segunda-feira, 14 de setembro de 2009

GAÚCHOS ILUSTRES < P-R >

GAÚCHOS  ILUSTRES  - P-R -


. . . continuação . . .


PACHECO,  ESTÁCIO JOSÉ

Pedagodo

Estácio José Pacheco nasceu aos 05 de março de 1880, em Rio Pardo (RS), sendo professor na sua cidade natal e em Porto Alegre.

Estácio foi poeta e deixou poesias de caráter simbolistas, esparsas nos jornais e revistas; não publicou livro mas, reuniu sua produção poética num volume que chamou de Post-mortem.

Estácio foi funcionário público da Prefeitura de Porto Alegre (RS).



Padre CHAGAS  - 

Sacerdote

Francisco das Chagas Martins Ávila nasceu em 1788; descendente de casais d’El Rei que povoaram Rio Pardo. O Pe Chagas teve importante atuação na revolução farroupilha.
Representou Rio Pardo no Conselho de Procuradores Gerais dos Municípios e foi Deputado à Constituinte Republicana dos revolucionários de 1835.
Antes, tinha sido eleito Deputado à Assembléia Provincial. Foi o Vigário Apostólico da Igreja Católica, na República Rio-Grandense.
Era alto, magro, com a pele encarquilhada e amarelada como uma múmia. Tinha, entretanto, no rosto uma expressão de infinita bondade.
Passava por um grande gramático e exímio latinista. Apesar de todo o peso dos anos, ainda encontrava uma delícia nos velhos clássicos romanos.
Nos momentos de ócio, nas horas de descanso que lhe davam os alunos, descia ao quintal, ia ver as figueiras, as laranjeiras e as parreiras, que imprimiam à sua vivenda um risonho aspecto de bosque.
As frutas do Pe. Chagas gozavam de grande reputação naqueles tempos, tinham um gostinho especial, eram doces como torrões de açúcar.
No estio, na época da maturação, o velho sacerdote buscava por todos os meios afugentar os passarinhos que vinham ao pomar prejudicar a colheita das frutas, como se eles tivessem capinado e regado com carinho os pés das árvores.
Às primeiras barras do dia, aparecia entre o arvoredo o vulto esguio do padre, com o seu chapéu de palha de abas largas e o seu casaco de brim pardo; era o espantalho dos passarinhos gulosos, que conheciam por experiência própria a doçura das frutas saborosas.
À proporção que as frutas iam amadurecendo, o padre-mestre não se esquecia dos amigos e vizinhos; dava uma cestinha para um, para outro uma salva e, assim contentava a todos.
Apesar, porém, de todas as suas liberdades, os gatunos se julgavam com direito às frutas do Pe. Chagas. Já que não eram contemplados na distribuição dos presentes, vinham buscar a parte que lhes deveria tocar.
Uma noite escura como breu, às horas mortas, o padre-mestre ouviu um ruído estranho no pomar. Parou em meio de uma “ode de Horácio” fechou o livro e veio à janela que deitava para o quintal.
Compreendeu tudo. A sua propriedade fora invadida. Dois “gambás bípedes" devastavam as suas parreiras e disse em voz alta:
“Meus amigos, esperem um pouco, não vão cair . . . ”
Momentos depois, aparecia na moldura da janela, com uma vela acesa na mão, a figura do Pe. Chagas, como se fosse um espectro assombroso, repetindo em voz trêmula:
“Não vão cair . . . ” (repetia ele, com vivo interesse de uma alma benfazeja).
Faleceu em Porto Alegre (RS), aos 17 de março de 1865.
FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 133-138 - Othelo Rosa



Padre LUIZ PINTO

Sacerdote

Luiz Pinto nasceu na cidade de Porto Alegre (RS), em 1841 e faleceu em S. Jerônimo (RS), em 1905; foi uma das mais belas figuras do clero brasileiro.

Estudou no antigo seminário fundado pelo saudoso bispo D. Feliciano e foi um dos discípulos do peito do grande padre mestre Santa Bárbara.

Logo que se ordenou, foi nomeado vigário da vila de S. Jerônimo e aí se conservou até aos últimos dias de vida. Só estava bem no meio do seu rebanho, com os seus hábitos modestos, com a sua pobreza voluntária.

Mais de uma vez o conselheiro Gaspar Martins insistiu com ele para aceitar o governo de uma diocese; todas as investidas neste sentido foram em pura perda.

Fôra para S. Jerônimo no verdor dos anos e aí envelheceu, cercado da estima e do respeito de todos. Não tinha outra aspiração que não fosse morrer ali, onde passara quase a vida inteira, cuidando com desvelado carinho, das suas ovelhas.

O homem é como a árvore; apega-se ao solo e só a morte, como o tufão, tem o poder de o eliminar do meio onde afundou as suas raízes.

Tudo para ele estava circunscrito às raias da sua pobre freguesia. Os parcos recursos que aí ganhava davam-lhe de sobra para a sua modesta subsistência e desse pouco que recebia, ainda repartia com os mais necessitados do lugar.

Numa época de egoísmo, em que cada um procura viver só para si, indiferente às desgraças dos outros, cumpre realmente pôr em evidência as almas boas que passam pelo mundo dando os mais belos exemplos de abnegação e desprendimento.

Podia ter morrido com todas as honras de um príncipe da Igreja, podia ter acumulado uma fortuna durante os quarenta anos do curato; entretanto, desceu ao túmulo humilde e pobre como para ali fora. A sua vida inteira bem pode servir de espelho a outros sacerdotes, que por ai andam em verdadeiro antagonismo com as idéias de Jesus.

O padre Luiz Pinto, apesar da obscuridade em que viveu, naquele re¬canto, há de ser sempre lembrado pelas suas raras e grandes virtudes. Não passou por ali como um meteoro. Com pouco mais de vinte anos foi nomeado vigário de S. Jerônimo e alí acabou seus dias, sem ambições, entre os seus livros, procurando sempre fazer o bem.

Tinha dotes de orador e, quando subia à tribuna, deixava no auditório a mais doce impressão. O que mais encantava nas suas práticas e sermões era a singeleza da frase, que brotava espontânea do seu grande e generoso coração.



Padre SANTA BARBARA

Sacerdote

Segundo Aquiles Porto Alegre > o Padre João Santa Bárbara nasceu em 1800, na cidade de Rio Grande, que era, então um povoado quase sem importância, apresentando, nas suas modestas habitações, os estragos das invasões dos maus vizinhos.
Era um belo exemplar de sacerdote meridional. Dedicou-se ao serviço da Igreja, tornando-se com o correr dos anos, um sacerdote ilustre pelas virtudes e vasta erudição.
Consagrou-se igualmente à vida do magistério, lecionando diversas disciplinas, com extraordinária competência.
Tinha muita facilidade de expressão e quando estava diante de sua classe, expondo um ponto, possuía-se tanto do seu papel, que arrebatava os alunos com os rasgos de eloqüência e depois, tinha ainda a seu favor o aspecto físico; era de elevada estatura, cheio de corpo, rosado com a curva de uma calva que vinha lhe nascen¬do. Andava sempre aprumado, passo cadenciado, sabendo com graça e elegância, traçar a capa de seda preta sobre o largo ombro de granadeiro.
Quando o Brazil ainda estava sujeito à metrópole, representou o nosso país nas cortes de Lisboa, fazendo aí uma bonita figura.
Mais tarde, foi eleito deputado à nossa Câmara temporária, produzindo como estréia, um belíssimo discurso contra o celibato dos padres. Essa sua oração causou ruído de um extremo a outro do país pela forma brilhante em que foi exposta.
Quando ele subia à tribuna, dominava, desde logo, o auditório com o encanto de sua mágica palavra, que arrebatava as multidões.
Às vezes, dava as suas lições debaixo de tormenta, caíssem raios sobre raios, desabasse o céu sobre a cidade e ele impassível, indiferente à fúria dos elementos que se debatiam nas alturas.
A morte o arrebatou a 05 de julho de 1868.

NOTA: Segundo Rocha Almeida, nasceu em 1786, na cidade de Laguna (SC).



Padre THOMÉ 

Sacerdote

A 21 de dezembro de 1770, nasceu na Colônia do Sacramento, Thomé Luiz de Souza. Seus pais vieram para aí nas primeiras levas de imigrantes, quando este sítio era completamente deserto e pertencia à coroa de Portugal.
Passando, mais tarde, o povoado nascente ao domínio da Espanha, Thomé mudou de pouso, vindo habitar o Porto de Viamão, transformado, anos depois, nesta risonha cidade e cujo rápido desenvolvimento ninguém podia prever, até então.
Desde criança, o seu pai o destinara ao serviço da Igreja, pela bondade do seu coração sempre aberto à prática do bem; desta feita, a vontade paterna foi ao encontro da inclinação do filho que seguia para o Rio de Janeiro, a fim de estudar no Seminário de Nossa Senhora da Lapa.
Aí, em pouco tempo, conquistara a afeição mais carinhosa dos mestres, pela contração ao trabalho e sobretudo, pelos seus grandes dotes de coração.
Concluídos os estudos, voltou a Porto Alegre, dedicando-se, desde logo, com o fervor de sua fé religiosa, ao serviço de Deus, com a doçura, com a mansidão e a humildade que nos fala o Evangelho.
Algum tempo depois, fez-se mestre. Saindo do Seminário da Lapa, na convivência íntima de homens de grande saber, quis ser útil aos seus patrícios, repartindo com eles o pão espiritual que de lá trouxera.
Ele amava a sua nova profissão com o mesmo devotamento com que se entregava aos deveres do culto divino; pelas suas mãos, passaram várias gerações que nunca esqueceram o mestre bondoso, que lhes ensinava com o amor e a paciência de um santo.
Quando o Conde de Irajá, bispo do Rio de Janeiro, veio ao Rio Grande, que então pertencia àquela jurisdição, em visita pastoral, teve ocasião de conhecer bem de perto, o humilde e virtuoso prelado, que já era o orgulho da igreja rio-grandense.
Para dar um testemunho de sua admiração pelo padre Thomé, logo que chegou ao Rio de Janeiro, o nomeou vigário geral da província.
Essa homenagem de apreço às excelsas virtudes do modesto sacerdote veio apenas entristecê-lo. Já era velho e não ambicionava galgar posições; queria só cuidar do pequeno rebanho que lhe estava entregue, por vontade de Deus.
Como vigário geral tinha mais sérias preocupações; tinha que estender as vistas além do seu aprisco, chamando ao cumprimento do dever outros sacerdotes que andavam desviados do bom caminho. Tinha de cuidar de sua consciência e do seu coração; de sua consciência > para que vivesse bem com seu Deus; do seu coração > para que florescesse e desabrochasse em obras de caridade.
Ele, que era de uma bondade infinita e só tinha nos lábios o perdão para todos, julgava-se deslocado nessa posição que lhe conferira o Conde de Irajá.
A sua paróquia era a menina dos seus olhos, todo o enlevo de sua vida; na sua igreja, Nossa Senhora Madre de Deus, era sempre encontrado, para aconselhar a uns e a todos, a fazer o bem. Eram os preceitos de Jesus, cuja magnífica doutrina se assenta na caridade e na fé, os dois supremos pólos da vida cristã.
Quando foi criada a diocese do Rio Grande, todos os olhares se voltaram para o padre Thomé, como a figura em destaque para exercer dignamente esse honrado cargo.
Não era um estranho, todos o conheciam e era de todos querido, pela sua modéstia, pela sua bondade e pela prática de caridade que exercia, indistintamente, sem ruído.
Vivia pobremente, sem o menor conforto, privando-se quase sempre do necessário para acudir, às ocultas, aos infelizes que lutavam com os azares da sorte.
Consultado, por um grande amigo de influência política, se aceitaria a investidura de príncipe da Igreja, respondeu enternecido, com as lágrimas nos olhos:
“Pelo amor de Deus, não se lembre disto!... Estou velho; quero viver esquecido no meu canto, à espera que chegue a minha hora. O peso da mitra nesta idade, viria apenas apressar os meus últimos dias de vida. Não é falsa modéstia. É um feitio do meu temperamento.”
Tudo isto dizia, abalado e comovido como uma criança. As suas virtudes tinham tanto brilho que até irradiavam fora das lides do Rio Grande.
Tendo sido criada a paróquia de Nossa Senhora das Dores, então anexada á de Madre de Deus, conservou-se durante muitos anos sem que fosse nomeado o cura para ali.
O Conselho de Estado a quem foi afeto o conhecimento desse fato anormal, num luminoso parecer, declarou sem evasivas, sem reservas que o preenchimento desse lugar viria reduzir os recursos com que o padre Thomé socorria a pobreza.
Quando D. Feliciano José Rodrigues Prates, que havia sido seu discípulo, foi nomeado bispo desta diocese, deu-se por esta ocasião, uma cena tocante e comovente; no momento do seu desembarque, quando ambos se encontraram, face a face, um e outro, abraçados, ajoelharam-se, com os olhos rasos de pranto.
Era o mestre que se humilhava diante do discípulo, que lhe aparecia agora revestido de tão elevada posição; era o discípulo que se sentia pequeno ante a grandeza moral do mestre, que lhe deixara na alma o doce perfume de sua santidade.
Nesta formosa página da Igreja rio-grandense, havia duas almas gêmeas, cada qual mais digna de servir ao seu Deus, que as enchia de graças e de bênçãos.
A 14 de dezembro de 1858, com 88 anos de idade, entregou a alma ao Criador, o bom velhinho que era a glória da Igreja rio-grandense.
Apesar de haver decorrido quase um século e meio de sua morte, o seu nome ainda vive saudoso na tradição do povo, aureolado por um nimbo de luz, como um santo que passou pelo mundo semeando o bem.



PAGLIOLI,  ELYSEU

Médico

Natural de Caxias (RS), nascido aos 26 de dezembro de 1898.
Iniciou os estudos primários em São Francisco de Paula (RS), e os secundários em Porto Alegre (RS), onde os terminou pelo regime de exames vagos, no Ginásio Júlio de Castilhos.
Matriculou-se na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, cujo curso concluiu em dezembro de 1923, doutorando-se com a defesa da tese intitulada: Relações do ouvido-médico com o ápice do rochedo, o sexto par e o glânglio de Gasser - aprovada com distinção.
Especializou-se em Cirurgia Geral, especificamente Cirurgia Nervosa, exercendo também a atividade clínica em Ginecologia e Obstetrícia.
Empreendeu viagens de estudos à Europa, tendo feiro durante o ano de 1931, vários cursos de aperfeiçoamento em Berlim (Alemanha), Paris (França), Milão, Bolonha e Roma (Itália).
Participou do 2º Congresso Brasileiro de Medicina; do 2º Congresso Pan-Americano de Endocrinologia (Montevidéu, Uruguai); do 1º Congresso da Fronteira (Livramento, Brasil).
Posteriormente fez novas viagens a Buenos Aires e Montevidéu, sendo que, e, 1934 e 1935, para freqüentar serviços de cirurgia, em 1937, chefiando uma caravana de 23 doutorandos da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, junto com os quais assistiu à várias preleções sobre assuntos médicos, inúmeras demonstrações cirúrgicas, uma das quais por ele praticada no Hospital Maciel, de Montevidéu.
Também chefiando caravana de doutorandos da turma de 1933, visitou as Faculdades, Hospitais e Institutos de Ensino Médio do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Niterói e São Paulo.
Desempenhou diversas funções de Interno de Clínica Ginecológica (1923); . . .
Proferiu conferências sobre problemas médicos, arrolando-se entre elas: viagens, estudos, etc. . . .
Além dos títulos referentes ao magistério, possui mais os de:
a - Presidente da Sociedade de Cirurgia de Porto Alegre - 1938;
b - Presidente da Sociedade dos Livre-Docentes de Porto Alegre - 1936;
c - Membro do Conselho deliberativo do Sindicato Médico - 1937;
d - Membro Titular no Estrangeiro do Instituto Argentino de Cultura Integral;
e - . . . dentre outros . . .
Também exerceu a Cátedra efetiva de Clínica Propedêutica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Porto Alegre.
Casado com Ada Beck, de cujo matrimônio tem os filhos:
01 - Ilka;
02 - Marília;
03 - Eduardo;
04 - Vera;
05 - Gilda.



PAIM FILHO,  FIRMINO

Advogado

Firmino Paim Filho, representante de tradicional família, foi o mais prestigioso chefe da política republicana do nordeste gaúcho.
Advogado de sólida cultura e grande fazendeiro, parlamentar de escol e soldado valoroso, político de fino trato, ocupou posição de invulgar relevo na sociedade gaúcha.
Firmino Paim Filho, ocupou postos de destaque na administração do RGS e nas duas casas do Congresso Nacional, como sejam os de Deputado Federal e Senador da República, com função em várias comoções e, Secretário da Fazenda no governo do Dr. Getúlio Dorneles Vargas.
Na revolução de 1923, contra a presidência do Dr. Borges de Medeiros e nos movimentos armados subseqüentes, no Rio Grande do Sul e outros estados, foi um dos principais amparos da legalidade, organizando muitos “corpos para-militares” e comandando uma Divisão.
Por tão valiosos serviços, o governo da República conferiu-lhe honras de “General de Exército”.
Também foi eleito Deputado Federal, na primeira legislatura da “Nova República” (1937).



