pessoa - disse.” - “Não tinha meio termo: ou era ou não era teu amigo.”

Ele chegou a ser chamado de “payador maldito” por suas idéias revolucionárias. Criticou certos cantores tradicionalistas por estarem vestindo “longas e espalhafatosas indumentárias de souvenirs para iludir turistas trouxas”.

O ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do RGS > Olívio Dutra viveu a infância ao lado do compositor missioneiro. Para Dutra, Guarany era um “guri rebelde”. Ambos nasceram em Bossoroca, e o ex-prefeito de Porto Alegre lembra que o cantor costumava se “bandear para o outro lado”. Na época, São Luiz Gonzaga ainda fazia fronteira com a Argentina.

O acordeonista Gilberto Monteiro, natural de Santiago, considera que o artista tornou-se uma referência: “Ele foi uma bandeira que se ergueu para realçar a música missioneira. Fazia música com uma pureza, com uma cultura profunda.”

Na canção Filosofia de Gaudério, Noel Guarany fez um resumo da vida em versos: “Se eu nasci pra cantar, eu hei de morrer cantando”. A música das Missões perdeu um mito. Perdeu um artista que gostava do pago.


Noel Guarany em 14 épocas:

1941 - Nasce em Bossoroca

1960 - Começa a percorrer países da América Latina

1968 - Apresenta um programa na Rádio São Luiz, em São Luiz Gonzaga

1970 - Lança, com Cenair Maicá, um compacto com as músicas Filosofia de Andejo e Romance do Pala Velho

1971 - Disco Legendas Missioneiras

1973 - Disco Destino Missioneiro

1975 - Participa do disco Música Popular do Sul e lança o álbum LP sem Fronteiras

1976 - Lança, na Argentina, o disco independente Payador, Pampa e Guitarra

1977 - Disco Noel Guarany Canta Aureliano Figueiredo Pinto

1979 - Disco De Pulperia

1980 - Disco Alma, Garra e Melodia

1982 - Disco Para o que Olha sem Ver

1988 - Disco A Volta do Missioneiro

1998 - Morre aos 56 anos, em Santa Maria



GUEDES DA LUZ,  JACINTO

Farroupilha

Jacinto Guedes da Luz era natural do Triunfo (RS), terra natal de Bento Gonçalves. Seu pai foi Joaquim Moreira Guedes (paulista) e sua mãe foi Anna Maria de Oliveira (continentina, também filha da freguesia de Bom Jesus do Triunfo); casou na mesma localidade, com Nistarda Maria de Oliveira, deixando regular descendência.

Nas nossas lutas contra os espanhóis, Guedes da Luz fez as suas primeiras escaramuças. Revelou-se logo um guerrilheiro destemido e audaz, expressão autêntica dessa geração de gigantes que envolveram fulgores de lenda, o velho Rio Grande.

Em 1816, no combate de Carumbé (contra Artigas), havia um gaúcho que se destacou; era o alferes Jacinto Guedes da Luz.

Iniciada a Revolução Farroupilha, o guerreiro Guedes da Luz já famoso alista-se aos republicanos, entre os quais iria participar no decurso inteiro do decênio, façanhas quase inacreditáveis.

Vejamos na narração do Dr. Assis Brasil, como Guedes da Luz estreou no serviço da República, ao lado de João Antônio e de Canabarro, no dia 11 de setembro de 1836, nas adjacências do rio Ibirapuitã:

“João Antônio compreendeu que, para os 300 inimigos, era necessário operar uma surpresa bem dirigida e segura. Para esse efeito deliberou estabelecer no dia 11, uma guerrilha que entretivesse os legalista caramurús, de modo que, logo que cerrasse a noite, pudessem penetrar alguns dos seus no acampamento deles, com o fim de saberem o ponto exato que ocupavam.

A guerrilha começou sustentada por Canabarro e Guedes da Luz, com 65 guerrilheiro, colocando-se João Antônio com 80 homens numa quebrada oculta a alguma distância.

Antes de cair a noite, já os guerrilheiros iam transformando pouco a pouco a escaramuça em verdadeiro combate, quando Guedes da Luz, exaltado pelo ardor da luta e encolerizado pelas provocações e insultos que partiam dos caramurús, combinou com Canabarro e carregaram os 65, sobre os 300. O inesperado dessa carga atordoou os legalistas que, longe de supor tão grande arrojo, com tão pouca gente, estavam descuidados e em desordem.

Bem que pareça incrível, a derrota foi instantânea; quando João Antônio chegou ao campo da batalha, a noite já havia fechada, encontrou-o deserto: os legalistas tinham fugido e os 65 guerrilheiros, perseguindo-os, foram semeando o campo de cadáveres inimigos.

Só no dia seguinte reuniu-se de novo a pequena força de centauros que ainda capturou alguns fugitivos, na mata próxima.

Jacinto Guedes da Luz recebeu vários ferimentos; uma lança inimiga o teria atravessado, si não encontrasse a gola dobrada do ponche que trazia amarrado à cintura; uma bala roçou-lhe o nariz; uma forte pancada nas costas, dada com pedra de boleadeiras, obrigou-o a deitar sangue pela boca por algum tempo depois.”

Em dezembro de 1836, quando foi batido e preso com Canabarro, no Arroio Grande, o Cel. Silva Tavares (legalista). No termo de capitulação, vê-se a sua assinatura > Jacinto Guedes da Luz (capitão).

E não mais embainha a sua espada, o destemido guerreiro gaúcho. Na peleja cruenta e longa, ele surge e ressurge, leal e bravo, fidelíssimo à sua bandeira.

Aos 21 de dezembro de 1840, em S. José (Missões), peleja com Santos Loureiro; aos 13 de fevereiro de 1841, no Albernás, bate-se com o cabecilha João Cypriano; em 1844, no ano trágico, Guedes da Luz é um titã > monta guarda ao pavilhão tricolor, na agonia da República Rio-Grandense, com uma energia de aço.

Em abril, luta com Vasco Alves; aos 05 de novembro, no Sarandy¸ combate com João Propício Menna Barreto; aos 14 do mesmo mês, no Passo do Leão, novamente defronta João Propício, com forças inferiores e bate-se com desespero heróico. Só com a PAZ, o lutador valente descansou.

Estava em Ponche Verde (D. Pedrito – RS), aos 25 de fevereiro de 1845 e subscreve a “Ata da Pacificação”. Uma assinatura seca, incompleta, nervosa > Jacinto Guedes.

As forças de Guedes, que se tornaram célebres, usavam nos chapéus, uma “divisa” e este lema recordará eternamente a altivez e a valentia daqueles gloriosos farrapos:

<< Eu sou aquele que disse
e depois de dizer, não nego;
eu sou da turma do Guedes,
morro seco e não me entrego!

FONTE: “Vultos da epopéia Farroupilha” 1935, págs. 205-210 - Othelo Rosa



GUIMARÃES,  JOSUÉ MARQUES

Jornalista

Natural de S. Jerônimo (RS), aos 07 de janeiro de 1921, passando sua infância na cidade de Rosário do Sul (RS).

Em 1930, muda-se para Porto Alegre vindo a estudar no Colégio Cruzeiro do Sul.

Em 1939, começou jornalismo no Rio de Janeiro, integrando a redação de O MALHO e A ILUSTRAÇÃO BRASILEIRA - até o começo da II Grande Guerra Mundial, quando decide retornar ao Rio Grande do Sul, prosseguindo a carreira jornalística em Porto Alegre, como repórter, redator, diagramador, ilustrador, colunista, secretário de redação, correspondente, levando-o a quase todos os jornais da capital dos Pampas, onde elegeu-se Vereador de 1951 a 1954.

Em 1969, foi premiado no Concurso Nacional de Contos (no estado do Paraná).


SUAS OBRAS

1970 - Publicou > OS LADRÕES (Rio de Janeiro);

1972 - Escreveu a trilogia > A FERRO E FOGO (Tempo de Solidão / Tempo de Guerra);

1973 - Lança > DEPOIS DO ÚLTIMO TREM (romance);

1975 - Lança > LISBOA URGENTE (coletânea de artigos);

1977 - Publica > É TARDE PARA SABER e OS TAMBORES SILENCIOSOS (romances);

1978 - Lança > DONA ANJA (romance);

1979 - Escreve > ENQUANTO A NOITE NÃO CHEGA (novela), O CAVALO CEGO (contos) e A CASA DAS QUATRO LUAS (contos infantis);

1980 - Escreve > CAMILO MORTÁGUA (romance) e ERA UMA VEZ UM REINO ENCANTADO (contos infantis);

1981 - Lança > A ONÇA QUE PERDEU AS PINTAS (contos infantis), AS INCRÍVEIS HISTÓRIAS DO TIO BALDUÍNO (contos infantis) e DONA ÂNGELA (romance);

1982 - Escreve > Xerloque da Silva em O RAPTO DA DOROTÉIA e O GATO NO ESCURO (contos infantis);

1983 - Escreve > MEU PRIMEIRO DRAGÃO, Xerloque da Silva em OS LADRÕES DA MEIA-NOITE (contos infantis) e UM CORPO ESTRANHO ENTRE NÓS DOIS (teatro);

1984 - Escreve > HISTÓRIA DO AGRICULTOR QUE FAZIA MILAGRES e O AVIÃO QUE NÃO SABIA VOAR (contos infantis);

1986 - Lança > AMOR DA PERDIÇÃO (novela);

1987 - Escreve > A ÚLTIMA BRUXA (contos infantis).



HASSLOCHER,  GERMANO

Advogado

O Dr. Germano Hasslocher foi um talento e um espírito de eleição. Poucos homens terão tido, em plena luta, uma vida mais risonha.

Escrevendo sobre ele, ao tempo de sua morte, assim se exprimia um dos seus panegiristas, profundo conhecedor de sua estranha psicologia:

Germano Hasslocher tinha um prazer quase diabólico em se notabilizar apenas pelos seus defeitos, defeitos que todo mundo tem e que ele cultivava carinhosamente para parecer como um paradoxal de convicção. Era uma fraqueza; mas isso não impede que, no estudo dos homens de hoje, os brasileiros de amanhã descubram no grande parlamentar um dos maiores espíritos da geração presente, cheio de fé nos destinos da sua Pátria, cheio de amor ao seu país, podendo servi-lo e tendo de fato servido com um brilhantismo a que raríssimos atingiam e que um ou outro mal logrou sobrepujar”.

Inteligência complexa e solidamente ilustrada, a atividade profissional e política do Dr. Germano Hasslocher foi uma vasta e contínua série de triunfos no congresso, no pretório e na imprensa.

Jornalista de fôlego e têmpera rija, Germano Hasslocher feriu campa¬nhas memoráveis de doutrinação política e de polêmica partidária, as quais fizeram época não só na imprensa gaúcha, como na carioca.

Como polemista era terrível e temido. Nessas ocasiões punha ele em jo¬go todas as suas variadas faculdades de espírito: a gravidade, a ironia, o sarcasmo e quase sempre, como último recurso, a chocarrice.

Com todas estas qualidades extraordinárias de inteligência, Germano Hasslocher não podia deixar de ser um grande panfletário. Entre outros trabalhos neste gênero escreveu o célebre “A Verdade sobre a revolução” (uma crítica enérgica e mordaz sobre o federalismo revolucionário de 1893, ao qual havia pertencido antes e durante a revolução).