PAIM,  PAULO RENATO

Metalúrgico

Natural de Caxias do Sul (RS), nascido aos 15 de março de 1950; católico, filho de Ignácio Alves Paim e Itália Ventura da Silva.
Filhos: Ednéia Cíntia, Gian Cristian, Michele Tatiana, Janaína Karen e Paulo Renato Júnior.
FORMAÇÃO
Curso Ginasial (1964) > Ginásio Stª Catarina - Caxias do Sul (RS)
Curso Metalúrgico Industrial > SENAI
ATIVIDADES
Presidente, do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas (RS), 1981-1984 e 1984-1985.
Líder sindical, foi presidente da Central Estadual de Trabalhadores do RS, 1982-1983.
Secretário-geral da CUT-Nacional, 1983-1984.
Vice-presidente da CUT-Nacional, 1984-1986.
Indicado pelo Congresso Estadual de Trabalhadores do RGS, como candidato único a Deputado Federal
Constituinte dos Trabalhadores, 1985.
Deputado Federal - pelo RS (1987-1991)
Membro Constituinte Comissão Temática Cap. dos Direitos Soc. (1987-1988)
Vice-líder do PT (1989-1991)
Vice-presidente Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público 1992
Presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público 1993
Titular da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público 1994
Suplente da Comissão de Seguridade Social e Família 1994
Delegado da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RGS, junto à CNTI; Coordenador, Entidades Civis e Militares em Defesa da Previdência Social, 1995.
Deputado Federal - pelo RS (1995-1999)
Apontado pelo DIAP, como um dos 100 parlamentares mais influentes do Poder Legislativo, na série “Os cabeças do Congresso Nacional” (edições: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001 e 2002).
Autor e Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Previdência Social, 1995-2004.
Autor e Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Salário Mínimo, 1996 a 2002.
Deputado Federal - pelo RS (1999-2002)
Autor e Coordenador da Frente Parlamentar e de Entidades Civis em Defesa da CLT, 2001-2002.
Apontado pelo jornal do Congresso Nacional como um dos parlamentares de maior destaque e o parlamentar mais atuante do RGS; pela revista VEJA, como o parlamentar mais atuante do Congresso Nacional e o campeão na atuação em assuntos previdenciários e trabalhistas, 1998; e, pela revista RAÇA, como um dos 50 negros de maior expressão internacional, 2002.
Figura na lista dos 100 cabeças do Congresso Nacional, divulgada pela revista ÉPOCA, 2002.
Autor e Coordenador da Frente Parlamentar Brasil-África do Sul, 1993 a 2002.
Senador da República - pelo RS (2003-2010)
1º Vice-Presidente do Senado (2003-2005)
1º Suplente: Roberto Macagnan
2º Suplente: José Pinto da Mota Filho
PREDILEÇÕES
Ler, pescar, telespectador, natação e apreciador de uma boa culinária.
IMPERFEIÇÕES
Impaciente, impulsivo e teimoso.
HOJE (2009)
Vice-presidente da “Comissão de Direitos Humanos” - CDH.
Presidente da “Subcomissão de Igualdade e Inclusão” da “Comissão de Direitos Humanos” - CDH.
Presidente da “Subcomissão do Trabalho e Previdência” da “Comissão de Assistência Social” - CAS.



PAIXÃO CÔRTES,  JOÃO CARLOS

Zootecnista e Folclorista

João Carlos Paixão Côrtes é natural de Livramento (RS), nasceu aos 12 de julho de 1927.
Ainda jovem estudante, numa iniciativa pioneira, liderou a fundação do “Departamento de Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos” de Porto Alegre.
Acendeu a primeira “Chama Crioula” no cerimonial da extinção do Fogo Simbólico da Pira da Pátria, naquela Semana da Pátria de 1947, levando uma centelha para o seu educandário e com esse ato, dando início às comemorações da 1 ª Semana Farroupilha, naquele ano.
Esse movimento estudantil, liderado por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, unindo-se a um outro movimento comandado por Glauco Saraiva e Hélio José Moro fundou, em 1948, o 35 Centro de Tradições Gaúchas - o 1º CTG do mundo.
Paixão Côrtes redescobriu e retomou grande parte das danças gaúchas e suas coreografias, percorrendo, com Barbosa Lessa, todo o Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai.
Em 1956, em parceria com Barbosa Lessa, publicou o MANUAL DE DANÇAS GAÚCHAS verdadeiro guia do gênero e com a mesma participação, em 1975, publicou Danças e Andanças da Tradição Gaúcha.
Dentre as obras de Paixão Côrtes, destacamos:
01 - Festança na Querência 1959
02 - Terno de Reis e Cantigas de Natal 1960
03 - Tradição e Folclore do Sul 1964
04 - Gaúchos de Faca na Bota 1966
05 - Folclore Gaúcho Festas, Bailes, Música e Religisidade Rural 1984
06 - Aspectos da Música e Fonografia Gaúchas 1984
07 - São João na Tradição Gaúcha 1986
Compositor de muitas músicas conhecidas pelo Estado do Rio Grande do Sul, realiza um belo trabalho de pesquisa e contribui significativamente com o engrandecimento da Tradição e do Folclore Gaúchos.
Percorre os CTGs pelo mundo todo, proferindo valiosas PALESTRAS e demonstrações folclóricas.



PARANHOS ANTUNES,  DEOCLÉCIO

Dragão

Natural do Rio Pardo (RS), nasceu aos 04 de julho de 1902; filho de Cristiano Carlos Antunes e de Maria Eugênia Paranhos.
Casado em primeiras núpcias com Cândida Cunha, que lhe deu três filhos e em segundas núpcias com Conceição Cerva, que lhe deu cinco filhos; entre seus irmãos, conta-se: Denisa, Dora e Duminense (jornalista e escritor).
De Paranhos Antunes (como era conhecido nos meios literários), incluiu-se por seus méritos e destacada atuação entre os riopardenses ilustres; na carreira que abraçou, nos meios onde viveu como poeta, literato, jornalista (em Cachoeira) e historiador.
Sua carreira militar iniciou como simples praça chegando até oficial intendente do Exército, sendo reformado no posto de general.
Poeta e historiador que assinava De Paranhos Antunes; fez parte da Academia Sul-Riograndense de Letras (1934-1944), ocupando a cadeira nº 30, da qual é patrono Marcelo Gama e da Sociedade Brasileira de Homens de Letras
Pertenceu também ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, tendo publicado várias obras, entre as quais:
01 - Arrulhos (poesia) 1925
02 - Parque Abandonado (poesia) 1930
03 - História de Cachoeira (história) 1930
04 - Idéias Heterogêneas e Contraditórias (crônicas) 1932
05 - História de Rio Pardo (história) 1933
06 - Idéias Heterogêneas e Contraditórias (ensaios) 1933
07 - Antônio Vicente da Fontoura (biografia) 1935
08 - Episódio e Perfis de 1835 (crônicas) (1935)
09 - I Anais de P. Alegre (memorial) 1936
10 - Os Sete Povos das Missões (história) 1937
11 - II Anais de P. Alegre (memorial) 1937
12 - Origens dos Primeiros Núcleos Urbanos (memorial) 1937
13 - Notas e História do Charque (história) 1937
14 - A Indústria da Lã no Rio Grande do Sul (história) 1937
15 - A Pecuária do Uruguai (história) 1937
16 - O Combate de Rio Pardo (história) 1937
17 - Elogio de Marcelo Gama (conferência) 1937
18 - A Floração Mental no Decênio Farroupilha (conferência) 1938
19 - Recebendo Carlos de Souza Moraes (discurso na Acad. Rio-Grandense de Letras) 22-11-1938.
20 - Itinerários Mentais da Pampa Brasileira (estudos críticos) 1940
21 - Osório (biografia) 1941
22 - História do Grande Chanceler (biog. do Barão do Rio Branco) 1942
23 - O Centenário do Marechal de Ferro (conferência) 1942
24 - Charles Maurras e a Ação Francesa (conferência) 1942
25 - Andrade Neves - O Vanguardeiro (biografia) 1943
26 - O Pintor do Romantismo (romance) 1943
27 - Elogio de Varnhagen (biografia) 1944
28 - Um Capelão do Exército na Guerra do Paraguai (história) 1944
29 - Passado e Presente da Economia Brasileira (história) 1946
30 - Os Prateiros do Rio Grande do Sul (história) 1949
31 - Rasgos da Vida de San Martin (crônica) 1950
32 - Conde de Porto Alegre (biografia) 1952
33 - Dragões de Rio Pardo (história) 1954
Faleceu aos 19 de agosto de 1962.



PARANHOS ANTUNES,  DUMINENSE

Escritor

Natural do Rio Pardo (RS), nascido aos 06 de julho de 1909; filho de Cristiano Carlos Antunes e de Maria Eugênia Paranhos.

Funcionário público federal, jornalista, poeta, orador e novelista.

Suas obras:
01 - As Vítimas do Vício 1933
02 - Sombras que ficam 1946
03 - Rio Pardo “Cidade Monumento” 1946
04 - Documentário Histórico do Município de Caxias do Sul 1875-1950
05 - A Metrópole do Vinho 1958
06 - Remissão - Crônicas
07 - Idéias Inusitadas - Pensamentos
08 - Quando o Amor engana - Novela

Morreu aos . . .



PARANHOS DA COSTA,  BONIFÁCIO

Médico

Natural de Pelotas (RS), nascido aos 30 de novembro de 1889; fez os estudos primário e secundário no Ginásio Gonzaga, pelo qual se bacharelou em Ciências e Letras.
Diplomou-se em Farmácia, no ano de 1910, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, em 1915, pela mesma Faculdade colou grau de doutor em medicina com a defesa da tese sobre o tema A epilepsia Bravais Jacksoniana; especializou-se em medicina sanitária.
Participou de diversos congressos médicos, realizados em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Publicou vários trabalhos técnicos referentes à saúde pública, bem como observações clínicas e de anatomia patológica e artigos em revistas científicas, especializadas, a respeito do exercício da medicina e sobre especialidades farmacêuticas.
Foi Presidente da Sociedade de Higiene e Saúde Pública de Porto Alegre; exerceu diversas comissões de relevo no setor de sua especialização, tendo no desempenho das mesmas empreendido viagens ao Nordeste do Brasil, à República do Paraguay e à França.
Desempenhou até setembro de 1938, as funções de Diretor do Departamento Estadual de Saúde do RGS, cujos serviços cada dia ampliados, abrangem realizações de muita eficiência.
Casado com Arminda Ávila, de cujo matrimônio teve os filhos:
01 - Paulo
02 - João
03 - Marcos
04 - Maria de Lourdes
05 - Roberto
06 - Teresa



PARANHOS PEDERNEIRAS,  MANOEL VELOSO

Médico

Nasceu no município de Rio Pardo, onde sua família possuía a estância das Pederneiras; daí, a origem do sobrenome do nosso patrício.
Tirou os preparatórios no Colégio Pedro II, matriculou-se, pouco depois, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se doutorou.
Em 1864, tendo sido criada a Escola Militar de Preparatórios nesta Província, foi o Dr. Pederneiras nomeado para reger a cadeira de francês.
Filiou-se, logo, ao partido conservador que o destacou para a redação da “Ordem”, órgão do mesmo partido.
Nessa posição, pôs em evidência as suas grandes qualidades de escritor e foi eleito deputado à Assembléia Provincial.
Em 1865, fechando a Escola Militar, em conseqüência da guerra que havíamos levado à República do Uruguai, o Dr. Pederneiras resolveu seguir para o Rio de Janeiro, campo mais vasto para as suas aspirações de homem de talento.
Em pouco tempo, vimo-lo colocado na redação do “Jornal do Comércio”. ocupando-se de todos os assuntos, com extraordinária competência.
Era de uma dedicação sem limites por D. Pedro II, que o distinguiu com a maior amizade.
Na posição saliente, que ocupou na corte, tornou-se, então, o protetor dos nossos patrícios que o procuravam na certeza de serem atendidos; isto ele o fazia, sem a menor contrariedade, com o coração aberto.
Apesar, porém, de ter sempre o pensamento voltado para a terra em que nascera, nunca mais visitou o Rio Grande, para ao menos matar as saudades.
A elevada posição de responsabilidade que desempenhava no grande órgão carioca, o conservava detido ali, como um prisioneiro acorrentado ao cepo.
Aí se manteve, durante longos anos, a carregar pedras sem descanso, para consolidar a existência da importante folha.
A esse jornal deu a sua mocidade, o seu nobre esforço e os frutos sazonados do seu formoso talento meridional.
Entrou para lá moço, no vigor dos anos, na quadra dos sonhos dourados e quando a morte o levou, estava velho, completamente alquebrado, com a cabeça branca como uma pasta de algodão.



PASQUALINI,  ALBERTO

Advogado e Ideólogo Político

Gaúcho nascido aos 23 de setembro de 1902, no povoado de Ivorá (na época era distrito de Júlio de Castilhos - RS).
Em 1929, concluiu o curso jurídico com a láurea universitária, na Faculdade de Direito de Porto Alegre, onde posteriormente lecionou.
Em 1930, foi ativista da Revolução de 1930 e, posteriormente foi eleito vereador na capital gaúcha, membro do Conselho das Municipalidades e Secretário do Interior e Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, no governo Dornelles (1943-1944), incompatibilizando-se com a linha ditatorial do Estado Novo.
Em 1945, fundou a União Social Brasileira, com um vigoroso programa político-social, que foi depois adotado pelo Partido Trabalhista Brasileiro – PTB, no qual se integrou após a extinção daquela “união.”
Em 1947, Pasqualini concorreu ao governo do RGS, sendo derrotado pelas forças conservadoras, à frente do PSD.
Em 1950, elegeu-se senador da República e, no exercício do mandato, notabilizou-se como relator do projeto da Petrobrás e pela fundamentação técnica de seus pareceres em outras importantes áreas.
Em 1954, novamente disputou a eleição para governador do Rio Grande do Sul, juntamente com Brochado da Rocha, Egidio Michaelsen e Ildo Meneghetti (que foi eleito para o seu primeiro mandato).
Na época, durante a apuração que levava várias semanas, o STE fornecia resultados parciais que seguiam a seguinte ordem de lento a rápido, imitando o som do andar de uma “maria-fumaça” > (atrás, o trem arrancava e seguia de vagar, dizendo) Bro-cha-do, Bro-cha-do, Bro-cha-do > (no centro, o trem já seguia a meia velocidade, dizendo) Michaelsen, Michaelsen, Michaelsen > (na frente, o trem já corria a toda velocidade, dizendo) Meneghetti, Meneghetti, Meneghetti, Meneghetti . . . > (imitava-se o apito do trem, ao gritar fino o nome desse político) Pasqualiiiiiiiini . . .
Mais tarde, foi eleito Senador da República pelo PTB do Rio Grande do Sul, desenvolveu fecunda atuação no Senado Federal.
Foi do Governador Brizola a iniciativa dos projetos para a instalação da Refinaria Alberto Pasqualini - REFAP, em Canoas - RS.
Publicou as seguintes obras:
1 - Bases e Sugestões para uma Política Social;
2 - Diretrizes Fundamentais do Trabalhismo Brasileiro;
3 - Trabalhismo e Desenvolvimento Econômico.
Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 03 de junho de 1960, com 59 anos de idade, e lá está sepultado; seus familiares continuam tentando transladá-lo para sua terra natal.



PASQUALINI,  ARLINDO

Jornalista

Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 20 de abril de 1911 e falecido em Porto Alegre (RS), aos 09 de setembro de 1964.

Foi Diretor do jornal Folha da Tarde e da Rádio Guaíba (ambos departamentos da “Cia. Jornalística Caldas Júnior, de Porto Alegre).

Usava o pseudônimo Mordax.

Suas obras:
01 - Os Sobrinhos do Tio Sam (crônicas de viagem) 1944



PASSARINHO,  CÉSAR

Cantor

O apelido Passarinho é uma referência ao pai, que tinha a alcunha de gurrião (pardal). O filho do pássaro se transformou em passarinho. O músico das milongas começou a carreira musical tocando nos bailes de Uruguaiana. O Grêmio Tiradentes, o Clube Caixeral e o Clube Comercial eram animados por conjuntos que tocavam música popular brasileira. César Passarinho se destacou, entre outros, no Conjunto Hi-Fi.

O mais inusitado de tudo era o seu instrumento. Além de cantor, Passarinho era baterista. Foi com a 3ª Califórnia, em 1973, que ele descobriu a música regionalista com a apresentação da composição Último Grito. César Passarinho sempre foi um homem da noite. Um boêmio. Era comum encontrá-lo no Corinthians ou no Bar do Cid - lugares em que ele se reunia com os amigos, em Uruguaiana.

Uma boina e um colete branco. Em cima do ombro, um pala. Nos pés, uma alpargata ou um par de botas combinando com a cor do lenço. César Passarinho, 49 anos, era o músico da pilcha. O intérprete de Guri e Negro da Gaita. O cantor símbolo da Califórnia. Um homem quieto. De poucas palavras. Um muxoxo e não precisava mais que isso. No palco, ele se soltava. As mãos voavam como a reger uma sinfonia de um único cantor.

1949 - César Escoto nasce no dia 21 de março de 1949, em Uruguaiana.
1976 - Calhandra de Ouro por Um Canto para o Dia (com participação da cantora Oristela Alves), música de Ernani Amaro de Oliveira.
1977 - Calhandra de Ouro por Negro da Gaita (música de Gilberto Carvalho e Airton Pimentel). Esta música lançou César Passarinho futuro cantor símbolo da Califórnia.
1983 - Calhandra de Ouro por Guri (música de João Batista Machado e Júlio Machado), um dos clássicos do regionalismo gaúcho. 1983 - Primeiro disco da carreira, Fundamento, pela Gravadora Polygram.
1986 - Nasce César, único filho de César Passarinho.
1988 - Lançamento do disco Negro de 35, primeiro álbum pela Gravadora Acit.
1991 - Lançamento do disco Assim no Más.
1992 - Calhandra de Ouro por O Minuano e o Poeta (com participação da cantora Carmem Letícia), música de Lauro Corrêa Simões e Clóvis de Souza.
1993 - Lançamento do disco César Passarinho - 18 Grandes Sucessos.
1995 - Lançamento do disco De Alma Leve.
1996 - Lançamento do disco Milongueando essas Lembranças Tuas.
1998 - César Passarinho morre em Caxias do Sul.



PEDROSO DE ALBUQUERQUE,  ANTÔNIO

Comerciante

Antônio Pedroso de Albuquerque nasceu em 1798; filho do Sargento-mor João Pedroso de Albuquerque paulista radicado no Rio Pardo (RS), onde casou com Maria Benedita de Camargo, irmã do mais tarde Brigadeiro Olivério José Ortiz.

Devido aos acontecimentos farroupilha de 1835, Antônio Pedroso passou a residir na Bahia, onde fez fortuna no comércio e muito ajudou os exilados rio-grandenses que para lá tinham sido mandado.

Antônio Pedroso (é irmão de Manoel Pedroso e de José Pedroso), teve um filho que lhe herdou o próprio nome; faleceu na Bahia, em 1878.



PEDROSO DE ALBUQUERQUE,  JOSÉ

Farroupilha

Natural do Rio Pardo (RS), onde nasceu aos 31 de março de 1804; filho do Sargento-mor João Pedroso de Albuquerque, paulista, radicado no Rio Pardo, onde casou com Maria Benedita de Camargo (irmã do mais tarde Brigadeiro Olivério José Ortiz).

José Pedroso era o 6º filho, de sete que teve o casal.

José Pedroso casou com a prima Maria Josefa Ortiz, filha do Brigadeiro Olivério José Ortiz.

José Pedroso tomou parte no Movimento Farroupilha, como Deputado à Assembléia Constituinte e Ministro da Justiça da República Rio-Grandense; em 1843, tentou negociar a PAZ com os monarquistas.

Os Pedroso de Albuquerque, parece que foram dos primeiros povoadores do Rio Pardo (RS), antes mesmo de sua fundação.



PEDROSO DE ALBUQUERQUE,  MANOEL

Farroupilha

Manoel Pedroso de Albuquerque (irmão mais velho de José Pedroso de Albuquerque), nasceu aos 14 de novembro de 1794; filho do Sargento-mor João Pedroso de Albuquerque paulista radicado no Rio Pardo (RS), onde casou com Maria Benedita de Camargo, irmã do mais tarde Brigadeiro Olivério José Ortiz.

Manoel Pedroso casou com Mafalda Sinfronia, filha do Marechal João de Deus Mena Barreto (1º Visconde de S. Gabriel).

Manoel Pedroso era capitão de Milícias, chegando a coronel; tornando-se depois, comerciante rico na sua cidade natal, sendo também Comendador da Ordem de Cristo.



PEIXOTO,  PATRÍCIO JOSÉ

Patrício José Peixoto era natural de Rio Pardo (RS), nasceu em 1779 e casou na sua cidade natal, em 1799, com a rio-pardense Vicência Maria do Sacramento (filha dos rio-pardenses José Antônio de Águeda e Maria de São José).

Patrício José Peixoto é o 5º filho dos dez que teve o casal Jerônimo Peixoto e Veloza da Fontoura (de Rio Grande e falecida em Encruzilhada); era irmão do Furriel João Peixoto de Azevedo nascido em Cuiabá e assassinado na estância de seu pai, em 1780.

Patrício José Peixoto e Vicência Maria do Sacramento também tiveram dez filhos.



PEREIRA CORUJA,  ANTONIO ALVES

Professor e Filósofo

A 31 de agosto de 1806, nasceu Antônio Alves Pereira Coruja, em Porto Alegre, que era então um pequeno povoado, ainda com ares de roça.
Oriundo de pais pobres, estudou as primeiras letras na aula pública de Antonio d’Ávila, cujo excesso de rigor vive até hoje na tradição do povo.
Como seus pais lutavam para obter os meios de subsistência, o rapaz conseguiu ser sacristão da igreja de N. Senhora Madre de Deus.
Nesta obscura posição granjeou desde logo a estima do virtuoso padre Tomé de Souza, com quem mais tarde aprendeu o latim, para honrar o velho mestre, de quem se tornou amigo devotado.
Em poucos anos, consagrando-se ao estudo com o desespero de quem bem compreendia a difícil situação em que se via, conseguiu boa soma de conhecimentos, para o amparar na vida, já que entrara no mundo completamente desamparado.
Com esse preparo, e à sombra protetora do padre Tomé, foi nomeado para reger uma escola pública, pondo-se, desde logo, em destaque pela sua inexcedível solicitude e carinhoso amor ao ensino. E como tinha apego ao trabalho, ainda, à noite, que devia consagrar ao descanso, como quase todos o fazem, lecionava particularmente.
Depois de alguns anos de magistério e de contração ao estudo, tornou-se um bom gramático e notável latinista.
E assim viveu muitos anos entre nós, inteiramente dedicado à vida do magistério, até que se viu forçado a mudar de pouso, no período da revolução de 1835, para evitar novas violências, como já havia sofrido, quando o arrastaram à “Presiganga”, navio legalista, onde eram recolhidos os exaltados pelos novos ideais políticos que convulsionavam a Província.
Por conselhos de amigos, pouco depois da “Reação”, seguiu para o Rio de Janeiro e, ai fundou o “Colégio Minerva” que, em pouco tempo, se salientou pela competência do ilustre mestre.
Nas horas de lazer, escreveu uma gramática portuguesa, uma outra latina e um compêndio de História do Brasil, em cujas páginas os nossos gloriosos homens do passado beberam as luzes do saber.
Além desses trabalhos didáticos, publicou as “Antigualhas”, valioso repositório de informações sobre os vultos e fatos do Rio Grande.
Apesar de viver naquele meio ruidoso e cheio de mil encantos, nunca esqueceu a terra saudosa em que abrira os olhos.
Seu pensamento estava sempre voltado para ela, parecendo vê-la risonha, à larga distância, encaixilhada entre verduras, como um presépio.
E acompanhava com o mais vivo interesse tudo quanto se passava no torrão nativo, como um cronista apaixonado.
A sua casa tornou-se o consulado rio-grandense. Ele acolhia todos carinhosamente como se fossem filhos queridos que voltassem ao ninho paterno, embora nunca os tivesse visto.
Bastava ter nascido no Rio Grande, para ir ao encontro deles e apertá-los ao seio, com a sinceridade de uma alma pura, incapaz de fingidas demonstrações de afeto.
Tudo lhe sorria às mil maravilhas, quando um falso amigo, abusando de sua confiança e de sua boa fé, lhe levou todas as economias, ganhas com tantos sacrifícios, buscando, ainda em cima, prejudicá-lo nos seus créditos de homem de bem.
Já alquebrado pelos anos e, ainda mais, em extrema pobreza, tornou-se, depois de velho, um boêmio, vivendo nas repúblicas dos estudantes patrícios, que o acolhiam sempre de braços abertos, por verem quanto a sorte havia sido injusta e cruel para com ele e, ao mesmo tempo, lhe beberam as lições e os conselhos.
Assim, arrastou os últimos dias de uma existência penosa, com resignação de um santo, até que Deus, se apiedando do seu infortúnio, o levou deste mundo, a 4 de agosto de 1889, para uma outra vida de eterna luz e infinitas graças.



PEREIRA DA COSTA,  ASTROGILDO

Barão de Aceguá

Natural do Cerro do Baú, município de São João do Herval, Erval (RS), nascido em 1815; era filho do Capitão Astrogildo Pereira da Costa e de Maria Antônia da Silveira, que era filha de Manoel Amaro da Silveira (falecido em Jaguarão, aos 16 de maio de 1824) e de Maria Antônia Muniz.
Desde menino manifestou pronunciadas tendências para a carreira das armas e demonstrou alto valor em 1821, quando o lar paterno foi assaltado por malfeitores estrangeiros.
Em 1835, foi qualificado Guarda Nacional; achava-se casualmente em Pelotas, quando rebentou a Revolução Farroupilha. Imediatamente se apresentou ao Capitão José Mazzaredo que, por ordem do Governo, reunia gente para opor resistência aos revolucionários.
Foi promovido a Cabo, quando servia nas forças do futuro Visconde de Cerro Alegre, após ter realizado dificílima missão bélica, na qual já anteriormente haviam fracassado dois oficiais. Tomou parte no ataque do Rosário, aos 17 de março de 1836. Passou a Furriel aos 15 de dezembro do mesmo e a 2º Sargento em 1º de novembro de 1837. Em 1839, foi promovido a Alferes e, em 1841, já era Capitão da Guarda Nacional.
Em 1851, quando o Império do Brazil declarou guerra ao ditador Rosas, de Buenos Aires, o então Conde de Caxias (conhecedor dos altos méritos de Astrogildo Pereira da Costa), promoveu-o a Major e neste posto seguiu para o teatro das operações; terminada a Campanha, recebeu os galões de Tenente-coronel, por merecimento, em agosto de 1856.
Em 1864, na guerra contra o Estado Oriental do Uruguai, comandou o 27º Corpo da Guarda Nacional do Rio Grande, com o qual se juntou ao 4º Regimento e ao 3º Batalhão de Infantaria, formando a Brigada comandada pelo General José Luís Mena Barreto. Na tomada do Cerro Largo, viu morrer a seu lado um irmão - o valente Capitão Justino Pereira da Costa.
Distinguindo-se extraordinariamente na Batalha de Paissandú, atacando com rara intrepidez o Forte de Lucas Pires, que era posição de primeira ordem, para o inimigo. Quando o Imperial Exército seguiu para Montevidéu, grave doença o acometeu, obrigando-o a retornar à terra natal, para procurar alívio aos males que o afligiam. Ainda não estava restabelecido, quando soube que o solo pátrio estava sendo pisado pelo exército paraguaio, que devastava nossas fazendas e destruíam nossas casas. Apoiado em seu grande prestígio, imediatamente reuniu cento e cinqüenta e seis patriotas, filhos das principais famílias do Herval e parentes seus, marchando para Uruguaiana (RS), onde se apresentou ao então Barão de Porto Alegre, Comandante do 2º Corpo do Exército. Tomou parte nos combates de 16 e 18 de julho e no ataque a Curuzú, no qual foi o primeiro que escalou as fortificações inimigas.
Após o combate, foi felicitado por todo o Estado Maior, por sua brilhantíssima atuação; nesse mesmo ano foi promovido a Coronel.
Em Curupaiti, praticou atos de inexcedível bravura. Em 1868, alquebrado pelas moléstias adquiridas em Campanha, teve necessidade de se retirar ao Rio Grande do Sul, a conselho médico; antes de partir recebeu de Osório uma rara demonstração de apreço em que era tido: O futuro Marquês do Herval presenteou-o com objetos do seu uso nas campanhas - o binóculo, a lança (com cuja ponta escrevera a epopéia da Campanha do Paraguai) e o seu próprio cavalo “gateado”. De retorno à Província , não descansou; ao contrário, sempre permaneceu ao serviço da Pátria.
Por Decreto Imperial de 22 de Dezembro de 1888, foi agraciado por S. M. I. com o título de Barão de Aceguá.
Do seu casamento com Josefa Bittencourt, natural do Herval (RS), deixou os seguintes filhos: Eulália, Astrogildo Jr., Ubelina Emília, Brasilina Blandina, Severina Cândida e Maria Josefa.
Faleceu aos 19 de janeiro de 1892, em Jaguarão (RS), cujas guarnição e fronteira comandava.



PEREIRA DA ROSA,  TIMÓTEO

Advogado

Na povoação de S. Borja (RS), nasceu em 1834, o Dr. Timóteo Pereira da Rosa. Criança ainda, com 12 anos de idade, veio freqüentar o colégio de Hilário Ferrugem, que era então um instituto de primeira ordem, em Porto Alegre.
Algum tempo depois, seguiu para o Rio de Janeiro, a fim de cursar a Escola Militar; aí apenas esteve um ano, tendo conseguido nos exames finais destacar-se pelo seu formal talento.
Apesar de sua brilhante iniciação nos estudos superiores, abandonou a farda, e partiu com destino a S. Paulo, onde se matriculou na Academia de Direito.
Em 1859, bacharelou-se aí, deixando um nome acatado pela elevação de espírito e raros dotes de coração.
Voltando à Província, foi logo nomeado juiz municipal de S. Borja, cargo que exerceu durante dois anos, a contento de gregos e troianos.
Abandonando a carreira da magistratura, que era naquela época como o é ainda, tão mal remunerada, consagrou-se inteiramente à sua banca de advogado.
Em pouco tempo, conseguiu pela seriedade e interesse que ligava às causas que lhe eram confiadas, grande prestígio nos povoados da fronteira.
Filiado ao partido liberal, foi eleito presidente da Câmara de Uruguaiana, onde pôs à prova o seu tino administrativo e o seu escrupuloso zelo na gestão do dinheiro público.
Em 1862, apresentado deputado à Assembléia Provincial, obteve enorme maioria, sendo escolhido, pelos seus pares, para presidir os trabalhos da casa; essa posição de destaque foi conquistada pelas suas grandes virtudes em íntimo enlace com o seu belo talento.
A sua influência política e o seu bom nome não ficaram restritos às fronteiras da terra natal; iam além, encontrando ardente simpatia no Rio de Janeiro.
Assim se explica a sua nomeação para presidir o estado de Alagoas, nomeação que não aceitou, apesar de honrosa insistência do governo imperial.
Durante diversas legislaturas, foi eleito à Assembléia Provincial e sempre escolhido para presidi-la.
Pelo seu brilhante talento, vasto saber e virtudes cívicas e privadas, estava destinado a ocupar as mais elevadas posições na política, se a morte não o surpreendesse aos 15 de julho de 1877.



PEREIRA DE ALMEIRA,  JOÃO

Barão de Nonoai

Nasceu em Santa Maria (RS) em 1830 e faleceu em Porto Alegre (RS) em 1897.

Foi grande proprietário de terras e Coronel da Guarda Nacional; tinha grande influência política na região.

Recebeu p título em 1886, de D. Pedro II.



PEREIRA DE ESCOBAR,  PEDRO ANTÔNIO

Barão de São Lucas

Nasceu em São Borja (RS), em 1808 e faleceu nessa mesma cidade aos 26 de dezembro de 1893 (às duas horas da madrugada); era filho de Antônio Pereira de Escobar e de Leocádia Antunes.
Casou a primeira com Maria Tomásia de Almeida Toledo da Paixão, falecida no Rincão da Cruz, município de São Borja, aos 05 de junho de 1842; era única filha de Manoel Tomás Paixão e de Inácia M. de Toledo, que era natural de Cachoeira (RS) e alí sendo batizada, filha de Antônio de Almeida Toledo e de Teresa . . .
Casou a segunda vez casou aos 03 de janeiro de 1880, com Maria Felícia de Oliveira, filha de Ângelo Vieira de Oliveira, falecido em São Borja em 1892, e de Ana Neri de Oliveira.
Grande ruralista, proprietário da “Fazenda São Domingos”, “Fazenda Santa Cecília”, “Fazenda São Lucas” e “Fazenda Santa Luzia” no município de São Borja (RS).
Fez diversas doações em fins humanitários, em benefício de asilos e hospitais, para os pobres; durante a Guerra do Paraguai, prestou assinalados serviços à Pátria, embora já em avançada idade.
Desde o ano de 1900, a maioria dos membros desta família passou a assinar Escobar (ao invés de Escovar), conforme usaram seus ancestrais.
O “Visconde de Sanches de Baena” disse que essa família era originária de Castela (Espanha), daí vem a mudança, devido ao idioma. Alguns membros dessa linhagem espanhola, cambiaram-se para Portugal, no tempo d’El-Rei D. Afonso V e no tempo de D. Manoel passaram à Ilha da Madeira e desta, para os Açores e daí então, para o Rio Grande do Sul; são suas armas:
- Em campo de prata, cinco escovas de azul, em Santor, com correias vermelhas.
- Timbre: um braço vestido de verde, com uma escova na mão.
Por Imperial Decreto de 24 de agosto de 1889, foi agraciado com o título de Barão de São Lucas.
Seus filhos do primeiro matrimônio, foram:
01 - José Pedro;
02 - Lucinda;
03 - Ivo Florêncio;
04 - João;
05 - Emígdio;
06 - Leocádia;
07 - Ildefonso;
08 - Domingos;
09 - Pedro;
10 - Rafael.