Pouco depois, era enviado ao Congresso Nacional como representante do partido republicano rio-grandense.

Aí, na Câmara, os serviços que Germano Hasslocher prestou ao partido e ao Rio Grande do Sul, foram relevantes.

O ilustre rio-grandense, manejando a palavra, era na verdade um homem de ação: mas nele as impressões e as idéias estavam sujeitas, por caprichos de nervos, a mutações rápidas e imprevistas.

“Nada mais natural (diz ainda aquele seu biógrafo), que um homem desses fosse volúvel. Ele o foi. Mudava de idéia, de partidos, de doutrinas; mas nunca renunciava aos grandes princípios, nos quais se fez toda a sua educação política e jurídica. A esses supremos princípios ele sempre guardou um indefectível apego. E nas questões em que todo o mundo tinha a sua opinião, muitas vezes o vimos pensar de um modo e se expressar de outro. Era quando aquele portentoso talento sacrificava sobre o altar da disciplina partidária o seu ponto de vista pessoal.”

Assim, sempre incoerente, pensando de uma maneira e agindo de outra, querendo e não querendo ao mesmo tempo, uma coisa, entretanto ele manteve sempre integral e una, a sua bondade.

Germano Hasslocher foi um Bom.

Entretanto, nisto era original e não se confundia com o comum dos mortais ao passo que era ele o primeiro a fazer o alarde e ostentação ruidosa das suas “maldadezinhas”, das suas charges, das suas blagues; escondia-se para fazer o Bem.

O Dr. Germano Hasslocher nasceu na cidade de Santa Cruz, em 10 de julho de 1862, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, falecendo repentinamente em Milão, na Itália, onde se achava em viagem de recreio, em outubro de 1911.



HERLEIN,  NATÁLIO

Jornalista

Natural de Uruguaiana (RS), nascido aos 26 de dezembro de 1926; além de jornalista, gráfico, contista regional.

Usava o pseudônimo de Chiru Velho, Gauchinho, David Klein, Fronteirista, Índio Fronteirista, João Povo, Gaúcho Velho.

Filiado à Estância da Poesia Crioula e outras entidades regionalistas do RGS.

Suas obras:
01 - Os “Causos do Seu Fausto”(contos regionais) > 1958
02 - A volta do Gaúcho Fausto Aguirre (contos regionais) > 1963
03 - Na Fronteira Gaúcha (contos regionais) > 1967
04 - As Mais Belas Poesias Gauchescas (antologia crioula) > 1968



JACQUES,  JOSÉ ANTÔNIO

Farroupilha

Descendente dum holandês que veio para Rio Pardo (RS), onde casou com uma riopardense, deixando seis filhos, entre os quais José Antônio Jacques, que tomou parte ativa na Revolução Farroupilha (como republicano).



JEANSELME,  FELIPPE

Comerciante

Felippe Jeanselme era natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu aos 16 de agosto de 1861 e faleceu em 1933.

Casou-se com Doria Fontes com quem teve quatro filhos: Regina (casada com o dentista João Felippe Nuñes), Felippe Jr., Doria Filha e Josina.

Durante sua longa existência, foi lídimo exemplo de intensa e fecunda atividade de trabalho; mui honrado sob todos os aspectos, à nobre classe a que pertenceu.

Oficial de ourives e relojoaria ainda bem jovem, passou a ser um adiantado comerciante e industrialista, fundador da casa A Aliança > vastamente conhecida e acreditada, quer no país, quer no estrangeiro, como diretamente importadora.

Demais, artista e hábil, conquistou valiosos prêmios em exposições no RGS, no Rio de Janeiro (RS) e nos EE. UU.

Legado sobremodo inconfundível, o seu estabelecimento, já pelo valor histórico, já pela orientação a que sempre obedeceu, foi de igual sorte, naturalmente, por isso também que inapagável o nome de seu fundador, aliás, em projeção à digna família Jeanselme.

Republicano ardoroso, militou intransigentemente ao lado de Júlio de Castilhos, para consecutivamente chegar ao termo de sua vida, ser o indefectível soldado do “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense).



JOBIM,  NELSON AZEVEDO

Advogado

Nelson Azevedo Jobim nasceu em 12 de abril de 1946, na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, filho de Hélvio Jobim e Namy Azevedo Jobim. Jobim se formou bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais (1964-1968) na faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Em 2007 - Valdir Pires deixa o “Ministério da Defesa” e Nelson Jobim assume

Após a formatura, dedicou-se ao exercício da advocacia, foi presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Maria (RS), no biênio 1977-1978, e vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Rio Grande do Sul, entre 1985 e 1986. Também foi membro do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul e do Instituto dos Advogados Brasileiros, sediado no Rio de Janeiro. Advogou de 1969 até 1994.

Foi professor adjunto do departamento de Direito da UFSM/RS em Direito Processual Civil, Introdução ao Direito e Filosofia do Direito. No magistério, foi professor da Escola Superior de Magistratura da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, lecionando Direito Processual Civil, Introdução ao Direito e Filosofia do Direito (1980-1986). Também lecionou na Escola Superior do Ministério Público da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, até 1986. É professor adjunto da Fundação Universidade de Brasília.

Na política, foi deputado federal pelo Rio Grande do Sul, para a 48ª legislatura (1987-1991). Reeleito deputado federal para a 49ª legislatura (1991-1995), foi relator da comissão de reestruturação da Câmara dos Deputados (1991), relator da comissão especial relativa à denúncia contra o presidente da República, Fernando Collor de Mello, pela prática de crime de responsabilidade (1992) e relator da revisão Constitucional (1993-1994).

Exerceu o cargo de ministro da Justiça, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, durante o período de 1º de janeiro de 1995 a 7 de abril de 1997.

Foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, por decreto de 7 de abril de 1997, na vaga decorrente da aposentadoria do ministro Francisco Rezek. Em sessão plenária de 9 de abril de 2003, foi eleito vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, tomando posse no cargo em 5 de junho seguinte.

Em sessão de 19 de maio de 2004, foi eleito presidente do STF. Assumiu a presidência do tribunal em sessão solene realizada em 3 de junho de 2004. Em março de 2006, Jobim deixou o cargo



JOCKYMANN,  SÉRGIO

Jornalista

Natural de Palmeira das Missões (RS), nascido aos 29 de abril de 1930, além de jornalista, radialista, teatrólogo, contista e poeta.

Suas obras:
01 - Caim (drama) - 1956
02 - Poemas em Negro - 1958
03 - Boa Tarde, Excelência (sátira política) - 1961
04 - Jimmy Compulsão, Torta com Chocolate e Tabernáculo do Senhor - 1962
05 - O Vigarista (sátira ) - 1963
06 - Marido, Matriz e Filial (comédia) - 1966



LANDELL DE MOURA,  ROBERTO

Monsenhor

Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 21 de janeiro de 1861. Depois de estudar no colégio dos Padres Jesuítas, em S. Leopoldo, decidiu-se pela vocação sacerdotal.

Em 1879, seguiu para Roma, onde estudou Filosofia e Teologia, no Colégio Pio Latino-Americano; e Física e Química, na Universidade Gregoriana.

Em 1886, foi ordenado sacerdote e regressou ao Brasil.

Em 1887, começou a lecionar História Universal, no Seminário Diocesano de Porto Alegre.

Em 1891, foi nomeado pároco de Uruguaiana e de 1892 até 1899 exerceu as funções sacerdotais no estado de S. Paulo, nas cidades de Santos, Campinas e Sant’Ana.

Dedicado aos estudos de mecânica e eletricidade, em 1893 e 1894 realizou várias experiências de transmissão e recepção sem fio, da palavra falada.

Em 1900, obtinha a primeira patente brasileira > para um aparelho apropriado à transmissão da palavra à distância, com ou sem fios, através do espaço, da terra e da água.

Em 1901, seguiu à própria custa, para os EUA com o objetivo de aperfeiçoar seus inventos.

Em 1904, depois de enfrentar grandes dificuldades, obteve do governo dos EUA, o REGISTRO de três patentes de invenção: a do transmissor de ondas, a do telefone sem fio e a do telégrafo sem fio; suas experiências tiveram ampla repercussão nos meios científicos norte-americanos.

Em 1905, voltou ao Brasil com a intenção de aqui permanecer somente alguns meses e posteriormente, regressar aos EUA para continuar seus estudos.

Em sua pátria, não encontrou a receptividade que mereciam seus inventos; incompreendido e injuriado, sem meios materiais para continuar sua experiências, abandonou-as de vez e dedicou-se inteiramente ao seu mister sacerdotal.

Foi então, pároco em Botucatu e Mogi das Cruzes (SP) e nas paróquias do Menino Deus e N. S. do Rosário (Porto Alegre).

Pouco antes de sua morte, foi eleito Arcediago do Cabido Metropolitano. Faleceu aos 30 de julho de 1928, em Porto Alegre.

Por ocasião de seu centenário, houve um movimento no sentido de restabelecer-lhe a prioridade de inventos importantíssimos, para o progresso da humanidade.



LANGENDONCK,  LOURENÇO

Professor

A 06 de maio de 1861 nasceu em Taquarí (RS), o saudoso professor Lourenço Langendonck e faleceu nesta cidade a 24 de janeiro de 1905.

Filho de pais pobres e obscuros, desde pequeno começou a trabalhar para poder viver. Conheceu criança o pão amargo da necessidade e, na grande escola do trabalho, fez-se homem.

A sua vida inteira pode servir de exemplo aos que vêm ao mundo contando apenas com o seu próprio esforço. Esses que nascem na obscuridade, sem um nome que os recomende, sem o bafejo da fortuna e chegam um dia a ganhar uma posição, pondo em destaque a sua individualidade, esses são os grandes heróis; e, Lourenço Langendonck o foi na mais bela e ampla acepção desse termo.

Um outro teria esmorecido diante das dificuldades que encontrou no começo da existência, teria talvez seguido por atalhos tortuosos. Ele, porém, trilhou sempre o caminho reto do dever, sem andar por desvios.

O sangue holandês que lhe corria nas veias, é bem possível que houvesse contribuído para a formação do seu caráter inteiriço, blindado de aço.

Para mostrar o valor moral deste homem, basta referir um ou outro episódio de sua vida, tão cheia de ensinamentos.

Criança e carente de recursos para viver, conseguiu um lugar humilde de limpador de trilhos na companhia de bondes. Aí trabalhava de dia exposto às intempéries e à noite, tocava a roda do prelo de mão da Reforma.

Alugou uma casinha numa rua deserta, em frente de um lampião da iluminação pública, porque assim podia estudar, à noite, sem dispender um real com a luz.

Esses fatos, narrados com esta singeleza, dão uma idéia perfeita desse homem extraordinário, que honrou o magistério público de nossa terra.

No cumprimento dos deveres ninguém o excedeu. Talvez o excesso de trabalho tivesse concorrido para abreviar-lhe os dias da existência; e tudo quanto lecionava o fazia com a competência dos melhores mestres. A sua escola era a mais freqüentada da cidade. Nos últimos anos, a matrícula da aula registrava cerca de duzentos alunos. Para poder atender a todas as classes era preciso esforço sobre-humano. Apesar desse acú¬mulo de serviço, andava sempre alegre e satisfeito, como se o excesso de trabalho já não lhe fizesse mossa.