PEREIRA DE MACEDO,  FRANCISCO

Visconde do Cerro Formoso

Nasceu em 1803, filho de Manoel Macedo Brum da Silveira (Capitão-mor de Rio Pardo).
Francisco Pereira de Macedo recebeu em 1872, primeiramente o título de Barão e em 1885 o de Visconde do Cerro Formoso.
Homem de grande fortuna, sua estância tinha 18 léguas (900 quadras de campo), atravessava partes de três municípios (Lavras, S. Gabriel e Caçapava).
Durante a Guerra do Paraguai, formou uma Companhia de 50 escravos com 4 de seus filhos à frente, para combater no “fronte” e forneceu também, gratuitamente, cavalos para a remonta do Exército do Brazil.
Por ocasião da passagem de D. Pedro II à caminho de Uruguaiana (onde presidiu a rendição do contingente paraguaio), recebeu o monarca com uma banda de música composta só de seus escravos.
Caridoso, sincero protetor dos pobres, o Visconde logo no início do movimento abolicionista, libertou toda a sua vasta escravatura, gesto que alcançou, então, muita repercussão.



PEREIRA DE MACEDO,  VASCO VENCESLAU

Farroupilha

Há dois gaúchos com esse mesmo nome: Pai e Filho.
Vasco Venceslau Pereira de Macedo (pai), nasceu no Rio Pardo (RS), em 1787, que era filho de Manoel Pereira de Macedo, do Rio Grande (RS) e de Maria dos Santos Ferreira, do Rio Pardo (RS); sendo avós paternos: Faustino de Macedo (de Portugal) e de Paula Teresa de Jesus (do Rio de Janeiro); e, avós maternos: José Ferreira (de Porto, Portugal) e de Teresa Maria (da Ilha do Faial, Açores).
Vasco Venceslau Pereira de Macedo (pai), era militar; Tenente ao tempo de seu casamento, no Rio Pardo, em 1814, com Leonor Quirina Saldanha, filha do Cel. José Saldanha (engenheiro militar, natural de Lisboa, Portugal) e de Ana Regina Thomázia, de Porto Alegre.
Vasco Venceslau Pereira de Macedo Filho, era militar reformado e pertencia à 2ª linha do Exército, durante os acontecimentos de 1835, dos quais participou.
Vasco Venceslau Pereira de Macedo Filho, nasceu no Rio Pardo ( ? ); era doutor; casou-se com Maria do Carmo Simões Pires, filha de Joaquim Simões Pires e de Zeferina Maria do Carmo.



PEREIRA FORTES,  HILÁRIO

Barão de Viamão

Natural de Cachoeira (RS), onde nasceu aos 20 de abril de 1810, na Fazenda Boa Vista, “Sesmaria Régia” [situada no Rincão de Boa Vista, galhos do rio Irapuá, conforme Registro passado pelo Exmº. Sr. Vice-Rei Dom Fernando José de Portugal a Antônio Pereira Fortes, aos 26-06-1802.
Aquiles Porto Alegre e o anotador do “Processo dos Farrapos” afirmam que Hilário nasceu aos 10 de janeiro de 1810, é natural do Rio Pardo (tendo em vista que Irapuá pertenceu a Rio Pardo), fornecendo a seguinte genealogia:
Hilário Pereira Fortes, filho de José Pereira Fortes e de Joaquina Pires Maciel; José Pereira Fortes, filho de Antônio Pereira Fortes e de Maria Antônia da Encarnação (do Rio Pardo, RS); Antônio Pereira Fortes, filho de João Pereira Fortes (da Ilha Terceira, Açores) e de Eugênia Rosa (da Ilha Terceira, Açores, filha Manoel Ribeiro e de Catharina de São Francisco).
João Pereira Fortes, antes chamava-se João Pereira Teixeira d’Agueda, segundo o Dr. Fritz Stroschoen, esse João participou da construção do Forte Jesus-Maria-José (no Rio Pardo) e por isso ficou conhecido por Fortes.
João Pereira Fortes recebeu uma “Sesmaria Régia” - conforme Registro passado pelo Exmº Sr. Conde de Rezende, Vice-Rei do Estado, a João Pereira Fortes, entre os rios Pequeri e Guaíba (Jacuí), aos 15-04-1794.
Joaquina Pires Maciel, filha de José Teixeira de Carvalho (de Laguna, SC) e de Antônia Pires Maciel (do Rio Pardo, RS). Maria Antônia da Encarnação, filha de Manoel Tavares e de Maria da Conceição.
Hilário casou em Rio Pardo, com Francisca Fausta da Fontoura Charão, filha do Ten-cel. Antônio Adolfo da Fontoura Charão e de sua mulher Ana Clara (Cândida) do Nascimento, do Rio Pardo (RS), filha de Bartolomeu Bueno da Silva, de Guaratingüetá (SP) e de Margarida da Silveira, da Ilha do Faial (Açores).
Hilário esteve, em 1835, contra a Revolução Farroupilha, servindo durante todo o movimento no Regimento de Cavalaria, dos legalistas; em 1871, foi agraciado com o título de Barão de Viamão; foi chefe político de muito prestígio, do partido “Saqurema”, foi acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Antônio Vicente da Fontoura (chefe político do partido “Stª Luzia”), sendo processado e absolvido.
Hilário foi coronel da Guarda Nacional; por ocasião da Guerra do Paraguai, preparou 180 homens e seguiu para o Passo da Pátria; comandou uma Brigada e revelou, mais uma vez, suas qualidades de bom militar.
Hilário foi homem de abastadas posses, proprietário da “Fazenda Capané” e “Fazenda Cachoeira”.
Hilário foi ancestral do Dr. Ramiro Fortes de Barcellos.
Hilário Pereira Fortes faleceu na cidade de Cachoeira, aos 18 de setembro de 1889.



PEREIRA FORTES,  JOÃO  -  antes era:  PEREIRA D’AGUEDA, JOÃO

Sesmeiro

João Pereira d’Agueda era açoriano, sendo um dos primeiros povoadores do Rio Pardo (RS), que por volta de 1755, ali se radicou.
Casado com Eugênia Rosa, também açoriana; o casal teve dez filhos, todos nascidos no Rio Pardo (RS).
João Pereira d’Agueda mudou o seu nome, para João Pereira Fortes; segundo o Dr. Fritz Strohschoen > foi porque trabalhou na edificação do Forte Jesus-Maria-José (Rio Pardo, RS).
João Pereira Fortes recebeu uma “Sesmaria Régia” - conforme Registro passado pelo Exmº Sr. Conde de Rezende, Vice-Rei do Estado, a João Pereira Fortes > entre os rios Pequeri e Guaíba (Jacuí), aos 15-04-1794. (Fonte: ANAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO SUL (Volume 11, pág. 308)
Os dez rio-pardenses filhos e herdeiros de João e Eugênia, são:
01 - Joana Roza (casada com Antônio Gonçalves Borges e de cuja família descende o Dr. Borges de Medeiros);
02 - Gertrudes;
03 - Catharina Antônia;
04 - Escolástica Joaquina (casou com Caetano Coelho Leal, em sua descendência se conta Alcides Maya);
05 - Eugênia Rosa (esposou José Martins da Cruz, depois Jobim, cujos descendentes são entre outros, a "Viscondessa de Sabóia”, esposa do Dr. Vicente Cândido Figueira de Sabóia - “Visconde de Sabóia” e o Conselheiro José Martins da Cruz Jobim, médico do Paço);
06 - Roza;
07 - Maria;
08 - Ricardo Pereira;
09 - Antônio Pereira;
10 - João Pereira.
O inventário do casal João e Eugênia:
Testamento 22-11-1811;
Abertura 25-02-1812;
Aprovação 26-08-1812;
Encerramento 18-01-1813.
Relação de bens:
01 - Uma casa de moradia em Rio Pardo ........................................  700$000
02 - Um terreno no Rio Pardo, ao lado da dita casa ........................    25$600
03 - Uma chácara nas proximidades do Rio Pardo .........................   250$000
04 - Metade de um chácara com casas, atafona e cozinha .............. 1:000$000
05 - A estância Boa Vista (1 Sesmaria Régia), em Cachoeira ......... 8:000$000
06 - Benfeitorias na estância acima .................................................   160$000
07 - Um campo de São Paulino, no Faxinal do Cerro do Agudo ....    650$000
08 - 17 escravos chacareiros ......................................................... 1:969$600
09 - 10 escravos campeiros ........................................................... 1:123$000
10 - 13 escravas chacareiras .......................................................... 1:124$000
11 - 1 escrava campeira .................................................................      80$000
12 - móveis e utensílios ...................................................................    563$870
13 - 40 rezes mansas ......................................................................      40$000
14 - 16 bois mansos .......................................................................      25$600
15 - 5 cavalos mansos ....................................................................      20$000
16 - 1 mula mansa ..........................................................................        2$000
17 - 6.800 rezes de criar ................................................................  6:120$000
18 - 115 cavalos mansos bons ........................................................    386$400
19 - 49 cavalos mansos inferiores ...................................................       78$400
20 - 6 potros ..................................................................................       12$000
21 - 78 potros de trote ...................................................................     178$000
22 - 4 pastores andadores ..............................................................         8$000
23 - 15 éguas mansas .....................................................................       12$000
24 - 614 éguas xucras ....................................................................        98$240
25 - 27 pastores de trote ................................................................        27$000
26 - 2 bestas mansas ......................................................................          6$400
27 - 889 bestas xucras ...................................................................      568$960
28 - 7 cavalos redomões ................................................................        14$000
29 - 21 bois mansos .......................................................................        42$000
30 - 7 bois tafoneiros .....................................................................         17$920
31 - 6 bois lavradores .....................................................................        15$360
32 - 37 vacas mansas ......................................................................        47$360
33 - 450 ovelhas .............................................................................      108$000
34 - 50 burras .................................................................................          3$200
35 - Título de cobre ........................................................................           3$080
36 - Título de ferro ..........................................................................         20$820
37 - Uma casa na Cachoeira ...........................................................        250$000
38 - Terreno de campo no Rincão do Inferno ..................................        800$000
39 - 5 escravos ...............................................................................        716$600
40 - 1.300 rezes de criar .................................................................     1:040$000
41 - 26 vacas mansas ......................................................................          33$280
42 - 75 cavalos mansos ...................................................................        225$000
43 - 9 cavalos inferiores ...................................................................         14$400
44 - 18 cavalos redomões ................................................................         36$000
45 - 47 potros ..................................................................................        47$000
46 - 21 éguas mansas ........................................................................       16$800
47 - 150 éguas xucras .......................................................................       24$000
48 - 5 bestas mansas .........................................................................       16$000
49 - 34 bestas xucras .........................................................................      34$000
50 - Título de cobre ...........................................................................        6$080
51 - Título de ferro ............................................................................       11$200
52 - Primeiro dinheiro .......................................................................      380$000
53 - Segundo dinheiro .......................................................................      153$600
TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .                        27:304$770



PEREIRA LEITÃO,  ANTONIO VICENTE DE SIQUEIRA

Desembargador

Era natural da cidade do Rio Pardo, onde nasceu a 17 de janeiro de 1800; filho do tenente de dragões do exército português, Antonio Vicente de Siqueira Pereira Leitão, que veio para o Brasil com D. João VI, teria de certo seguido a carreira das armas, se o seu entranhado amor aos livros não o atraísse menos para o ruído da caserna que para a calma do gabinete de leitura.
Quis, pois, abraçar uma profissão mais consentânea com o seu espírito ledor, e assim, depois de fazer os seus preparatórios no Rio de Janeiro, matriculou-se na Faculdade de Direito de S. Paulo, onde se formou em 1834, regressando logo ao torrão natal e estabelecendo banca de advogado.
No ano seguinte rebentou a revolução dos Farrapos, e Siqueira Leitão, republicano de arraigadas crenças, abraçou o movimento revolucionário. Mas, ardoroso, de uma cultura invejável, impôs-se logo entre os partidários do novo regime gaúcho e durante a efêmera república Rio-grandense, exerceu as funções de destaque, tendo sido ministro de diversas pastas: da fazenda, da justiça e da guerra.
O malogro da revolução prejudicou-lhe bastante o futuro, que dantes se lhe antolhava de róseos e brilhantes horizontes.
A pacificação de 1845 e a anistia que a ele se seguiu, fê-lo voltar à sua banca de advogado. Nomeado promotor público, permaneceu durante 14 anos no exercício dessas funções, quando os seus méritos e as posições salientes que havia anteriormente ocupado, lhe davam direito a acesso imediato na magistratura.
Foi finalmente nomeado juiz de direito, tendo sido antes empregado na antiga repartição de terras e eleito deputado à Assembléia Provincial em várias legislaturas. Nomeado juiz de direito, a primeira comarca onde teve que servir foi Guarapuava, pequena vila do Paraná.
Naquela época para lá chegar, diz textualmente a nota que temos à vista, era necessário fazer uma viagem penosíssima, montado em muares, atravessando campos desertos, subindo serras escarpadas e, passando noites em barracas, no seio de sertões imensos, povoados ainda por índios selvagens.
Siqueira Leitão fez essa viagem com a acesa e radiosa alegria de caçador de esmeraldas que vai a caminho de um eldorado longínquo e difícil, mas atraente e compensador.
Aí completou o quatriênio de juizado, tendo durante ele exercido algumas vezes o cargo de chefe de polícia em Curitiba, capital da então província do Paraná.
De regresso ao Rio Grande do Sul foi nomeado juiz de direito de Santo Antonio da Patrulha, onde serviu durante quatro anos. Em seguida foi nomeado para igual cargo em Rio Pardo, servindo aí oito anos.
Em 1880 aposentou-se no cargo de desembargador e transferiu a residência para Porto Alegre, onde faleceu a 23 de dezembro de 1888.
O Dr. Antonio Vicente de Siqueira Pereira Leitão foi de um caráter à anti¬ga, muito orgulhoso do seu nome e de sua pessoa, tendo deixado um rastro luminoso em todas as posições e cargos que ocupou.
Jurisconsulto provecto, conhecedor profundo do direito e do espírito das leis, foi um magistrado íntegro, um caráter irredutível, que só agia e resolvia de acordo com o seu foro íntimo e com os olhos fitos na imagem serena da Justiça.



PEREIRA MACIEL SOBRINHO,  JOÃO

General

Nasceu em Porto Alegre, a 06 de junho de 1847 e faleceu a 18 de maio de 1905. Em 1864, aos 17 anos de idade, ocupava a obscura posição de marcador de fardos e caixões da Alfândega. No ano seguinte foi declarada a guerra entre o Brasil e Paraguai.

De toda parte surgem, como por encanto, os batalhões de patriotas. De sua cidade marchou para o teatro da guerra o corpo de polícia com a designação de 33 de Voluntários da Pátria; entre esses bravos, que iam em caminho da morte, partiu também o menino que era marcador da Alfândega e por lá andou durante os cinco anos de campanha.

Quando voltou trazia ao punho da farda o galão de alferes e no rosto um enorme gilvaz, a mais honrosa condecoração dos heróis; outros, ganharam postos pela subserviência, pela torpe adulação e outros meios menos dignos.

Este, não; conquistara a sua insígnia de oficial em luta franca com o inimigo, peito a peito, ao alcance da arma branca; viu a morte diante de si, recebeu um profundo golpe na face, mas não voltou as costas ao inimigo.

Aquela cicatriz que trazia ao rosto e o desfigurava, era o seu maior padrão de glória, o atestado irrecusável do seu valor de soldado.

Em melhores condições de fortuna, pensa desde logo em matricular-se na escola militar para conquistar uma posição mais digna de si.

Em poucos anos de aturado estudo, vê realizado o sonho dourado que afagava, nas horas silenciosas do acampamento, apenas quebradas pelo brado de alerta das sentinelas, quando o seu pensamento voltava-se instintivamente para a modesta casinha em que habitava sua querida mãe, carregada de anos, de cuidados e de saudades.

Formou-se em engenharia, melhorou de sorte, alcançou o que se aspirava, mas não mudou nunca os seus hábitos modestos, o seu modo simples de viver.