Era o tipo mais completo do verdadeiro mestre-escola e a prova frisante do quanto podem, na formação do caráter, da energia, do coração e dos homens os exemplos bebidos na leitura dos bons livros > Lourenço Langendonck fazia das obras de S. Smiles o seu Evangelho.



LARANJEIRA MARIANTE,  TOMAZ

Médico Catedrático

Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 21 de junho de 1891, freqüentou os cursos primário e secundário, no Ginásio Anchieta, de sua terra natal, pelo qual se bacharelou em Ciências e Letras, em 1908.

Em dezembro de 1915, formou-se em Medicina pela Faculdade de Porto Alegre, apresentando tese de doutoramento sobre Partoanalogia.

Foi assistente voluntário da clínica do Professor Austregésio, no Rio de Janeiro, em 1918 e, da clínica do Professor Octavio de Souza, em 1917 na cidade de Porto Alegre.

Em 1919, conquistou por concurso a Cátedra de Clínica Médica, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre.

Dedicou-se à Clínica Médica especialmente às doenças cardiovasculares, fazendo cursos de aperfeiçoamento em doenças de nutrição, doenças do coração e doenças do aparelho digestivo, com mestres parisienses, na França, em 1925 e 1926.

Pertenceu a diversas entidades do país e do estrangeiro, sendo sócio honorário da Academia Nacional de Medicina.

Entre outros, participou do Congresso Médico efetuado em 1926 na cidade de Porto Alegre e das Jornadas Médicas realizadas, em 1935 também na cidade Porto Alegre.

Foi o autor de diversos trabalhos divulgados em livros e revistas médicas e pela imprensa, conforme segue:
01 - Estudos de Patologia e Clínica
02 - Artigos em Revistas Médicas

Regeu os seguintes cursos:
01 - Curso de extensão universitária sobre vitaminologia
02 - Curso sobre nutrição e alimentação

Casado com Maria Py, tendo de seu matrimônio o filho Flávio Py Mariante.



LAYDNER,  AUGUSTO

Chimango

Augusto Laydner era natural de Santa Maria (RS), onde nasceu aos 28 de janeiro de 1889, filho de Rodolpho Laydner.
Casou com a professora Santa dos Santos, com quem teve quatro filhos: Werther, Jorge, Carlos e Leda.

Augusto Laydner foi um jovem comerciante que iniciou sua carreira como “Caixeiro-viajante” de importantes firmas de Porto Alegre (RS); no árduo, porém profícuo mister, devassou longas jornadas que na época eram feitas no lombo de animais ou, em carroças indo as colônias de alemães, pelo interior do nosso Estado, “granjeando amizades por esse mundo de Cristo” (como se dizia da Serra às Missões, naqueles tempos difíceis).

Mais tarde, estabeleceu-se com uma Casa de Ferragens, na Ilha da Pintada - 8º Distrito de Porto Alegre (RS).

Sempre dinâmico e progressista, tratou de ampliar o seu comércio associando-se com Oscar Schmitt (proprietário de uma empresa de navegação que atendia as ilhas do rio Guaíba), adquirindo novas e modernas lanchas propulsadas por motores de combustão à gasolina.

Finalmente, passou a ser representante de máquinas e motores de acreditadas marcas.



LAYDNER,  RODOLPHO

Chimango

Rodolpho Laydner era natural de Santa Maria (RS), onde nasceu aos 15 de abril de 1857; filho de Jacob Luiz Laydner e de Maria Luiza Niederaurer.

Casou-se com Carolina Kümmel, com quem teve cinco filhos: Rodolpho (engenheiro da municipalidade de S. Leopoldo - RS), José, Augusto, Celina (casada com o comerciante Emílio Camardelli) e Luiz (eletricista).

Rodolpho Laydner era uma figura do mais alto relevo nas fileira do “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense), pois foi um de seus fundadores e organizadores em Santa Maria (RS), alguns anos antes do advento de República e, em circunstâncias sobremodo honrosas para si e seus poucos companheiros.

Eram seis amigos, em memorável reunião, presidida pelo Dr. Joaquim Francisco de Assis Brasil, os quais galhardamente buscavam corajosamente se congregar para a gloriosa finalidade > organização do “PRR”; porém, como o número de simpatizantes era irrisório, Assis Brasil concitou-os a prosseguirem na propaganda e assim foi feito.

Logo após, os seis fiéis e denodados amigos, fundaram o “Clube Republicano” e organizam o partido, cujas reuniões eram efetuadas em sua própria casa; aproveitando para o memorável ato a presença de Apparício Mariense naquela cidade, o qual era de opinião que fosse organizado o partido, embora com pequeno número, porém grande em qualidade, os seis históricos foram os seguintes: Rodolpho Laydner, José Augusto Seixas, João Cesar de Oliveira, João Henrique Drunck, Tenente Fagundes e Franklin Flores R. de Carvalho.

Não menos edificante a vida prática de Rodolpho Laydner > era: artista ourives na Ilha da Pintada e depois, transferindo-se para Porto Alegre (RS) em 1893, tendo antes trabalhado na locação da Estrada de Ferro Santa Maria / Passo Fundo (RS).

Mui crível era o seu estabelecimento e sobremaneira conhecido, atraindo seleta freguesia e sempre o núcleo de amigos - o trato de Rodolpho Laydner, ademais incansável batalhador político, ao lado de Júlio de Castilhos e de Borges de Medeiros (seus grandes amigos).



LAYTANO,  DANTE DE

Advogado

Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 23 de março de 1908, Bacharel em Direito, Professor Universitário, Cronista, Historiador e Folclorista.

Foi Diretor do Museu Júlio de Castilhos, Membro do Instituto Histórico e Geográfico do RGS e da Comissão Gaúcha de Folclore; seu pseudônimo “Davi Lage”.

Suas obras:
01 - Uma Mulher e Outras Fatalidades - 1931
02 - Monumentos Históricos e Artísticos de Rio Pardo - 1932
03 - Colecionadores e Emoções - 1934
04 - Os Africanismos no Dialeto Gaúcho - 1936
05 - História da República Rio-Grandense - 1936
06 - Presídio de Torres - 1936
07 - Recepção no Instituto Histórico - 1936
08 - O Negro e o Espírito Guerreiro - 1937
09 - Litígio com Santa Catarina - 1937
10 - Vocabulário dos Pescadores do RGS - 1937
11 - Notas de Linguagem Sul-Rio-Grandense - A fala do gaúcho - 1937
12 - Saudando Mário Teixeira de Carvalho - 1937
13 - Como viu Saint-Hilaire o Negro no RGS - 1940
14 - Os Portugueses dos Açores na Consolidação Moral do Domínio Lusitano no Extremo Sul do Brasil (tese) - 1940
15 - Alguns Aspectos da História do Negro no RGS - 1942
16 - Brazil’s Patern of Democracy - 1943
17 - Congadas no Município de Osório - 1945
18 - História Particular de Velha Cidade do RGS (Rio Pardo) - 1945
19 - História da Propriedade das Primeiras Fazendas do RGS - Fronteira do Rio Pardo - 1945
20 - Notícia Breve da Pecuária no RGS no Século XVIII - 1945
21 - Bibliografia do Rio Grande do Sul - 1945
22 - Saudando Nestor Ericksen e Carlos de Paula Couto - 1946
23 - Universidades Norte-Americanas - 1946
24 - Almanaque de Rio Pardo - 1946
25 - Açorianos e Alemães no Desenvolvimento da Colonização e Agricultura no RGS - 1947
26 - A República do Haiti - 1947
27 - A Cidade e Comércio - 1948
28 - A Expansão do Idioma Português no Mundo - 1949
29 - Os Italianos e seus Descendentes no RGS - 1950
30 - Fazenda de Criação de Gado - 1950
31 - A Estância Gaúcha - 1952
32 - Folclore do RGS - Ciclo Agro-Pecuário - 1952-54
33 - Cidade Açoriana na América Portuguesa - 1952
34 - Vida Religiosa de Cidade do Interior - 1952
35 - Aula Inaugural dos Cursos da Faculdade de Filosofia - 1953
36 - Vida Administrativa do Rio Pardo ao Tempo da Monarquia - 1953
37 - A Confederação do Equador e a República Rio-Grandense - 1954
38 - O Rio Grande do Sul e a Marinha Brasileira - 1954
39 - Populações Indígenas - 1955
40 - A Festa de Nossa Senhora dos Navegantes - 1955
41 - Estudo da Tradição Afro-Brasileira - Sociedades Religiosas Feiticistas Africanas em Porto Alegre - 1955
42 - Pequeno Esboço de um Estudo do Linguajar Gaúcho-Brasileiro - 1961
43 - A Igreja e os Orixás - s/data
44 - Os Japoneses no RGS - 1967
45 - Origens do Folclore Brasileiro - 1968
46 - Gaúcho Amigo de Darwin - 1971

Compilações e traduções:
47 - Poesias Completas de Sebastião do Amaral Sarmento Mena - 1933
48 - Viagem ao Rio Grande do Sul, de Arsène Isabele - 1946
49 - Lendas do Rio Grande do Sul (80 lendas) - 1956
50 - Colonização Açoriana no Rio Grande do Sul - 1969

Faleceu em Porto Alegre (RS), aos 18 de fevereiro de 2000.



LEÃO,  SEBASTIÃO DE

Médico

Filho de Porto Alegre, onde nasceu a 20 de janeiro de 1866, o Dr. Sebastião de Leão era nos últimos dias de sua existência o médico da cidade.

Figura simpática, insinuante, de uma bondade incomparável, não distinguindo entre o potentado e o operário, pois, para aquele como para este, estendia o mesmo aperto de mão franco e abria o mesmo sorriso afável, o Dr. Sebastião de Leão tinha um altar no seio do povo.

Era um bom, na mais alta extensão do vocábulo e, quando na manhã de 10 de fevereiro de 1903, espalhou-se a notícia de sua morte, houve uma surpresa dolorosa.

Ele havia lançado no coração popular a suave semente do seu carinho adorável e esta brotara e florira em gratidão. Daí a romaria à sua residência, e essa multidão de mais de dez mil pessoas, que o acompanhou à última morada.

Morreu pobre, a despeito do muito que trabalhou; formado em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro de 1888, tendo aí se matriculado em l882, o jovem médico veio clinicar na sua cidade natal. Sua clientela desde logo foi notável. Às sociedades de beneficência, à Santa Casa de Misericórdia, ao Club Caixeiral, à Beneficência Portuguesa e a muitas outras instituições dava o Dr. Leão a sua valiosa assistência médica.

O Dr. Leão era o médico procurado por gregos e troianos. Não tinha mãos a medir. Mas nem por isso deixou de exercitar-se em outros misteres, para os quais sentia irresistíveis pendores. A imprensa, por exemplo.