A sua vida é um belo exemplo de coragem e de força de vontade. Alcançou eminente posição na sociedade, pelo estudo, pelo trabalho, pelo valor e sobretudo pelas grandes qualidades de um caráter sem mácula.

Um outro teria constrangimento em mencionar a obscuridade de onde veio; ele, entretanto, di-lo, com orgulho do seu honrado e glorioso passado.

A elevada posição que alcançou vindo de esfera tão humilde, deve unicamente ao seu esforço, ao seu trabalho e à sua brilhante inteligência. A sua vida é um belo exemplo para os que nascem na obscuridade.



PEREIRA MONTEIRO,  JOÃO

Militar

João Pereira Monteiro, colocou a pedra fundamental do edifício onde funcionou o Ginásio N. S. Auxiliadora, prédio que já servira de Quartel e Escola de Guerra - no Rio Pardo (RS).

João Pereira Monteiro, foi Provedor-mor da Irmandade dos Passos, militar ostentando diversas condecorações, homem estimado na sociedade riopardense, pelas suas virtudes, deixou seu nome ligado a diversos empreendimentos da cidade e seus contemporâneos agradecidos fizeram-lhe em vida, o seu retrato, que ainda hoje se encontra na sacristia da Igreja Senhor dos Passos, local das reuniões dos confrades da devoção do Senhor dos Passos.

João Pereira Monteiro, falecido aos 17 de abril de 1860, tem seus restos mortais repousando no Cemitério da Irmandade dos Passos, que se erguia nos fundo da Igreja Senhor dos Passos, em Rio Pardo (RS).



PEREIRA PAROBÉ,  JOÃO JOSÉ

Físico

A brilhantíssima personalidade do Dr. João José Pereira Parobé é de ontem, para que precisemos pôr em relevo as suas extraordinárias qualidades de caráter e de inteligência.

Estas páginas, não levam em conta o tempo, não medem os anos e tanto nelas recebem como um ato de justiça os vultos antigos como os modernos, que passaram pela vida dando exemplos de trabalho e de honra aos que surgem agora para as lutas da existência.

O Dr. Pereira Parobé os deu; foi uma das figuras mais salientes da administração republicana, desde o início do novo regime.

Havendo nascido a 04 de agosto de 1853, na vila de S. José do Norte, nem porque viu a luz nas proximidades do mar, foi volúvel como este. Não. Antes pelo contrario: o Dr. Pereira Parobé foi um perfeito tipo da constância.

Tendo começado em 1869, o seu curso de engenharia na Escola Central do Rio, transportou-se pouco depois, para a Escola Militar, seguindo a carreira das armas sem abandonar o seu sonho primitivo. Com efeito, já era tenente de infantaria quando se bacharelou em ciências físicas e naturais, em 1881.

Em 1882 vamos encontrá-lo, como professor interino, lecionando várias cadeiras na Escola Militar de Porto Alegre.

Em 1887 obtinha reforma por incapacidade física e no ano seguinte era nomeado engenheiro da Estrada de Ferro de Porto Alegre a Uruguaiana. Pouco se demorou alí, pois em 1889 alcançava a nomeação de engenheiro municipal da Intendência da cidade do Rio Grande; nesse posto veio encontrá-lo a República e como o Dr. Parobé, que fora um dos signatários do célebre manifesto de 1870, nunca fizera mistério de suas idéias democráticas e até as alardeava, o novo regime não podia condenar ao ostracismo a individualidade de tão relevantes méritos.

O Dr. Parobé foi nomeado diretor das Obras Públicas, na superintendência do Dr. Antão de Faria, a quem logo sucedeu neste cargo.

Republicano da velha guarda, “castilhista” sobretudo, o Dr. Parobé resignou o cargo que exercia, quando se deu o golpe de Estado de 1891, acompanhando o gesto altivo do patriarca.

Restituído, pouco depois, às suas funções de Secretário do Estado, dos mais ativos, o engenheiro rio-grandense exerceu-as indefesamente, com interrupção apenas do quinquênio do Dr. Carlos Barbosa.

Foi um dos fundadores da Escola de Engenharia, de que era diretor desde 1898 e, de todos os importantes institutos que lhe são anexos.

Como membro da Constituinte, assinou a Carta de 14 de julho.

Foi um dos mais operosos republicanos e sendo o chefe, era o primeiro que entrava diariamente na sua repartição.

Quando estudava engenharia, aprendeu o ofício de carpinteiro. Pois bem: quem o visitasse, na alta posição em que se achava, não raro o ia encontrar trabalhando neste ofício. Seu gabinete era uma sala de oficina, onde se não encontrava um livro, mas a banca e todas as ferramentas do ofício que aprendera na mocidade, em que era exímio.

Eis a maior prova da sua constância e do seu descaso pelas vaidades humanas.

O Dr. João José Pereira Parobé faleceu em Porto Alegre, no dia 09 de dezembro de 1915, cercado de respeito e estima de todos os que estiveram em contato com ele e, compreenderam o seu caráter inconfundível.



PEREIRA PINTO FILHO,  FRANCISCO BARRETO

Militar

Filho de outro do mesmo nome que foi o fundador do Rio Pardo.

Francisco Barreto (pai), nasceu na Terra de Feira (Portugal).

Francisco Barreto (filho), nasceu em 1758 e chegou a Sargento-mor; era casado com Eulália Joaquina de Oliveira, do Rio Grande e filha do Capitão Manoel Pereira Reis e de Brígida Antônia de Oliveira.

O casal Francisco Barreto Pereira Pinto Filho e Eulália Joaquina, teve onze filhos.

Francisco Barreto Pereira Pinto Filho faleceu em Porto Alegre e foi sepultado em Viamão (RS), junto de seu pai, segundo seu desejo expresso em testamento.



PEREIRA PINTO Fº,  SEBASTIÃO BARRETO

Militar
Tatão Barreto

Natural do Rio Pardo (RS), nasceu aos 02-11-1808 e faleceu em Porto Alegre (RS) aos 19-06-1883.

Tatão entrou para o exército chegando ao posto de Coronel; seu pai, o Marechal-de-campo Sebastião Barreto, teve três filhos de seu casamento com Matilde Clara (filha do Capitão Felisberto Pinto Bandeira), faleceu com 90 anos, em Porto Alegre.

Tatão casou-se em Bagé, com Rita Emília Rodrigues Barbosa, que nasceu no Rio Pardo, em 1810 e morreu em Porto Alegre, em 1893; Rita Emília era filha do Coronel José Rodrigues Barbosa e de Zeferina Joaquina Boleno.

Tatão e Rita tiveram seis filhos, inclusive um com nome também de Sebastião Barreto Pinto que deveria então acrescentar a palavra Neto ao sobrenome.

Outra filha, a Matilde casou-se com José Inocêncio Pereira, diretor do Banco Mauá. Josefina (a 5ª filha), casou-se em primeiras núpcias com o engenheiro Sebastião Antônio Rodrigues Braga e em segundas núpcias com Alfredo Varela (historiador e Diplomata).

Luiz Carlos, também filho de Tatão e Rita, chegou a Capitão do Exército Brasileiro.



PEREIRA PINTO NETO,  FRANCISCO BARRETO

Militar

Terceiro, dos onze filhos do Sargento-mor Francisco Barreto Pereira Pinto Filho, natural do Rio Pardo (RS).

Francisco Barreto Pereira Pinto Neto (era irmão do Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto), nasceu no Rio Pardo (RS), aos 12 de dezembro de 1782 e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 27 de junho de 1825.

Casou-se em 1808, na cidade de Caçapava (RS), com a riopardense Urbana da Fontoura, nascida em 1786 e falecida na cidade de Porto Alegre, em 1870, sendo filha de do Cel. Antônio Pinto da Fontoura e de Ana Joaquina das Dores.

Francisco Barreto Pereira Pinto Neto, ingressou na carreira das armas atingindo o posto de coronel.

O casal Francisco Barreto Pereira Pinto Neto e Urbana Fontoura, teve seis filhos nascidos cada um deles em lugares diferentes (Rio Pardo, Porto Alegre, Rio Grande, Santo Amaro e etc.).

Existiram ainda: Francisco Barreto Pereira Pinto IV (nascido em Porto Alegre, filho do Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto) e Francisco Barreto Pereira Pinto V (nascido em Cachoeira, filho de Carlos dos Santos Barreto).



PEREIRA PINTO,  ALBINO

Advogado

Nasceu em S. Borja (RS), a 08 de outubro de 1845. Iniciou sua carreira pública como professor em Santana do Livramento (RS).

Por conselho de amigos abandonou essa profissão e abriu banca de advogado na vila de Taquarí, onde contraiu matrimônio com D. Maria Cândida Barreto Viana, uma senhora distintíssima pelas suas grandes virtudes.

Dotado de espírito ativo e inteligência esclarecida, em pouco tempo Albino Pereira Pinto fez-se notado e bem querido pelos elementos preponderantes no meio social onde exercia a sua atividade e em 1882 o conselheiro Antônio Eleutério de Camargo, em nome do grande Silveira Martins, foi buscá-lo para a vida política. Não era então um estranho que vinha formar nos arraiais do partido liberal.

Albino Pereira Pinto havia conquistado na modesta vila de campanha um nome de destaque e adquirido já não pequena influência política. Transportada a sua residência para a capital, o nosso patrício continuou a trabalhar no foro e na imprensa política, onde não se distinguiu pelos lavores literários, levava a muitos vantagem pela madura reflexão e pela maneira como encarava e discutia os assuntos de interesse público, político ou partidário, sujeitos ao seu critério jornalístico.

Desde que se tornou político militante, esteve sempre na brecha. Era um servidor entusiasta do seu partido.

Eleito em 1882 deputado provincial pelo círculo, foi consecutivamente eleito até a proclamação da República em 1889. Esta, porém, não afastou da arena o paladino liberal, que continuou unido ao conselheiro Dr. Gaspar Silveira Martins de quem recebia a senha e a palavra sagrada.

Ao rebentar a revolução federalista de 1834, Albino Pereira Pinto que nunca faltou com a sua colaboração à Reforma, órgão do partido Liberal fez a defesa calorosa do movimento revolucionário e do seu chefe.

O falecimento de Silveira Martins em 1901 feriu de cheio os sentimentos afetivos do velho soldado liberal, mas nem assim estalaram as fibras do lutador fiel às tradições brilhantes e aos libérrimos ideais políticos do seu glo¬rioso partido; o leal legionário das hostes liberais continuou ligado ao seu passado político e aos destinos do partido foram por assim dizer dirigidos por ele tornando-se a sua casa o quartel-general do federalismo, que não agia sem a sua assistência e ponderado conselho.



PEREIRA PRESTES,  SEVERINO

Advogado

Concluindo os estudos, regressou à terra natal precedido da mais justa nomeada; não era bacharel em direito, mas doutor de borla e capelo.

Apesar do seu pai haver sido um dos chefes do partido conservador, o nosso patrício filiou-se ao partido liberal, quando apenas chegava à Província.

Abriu banca de advogado, conquistando, desde logo, larga popularidade, pelo interesse que ligava às causas que lhe eram confiadas.

Nada lhe faltava para fazer carreira, alcançando em pouco tempo, colocar-se entre os raros que se destacavam na advocacia.

Confiando no seu trabalho, no seu esforço e no seu talento privilegiado, procurou uma moça pobre para fazê-la feliz, vivendo ambos na mais doce harmonia, como se fossem duas almas irmãs.

O partido liberal o elegeu à Assembléia Provincial, onde a sua palavra inspirada e luminosa elucidava os assuntos mais intrincados.

Com o advento da República, abandonou para sempre a política e a terra em que nasceu, fixando residência em S. Paulo, que já conhecia dos seus belos tempos de moço.

Pouco tempo depois de lá chegar, foi nomeado, mediante concurso, lente catedrático da Academia de Direito, cargo que exerceu até os últimos dias de vida com o fulgor do seu talento de eleição e lá faleceu aos 10 de setembro de 1896, ainda no vigor dos anos, onde ele deixara, como estudante, um nome digno de inveja.



PEREIRA,  ADEL BENTO

Fazendeiro

Adel Bento Pereira é natural de S. Gabriel (RS), onde nasceu aos 27 de dezembro de 1888; era filho de João Bento Pereira.

Em 1912, Adel contraiu núpcias com Zelma Machado, de cujo consórcio nasceram sete filhos: Delma, Nice, Ivan, Carlos, Helena, Flávia e Cenira.

S. Gabriel sendo um dos municípios que honram o Rio Grande do Sul, tinha na pessoa de Adel, um propulsor do seu engrandecimento econômico; cidadão dotado de grande capacidade de trabalho, muito contribuiu para o refinamento da nossa pecuária.

Na propriedade de Adel - “Fazenda Inhantium” onde residia com sua família, havia toda uma instalação pastoril, de acordo com os requisitos da técnica recomendada; ali se primava pela ordem, pelo asseio e pela genética por meio de finos reprodutores das melhores raças estrangeiras.

Na criação do gado vacum, sobressaía-se a raça Hereford que sempre mereceu a atenção dos nossos criadores; o rebanho lanígero era também bastante apurado, merecendo especial atenção os afamados Rambouillet.

Adel não esqueceu de emprestar o seu cuidado especial aos eqüinos, que no Rio Grande do Sul muito se desenvolveu; nesse ramo da pecuária, o nosso biografado decidiu-se pela raça de corrida “PSI” (Puro Sangue Inglês), tendo para isso, importado matrizes da Inglaterra.

Adel não se limitou na sua atividade à vida privada; aderiu, também, à vida política do seu município e do seu estado; já na sua mocidade ingressou nas hostes republicanas.



PETERSEN JÚNIOR,  GERMANO

Comerciante

Germano Petersen Júnior era natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu aos 04 de maio de 1865; era filho de Germano Petersen (vindo da Alemanha) e de Margarida Corneli.

Casado com Emília Münch com que teve 12 filhos, dos quais, 7 mulheres, todas casadas; e os homens, Arlindo (do comércio local); Dr. Germano Petersen Filho (Secretário do Município de Porto Alegre); Victor (Chefe das Oficinas de tração, da “Cia. Força e Luz”); Armando e Hugo (despachantes da Alfândega local).

Germano Petersen Júnior foi membro destacado do “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense), na capital do RGS, recebeu o título de Coronel Honorário, sendo credor da maior estima dos grandes chefes e de lídimo sentimento admiração de seus inúmeros correligionários; porque, sobremodo militou brilhantemente nas fileiras do partido, em todos os tempos, tornando-se naturalmente, pelos dotes que o caracterizaram, elemento índice, dentro da grei.

Demais, a sua grande popularidade era a maior evidência em respeito à sua alta e merecida posição de destaque, mantida na sociedade porto-alegrense.

Por isso, basta o que ali ficou, para corroborar em legítimo e geral consenso; Germano Petersen Júnior era teuto-brasileiro, em quem madrugaram aquelas qualidades inconfundíveis de seus maiores.

Incansável, nimiamente progressista, foi parte integrante em inúmeros serviços prestados ao RGS, senão ao País, por alemães e seus descendentes; mas em suma, em particular e ainda palidamente, como permite o espaço nesta nossa biografia, aliás, apenas esboçada, digamos que o nosso biografado, como os que mais o só em ser, era figura de realce social, político e comercial.

Germano Petersen Júnior manteve por muitos anos, importante estabelecimento de Alfaiataria > à rua dos Andradas, ponto de reunião de seus correligionários e amigos, atraídos pela afabilidade do fino trato de seu digno proprietário e chefe.



PILLA,  RAUL

Médico Catedrático
O Papa do Parlamentarismo Brasileiro

Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 26 de janeiro de 1892 e falecido também em Porto Alegre (RS), aos 07 de junho de 1973.

Fez os estudos primários e secundários, no Ginásio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.

Diplomou-se pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, em 1916; sua tese defendida para o doutoramento, aprovada com distinção, versou sobre o tema: O som no tratamento da surdez. Especializou-se em Fisiologia.

Suas obras:
01 - Funções da Linguagem (tese de concurso) 1926
02 - Discursos (parceria de º Aranha, G. Vargas) 1931
03 - Parlamentarismo e Presidencialismo (discurso) 1946
04 - Sistema Parlamentar nos Estados (conferência) 1947
05 - O Regime Político e a Administração - O Remédio Virá de Baixo, do Povo (discurso) 1947
06 - Catecismo Parlamentarista 1949
07 - Parlamentarismo ao Alcance de Todos, s/data
08 - A Insânia Parece Dirigir a Vida Pública Brasileira (discurso) 1957
09 - Parlamentarismo ou Presidencialismo? (estudo político) 1958
10 - Da Correlação das Funções (tese de concurso), s/data
11 - A Revolução Julgada - A Crise Institucional (discursos) 1969

Desempenhou as funções de:
a - Ajudante preparador de Patologia Geral;
b - Preparador de Fisiologia;
c - Docente Livre de Fisiologia, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre.