No Rio, quando estudou medicina, foi revisor da Gazeta de Notícias e escreveu correspondências para a Reforma, desta cidade. Revelava-se o trabalhador: fazia o seu curso médico, desempenhava os encargos de interno de 1ª Classe no hospital de Santa Casa de Misericórdia do Rio, lugar adquirido por concurso em 1884, e os de interno da clínica de moléstias de crianças da Faculdade, também alcançado por bri¬lhante concurso em 1886, e ainda as funções de chefe de clínica de moléstias de mulheres na Policlínica Geral e ajudante de preparador da cadeira de operações da Faculdade.

Sua defesa d.e tese versou sobre o estudo da intervenção operatória dos traumatismos do cérebro e da medula.

Formado, e estabelecido nesta cidade, o Dr. Sebastião Leão não só foi o clínico atarefadíssimo como já disse, como jornalista, o estudioso e o investigador infatigável.

A Gazeta Americana, a Gazeta da Tarde, o Dia, e o Correio do Povo foram a arena vastíssima onde o médico jornalista deixou indelevelmente assinaladas as suas múltiplas qualidades de homem de imprensa.

Foi diretor, por unânime escolha de seus colegas, da Revista da Sociedade de Medicina de Porto Alegre, em 1893; nesse mesmo ano, havendo o Dr. Leão concorrido com a sua memória Contribuição ao estudo clínico da neurastenia, ao concurso sul-americano, instituído pelo Círculo Médico Argentino, foi distinguido por um diploma de mérito pelo júri.

Em 1896, foi nomeado médico legista da polícia, entro sob a chefia do desembargador Borges de Medeiros. Foi no desempenho desse cargo que o Dr. Sebastião de Leão se dedicou aos estudos de antropologia criminal, interessante o que então escreveu sobre as suas investigações, anexado a um relatório da Secretaria do Interior.

Estudioso da história rio-grandense, publicou no Correio do Povo as Datas rio-grandenses e as Esavações Históricas, estas com o pseudônimo de “Coruja Filho”. Também no Anuário do Estado do Rio Grande do Sul estampou interessante trabalho sobre história rio-grandense.

Por último, trabalhava com entusiasmo na História da cidade de Porto Alegre; tinha já importantes e originais subsídios. A obra já ia adiantada, quando a morte o colheu, aos 37 anos de idade, ainda cheio de seiva vital e aspirações magníficas.



LEIRIA,  VICENTE

Farroupilha

Alfredo Varela menciona esse riopardense, como um destemido revolucionário farroupilha.

Conhecem-se uns Leiria no Alegrete (RS).

Francisco Soares Leiria e seu pai Sargento-mor Francisco Soares da Costa Leiria, que possuíam fazenda no aludido município do RGS.

O Sargento-mor faleceu em Porto Alegre (RS), logo após irromper o movimento farroupilha.

Tomara parte em diversas campanhas militares do século XIX, ao tempo do Rio Grande Colonial.



LEITÃO DE ABREU,  JOÃO

Advogado e Estadista

Natural de Cachoeira (RS), nascido na rua Andrade Neves (entre as ruas: Senador Pinheiro Machado e Virgílio de Abreu), aos 06 de julho de 1915; filho de Jary Carvalho de Abreu (Funcionário do Banco da Província, tornou-se Oficial do Registro Civil de Cachoeira) e de Ana Brandão Leitão.

João Leitão de Abreu era neto materno de João Augusto Leitão (Major na Revolução Federalista, de 1893 e um dos introdutores da cultura extensiva do arroz, no RGS) e de Isolina Siqueira Brandão.

Pelo lado paterno, o avô era Virgílio de Abreu, que em 1929, com Mário Godoy Ilha > fundou o Jornal do Povo.

Aos 17 anos, empolgado com o movimento revolucionário de 1930, Leitão de Abreu alista-se como voluntário no Batalhão de Engenharia de Cachoeira, seguindo de trem até o Rio de Janeiro, na viagem da vitória.

Casado com Iracema Pessoa.

Leitão de Abreu, entusiasmado pelo Dr. Getúlio Vargas desaparece com o Estado Novo (1937) e como seu conterrâneo e amigo Orlando da Cunha Carlos, conheceu a prisão por motivos políticos.

Orlando Carlos era 11 anos mais velho que Leitão de Abreu e esteve preso em 1932, por apoiar a Revolução Constitucionalista, que tinha em Cachoeira um de seus principais líderes > o velho Borges de Medeiros (então, com quase 70 anos).

Leitão de Abreu divergiu da instauração da ditadura getuliana, em 1937 e durante um mês esteve incomunicável, na Casa de Correção de Porto Alegre; a soltura somente foi obtida graças à providencial intervenção do oficial Aurélio Lyra Tavares (seu cunhado).

Suas ligações com Orlando Carlos se estenderam à militância no Partido Libertador de Raul Pilla.

Tendo ambos (Orlando Carlos e Leitão de Abreu) apoiado o golpe de Estado de 1964, seus caminhos se bifurcaram logo depois, já que o primeiro discordou das cassações de deputados estaduais. Mantiveram-se amigos até a morte de Orlando Carlos e Leitão de Abreu dedicou ao conterrâneo comovido, mas contido em “panegírico” (elogio de uma personalidade, de um santo) no Correio do Povo de 26 de março de 1982.

Libertado e voltando à terra natal, Leitão de Abreu passa a trabalhar como chefe-de-redação do Jornal do Povo; antes disso, em novembro de 1936, vamos encontrá-lo atuando como jurado, na sessão em que João Fioravante Mori resultou absolvido (jornal O Comércio de 11-11-1936).

Sua vocação era o DIREITO; formou-se já maduro, em 1946, na Faculdade de Porto Alegre, hoje Universidade Federal do RGS - cujo reitor chamava-se Armando Pereira Câmara.

Integrava sua turma, entre outros, Alaor W. Terra, Edilbertto Degrazia, Ephraim Pinheiro Cabral, Eduardo Pinto, Guilherme Flôres da Cunha, Jorge Alberto Jacobo Furtado, Mário Machado de Oliveira, Pedro da Silva Pereira Fº, Pedro Gomes Nunes, Renan Falcão de Azevedo, Renato Alves de Oliveira, Ruy Rodrigo B. de Azambuja, Sílvio Gomes Duncan, Sonino Baroni e Tito Montenegro Barbosa; dois nomes de destaque no cenário jurídico cachoeirense também compunham essa turma > Christiano Graeff Jr. e Osmar Beskow. (Conforme Ata da 44ª Turma, 17-12-1946, Livro de atas da Faculdade de Direito, UFRGS).

Foi orador da turma Sílvio Gomes Duncan, poeta e um dos fundadores do Grupo Quixote, e paraninfo o professor Elpídio Ferreira Paes, também diretor da faculdade, à época.

Leitão de Abreu dedicou-se ao estudo da FILOSOFIA DO DIREITO, lecionando Introdução à Ciência do Direito, na Universidade do RGS e na PUC.

Estudioso de idiomas, dominava o latim, grego, alemão, francês, inglês e italiano; contam seus amigos cachoeirenses que ele quando jovem, freqüentava a Igreja Evangélica de Confissão Luterana, do bairro Rio Branco (Cachoeira), para aprender alemão.

A política, todavia, muitas vezes atravessou seu caminho; de 1963 a 1966 foi chefe da Casa Civil do governo Ildo Meneghetti.

Em junho de 1966 foi convocado pelo correligionário e amigo Mem de Sá (Ministro da Justiça de Castello Branco), que buscava fórmula para a cassação do governador Adhemar de Barros.

O Ato Institucional nº 2 somente regulava a cassação de mandatos parlamentares. Abreu teria na ocasião, elaborado o esboço do Ato Complementar nº 10, permitindo, além da cassação já mencionada, a suspensão de direitos políticos.

Também é de sua autoria a redação do Ato Institucional nº 12 (agosto de 1969), que impedia a posse do vice Pedro Aleixo, no impedimento de Costa e Silva - assumiu um triunvirato militar, estando o Exército representado exatamente pelo cunhado, agora general Aurélio Lyra Tavares.

Depois, por duas vezes Leitão de Abreu exerceu o cargo de Ministro-chefe do Gabinete da Casa Civil da Presidência da República.

Em 1969, integrava o governo Emílio G. Médice, formando o tripé de sustentação ao lado de Delfim Neto (Fazenda) e Orlando Geisel (Exército).

O relacionamento com o primeiro foi muito bom e Delfim Neto declarava à revista VEJA (18-11-1992, pág. 93), quando da morte de Leitão de Abreu > Jurista e executivo exemplar; foi ele quem me ensinou a respeitar a lei.

Já com o general Orlando Geisel as coisas se passaram de maneira diversa, pois o Chefe da Casa Civil teria manobrado para prorrogar o mandato de Médice, plano abortado pelo ministro do Exército; até porque, na hierarquia da sucessão, o presidente seria - como foi o irmão de Orlando Geisel > o general Ernesto Geisel.

Com Ernesto Geisel na presidência, Abreu fica afastado da política exercendo o cargo de Ministro do STF (1974-1979), nomeado que fora por Médice, retornando em 1981 ao Palácio do Planalto, por convocação de outro general-presidente > João Batista Figueiredo.

No período (1979-1985), Leitão de Abreu foi chefe da Casa Civil do governo do presidente Figueiredo > prestando todo apoio financeiro ao seu colega de faculdade Dr. Osmar Beskow (então gerente do INPS de Cachoeira do Sul), na edificação da nova sede super moderna desse órgão previdenciário, com toda mobília, ar-condicionado e rede interna de telefone.

Golbery do Couto e Silva se afasta, após o atentado à bomba no Riocentro e a Abreu coube a tarefa de coordenar a chamada abertura democrática.

Ao examinar a vida de um jurista que teve ocasião de atuar, também, na vida política de seu país, existe sempre a preocupação em determinar o grau de coerência entre a teoria e a prática política.

No presente caso, ao lado da tese acadêmica sobre A VALIDADE DA ORDEM JURÍDICA, existem os artigos que Leitão de Abreu publicou no Correio do Povo, entre 1965 e 1969 e seus votos proferidos no STF.

Concorrendo à cátedra na Universidade do RGS, realizou o professor erudita investigação de um tema básico da ciência do direito, com publicação pela Livraria do Globo, coincidentemente em 1964, ano em que também Paulo Brossard de Souza Pinto publicava sua tese universitária, versando acerca do Impeachment; foram ambos, aliás, colegas de secretariado no governo Ildo Meneghetti e apoiaram o movimento militar de 31 de março de 1964.

Brossard assumiu a secretaria do Interior e Justiça, logo após o golpe de Estado, em 17 de junho de 1964. Deixou a liderança do Partido Libertador, na Assembléia Legislativa e substituiu ao deputado Mário Mondino, Promotor de Justiça e deputado que se afastara da secretaria, na véspera. (ZH, 16 e 17-06-1964)

As teses não chegaram a ser defendidas publicamente, embora a insistência dos autores, pois o advento da Carta de 1967 afastou o sistema de cátedras e o acesso à função de professor titular dispensava o concurso.

Com o movimento de março, Leitão de Abreu passa a escrever artigos no jornal Correio do Povo (em seu escritório de advocacia prestava assistência jurídica à Companhia Caldas Júnior), sobre temas jurídico-políticos, ligados à realidade imediata.

Em sua fase judiciante no STF, inúmeras vezes manifestou seu pensamento, diante de casos concretos; é desse período o importante discurso que pronunciou aos 19 de abril de 1979, no Centro de Convenções do Anhembi (São Paulo-SP), como paraninfo dos bacharelandos das Faculdades Metropolitanas Unidas.

João Leitão de Abreu faleceu aos 13 de novembro de 1992, em Brasília (DF), onde residia.

O jornal Zero Hora de 14-12-1992, sábado (pág. 10), noticia a morte e comenta sua trajetória:

Diz o redator, em matéria não assinada > À luz do regime militar, LEITÃO DE ABREU estreava como um alto funcionário, capaz de transmitir saber jurídico a atos de força. Para o professor ABREU, reconhecido por alunos e homenageado por colegas, a missão não era indigesta. Então apegado à Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen, criador da escola vienense, LEITÃO DE ABREU havia feito sua opção pela pureza do método. Por ela, o direito deve ser rigorosamente formal, sem submeter-se a prescrições morais ou sociológicas.


SÍNTESE DE SUA BIOGRAFIA

01 - Ajudante de seu pai, que era Oficial do Registro Civil e Provedoria do 1º Distrito de Cachoeira (1937);
02 - Diretor do Jornal do Povo de Cachoeira do Sul - (1937-1940);
03 - Chefe do Gabinete Civil do Governador Ildo Meneghetti - (jul. à dez. 1964);
04 - Membro da Comissão Especial, que elaborou o Projeto da Reforma da Constituição do Estado do RGS - (1967);
05 - Chefe do Gabinete Civil, no governo do Presidente Emílio Garrastazú Médice - (1969-1974);
06 - Ministro do “Superior Tribunal Federal” - STF, no governo do Presidente Ernesto Geisel - (1974-1979);
07 - Vice-presidente do “Superior Tribunal Federal” - STF - (1980);
08 - Chefe do Gabinete Civil, no governo do Presidente João Batista de Figueiredo - (1981).


FONTES:

1 - Cachoeira do Sul - COMARCA - 150 anos de história > Martins Livreiro - 2ª edição;
Tupinambá Pinto de Azevedo

2 - Informações do Comendador Dr. Osmar Beskow (colega universitário do biografado e tio de Otávio Peixoto de Melo);

3 - Museu Municipal de Cachoeira do Sul.



LEITÃO,  FÁBIO ALVES

Revolucionário

Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 25 de novembro de 1887; filho de Antônio Alves Leitão e de Cândida Alves Leitão.

Além de jornalista era político e comerciante; foi o fundador e diretor do jornal cachoeirense A PALAVRA > fundado aos 15 de janeiro de 1915 (um ideário Parlamentarista).

Casado com Maria Estellita Oliveira - que lhe deu quatro filhos:
01 - Nelly (nascida em 1919);
02 - Paulo (nascido em 1920);
03 - Virgínia (nascida em 1923);
05 - João (nascido em 1924).

Antes de tomar parte ativa na política, estava estabelecido com pequeno armazém na rua Júlio de Castilhos - no prédio que existiu no lugar onde funcionou a IMCOSUM e onde também funcionou a funilaria de Máximo Giuliani (abaixo do hoje, Everson Palace Hotel).

Em 1920, revelando desde muito moço, vocação para o jornalismo, pertenceu ao corpo redatorial dos órgãos locais: O Federalista e o Parlamentarista, acabando por fundar A Palavra, cuja direção abandonou, para tomar parte ativa no movimento revolucionário de 1924.

Foi membro destacado da Aliança Libertadora local, a vida de Fábio Leitão foi consagrada inteiramente aos seus ideais políticos, até que, em defesa deles, veio a perdê-la de arma na mão.

Em 1923, Fábio juntou a sua abnegação e os seus sacrifícios aos revolucionários de Estácio Azambuja, comportando-se sempre como um verdadeiro herói, dando aos seus companheiros de lutas, nos momentos de duras provas, os mais edificantes exemplo de altivez e bravura.

Em 1922, foi membro ativo da diretoria da “Associação Comercial Cachoeirense”. O “Álbum de Cachoeira – 1922” contém uma reprodução fotográfica daquela diretoria, onde Fábio Leitão é identificado entre os senhores Haguel Botomé e Júlio Castagnino, além de outros, como Paulo Rosek, Augusto Wilhelm, Pedro Emílio Breyer, J. Pereira Lemos Júnior, Ernesto Müller, Reinaldo Roesch, Aníbal Loureiro, Achylles de Lima Figueiredo e Emílio Bartz.

Antes de eclodir o movimento revolucionário de 1924, Fábio Leitão, através das colunas de seu jornal A Palavra > dava vazão ao seu temperamento impulsivo de moço idealista, defendendo, com intransigência e abnegação, os princípios consubstanciados no parlamentarismo, movimento fundado pelo vibrante e consagrado tribuno Dr. Gaspar Silveira Martins e seguido por Raul Pila.

Aos 10 de novembro de 1924, em Cachoeira, o 3º Batalhão de Engenharia, sob o comando do então Capitão Joaquim do Nascimento Távora (irmão de Juarez Távora), em combinação com elementos da oposição libertadora; transpôs o rio Jacuí, no Passo do S. Lourenço, empreendendo a marcha sobre Caçapava.

O levante ocorreu pela madrugada, não havendo luta. Não atacaram nem foram atacados. Força legal não havia para enfrentar os amotinados; foi preciso que de Santa Maria viesse, por estrada de ferro, a 2ª Companhia do 1º Regimento da Brigada Militar, sob o comando do Capitão Pedro Vaz.

Duarte aquela noite, preparou-se penosamente o transporte em caminhões e automóveis requisitados, dos soldados da Brigada, além de um grupo de antigos provisórios de 1923, com Aníbal Loureiro e o Dr. Balthazar Patrício de Bem à frente.

O problema era impedir, rapidamente, que os revoltosos, com a vantagem da iniciativa, se infiltrassem pela campanha, engrossando suas fileiras e perturbando a vida rural.

Na manhã imediata, “o contingente legalista” atingiu ao clarear do dia, o lugar denominado Barro Vermelho (que domina uma vasta região, na qual se encontravam os rebeldes), já haviam feito uma matança do plantel da Fazenda do Dr. Balthazar Patrício de Bem, alí também localizada.

O combate travou-se violento, com prejuízos para os dois lados; entre os outros, tombaram: Fábio Alves Leitão (que atirava de pé, com seu lenço vermelho abanando em cima do muro de um velho cemitério onde estavam entrincheirados os rebeldes) e o Dr. Balthazar Patrício de Bem (que atirava de pé, com seu lenço branco abanando no alto da coxílha do Barro Vermelho).

Cachoeirense, amando com ardor inexcedível a terra gloriosa do seu berço, Fábio Leitão, cavalheiro em todos os atos de sua vida de batalhador intrépido em prol dos mais elevados princípios de justiça, muito labutou em benefício de seu torrão, fazendo do jornal, a tribuna sagrada, onde predicava com inigualável brilho e grande ardor pelo seu maior progresso e engrandecimento.

Durante toda a sua vida de lutador destemido, ele foi um digno expoente dos seus ancestrais e legou aos seus descendentes o maior tesouro que o homem pode adquirir sobre a terra > Trabalho, honra, bondade e devotamento.

Após 27 anos do passamento desse cachoeirense ilustre, aos 11 de dezembro de 1951, o então Prefeito de Cachoeira do Sul, Frederico Gressler, através do Decreto nº 603, conferiu com justiça, a perpetuação de sua memória, denominando de Rua Fábio Leitão (a via pública localizada na Vila Barcelos, chamada então de Rua “D”), que tem seu início na Rua General Câmara (na Sanga das Pedras), em direção SE-NW, situando-se paralela a seis quarteirões da Rua 7 de Setembro.

O 4º Considerando do referido Decreto, destaca que “na luta ingente pela conquista de seu ideal político, Fábio Leitão regou com o próprio sangue a terra do seu berço natal, tombando heroicamente no memorável combate travado no Barro Vermelho, onde se agigantou ainda mais, fazendo com suas idéias retroassem nas plagas verdejantes, lançando aos ventos a semente fecunda dos seus ideais, que germinaram mais tarde, para que o povo Rio-Grandense pudesse colher os frutos de seus ensinamentos de direito e de justiça, pregados através de A Palavra”.

Considerando, finalmente, que cabe ao governo municipal perpetuar a memória daqueles que, pelo trabalho e pelo desprendimento, foram eleitos no coração de nossa gente e cuja lembrança perdura, como bronze imperecível, na alma dos que sabem julgar os intemeratos, os despendidos e os idealistas.

Faleceu aos 37 anos de idade, vítima de hemorragia produzida por ferimento de arma de fogo, no abdome.



LEITÃO,  JOÃO AUGUSTO

Revolucionário

Ferrenho caudilho maragato Major na Revolução Federalista de 1893; revolucionário na campanha de 1923, foi um dos introdutores da orizicultura em Cachoeira.

João Augusto Leitão era casado com Isolina Siqueira Brandão, de cujo matrimônio teve a seguinte descendência:

01 - Ana Brandão Leitão, esposa de Jary Carvalho de Abreu (genitores de João Leitão de Abreu);
02 - . . . Siqueira Leitão, esposa de Carlos Krieger (Caloca) - genitores de Aldo Leitão Krieger;
03 - Floriano Brandão Leitão (1897 / 04-05-1973), famoso orizicultor no Piquirí, que faleceu solteiro, com 75 anos de idade;
04 - Vicente Siqueira Leitão (1898 / 05-09-1969), faleceu com 71 anos de idade e teve os seguintes filhos:
a - Irene Pereira Leitão;
b - Geraldo Pereira Leitão (23-05-1934 / 26-12-2004).

Possuía a “Fazenda Entre Rios”, situada na margem direita do arroio Piquirí, no lugar denominado “Entre-rios” (hoje, a parte norte é propriedade dos sucessores de Edwino Schneider e a parte sul é propriedade dos sucessores de Arno Pohl), tendo as seguintes confrontações:

N - Arroio Piquirí;
S ¬- "Estância do Iruí”, de Carlos Máximo da Silveira (parte dela, a “Fazenda da Laranjeira”, foi herdada pela filha deste, esposa de Luís Carvalho de Aragão);
L - Arroio Iruí, divisa inter municipal (Cachoeira - Rio Pardo);
W - Arroio Piquirí.

Possuía também, a “Fazenda do Bojo” (hoje, Fazenda Porteira 7), pertencente aos herdeiros de José Bonifácio Gomes, que foi seu posteiro de extrema confiança e aquinhoado com esta fazenda, situada na margem direita do rio Jacuí junto à foz do arroio Piquirí e na margem esquerda deste curso d’água, com as seguintes confrontações:

N - Rio Jacuí;
S - Estrada do “segundinho” (alusão à parte oriental do 2º Distrito, do município de Cachoeira);
L - Arroio Piquirí;
W - “Fazenda do Salso”, propriedade dos herdeiros de Ricardo G. Beskow.

Possuía ainda, um enorme prédio que parte dele tem dois pisos na parte frontal, (hoje, é o conhecido “velho sobrado”, que já foi sede do Sindicato Rural de Cachoeira do Sul), localizado na esquina da rua Morón, com a travessa Ramiro Barcellos; essa propriedade foi herdada pelo filho Floriano Brandão Leitão (chefe político do Partido Libertador, no município de Cachoeira do Sul).