Fora do âmbito profissional, militou na política, filiado ao antigo Partido Libertador, de cujo diretório fez parte, como seu presidente, tendo sido eleito à Assembléia do Estado do RGS e à Câmara Federal. Grande jornalista, era adepto do “Parlamentarismo” e daí vem a sua “alcunha”; foi um Maragato de quatro costados.

Dedicou-se, também, ao jornalismo, tendo sido diretor do órgão Estado do Rio Grande.

Foi professor catedrático de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Porto Alegre.



PINHEIRO BITTENCOURT,  PEDRO AUGUSTO

Militar

Pedro Augusto Pinheiro Bittencourt era filho do Gen. Francisco Antonio da Silva Bittencourt e de D. Maria Teresa Pinheiro Bittencourt. Nasceu na província do Rio Grande do Sul, em 21 de abril de 1857.

Atraído pela gloriosa carreira das armas, em que tanto se nobilitara seu pai, assentou praça em 10 de agosto de 1871.

O Brasil acabava de sair de um longo período de guerras, quando o jovem rio-grandense entrava na vida militar e esta, em tempo de paz, não oferece margem a acessos rápidos nem a feitos que assinalem datas de relevo nas páginas da História. Ainda assim, Pinheiro Bittencourt tem uma biografia lu¬minosa.

Eis como se repartem os longos 47 anos de serviços que prestou nas fileiras:

Promovido a alferes em 29 de julho de 1877, com mais de seis anos de praça, teve durante o tempo que serviu as seguintes promoções: foi tenente em 17 de setembro de 1879; capitão em 3 de julho de 1886; major em 17 de março de 1894; tenente-coronel em 30 de junho de 1899; coronel galona¬do por merecimento em 03 de novembro de 1904 e efetivado em 02 de agosto de 1905; general de Brigada, por merecimento em 14 de novembro de 1910 e de divisão em 08 de abril de 1914.

O Gen. Pinheiro Bittencourt tomou parte ativa na revolução de 1893, servindo nas forças legais. No governo do Sr. Prudente de Morais foi no¬meado comandante do 9º Regimento de Cavalaria e mais tarde, logo após a sua promoção a general de Brigada, assumiu o comando da Brigada Mista da capi¬tal da República.

Por ocasião da revolta dos marinheiros em 1910, tendo sido ferido o general Menna Barreto comandante em chefe da guarnição do Rio de Janeiro, o Gen. Pinheiro Bittencourt foi nomeado para substituí-lo naquele comando.

Feita a remodelação do Exército, foi o ilustre militar escolhido para comandar a 3ª Divisão, com sede na Capital Federal; foram da mais alta relevância os serviços que então prestou na organização dessa unidade do exército e na repressão à revolta dos sargentos, surpreendida e esmagada no nascedou¬ro.

Desinteligências com o ministro da guerra impeliram-no a exonerar-se deste cargo, sendo em seguida, nomeado comandante da 7ª Região Militar, com sede no Rio Grande do Sul.

No exercício dessas funções veio encontrá-lo a morte, no dia 30 de março de 1917.

O Gen. Pedro Augusto Pinheiro Bittencourt foi um rio-grandense que honrou sobremodo a sua terra natal, tendo prestado à Pátria e ao exército, os mais assinalados serviços.

Foi sempre soldado, evitando qualquer contato com a política que, se alguma vez o namorou, não foi correspondida nem conseguiu que ele lhe depusesse aos pés a espada que empunhava, para a defesa da Pátria e não para montar guarda às urnas.



PINHEIRO CABRAL,  CID

Jornalista

Natural de São Luís Gonzaga (RS), nasceu aos 15 de maio de 1915; além de jornalista, era também biógrafo. Usava as iniciais C.P.C. em seus trabalhos.

Suas obras:
01 - O Senador de Ferro (biografia de Pinheiro Machado) 1969

Em 1971, foi parceiro de Ruy Carlos Ostermann, na interessante obra: “O Admirável Futebol Brasileiro” (História da evolução e suas Grandes Passagens).



PINHEIRO MACHADO,  JOSÉ GOMES

Advogado
Pai da República

Nasceu este egrégio vulto da política brasileira, na cidade de Cruz Alta (RS), a 08 de maio de 1852. Era filho legítimo do Dr. Antonio Gomes Pinheiro Machado e este o levou para o Rio de Janeiro, em 1865, matriculando-o na escola militar dalí.

Estávamos nesse tempo, em guerra com o Paraguai e do norte ao sul do país, organizavam-se batalhões de voluntários para irem combater o torvo inimigo. Todos os brasileiros vibravam de patriotismo e Pinheiro Machado, infante ainda, quase criança, sentiu inflamar-se-lhe nas veias o sangue ardente do lutador singular que tinha de ser pela vida inteira.

Iludiu, pois, a vigilância paterna e alistou-se numa dessas legiões de bravos que iam pelejar, em terras desconhecidas, sob um céu hostil, pela sua Pátria. Fazendo parte das forças comandadas pelo glorioso general Conde de Porto Alegre, o moço rio-grandense seguiu logo para as linhas de fogo e entrou em diversos combates, revelando excepcional bravura. Seu pai, porém, não estava por isso e valendo-se de sua autoridade, pediu e obteve a baixa de seu filho do serviço do exército.

Pinheiro Machado foi então fixar-se em S. Paulo e matriculou-se na Faculdade de Direito, onde se bacharelou em ciências jurídicas e sociais, em 1878, regressando em seguida para o Rio Grande do Sul.

Seu pai fôra na Província, chefe político de notável influência e não faltaram ao moço bacharel, de chegada à terra natal, oferecimentos de diversos cargos de confiança por parte do partido liberal; Pinheiro Machado recusou todos eles.

Em 1879, fez parte do brilhante pugilo de moços que, com Júlio de Castilhos, Venâncio Aires, Assis Brasil, Ernesto Alves, Álvaro Chaves e outros, confraternizaram-se num churrasco oferecido na “Fazenda da Reserva” município de Vila Rica (hoje Júlio de Castilhos – RS), quando fundaram o “Partido Republicano Rio-grandense” tornando-se a guarda avançada da propaganda e evangelização da República.

O “Império do Brazil” cambaleava moribundo; os cortesões locupletavam-se às escondidas de Sua Majestade, o Imperador D. Pedro II.

Aos 24 de dezembro de 1888, na estância de seu pai, município de Cachoeira (RS), nasce o gaúcho Octavio Peixoto de Mello > filho caçula de José Peixoto da Silveira Mello (afilhado do coronel farroupilha Agostinho José de Mello); muito depois, Octavio veio a falecer aos 31 de outubro de 1936.

Aos 15 de novembro de 1889, foi esta proclamada, a República e Pinheiro Machado eleito senador pelo Rio Grande do Sul; desde então o grande rio-grandense não teve mais um dia de descanso, servindo a República com incomparável patriotismo e lealdade, na paz como na guerra.

Quando, após os memoráveis trabalhos da Constituinte, Júlio de Castilhos regressou para o sul, a chefia da representação rio-grandense ficou entregue a Pinheiro Machado; daí começa a sua ascendência na história política do país.

Filho de um chefe de um grande partido, herdara ele do seu progenitor o dom irresistível de dominar vontades e impor o seu forte querer; assim, em pouco tempo, havia criado fanatismos em torno de sua individualidade empolgante.

Em 1891, por ocasião do golpe de Estado do Marechal Deodoro, o senador Pinheiro Machado veio ao Rio Grande do Sul e depois de ligeira estada na sua fazenda, em S. Luiz Gonzaga, emigrou para a Argentina, a fim de organizar forças para vir ao Rio Grande, repor no governo o Dr. Júlio de Castilhos.

Seguiu-se a revolução federalista e o grande patriota incorporou-se à divisão do Gen. Francisco Rodrigues Lima, fazendo com ele toda a memorável campanha, compartilhando a responsabilidade do comando; de sua poderosa ação nesse cruento período de incertezas, de sobressaltos, de incessante lutar na defesa da República não é preciso dizer.

Os acontecimentos são de ontem e estão ainda vivos na memória de todos. Entretanto, para que se faça uma idéia da influência que exercia nas hostes republicanas a presença de Pinheiro Machado, vai aqui um trecho da parte que ao Gen. Hipólito Ribeiro, comandante em chefe do exército em operações no norte do Estado, deu o Gen. Rodrigues Lima, após a memorável batalha de Inhanduí, ferida a 03 de maio de 1893.

Quanto ao que fez o senador Pinheiro Machado, consta:

“Ele personificou no momento o dever cívico. Sua atividade desdobrou-se em todos os pontos da linha. Sua presença estava em toda a parte. Sua palavra de entusiasmo, de animação e de conforto foi ouvida por todos. Seus exemplos foram seguidos pelos mais bravos.”

Seu irmão, o Gen. Salvador Pinheiro Machado, então coronel, foi um dos heróis da memorável batalha de Inhanduí, lugar já célebre nos nossos fastos guerreiros, pelas vitórias aí alcançadas pelos “farroupilhas” em 28 de dezembro de 1837.

Extinta a revolução em agosto em 1895, o Marechal Floriano Peixoto conferiu a Pinheiro Machado as honras de “General de Brigada”.

Voltou o excelso republicano a ocupar a sua cadeira no senado. Floriano Peixoto ia entregar as rédeas do governo ao Dr. Prudente de Moraes, primeiro presidente civil eleito, quando andava no ar insistentes suspeitas e ruidosos prognósticos de que essa transmissão de governo não se faria e que Floriano Peixoto (O Marechal de Ferro) ia implantar a ditadura militar.

O Marechal de Ferro havia atingido ao termo de seu agitadíssimo governo coberto de glórias e o boato fantasista explorou a seu belo prazer, a gravidade do momento político.

Entretanto, o extraordinário soldado passou, no dia da lei, o governo a seu substituto legal. Prudente de Morais, porém, teve um quatriênio tumultuoso. Pinheiro Machado que, como político hábil, á impunha sua vontade, tornou-se logo suspeito ao governo. Foi encarado como reacionário e quando se deu em 5 de novembro de 1897, o atentado do Arsenal de Marinha, em que o Marechal Bittencourt caiu sob o punhal de Marcelino Bispo, o senador gaúcho, com outros políticos de valor, foi preso como implicado no lutuoso caso.

Foi uma tremenda injustiça que, se feriu profundamente o coração do excelso rio-grandense, não conseguiu entibiar sua inata altivez de lutador que, quando queria atacar o adversário, atacava-o de frente e não na sombra.

Quase ao mesmo tempo deu-se a cisão do partido republicano federal chefiado pelo deputado paulista Francisco Glicério e Pinheiro Machado colocou-se ao lado deste, em aberta oposição ao governo do Dr. Prudente de Morais.

Terminado o quatriênio deste, assumiu o governo da República o Dr. Campos Sales, que teve a notável presciência de captar a amizade prestigiosa e leal de Pinheiro Machado e daí em diante, cada vez mais e mais se foi acentuando a ascendência do preclaro estadista rio-grandense nos destinos políticos da República, de modo que “o governo do Dr. Rodrigues Alves veio encontrar a personalidade do senador gaúcho em grande destaque.

O seu nome figurava já nas combinações da política nacional, era numa palavra, o grande eleitor da República. Foi assim que, quando se tratou do substituto do Dr. Rodrigues Álves, o Estado de S. Paulo impôs, com aquiescência ou quiçá indicação daquele, a candidatura do Dr. Bernardino de Campos.

Pinheiro Machado rompeu com o Presidente da República, combateu energicamente aquela candidatura, levantando a de Campos Sales. Daí a indicação do nome do Dr. Afonso Pena, que foi eleito como candidato de conciliação. Este, ainda no meio do seu quatriênio, começou de cogitar da escolha do seu substituto, chegando mesmo a indicar o Dr. David Campista, que era então ministro da Fazenda.

Pinheiro Machado ainda uma vez insurgiu-se contra esse sistema absurdo dos presidentes da República quererem, contra as normas democráticas, escolher seus substitutos e da luta que então se travou, surgiu a convenção de 22 de maio de 1909, que homologou a candidatura do gaúcho de São Gabriel (RS), Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, indicada, defendida e prestigiada por Pinheiro Machado, como chefe de um grande partido nacional. Foi esta, a candidatura triunfante, num pleito renhido, em que se apresentava também candidato à curul presidencial essa glória da América Latina que é o Dr. Rui Barbosa.


O ÁGUIA-DE-HAIA contra o QUERO-QUERO DOS PAMPAS

Certa feita, estando o senador gaúcho Pinheiro Machado a defender um projeto de interesse público, cometeu um ligeiro erro de sintaxe; o também senador, baiano Rui que nada perdoava ao grande adversário, cometeu o grave pecado de corrigir o gaúcho, com a intenção de constrangê-lo diante de seus pares.

Deu-se mal o baiano; o gaúcho, que já gozava da fama de ágil espadachim do verbo, possuidor de uma flexibilidade mental extraordinária, assim respondeu num repentino flamejante, ao golpe de Rui:

“Recebo e agradeço a lição de V. Exª, que é jurisconsulto e um mestre consumado da língua portuguesa. Eu, realmente, quase nada sei. Estudei pouco porque, enquanto V. Exª desgastava os cotovelos debruçado sobre os livros e com a bunda alisava os bancos da escola, eu, com 16 anos apenas, desertava do lar paterno, para defender a Pátria, nos inóspitos campos do Paraguai.”

“Enquanto o Dr. Rui Barbosa andava de gramática embaixo do braço, eu carregava às costas um fuzil, combatendo dois homens que ele só conheceu de nome: Solano López e Gumercindo Saraiva.”


O TAURA e o MAULA

Noutra feita o Gen. Silva Telles fez uma série de ataques ao senador gaúcho Pinheiro Machado, por intermédio do jornal “Gazeta de Notícias”. Dias depois, o Gen. Silva Telles chegava ao Rio de Janeiro, num navio e antes que pisasse em terra, subiam a bordo os deputados Rodolfo Miranda e Rivadávia da Cunha Corrêa, que assim informaram ao militar:

“General, representamos neste momento o senador Pinheiro Machado. Sente-se ele atingido em sua honra de cidadão, pelos termos de um telegrama dirigido por V. Exª ao Sr. Ajudante General do Exército e deseja uma reparação pelas armas.”

Calmo, Silva Telles, respondeu:

“Não me bato com o senador Pinheiro Machado, pois julgo-o indigno.”

Retrucou, Rivadávia desta maneira:

“Essa desculpa não me parece oportuna, general. Não convencerá ao nosso amigo, que temos a honra de representar neste momento, pois já vai longe o tempo dos fidalgos, que alegavam o sangue plebeu dos adversários, quando esquivavam-se de qualquer disputa perigosa . . . ”

Irritado, Silva Telles interrompe-o:

“És escusado, meus senhores! Não há argumento que me demova. Não retiro o que disse e nem me bato. A espada que tenho, para defender a pátria, não vou terçar com o facão de um degolador!”

Sem vacilar, Rivadávia retrucou o general:

“Pois bem, como o senador Pinheiro Machado quer uma reparação a qualquer preço e V. Exª o julga indigno como adversário, eu me proponho a tomar-lhe o lugar. Creio que V. Exª não tem restrições a opor a minha pessoa.”

Silva Telles admirou-se em ouvir aquilo; emocionado, abraçou Rivadávia e disse:

“Olha menino, atitudes como essa são raras e honram não somente a ti e ao nosso amado Rio Grande, mas também ao homem que sabe fazer amigos de teu valor. Ficas autorizado a ir ao jornal que publicou meu telegrama e retirar as palavras julgadas inconvenientes”.

Quando essa vitória moral de Pinheiro Machado espalhou-se no Rio de Janeiro, a casa em morava o senador gaúcho, na Barra da Tijuca, encheu-se de amigos querendo felicitá-lo. O episódio serviu para definir Pinheiro Machado como um homem que nunca recuava diante de nada e sua popularidade aumentou ainda mais.


O GAÚCHO e o CARIOCA

Outro jornal do Rio, o “Correio da Manhã” era dirigido por Edmundo Bittencourt, um respeitado jornalista que acabou se excedendo nos ataques ao senador gaúcho, que não, visavam somente o homem público, mas também o cidadão.

Isso acabou levando o senador Dr. Ramiro Fortes de Barcellos e o Cel. Hermes da Fonseca ao gabinete de trabalho do jornalista Bittencourt. Disse então o senador Ramiro:

“Estamos aqui a pedido do Gen. Pinheiro Machado. Convencido de que não há mais forma pacífica pela qual se possa resolver a velha questão pessoal que se interpõe entre ele e V. Exª, convida-o para uma solução pelas armas!”

Com muita calma, o jornalista respondeu:

“Aceito o desafio. Quais armas?”

Retrucou, Ramiro:

“O senador deixa esse detalhe a seu cuidado”

Triplicou, o jornalista:

“Está bem. Escolho a pistola. Quanto à distância, prefiro 20 passos. O Gen. Pinheiro Machado tem fama de bom atirador, Para ele, essa distância é nada.”