Através de Decreto Municipal, o Prefeito de Cachoeira (RS), conferiu com justiça, a perpetuação de sua memória, denominando de Rua João Leitão (a via pública localizada na Vila Barcelos), que tem seu início na Rua General Câmara (na Sanga das Pedras), em direção SE-NW, situando-se paralela a nove quarteirões da Rua 7 de Setembro.



LEMES DA SILVA,  HONÓRIO

General Maragato
O Leão do Caverá

Natural do distrito de Barro Vermelho, município de Cachoeira (RS), nascido aos 23 de dezembro de 1864; filho de Desidério Lemes da Silva e de Emília Alves dos Anjos.

Honório Lemes da Silva (O Tropeiro da Liberdade), era galante e apaixonado; desde os 3 anos morou em Vacacuá (Rosário do Sul); 14 anos de idade, circulou pela região do “Cerro do Caverá” entre os municípios de Rosário do Sul e Santana do Livramento (RS).

Acompanhava seu pai que tropeava gado para o Exército; fez amizade com o Cel. Manoel Machado Soares de quem, cuja filha foi sua primeira esposa.

Na Revolução de 1893, incorporou-se às tropas federalistas do sogro; herdou dele a alcunha de Leão do Caverá, que o Cel. Maneco (nascido naquela região, usara por primeiro).

Passada aquela revolução, migrou com seus comandados para o Uruguai de donde reaparece em 1914, para integrar o diretório de Livramento, do novel “Partido Republicano Democrático” (PRD), por cujas causas pega em armas, na revolução de 1923.

Autor do “Manual de Guerrilhas no Pampa” sua mitologia foi gestada antes de tudo, por sua coragem pessoal quase imprudente, capaz de lançar a si a sua cavalaria contra um ninho de metralhadoras.

Se a coragem pessoal produziu o mito, a agilidade guerrilheira do Cel. Honório em seu chão bem conhecido, o “Cerro do Caverá” tornou quase imbatível sua fama, que ofuscou até o sentido histórico do principal líder da revolução, Assis Brasil e, o próprio propósito político de 1923.

Em algumas narrativas, a revolta armada contra o governo de Borges de Medeiros, aparece mais como uma guerra pessoal do Leão do Caverá.

Segundo narra o conceituado historiador Ivo Caggini, em seu recente livro “Honório Lemes da Silva - Um Herói Popular” > que havendo no Alegrete (RS), uma grande concentração de forças maragatas, somando mais de um mil homens, comandada por vários coronéis, houve a necessidade de elegerem um comando único, por promoção de um deles a general.

Conforme o mesmo autor, o nome mais indicado recaiu no Cel. Honório Lemes da Silva que era dotado de grande capacidade de liderança, apesar de ser um gaúcho rude; como havia certas divergências entre os vários comandantes revolucionários, quanto à escolha, consultaram o Gen. Fábio Patrício de Azambuja > comandante da Divisão do Exército, que além de correligionário, nutria profunda simpatia pelo movimento sedicioso; este general sugeriu o nome do Cel. Honório Lemes da Silva para o alto posto que, segundo afirmara > era, entre eles o mais capaz, para assumir esse comando.

Assim, o Cel. Honório Lemes da Silva foi aclamado general comandante em chefe da “Divisão do Oeste” abrangendo a área dos municípios de Rosário do Sul, Quaraí, S. Francisco de Assis, Uruguaiana, Itaquí e S. Borja (RGS).

Passada a “Revolução de 1993” e a assinatura do “Tratado de Paz de 1923” > Honório Lemes da Silva não abandonou nem as lutas e nem a política; em 1924 e 1925, esteve entre os que tomaram em armas contra o governo do Presidente Artur Bernardes.

Preso por sua ação revolucionária e solto em 1927, volta à vida que aprendeu desde gurí > tropear.

Casado três vezes e pai de sete filhos, como a grande maioria dos grandes líderes revolucionários de então, morreu pobre e tuberculoso, às 23 horas do dia 30 de setembro de 1930, em Rosário do Sul, Diocese de Bagé - três dias antes da revolução, da qual participaria (pois desde 1929 apoiava a candidatura do Dr. Getúlio Dorneles Vargas à Presidência da República do Brasil).

A história que falta escrever se resume a um par de linhas, em placa de rua que a cidade de Cachoeira do Sul continua a dever a Honório Lemes da Silva - O Leão do Caverá, com tardia memória de suas façanhas.



LIMA,  JOAQUIM LUÍS DE

Barão de Inhanduí

Foi grande fazendeiro e Coronel da Guarda Nacional.

Recebeu o título em 1884, de D. Pedro II.



LIMA,  JOSÉ THOMAZ DE

Militar

Nasceu no Rio Pardo (RS), e faleceu na cidade de Porto Alegre, em 1798; foi casado com Helena Marques de Sampaio, de Viamão (RS).

José Thomaz era Capitão das forças coloniais portuguesas; seu pai era o Capitão Domingos Thomaz de Lima, natural de Portugal e sua mãe chamava-se Francisca Josefa da Maia, natural do Rio de Janeiro (RJ); Domingos Thomaz de Lima, faleceu em Porto Alegre (RS), em 1781, com 64 anos de idade.

Entre os filhos de José Thomaz de Lima conta-se um de nome José Thomaz de Lima Filho, que nasceu em 1796, em Porto Alegre e faleceu em 1852, no Rio de Janeiro.

José Thomaz de Lima Filho foi administrador da Colônia de S. Leopoldo (RS), recebeu o título de “Comendador” - tendo também o posto de Capitão e era casado com Maria Angélica Fontoura (filha do Brigadeiro Antônio Pinto da Fontoura), riopardense viúva do Capitão de Dragões Francisco de Borja de Almeida Côrte Real, natural de Portugal.

José Thomaz de Lima teve um neto, chamado José Thomaz de Lima Júnior (doutor, falecido no Rio de Janeiro).



LISBOA SALDANHA,  ANTONIETA
Pedagoga 


Natural do Rio Pardo (RS), filha de Henrique Saldanha de Figueiredo e de Palmira Lisboa.

Cursou o “Colégio Amaral Lisboa” no Rio Pardo (RS), dirigido por suas tias Ana Aurora do Amaral Lisboa e Zamira do Amaral Lisboa.

Aos 15 anos, já se dedicava ao magistério particular, que exerceu por vários anos, primeiramente no Rio Pardo (RS) e mais tarde em Caxias (RS), para onde transferiu residência, acompanhando sua família.

Adotou o método pedagógico do “Colégio Amaral Lisboa” aplicando-o com fidelidade em seu estabelecimento, a que deu o nome de “Colégio Lisboa Saldanha”.

Desde a infância interessou-se pelas obras de filantropia - organizando festivais, coletas, etc. em benefício dos necessitados e bem assim destinando a tal finalidade o produto do seu labor intelectual.

Foi fundadora do “Hospital N. S. do Rosário de Pompéia” e secretária da “Associação Damas de Caridade” também de Caxias (RS), tendo recebido da última, várias homenagens, tanto em vida como post-mortem.

Além das poesias patrióticas que constam de “Rimas sem Metro” (poesias, cujo produto reverteu em benefício do hospital acima citado) e “Flores do Pampa” (poesias, obra póstuma) escreveu monólogos, diálogos, alegorias, etc., sendo relembradas, especialmente em Caxias, as festas com que comemorava as datas nacionais; constavam os programas, geralmente de pequenas peças de sua autoria, números de canto e apoteose, tudo de evocações e incitamentos ao patriotismo e eram desempenhados exclusivamente por seus alunos.

Colaborou em diversos jornais e revistas, entre os quais O Rosicler (do Rio Pardo), que teve como redatora a brilhante intelectual e inspirada poetisa Natércia Cunha, da Academia Feminina do RGS e redatora da revista Atenéia.

Foi redatora do jornal O Incôndito (do Rio Pardo), sendo diretor-gerente e assíduo colaborador seu mano Odorico Saldanha.

Antonieta era uma riopardense de fino ornamento social, de trato suave e acolhedor, dotada de excepcionais dotes de coração, como de beleza física rara, que lhe granjeou o 1º Prêmio no concurso de beleza, promovido em 1920, em Caxias (RS), cujo produto reverteu, também em benefício do hospital acima citado.

Deixou Caxias (RS), em 1922, quando contraiu núpcias com o Dr. Hermelindo de Barros Lins, então chefe da locomoção da VFRGS, mas, que logo após foi nomeado “Diretor da Estrada de Ferro do Ceará” para onde transferiu residência.

Depois, foi transferido para o Rio de Janeiro (RJ), onde teve elevado cargo na “Estrada de Ferro Central do Brasil”; ali faleceu Antonieta Lisboa Saldanha, em novembro de 1949, deixando como descendentes: Maria Lins, esposa do Dr. Luíz Henrique Alves da Cunha advogado naquele foro e membro da Academia de Letras de Petrópolis (RJ) e um filho do casal > Luíz Henrique Lins.



LISBOA,  ÁLVARO

Poeta

Álvaro Lisboa nasceu aos 03 de junho de 1882 e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 20 de janeiro de 1939.

Sua obra ficou esparsa, sabendo-se que deixara preparado dois livros: Poesias e Urtigas e Carrapichos (versos satíricos).



LOBATO VELHO LOPES,  RITA

Médica

O Prof. Alberto Silva, ilustre historiador baiano, publicou em 1954 interessante trabalho no qual reivindica para a Drª Rita Lobato Velho Lopes, diplomada em 1887 pela Faculdade de Medicina da Bahia, a prioridade de ter sido a primeira médica do Brasil. Mulher de rara inteligência, enfrentou galhardamente os preconceitos sociais da época, diplomando-se em medicina aos 10 de dezembro de 1887.

Durante muito tempo, refere o Prof. Alberto Silva, a mulher lutou tenazmente para alcançar o direito, hoje natural e justo, de exercer a profissão médica. Havia certa intransigência ambiente, uma notória relutância em se conceder à mulher o direito de profissão médica.

A questão da primeira médica do Brasil - diplomada em medicina por uma faculdade brasileira suscitou grande controvérsia, notadamente no Distrito Federal, em Salvador e em Porto Alegre. No entanto, devemos referir que a primeira mulher brasileira formada em medicina foi a Drª Maria Augusta Generoso Estrela, tendo concluído o curso nos Estados Unidos, aos 29 de março de 1881. Em 1882, voltou ao Brasil, sendo seu primeiro gesto o de agradecer ao Imperador D. Pedro II os múltiplos favores dele recebidos. Depois, cuidou de revalidar o seu diploma na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, a fim de poder clinicar.

A Drª Rita, era natural de Pelotas (RS), deixou a terra natal rumo à Côrte, acompanhada do pai Francisco Lobato Lopes, de quatro irmãos e de três escravos. Assegurada a sua matrícula no primeiro ano do curso médico (naquela época não havia vestibular), com 17 anos, Rita Lobato Velho Lopes ingressava na velha Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, naquela época dirigida por Vicente Cândido Figueira de Sebóia - Barão e depois Visconde de Sebóia, naquela época o grande reformador do ensino médico.

Ao ingressar na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rita Lobato, como era assim chamada, já encontrava outras companheiras de curso, Ambrosina Magalhães, Augusta Castelões Fernandes e Eliza Borges Ribeiro.

Obrigada a transferir-se para a Bahia, fez em quatro anos um curso médico que era de seis. Desembarcando em Salvador aos 14 de maio de 1885, numa quinta-feira, já na segunda-feira imediata, 18 do mês citado, Rita Lobato ingressava na segunda série do curso médico da tradicional escola do Terreiro. Pouco tempo depois, requer exames das cadeiras do segundo ano. No prazo de um ano, cursou e concluiu a 2ª e 3ª séries.

Aos 10 de julho de 1885 requer inscrição na quarta série médica, estudando todas as suas matérias, com aquele seu conhecido entusiasmo. Três meses após, requer a jovem gaúcha exames das cadeiras do 4º ano médico. Já quintanista, com setenta dias de curso intensivo, encontra-se habilitada e aos 08 de agosto de 1887 inscreve-se na sexta série.

Como TESE de doutoramento, apresentou o trabalho Paralelo entre os métodos preconizados nas operações cesarianos, aprovados com distinção.

Em Porto Alegre, iniciou suas atividades profissionais. Aos 18 de julho de 1889, seguiu para Jaguarão, onde se casou com seu primo Antônio Maria.

Viajando para a Argentina, volta depois a Porto Alegre, onde exerce ativamente a profissão, encerrando sua atividade aos 59 anos. Militando na política, é eleita vereadora na cidade de Rio Pardo, onde então residia, já septuagenária.

O livro publicado pelo Prof. Alberto Silva, com farta documentação, é, conforme os desejos de seu ilustrado autor, uma empresa de honesta reabilitação histórica, mostrando de modo irrefutável que a 1ª Médica formada numa faculdade brasileira chamou-se > Rita Lobato Velho Lopes, que recebeu seu Diploma na Faculdade de Medicina da Bahia, aos 10 de dezembro de 1887.

COLABORAÇÃO DO AMIGO:  Frâncico Caldas - em 08 de dezembro de 2006.



LOBO DA COSTA,  FRANCISCO

Poeta

Nasceu em 1853, num julho de intenso inverno, em Pelotas, na mesma cidade onde morreu, ao relento, sob as estrelas impassíveis, num julho de inverno rigoroso, no ano redentor de 1888.

Francisco Lobo da Costa é talvez o poeta mais popular do Rio Grande do Sul. Explica-se, nesse desventurado boêmio o verso era um rebento espontâneo.

Se lhe perguntassem por que faz versos?

Lobo da Costa poderia responder, com a pergunta:

Por que cantam os passarinhos?

Naturalmente. O canto nasceu com eles. É mesmo a sua única linguagem. Por isso, a poesia de Lobo da Costa pode ser comparada às campânulas, às flores do campo que, nascidos em terreno mais culto teria dado talvez um formoso Campo de Flores, o livro que fez de João de Deus o maior lírico português do seu tempo.

Mas Lobo da Costa era o bardo rústico que, no Parnaso rio-grandense, àquele tempo, se poderia comparar ao sabiá da praia, gorjeando sobre um galho florido de laranjeira, sob o luar sedoso ou na poeira de ouro das encantadoras tardes gaúchas.

Seu verso saía como saía, nem sempre ritmado, nem sempre com a toalete métrica dentro da medida, mas melodioso e, até empolgante, pelo sentimentalismo de que era revestido. Nada de imagens para armar o efeito, nem de rimas difíceis, nem de gongorismos nem de parnasianismos, nem de nefelibatismos.

Coitado! A época em que ele versejou, ainda essas flores exóticas não eram cultivadas na botânica da poesia rio-grandense.

Tinha doze anos apenas, quando se deu a rendição de Uruguaiana. Publicou, entro na cidade do Rio Grande, a sua primeira poesia: uma ode à vitória das armas brasileiras.

Depois, à maneira dos rapsodos medievais, que saíam pelas estradas a cantar as suas trovas e romances, Lobo da Costa andava pelas tavernas, pelas repúblicas, pelas ruas, a recitar os seus versos. É por isso, o mais popular dos bardos rio-grandenses. Não se pense, por isso, que o mavioso poeta pelotense não saíra da sua cidade natal. Não.

Lobo da Costa foi um inquieto boêmio e, como boêmio, um ser errante, um espírito vagabundo que se comprazia em andar, borboletear, viajar.

Em 1869, em Florianópolis fundou o jornal “Castália” e assim, em 1872 vemo-lo em S. Paulo, cursando o 1º ano da Faculdade de Direito. Lobo da Costa, porém, não era feitio a mergulhar nas Pandetas nem no Direito Romano e, já em 1875, vamos encontrá-lo no exercício do cargo de oficial de gabinete da Presidência de Santa Catarina.

Passou por aí de relance. Pode-se dizer que foi um simples acidente de sua viagem de regresso de S. Paulo, para Pelotas. De novo nessa cidade, prosseguiu ele na sua vida de boêmio e de imprensa, com fugas mais ou menos prolongadas pelo Rio Grande, Jaguarão, D. Pedrito e Porto Alegre.

Nesta última cidade, Lobo da Costa redigiu a “Tribuna do Menezes”, um hebdomadário rubro, de ataque pessoal, de difamação de afronta à sociedade, que acabou por ser incendiado.

Depois de ter andado peregrinando por outras localidades da província, Lobo da Costa regressou à sua cidade natal.

Aí enfermou. Foi recolhido à Santa Casa, onde o tratavam com um carinho; mas o incorrigível boêmio, sentindo a atração da rua, fugiu do hospital uma tarde. No outro dia, 09 de julho de 1888, foram encontrá-lo morto, num valo, quase nú. Morrera de enregelação.



LOBO  D'EÇA,  MANOEL DE ALMEIDA DA GAMA

Barão de Batoví com grandeza

Manoel de Almeida da Gama Lobo d’Eça era brasileiro nato, filho do Coronel Manoel de Almeida Coelho (português) e de Maria Isabel d’ Almeida Gama (catarinense), filha do Capitão-general José Maria de Almeida Lobo Coelho de Albuquerque da Gama d’Eça e de Maria Joaquina da Conceição; sendo sobrinho do “Barão de Saican”.

Casou com Ana Luís Pereira “Baronesa de Batoví”, falecida em São Gabriel (RS), aos 09 de dezembro de 1901.

Marechal-de-campo, prestou relevantes serviços à sua Pátria, durante a Campanha do Paraguai e em atenção aos seus méritos, foi agraciado com o título de Barão de Batoví, por Imperial Decreto de 08 de abril de 1879.

Em 1883, depois da Guerra do Paraguai, foi nomeado Presidente da Província do Mato Grosso; em vista dos excelentes serviços que continuou a prestar, foi elevado à Barão com grandeza, sob a mesma denominação, por Imperial Decreto de 28 de agosto de 1889.

Era Grande do Império do Brazil, Comendador da Imperial Ordem de São Bento de Aviz, Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro e Comendador da Imperial Ordem da Rosa, além de ser condecorado com as medalhas de campanha do Estado Oriental, em 1852, a Geral da Guerra do Paraguai e a do Mérito Militar.

Teve somente um filho, chamado Alfredo de Almeida da Gama Lobo d’Eça, que foi assassinado sobre o cadáver do seu ilustre pai.

O Barão de Batoví era Marechal do Exército Brasileiro, foi barbaramente assassinado pelas tropas de Floriano Peixoto, na Fortaleza de Santa Cruz, em Santa Catarina, em abril de 1894.



LOPES DE ALMEIDA,  DALY

Veterinário

Natural do Rio Pardo, nascido aos 24 de junho de 1899; filho de Dario Lopes de Almeida e de Maria José Silveira - troncos de ascendência ilustre e descendentes que se incorporaram à história local, de maneira pela qual seus respectivos nomes serão honrados e lembrados.

Daly era irmão de Homero, casado com Carolina Petrazi; de Peteriano, casado com Paquita Freitas; de Diva, casada com José Saldanha Ferreira; Ilha, casada com Dante de Laytano; Regina, casada com o Dr. Oscar Daudt (Delegado de Polícia, Diretor da VFRGS, Presidente da Federação Rural, e Prof. da Escola de Agronomia).

Formou-se no estrangeiro, tornando-se um profissional de notável saber; participou com destaque no quadro do magistério superior do RGS.

Casou-se com Sara Rosa, de tradicional família, filha do Dr. Normélio Rosa e de Maria José Pereira Machado, tendo três filhos:

01 - Cláudio, veterinário que foi Diretor da Coop. Pastoril do Rio Pardo;
02 - Rubem, engenheiro agrônomo que foi Diretor da Coop. Agrícola do Rio Pardo;
03 - Maria Luiza, normalista formada em Porto Alegre (RS).

Daly ingressou na Universidade Federal do RGS, por concurso que o fez brilhante, para a Escola de Agronomia e Veterinária, onde teve destacada atuação científica; pertenceu a numerosas comissões de pesquisa, foi membro do Conselho Universitário, publicou vários trabalhos que realizou e era também formado pela Universidade de La Plata (Argentina), onde se doutorou com significativas notas, pois, dominava o espanhol e conhecia diversos idiomas, tendo uma magnífica formação humanista.

Daly, além de adiantado ruralista do Rio Pardo, cuja fazenda não só teve importante papel histórico, como foi pioneira em numerosas atividades numa pecuária altamente desenvolvida, também se distinguindo com inteligente investigador na genealogia; dedicara-se nos últimos anos de sua vida ao estudo das famílias rio-grandenses, juntamente com seu colega Jorge Godofredo Felizardo, fazendo magníficos levantamentos nos arquivos.

Daly, foi redator do “Boletim Bibliográfico da Biblioteca Central da UFRGS”, em 1944; membro do Conselho Técnico e Administrativo da Faculdade de Agronomia e Veterinária, de 1953-1956; fazendeiro no município do Rio Pardo; Genealogista do Instituto Rio-grandense de Estudos Genealógicos.

Alguns de seus trabalhos:
01 - Tratamiento de las Supuraciones del Caballo por la Autovacuna -
Buenos Aires, 1919;
02 - Los Estridos Sud-Americanos: su Estudio Natural y Médico - 1919 e 1920;
03 - Da Everminação Terapêutica do Cão (tese para catedrático), Porto Alegre, 1939;
04 - Dopping: seu diagnóstico e Repressão (aula inaugural dos cursos de Agronomia e Veterinária), Porto Alegre, 1940;
05 - Do Garrotilho: Conceitos e Preconceitos (Revista de Agronomia, nº 32), Porto Alegre, 1940;
06 - As Injeções Anestésicas no Diagnóstico das Claudicações (Boletim Veterinário), Porto Alegre, 1940;
07 - Profilaxia e Tratamento das Miases Cutâneas (Agronomia e Veterinária, nº 10), Porto Alegre, 1940;
08 - Fenotiazina (Boletim de Agronomia, nº 115), Porto Alegre, 1946;
09 - Atosforose Bovina, Porto Alegre 1950.

Faleceu em Porto Alegre (RS), no 1º de outubro de 1961.