Ramiro Barcellos e Hermes da Fonseca procuram o conterrâneo Pinheiro Machado em sua casa. Após ser informado de tudo, o senador disse:

“Concordo com tudo, menos com a distância; isto é duelo! Insisto num ponto: 10 passos.”

Ainda naquela noite, Ramiro comunicou o jornalista, que concordou. Seriam dez passos.

Na manhã do dia seguinte, seis homens chegavam a um ponto da praia do Leblon (Rio de Janeiro). Pinheiro Machado levava como padrinhos Ramiro Barcellos e Hermes da Fonseca, enquanto o jornalista havia convidado o seu colega Vicente Piragibe e o Cap. Ormindo Pimentel.

Era 23 de maio de 1906. Tirada a sorte, ficou com o jornalista o início da ação. Separados por dez passos, os duelistas ouviram o sinal e giraram, ficando frente à frente. Edmundo acionou o gatilho, mas sua pistola negou fogo. Ao perceber isso, Pinheiro Machado virou o cano da sua arma para cima e detonou o tiro da sua vez.

Quietos em suas posições, os duelistas ficaram se olhando. Por fim, o senador gaúcho perguntou ao adversário:

“E agora?”

O jornalista respondeu:

“Sendo V. Exª um senador da República e um homem político de prestígio e eu um jornalista político, o resultado obtido não satisfaz.”

Começaram tudo de novo. O jornalista disparou, errou o alvo e, a seguir, cambaleou. O tiro do senador pegou-o numa coxa.

O duelo aconteceu no maior sigilo, com as autoridades policiais, os jornais e os amigos dos duelistas sabendo de tudo somente no dia seguinte.

Quando o Marechal Hermes tomou posse da presidência, já o senador Pinheiro Machado era o árbitro da política brasileira, e nesse supremo posto colocou o Rio Grande do Sul numa posição de eminência tal, como ainda não tivera na República e como só na monarquia alcançara, pelo prestígio de Silveira Martins.

O governo de Wenceslau redundaria no início de um descontentamento generalizado contra Pinheiro Machado, ao longo de duas décadas nas decisões do Senado; incentivado pela imprensa da oposição, o povo não poupava o gaúcho. Numa dessas vezes, com a multidão ululando a sua ferocidade lá fora, os amigos aconselharam-no a sair pelos fundos.

Enérgico, respondeu Pinheiro Machado:

“Sairei pela porta da frente e à hora em que eu quiser! Ninguém se atravessará no meu caminho!”

Ao sair, enfrentou com altivez a multidão, que abria uma clareira ante a aproximação daquela figura dominadora. Chegando ao carro, ordenou ao nervoso chofer:

“Vá andando, nem tão devagar que pareça provocação e nem tão depressa que pareça covardia.”

Foi aí, em plena virilidade e florescência física, temido e respeitado, no maior fastígio de sua fecunda e gloriosa vida política, que o ervado punhal de um insano foi abatê-lo, à falsa fé, como coisa de uma emboscada infamemente preparada, na tarde trágica de 08 de setembro de 1915.

Caiu o gigante de bronze e a sua queda abalou o país inteiro. Entretanto, Pinheiro Machado não ignorava que a sua eliminação estava decretada, pois em julho desse ano, quando mais acesa ia a campanha contra a ditadura do Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca à senatoria pelo Rio Grande do Sul, dizia o excelso republicano num discurso de agradecimento a uma manifestação que lhe faziam:

“É possível que durante a convulsão que nesta hora sacode a República, em seus fundamentos, possamos submergir — é possível. É possível mesmo que o braço assassino impelido pela eloqüência das ruas nos possa atingir. Afirmamos, porém, meus nobres correligionários que, se a esse ponto chegar, saberemos ser dignos da vossa confiança e tombaremos na arena, olhando para a grandeza da nossa pátria, serenamente, sem ambições nem desprezo, sentindo tão somente dos negócios da nação.

Não ocultaremos, como César, a face com a toga e de frente olharemos fito a ignóbil figura do bandido, do sicário.”

E assim morreu Pinheiro Machado, o braço forte da República, o gaúcho de soberba e diamantina têmpera; assassinado pelas costas como vaticinou, em 08 de setembro de 1915, não escondeu o rosto como César, no Senado romano; olhou o bandido, o sicário que fugia, gritando-lhe: “Canalha!”.



PINTO BANDEIRA,  FELISBERTO

Ministro da Ordem III de S. Francisco

Felisberto Pinto Bandeira nasceu em 1753, natural de Viamão ou Rio Pardo, não se sabe ao certo, era irmão de Raphael Pinto Bandeira.

Felisberto foi o 6º filho do Capitão Francisco Pinto Bandeira [nascido em Laguna (SC) e falecido em Rio Pardo (RS), sendo o 1º Comandante da Companhia de Dragões de Rio Pardo (1737-1739)] e de Clara Maria de Oliveira [da Colônia do Sacramento, descendente dos primeiros portugueses povoadores do Rio Grande].

Francisco Pinto Bandeira era filho do primeiro matrimônio de José Pinto Bandeira, português de Valongo, que casara em 1699, na Laguna (SC), com Catarina de Brito Peixoto (irmã de Francisco Brito Peixoto > filhos de Domingos Brito Peixoto); a segunda esposa de José Pinto Bandeira chamava-se Inocência Ramires, de Paranaguá (PR), tendo lá se casado em 1702 e gerando cinco filhos.

Felisberto Pinto Bandeira casou duas vezes; seu primeiro casamento foi na vila de Triunfo (RS), em 1777, com Ana Clara do Espírito Santo [nascida na Colônia do Sacramento e filha de José Rodrigues de Carvalho e de Teodósia Faustina Carreiro]; seu segundo casamento foi na cidade de Porto Alegre (RS), em 1800, com Ana Leme da Silva [filha de Agostinho Leme Bonfante, de Guaratingüetá (SP) e de Francisca Ribeiro de Morais].

Do casamento de Felisberto com Ana Leme, houve três filhos e com Ana Clara houve oito filhos.

Felisberto foi Ministro da Ordem 3ª de São Francisco, o que revela a importância que desfrutava na sociedade riopardense do seu tempo.

Felisberto faleceu em 1831 e foi sepultado no adro da Igreja São Francisco; tendo seu nome gravado em baixo relevo numa grande pedra à entrada da porta principal desse templo, em Rio Pardo (RS).



PINTO BANDEIRA,  RAPHAEL

Dragão
Primeiro Caudilho Gaúcho

Rafael Pinto Bandeira veio ao mundo na querência de Viamão (RS), aos 16 de novembro de 1740, no momento em que a capitania do Rio Grande do Sul era, por ato de D. João V, desligada da de São Paulo e anexada à do Rio de Janeiro.

O território do Rio Grande nunca teve donatário ou senhor feudal, daí, naturalmente, o rijo espírito de independência e liberdade que faz do gaúcho um tipo à parte na família brasileira: altivo, leal, insubmisso, belicoso e de que nos dá formoso modelo o preclaro herói viamonense.

Filho de Francisco Pinto Bandeira, um português de radiosa memória nos anais do Rio Grande do Sul nascente, Rafael Pinto Bandeira herdara de seu pai os preciosos dons de honradez e coragem, que o salientavam entre os seus contemporâneos.

Vamos encontrá-lo, desde os mais verdes anos, levando vida de aventuras belicosas e revelando inata tendência para o exercício das armas.

Tendo posto o seu braço ao serviço de Portugal, Rafael Pinto Bandeira foi subindo todos os postos militares, desde o mais baixo até aos bordados de general, aliás, o primeiro nascido no Brazil.

Afeito à vida dos acampamentos, onde tudo respira força e desprendimento, adquiriu aí a rigidez física, o ânimo intrépido, a audácia viril que o faziam desprezar a morte, caminhar para os combates com a confiança no coração e a alegria nos olhos.

A ação combativa de Rafael Pinto Bandeira era pronta, tumultuária e desnorteante. Empenhado na luta não se detinha a apalpar o terreno, o que aliás para ele, supérflua coisa seria, por isso, melhor do que ninguém, conhecia o território do Rio Grande do Sul.

Rafael Pinto Bandeira saltava por cima de todos os empecilhos fazendo deles muitas vezes de ofensiva e defensiva, porque é bem verdade que, como diz Lewis (na Vida de Goethe):

“O pedaço de granito que era um obstáculo para o fraco, torna-se um degrau por onde o forte sobe”

Era no tempo em que andava acesa e fragorosa, a rivalidade dos portugueses com os espanhóis do Prata. Essas desavenças vinham desde a paz de 1763 e permaneceram em estado agudo até a declaração da guerra de 1774.

Rafael Pinto Bandeira, moço, ardoroso, de ânimo cavalheiresco e oficial de Dragões, não devia conservar-se alheio ao suceder dos acontecimentos.

De resto, como patriota, soldado fiel à sua Pátria e ao Rio Grande de S. Pedro, não podia sofrer de coração fechado as repetidas, como que acintosas, provocadoras deslealdades dos espanhóis, para com os nossos.

Na guerra originada pelo célebre Pacto de Família, Portugal havia levado à Espanha, já vencida pelos tratados de paz que então surgiram, estabelecer-se a cláusula de serem restituídos à coroa portuguesa os territórios conquistados na América.

Os espanhóis, porém, jogando com a sua política maquiavélica, restituíram apenas a Colônia do Sacramento - retendo em seu poder, as ilhas de S. Gabriel, Martim Garcia e Duas Irmãs, o Rio Grande de S. Pedro com o seu território e outros.

Além disso, a espinhosa questão de limites trazia os ânimos portugueses e espanhóis em constante exaltação.

Uma vez travada a luta, não havia força capaz de detê-la. Ora, D. Pedro de Cevallos, governador de Buenos Aires, era ferrenho inimigo dos portugueses e brasileiros.

Não perdia ocasião de hostilizar os povos do Brasil Meridional e, como “ódio velho não cansa” tomou, um dia, à falsa fé, a Colônia do Sacramento e invadiu o Rio Grande de S. Pedro.

Era a vez de Rafael Pinto Bandeira, já aguerrido soldado, entrar na liça e desenvolver vigorosa, contínua ação.

Vendo pisado o solo gaúcho pelas guerreiras patas do invasor bárbaro, os rio-grandenses levantaram-se em massa para expulsar o invasor e ao herói viamonense coube o maior quinhão de glórias nessa patriótica empresa.

O guerreiro rio-grandense era dotado de estupendos e raros predicados militares. A sua temerária bravura andava unida com calculado tino de cautela e astúcia; assim, quando o inimigo menos pensava, ele o colhia de chofre e o destroçava; foi assim no combate do Espinilho, na costa oriental do arroio Tabatingaí (próximo à Pantâno Grande), em 02-01-1774, quando Rafael Pinto Bandeira fez passar no sentido transversal do barlavento de uma coxílha, um piquete de oito cavalarianos galopando, de cujos, só aparecia a silhueta dos arreios para cima, ao que uma parte das tropas de D. Marcos e de D. Zabala imediatamente saíram ao encalço, não vislumbrando que entre eles e aqueles, havia um imenso pantanal de abóboras d’água (treme-treme ou olho de boi), donde os perseguidores sucumbiram (cavalos, cavaleiros e armas).

A jornada de 14 de janeiro de 1774, foi assim: Nesse dia, Rafael Pinto Bandeira, tendo vadiado com os seus legionários o arroio Santa Bárbara, em Cachoeira, caiu de surpresa sobre o acampamento de Vertiz y Salcedo (inimigo, posto em confusão, desbaratando-o), sem lhe dar tempo de entrar na linha de ação.

Em 1776, assombrando as falanges contrárias, o temerário gaúcho empreendia e realizava a conquista do forte de Santa Tecla e, no ano seguinte, atacava a guarda de S. Martinho, alcançando sensacional vitória.

No relatório que ao seu sucessor, Marquês de Loreto, dirigiu o mui suspeito, apaixonado e várias vezes vencido, D. Juan de Vertiz y Salcedo (vice-rei do Rio da Prata), vem o seguinte pitoresco trecho, sobre o feito de São Martinho:

“Dos povos de Missões, recebi a notícia de que fora atacado pelo Cel. Rafael Pinto Bandeira, com 400 dragões, a guarda de S. Martinho, onde estava com 20 homens um tenente que foi levado prisioneiro, carregando cavalhada, gado vacum e alguns índios menores, que o mesmo comandante roubou da estância de São Lourenço, chegando ao excesso de despir os índios e despojá-los por completo de seus escassos haveres.”

Só mesmo a um perro castelhano sobejaria desfaçatez, para cuspir sobre a cristalina honorabilidade de Rafael Pinto Bandeira tão infamante labéu!

Não eram os continentinos meridionais que saqueavam e destruíam os bens alheios, mas sim, as hordas de bárbaros do Prata.

Para prová-lo, aí estio a conquista da ilha de Santa Catarina, a tomada da Colônia do Sacramento, a posse da vila do Rio Grande de S. Pedro e de outros territórios nossos.

A força que armou o braço rio-grandense e o conduziu à luta foi um profundo sentimento de revanche, foi o patriótico intento de expulsar da terra natal o invasor sanguinário, o intruso cruel, o vizinho desleal, que nos queria presa de suas descomedidas, insaciáveis cobiças.

O inimigo, sim, era movido por idéias rapaces, o saque, a conquista, eram os móveis de suas sortidas e desde que foi fundada, em 22-01-1680, a Colônia do Sacramento, outra não foi a preocupação dos espanhóis do Prata senão, fazer desse futuroso estabelecimento, coisa sua.

Custava-lhes ver os portugueses de posse da próspera colônia e 70 anos depois de sua fundação, em 1750, arriscaram eles propor a troca da mesma pelas sete missões jesuíticas da margem esquerda do rio Uruguai.

Não se efetuou o pacto e, mais tarde, quando chanceler de Espanha, o famigerado Conde de Florida Blanca, D. José Monino, foi a colônia tomada por sua ordem, graças à covarde capitulação do Cel. Francisco José da Rocha e o desalmado Cevallos, por não ter que a entregar um dia, mandou arra¬sá-la e obstruir-lhe o posto.

De resto, mais polpudas conquistas do irritado vice-rei do Prata, no Brasil Meridional, foram menos devidas a esforços armados que a maquinações vergonhosas, como foi a tomada de Santa Catarina entregue por capitulação indigna do governador Antonio Carlos Furtado de Mendonça, como diz conspícuo historiógrafo, é doloroso registrá-lo.

Pedro de Cevallos, o duro perseguidor dos continentinos de S. Pedro, encontrou por fim, quem lhe fizesse baixar o topete, o mesmo acontecendo com o façanhudo D. Juan José de Vertiz y Salcedo.

Esse herói vencedor foi Rafael Pinto Bandeira; foi ele quem infligiu constantes derrotas ao invasor platino e braço às armas feito . . . elevou até às estrelas, a fama da impávida bravura rio-grandense.

Rafael Pinto Bandeira, de quem os altos feitos eram conhecidos em Portugal e na Espanha, figura na soberba galeria dos gaúchos ilustres do Rio Grande do Sul, como um vivo exemplo de coragem, de lealdade e singular ardor cívico.

O brilho imarcescível de suas ações guerreiras constitui páginas de ouro da nossa curta, mas gloriosa história.

Sem qualquer sobra de dúvida > Rafael Pinto Bandeira foi o primeiro general nascido no Rio Grande de S. Pedro e também deve ser considerado “O Primeiro Caudilho dos Pampas Gaúchos”.

Faleceu em Rio Grande (RS), aos 09 de janeiro de 1795.



PINTO BANDEIRA,  VASCO

Há três gaúchos ilustres com este mesmo nome:

1 - Um, irmão de Raphael Pinto Bandeira, que faleceu solteiro em 1806, como sargento-mor;

2 - Outro, filho do segundo casamento de Felisberto, era Capitão, foi batizado, em 1806, no Rio Pardo, cidade onde nasceu e casou-se em primeiras núpcias com a sua sobrinha Ana Carolina da Silva Bandeira, e filha de Gaspar e, em segundas núpcias casou-se com Maria José da Rosa Lisboa, natural de Porto Alegre;

3 - O terceiro Vasco é o Bacharel que consta nessa relação de Gaúchos Ilustres > é filho do segundo matrimônio do Capitão do mesmo nome (acima mencionado no item 2).



PINTO BANDEIRA FILHO,  VASCO

Advogado e Político

É sempre com respeito e com elevação cívica, que mencionamos o nome Pinto Bandeira, que significa, através do tempo, uma epopéia iniciada desde o alvorecer da nossa história, pela figura centáurica do imortal cabo de guerra Rafael Pinto Bandeira, do qual descendem todos os outros homens que trazem o nome tradicional daquele bravo militar.

Dentre muitos outros, está o Dr. Vasco Pinto Bandeira Filho, que mereceu, pelos muitos e valiosos serviços prestados à Pátria, honroso título de Coronel Honorário do Exército Nacional.