LOPES DE ALMEIDA,  DARIO

Fazendeiro

Dario Lopes de Almeida nasceu na Encruzilhada (RS), aos 02 de novembro de 1866; foi batizado em São Jerônimo (RS), num 1º de setembro de 1868, sendo padrinhos Galdino Francisco de Almeida e sua esposa Francisca Pereira.

Dario era filho de Miguel Lopes de Almeida (filho de Mariano Lopes de Almeida e de Delfina Lopes de Moura), natural do Rio Pardo (RS) e de Jerônima Pereira Gomes, natural de São Jerônimo (RS), que casaram às seis horas da tarde do dia 13 de outubro de 1858, sendo padrinhos-testemunhas João Antônio de Azevedo e Manuel de Abreu e Silva e padrinhos de Jerônima no batismo, Jerônimo de Almeida e Laurindo Antônio da Luz - realizado pelo padre Januário Francisco Fagundes de Souza.

Miguel e Jerônima tiveram ainda, os seguintes filhos (irmãos de Dario):

01 - Francisco, nascido na Encruzilhada (RS), aos 11-06-1860 e batizado na Igreja Matriz de São Jerônimo (RS), a 01-01-1862 - tendo por padrinhos Mariano Lopes de Almeida e Delfina Lopes de Moura (seus avós paternos);

02 - Sesinanda, nascida na Encruzilhada (RS), aos 16-07-1864 e batizada na Fazenda de Jerônimo Francisco de Almeida, aos 22-11-1864 - tendo por padrinhos José Pereira Gomes, solteiro e Delfina Lopes de Moura (sua avó paterna);

03 - Donário, nascido nas Pontas do Arroio Capivari, Encruzilhada (RS), aos 10-03-1869 e batizado em São Jerônimo (RS), aos 02-03-1870 - tendo por padrinhos Antônio Simões de Lima e sua mulher Antônia de Almeida;

04 - Delfina, nascida nas Pontas do Arroio Capivari, Encruzilhada (RS) e foi batizada na Igreja Matriz de São Jerônimo (RS), aos 07-04-1872;

05 - Cecília, nasceu no município de Encruzilhada (RS), aos 24-01-1874 e foi batizada na Encruzilhada (RS), aos 07-05-1874 - tendo por padrinhos Belarmino Pereira Gomes e Rita Francisca Centeno;

06 - Francisca (Sinhasinha), nasceu nas Pontas do Arroio Capivari, Encruzilhada (RS) e foi batizada em São Jerônimo (RS), aos 22-04-1877 - tendo por padrinhos Ismael de Souza Nunes e sua mulher Clara Lopes de Almeida.

Dario Lopes de Almeida casou com Maria José Silveira Franco, nascida o Capivari, Rio Pardo (RS) > filha de José Antônio da Silveira Franco e de Eugênia Amália de Souza (ambos naturais do Rio Pardo). A cerimônia aconteceu no Capivari, Rio Pardo (RS), aos 28-06-1891 e deste casal nasceram os seguintes filhos: Homero, Diva, Daly, Ilha, Peteriano e Regina.

Dario foi uma personalidade do Rio Pardo, onde viveu e lhe nasceram seus filhos, tendo desempenhado funções na vida da comuna.

Suas fazendas > do Espinilho, São José, das Pombas - e seus vários campos, como o - de João Grande, Cruz Alta - não só o transformaram num dos mais notáveis fazendeiros da região, mas ele fez da pecuária um condicionamento econômico de renovação e pioneirismo.

Seleção de raças de gado, introduziu novos tipos de animais, suas estâncias eram modernas e adaptaram-se ao que havia de mais adiantado em desenvolvimento genético.

Da construção, cuidado do gado, as invernadas, etc., tudo lhe merecia uma atenção e dedicação renovada, quebrando a rotina e o espírito conservador, partindo para novas maneiras.

Foi também, um dos pioneiros da cultura do arroz no Rio Grande do Sul; suas propriedades residenciais chegavam a ter jardins e pomares, o que ainda era novidades na vida do campo.

A estância para Dario, não foi somente um estabelecimento de renda, mas uma atividade de progresso impulsionando a evolução dos negócios agropecuários, com a inteligência.

Novas raças de gado e plantio dos arrozais, foram iniciativas suas na região do Rio Pardo; trouxe com o Dr. Balthazar Patrício de Bem e outros abnegados amigos do progresso, a indústria saladeira do sul do estado, para o centro do RGS.

Escolhido Diretor da Xarqueada do Paredão, em Cachoeira, Dario emprestou a colaboração de seu dinamismo na valorização dos negócios da carne.

Eleito Conselheiro Municipal da Câmara Municipal do Rio Pardo, deu começo a uma carreira política que se mostrava promissora; são muitos os projetos que apresentou na defesa da produção e da gente das fazendas, transformação e enriquecimento da cidade do Rio Pardo, infelizmente, uma doença dos olhos lhe tirou a visão, falecendo cego.

Antes da moléstia, residindo em Porto Alegre, sua presença se fazia notar até na assinatura fixa de um camarote para a família, no Theatro São Pedro, com a finalidade de assistir os grandes espetáculos de ópera e das famosas companhias e concertistas célebres que vinham à capital gaúcha.

Ainda foi dos primeiros a possuir automóvel, seu LINCOLN escuro que se tornou modelo de bom gosto; seu pioneirismo o levava, invariavelmente, às atitudes mais decisivas, como o de apreciar os belos carros de passeio e poder participar permanentemente dos magníficos acontecimentos, espetáculos de arte.

Educador de sua família, ele foi um exemplo de amor aos seus, ao próximo e à comunidade.

Faleceu em Porto Alegre (RS), aos 29 de maio de 1949, com 83 anos de idade, legando uma tradição que vinha das velhas estirpes açorianas, dos troncos portugueses e dos antepassados quinhentistas que sua árvore genealógica os trazia também de diversas partes do Brasil, até mesmo da civilização indígena; e Rio Pardo foi uma constante em sua vida exemplar.



LOPES DE ALMEIDA,  MIGUEL
Fazendeiro

Miguel Lopes de Almeida natural do Rio Pardo (RS), onde nasceu aos 22 de fevereiro de 1832 e faleceu em 1896.

Casou-se aos 13-10-1858, com Jerônima Pereira Gomes, nascida em São Jerônimo (RS), aos 03-09-1834; filha de Tomaz Pereira Gomes nascido em Santo Amaro (RS), aos 15-03-1799 e de Ana Maria da Silva nascida em Santo Antônio da Patrulha (RS), neta paterna de José Pereira Gomes nascido em Viamão (RS) e de Maria Rodrigues Cardoso, batizada na vila do Triunfo (RS), aos 16-11-1768; e neta materna de José Antônio da Silva nascido na freguesia de Santo Antônio (SC) e de Francisca Maria Vieira nascida em Santo Antônio da Patrulha (RS).

Deste casamento Miguel-Jerônima, nasceu um casal de filhos:

01 - Francisco, nascido na Encruzilhada (RS), aos 11-06-1860, 
batizado no 01-01-1862, em São Jerônimo (RS);

02 - Sezinanda, nascida na Encruzilhada (RS), aos 16-07-1864,
batizada aos 22-11-1864, na Fazenda de Jerônimo Francisco de Almeida e de Dario Lopes de Almeida.



LYA FETT LUFT
Pedagoga e Escritora

Lya Luft nasceu em Santa Cruz do Sul (RS), aos 15 de setembro de 1938; filha de Dª Wally Neumann Fett e do Dr. Arthur Germano Fett.

Em 1953, passa sua infância e parte da adolescência em Stª Cruz do Sul; estuda em vários colégios. Conclui o ginásio no Colégio Mauá, nesse mesmo ano.

Em 1954, desiste em setembro de continuar cursando o 1º Científico, pois suas notas não eram estimulantes.

Em 1955, cursa a Escola Normal, em Porto Alegre, interna no Colégio Americano.

Em 1957, volta à terra natal, pois sente muita saudade da família. Lá conclui a Escola Normal do Colégio Sagrado Coração de Jesus.

Em 1958, passa residir definitivamente em Porto Alegre. Resolve cursar Pedagogia, seguindo a orientação de seu irmão Otão, na época Reitor da PUC-RS, que lhe deu esse conselho depois de rir de sua afirmativa: Não sirvo para nada, não sei o que estudar.

Em 1960, Lya Luft prossegue em busca de seus caminhos. Inquieta e liberta, seus pensamentos são vários. Muitas coisas acontecerão transformando sua vida. Passa a ser Lya Fett Luft.


SUA FORMAÇÃO E OBRAS

Em 1960, conclui o Curso de Pedagogia e inicia o Curso de Letras;

Em 1962, forma-se em línguas Anglo-Saxônicas; é premiada no Concurso Estadual de Poesias e tem sua obra, CANÇÕES DE LIMIAR;

Em 1963, casa-se com Celso Pedro Luft; escreve crônicas no jornal CORREIO DO POVO de Porto Alegre; começa a traduzir pra Editora Globo;

Em 1965, nasce Susana (primeira filha do casal);

Em 1966, nasce André;

Em 1969, nasce Eduardo; assume o cargo de Professora de Lingüística, na Faculdade Porto-Alegrense de Ciências e Letras;

Em 1972, publica seu segundo livro de poemas, FLAUTA DOCE;

Em 1973, morre seu pai - Minha vida se dividiu ao meio; com ele perdi minha infância!

Em 1974, traduz a obra ANESTESIA LOCAL (de Günter Grass);

Em 1975, conclui o Mestrado em Lingüística, na PUC-RS; traduz a obra O ROMANCE DE TRÊS VINTÉNS (de Berlot Brecht); traduz ainda as obras VIRGÍNIA WOOLF, DORIS LESSING, HERMANN HESSE, RILKE.

Em 1977, sofre um acidente de carro quase fatal;

Em 1978, conclui o Mestrado em Literatura Brasileira, na UFRGS; publica, pelo Instituto Estadual do Livro, uma coletânea de crônicas, intitulada MATÉRIA DO COTIDIANO;

Em 1980, publica AS PARCEIRAS PELA NOVA FRONTEIRA;

Em 1981, publica  A ASA ESQUERDA DO ANJO (romance);

Em 1982, publica  REUNIÃO DE FAMÍLIA (romance); viaja à Alemanha como convidada especial, juntamente com Antônio Coelho, Autran Dourado e Luís Fernando Veríssimo - pra participar da Feira do Livro de Frankfurt.

Em 1983, recebe o Prêmio Érico Veríssimo, outorgado pela Câmara Municipal de Porto Alegre; estréia da sua peça  REUNIÃO DE FAMÍLIA.

Em 1996, publica e lança o livro O RIO DO MEIO.


Palavras de Lya Luft

 Pra mim a vida é mais importante que a Literatura.

 Eu era uma criança inquieta, perturbava as aulas, fazia perguntas demais.



. . . continua . . .



FIM



NOTA:  Se você tem conta no "gmail" - eu gostaria de ter o seu comentário no espaço apropriado logo abaixo.  
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  2. Olá! Você tem meias informações sobre o poeta Nilo Fernandes Barbosa? É para minha dissertação de mestrado! Desde já agradeço, Ellen.

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