Neto paterno de Rafael Pinto Bandeira, nasceu o Dr. Vasco Pinto Bandeira Filho, em Rio Pardo, aos 23 de agosto de 1856, sendo filho do Maj. Vasco Pinto Bandeira e de D. Maria José Pinto Bandeira, proprietários das Estância das Pombas, situada próxima do Capivari, distrito do Rio Pardo (RS).

Político de alta visão, foi eleito Deputado pelo seu partido, exercendo o mandato que lhe fôra confiado com grande brilho, pois era um cidadão culto e digno.

Bacharel em Direito, brilhou nos tribunais do RGS, durante muitos anos; depois de haver dado muito da sua inteligência e cultura pelas causas nobres da coletividade gaúcha e da Pátria, recolheu-se à vida privada, indo residir em Jaguarão (RS), onde faleceu ao 06 de fevereiro de 1919.



PINTO DA FONTOURA, ANTÔNIO

Militar

Batizado em 1760, no Rio Pardo, terra de seu nascimento; faleceu em Caçapava (RS) no ano de 1826.

Filho do Ten. Francisco Pinto de Sousa, do bispado de Porto Alegre (RS) e de Angélica Pelosa da Fontoura, do Rio Grande (RS).

Com 12 anos apenas, ingressou no Regimento dos Dragões e se tornou Cabo porta-estandarte, alferes, tenente e capitão, sucessivamente.

Em 1813, foi promovido a Ten-cel. do Regimento de Milícias do Rio Pardo. Em 1823, foi promovido a Brigadeiro.

Antônio Pinto deixou vasta descendência; era ele figura de grande prestígio no Rio Grande de S. Pedro e no Prata, pois foi amigo de D. Carlos De Alvear e de D. Juan Antônio Lavalleja (proclamador da independência do Uruguai, aos 25-08-1825).

O Brigadeiro Antônio Pinto casou duas vezes: a primeira, no Rio Pardo com a carioca Ana Joaquina das Dores e a segunda em Porto Alegra com a riopardense Eufrázia Luzia de Lima.



PINTO DA FONTOURA,  FRANCISCO

O Poeta dos Farrapos - Chiquinho da Vovó

Natural do Rio Pardo (RS), nascido em 1763 e falecido assassinado na cidade do Alegrete (RS).

Francisco Pinto da Fontoura foi o 4º filho do Brigadeiro Antônio Pinto da Fontoura e de sua 1ª esposa D. Ana Joaquina das Dores, natural da Freguesia da Candelária, Rio de Janeiro (RJ).

Francisco Pinto da Fontoura era casado no Alegrete (RS), em 1846, com a riopardense Leopoldina Ourique (filha de Joaquim Vitoriano Ourique e de D. Maria Cândida de Azambuja); o casal Francisco Pinto e Leopoldina teve quatro filhos.

Francisco Pinto da Fontoura, o Chiquinho da Vovó (como era também conhecido), foi o autor de um dos Hinos da República RIO-GRANDENSE > sendo conhecido na história da revolução de 1835, como o “Poeta dos Farrapos”.



PINTO BANDEIRA,  GASPAR

Dragão

Natural de Rio Pardo, filho de Felisberto Pinto Bandeira; casou-se em 1810, com Clara Antônia da Silva (filha de José Antônio da Silveira e Ana Leme da Silva), com quem gerou um filho com o nome de Gaspar Pinto Bandeira Fº, que foi tenente.

José Antônio da Silveira (era procedente da Ilha Terceira, dos Açores), era casado com Francisca Josefa (da Ilha de S. Miguel, dos Açores), neta materna de Agostinho de Leme Bonfante de S. Paulo (SP) e de Francisca Pedroso, de Minas Gerais.

Gaspar e Clara Antônia tiveram treze filhos, quase todos nascidos no Rio Pardo (RS).



PINTO DA FONTOURA,  JOSÉ

Dragão

Nasceu no Rio Pardo (RS), e faleceu em 1827.

José Pinto da Fontoura era Sargento-mor último filho dos sete que teve o casal Tenente Francisco Pinto de Sousa, natural de Portugal e Angélica Veloza da Fontoura, da cidade do Rio Grande e falecida no Rio Pardo, em 1792.

Casou no Rio Pardo, em 1794, com Caetana Maria de Figueiredo Mena, nascida no Rio de Janeiro (RJ), em 1772 e falecida em 1833.

Caetana era filha do Tenente José Maria de Figueiredo Mena, português do bispado de Bragança e de Ana Clemência de Oliveira, nascida em Lisboa (Portugal).



PINTO DA FONTOURA,  SEBASTIÃO

Dragão

Sebastião Pinto da Fontoura, natural de Rio Pardo, nasceu em 1798. Foi o último filho do segundo casamento do Brigadeiro Antônio Pinto da Fontoura.

Sebastião casou em Rio Pardo, com Maria Cândida da Fontoura Palmeiro, de Vacaria (RS), tendo o casal oito filhos, dos quais > Maria Balbina (casada com o General João Manoel Mena Barreto, filho do Visconde de S. Gabriel) e Maria Leopoldina (João Batista, filho do Marechal João Propício Mena Barreto, do 2º Batalhão de S. Gabriel).

Sebastião teve destacada atuação na sociedade e nos acontecimentos de sua época; sua esposa Maria Cândida, cujo casamento efetuou-se na cidade de Porto Alegre, em 1828.

Maria Cândida é a sexta filha dos doze havidos de Maria Josefa da Fontoura (do Rio Pardo), e do Cel. de Dragões João José Palmeiro, do Patriarcado de Lisboa (Portugal).



PINTO DE CASTRO,  . . .

Advogado

Exercia a advocacia no Rio Pardo (RS). Trabalhou ao lado dos Sarmento Mena, a favor dos farroupilhas, sendo um dos líderes do movimento.



PINTO,  ALFREDO CLEMENTE

Professor

Alfredo Clemente Pinto era natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu em 1851; faleceu na cidade de Correias (RJ), em 1938.

Destinado inicialmente à carreira eclesiástica, seguiu para Altona, no Schleswig-Holstein e dali, para o Colégio Pio Latino-Americano, em Roma.

Diplomado em Filosofia pela Universidade Gregoriana, abandonava o curso de Teologia dois anos depois, regressando ao Brasil.

Dedicou toda a vida ao magistério primário e secundário, tendo fundado o Colégio de Santa Maria, sido Diretor do Ginásio São Pedro e da Escola Complementar de Porto Alegre (hoje, Instituto de Educação General Flores da Cunha).

Na política, foi Deputado à 1ª Constituinte do Estado do Rio Grande do Sul. Jornalista militante, dirigiu a Época, contrapondo-se à A Federação e à Reforma.

Deixou aos seguintes obras:
1- Seleta em Prosa e Verso
2- Língua Materna

Traduziu do alemão “Os Mucker” (do Pe. Ambrósio Schupp S. J.), bem como as obras sobre o sistema hidroterápico (do Pe. Sebastian Kneipp) “Meine Wasserkur”, “Mein Testament” e “So solit ihr leben”.

Na opinião de Cândido de Figueiredo, foi um dos maiores conhecedores da língua portuguesa de seu tempo.



PIRES DA FONTOURA,  MALVINO

Militar

Malvino Pires da Fontoura era natural de S. Borja (RS), onde nasceu aos 03 de fevereiro de 1889; filho de Propício Carneiro da Fontoura.

Casou-se na cidade de Porto Alegre (RS) em 1920, com Antônia de Oliveira com quem teve um único filho, chamado Ilte de Oliveira Fontoura.

Politicamente pertenceu ao “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense), não sendo poucos os serviços prestados na paz e na guerra.

Ingressou na Brigada Militar do Estado do RGS, em 1916, onde fez todas as campanhas em defesa do regime no Estado e além fronteiras, como S. Paulo (1924); foi secretário do saudoso Cel. Travassos Alves a seu lado lutou; tomou parte na grande marcha ao encalço de Luiz Carlos Prestes, através dos estados de Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás; e na revolução redentora, como Chefe do Serviço de Material Bélico, da Coluna do General Waldomiro Lima, quando foi promovido ao posto de Major.

O nosso biografado desempenhou comissões por parte do governo do RGS, exercendo os cargos de Delegado de Polícia em Camaquã e Viamão (RS), bem como foi Prefeito indicado de Erval e S. Sepé (RS).



PIRES FILHO,  MANOEL MARCELINO
Alferes

Nasceu a 04 de setembro de 1847, na povoação de Itapuã, em cujas proximidades seus avôs possuíam um pitoresco sítio.

Era filho legítimo de Manoel Marcelino Pires e de D. Maria Baptista Pires.

Seu pai foi, durante longos anos, pedagogo do Arsenal de Guerra, e só abandonou a modesta posição que ocupava, quando o peso da idade o inutilizou para o trabalho.

Com o velho, o rapaz fez o curso primário, completando os estudos secundários no afamado ‘Colégio Gomes’.

Havendo sido criada, em 1863, a Escola Militar, de Porto Alegre, nesse mesmo ano, assentou praça na 3ª Companhia do 3º Batalhão de Infantaria, que era então comandado pelo coronel Carlos Resin, o velho.

No ano seguinte, matriculou-se naquele estabelecimento de ensino, tendo feito saliente figura em todas as aulas, apesar de não perder ocasião, durante os trabalhos, de traçar os seus epigramas, com fel e malícia.

Às vezes, na mesma folha de papel em que resolvia um problema de álgebra ou de geometria, deixava uma quadra ou uma sextilha, pespontada de fina graça ou de sutil veneno; essa produção passava de mão em mão, desde a primeira à última classe, provocando o riso entre os companheiros.

E, se não poupava os colegas, não deixava também em descanso os próprios lentes, quebrando assim o espírito de disciplina, que vigorava sob o draconismo do Conde de Lippe.

Uma ocasião, em dia de sabatina de matemática, apenas entrou na aula, foi direto ao quadro e lá deixou os seguintes versos, em bela caligrafia, de enormes proporções:

"Adoro as árias
E as cavatinas,
Porém detesto
As sabatinas."

O Ten. Júlio Anacleto Falcão da Frota (mais tarde marechal) que era então lente adjunto e regia a cadeira no impedimento do respectivo professor, sem a menor advertência, chamou-o à mesa, dando-lhe a esponja, mandou apagar aquela quadrinha que se destacava, como uma ironia de neve, no quadro negro.

Apesar do seu gênio folgazão e da vida boêmia que levava, infringindo às vezes, o rigor da disciplina daqueles tempos, no fim do ano conseguiu fazer brilhante figura.

Em princípios de janeiro de 1864, seguindo a turma de alunos para a campanha do Estado Oriental, entre eles ia o poeta endiabrado, com o seu violão debaixo do braço, para tornar menos insípida a travessia do oceano.

Concluída a guerra com a rendição de Montevideo, marchou em seguida para o Paraguai, alegrando as noites saudosas do acampamento, com os acordes do inseparável violão.

Na memorável batalha de 24 de maio de 1864, já no fim da luta, uma bala o feriu mortalmente, era então “alferes” em comissão.

Poeta repentista, de fino quilate e hilariante humorismo, quase nada existe, entretanto, que revele o seu primoroso engenho.

Todas as produções, que ficaram em poder de sua irmã D. Isabel Bandeira, foram lançadas ao fogo, para satisfazer à última vontade do poeta, quando daqui partiu com o triste pressentimento de que não veria a terra natal; eis como, não raro, se reduzem às cinzas, os nossos mais belos sonhos.



PIRES,  ONOFRE DE OLIVEIRA COUTO

Coronel Farroupilha

Militar gaúcho, natural de Porto Alegre, nascido aos 25 de setembro de 1799 e falecido aos 03 de março de 1844, no Alegrete (RS).

Após ter participado na campanha da Cisplatina, destacou-se como um dos líderes farrapos que comandou a tomada de Porto Alegre, em 20 de setembro de 1835.

Quando a capital farroupilha instalara-se no Alegrete, por lá apareceu uma linda mulher chamada D. Ana de Monterozo, enviada por Juan Manuel Rosas (ditador argentino), que trazia ofertas de ajuda aos farrapos.

Rosas sabia da fraqueza dos líderes farrapos Bento Gonçalves, Onofre Pires e Netto (eram mulherengos e bailanteiros, uma barbaridade); deixa estar, que a castellana estava bem informada a tal respeito, bailava também uma coisa de louco, era linda como laranja de amostra e . . . pregou namoro certa feita, com o Bento . . . noutra feita, com o Onofre . . . e ainda uma outra, com o Netto (que era um pé de valsa).

E, como segredo entre dois, só matando um os primos Bento e Onofre apaixonaram-se pela castellana safada; então, os líderes se desafiaram para se duelarem a espada e quem sobrasse ficaria com a macanuda percanta.

Era 27 de fevereiro de 1844 e os contendores se foram a sós (sem testemunhas), para a costa do arroio Sarandy, município do Alegrete (RS); na primeira terçada de espadas, o Bento cortou a dragona do Onofre e o sangue escorreu do ombro, braço a baixo; na segunda terçada dos “ferro branco” o Bento foi firme (porque senão, morreria) e fazendo voar a espada da mão do primo que, ficou profundamente ferido.

Bento mais que depressa pisa sobre a espada sem dono . . . coloca a sua arma na bainha . . . toma o seu próprio lenço e faz um torniquete no pulso de Onofre, ajudando-o a montar no seu cavalo e ambos partem em busca de socorro, que não adiantou, pois gangrenou e em conseqüência daquilo, Onofre morre três dias depois.

Bento entristeceu-se sobre maneira, não quis mais saber de D. Ana de Monterozo o que ajeitou-se para o Gen. Netto que estava de soslaio, só na relancina.

FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 111-116 - Othelo Rosa



PLÁCIDO DE CASTRO,  JOSÉ

Militar
Pai do Acre

Este competente agrimensor gaúcho José Plácido de Castro conhecido como o “Pai do Acre” ou “O Libertador do Acre” nasceu em S. Gabriel (RS), a 09 de dezembro de 1873.

Nosso egrégio patrício, que é hoje um nome ilustre da história brasileira contemporânea, era filho do Cap. Prudente da Fonseca Castro e de D. Zeferina de Oliveira Castro.

Toda a sua família era de militares, desde o seu bisavô Joaquim José Domingues da Silva (um dos companheiros de José Borges do Canto, nas conquistas das Missões, em 1801), até o pai, que combateu em Tuiutí como comandante de cavalaria.

Depois de inúmeros empregos, José Plácido de Castro sentou praça aos 16 anos, no 1º Regimento de Artilharia de Campanha; logo depois, transferiu-se para a Escola de Tática e Tiro de Rio Pardo, voltando ao seu regimento, como segundo sargento, em 1892; somente no ano seguinte obtém matrícula na Escola Militar de Porto Alegre.

No fim do mesmo ano participa da “Revolução Federalista” (Guerra da Degola), ingressando nas fileiras dos maragatos.

Em 1896, com 23 anos de idade e galões de major federalista, Plácido de Castro não aceita a anistia decretada pelo governo e retorna a S. Gabriel; um ano depois, está no Rio de Janeiro.

É nomeado “Guarda de 2ª Classe” do Colégio Militar, onde permanece durante dois anos. Adquire, então, sólidos conhecimentos, assistindo às aulas no próprio Colégio, na Escola Politécnica; exonera-se, porém, devido a incidente com um professor.

Não se sabe ao certo a data ou como Plácido de Castro chegou à Amazônia; o fato é que, quando Luís Galvez levantou a bandeira da independência, Plácido de Castro recusou-se a tomar parte na luta, julgando-a uma rebelião exclusivamente comercial.

Contudo, a partir da ameaça de entrega do Acre à exploração de um sindicato americano (The Bolivian Syndicate of New York), mudou de opinião.

A 1º de junho de 1902, é organizada a Junta Revolucionária, sob a chefia de Plácido de Castro. Tempos depois, inicia-se o movimento que durou meses de lutas, de emboscadas freqüentes em solo boliviano, antes que, a 24 de janeiro de 1903, se rendesse o último reduto boliviano em Puerto Alonso, no Acre.

O ato da capitulação, assinado por Plácido de Castro, determinou também a substituição da bandeira boliviana pela bandeira do Acre .

No começo do século XX, quando o desfibramento das raças e a frouxidão do caráter, Plácido de Castro foi um dos raros rio-grandenses que recordam aquela figura antiga de gaúcho, de aventureiro e herói, de cavalheiresco e lendário que fazem dos filhos da pátria dos farrapos um tipo de macho na história do mundo.

Devassando terras inóspitas, afrontando inimigos fortes, o temerário filho do Brasil Meridional reivindicou para o território do Brasil uma porção vastíssima da América, que a ambição boliviana tinha sob o olho e estava disposta a disputar com as armas em punho.

A luta entre bolivianos e acreanos se achava num período agudíssimo. Era o ferro. Era o fogo. Era o extermínio. De ambos os lados era uma questão de patriotismo. Os acreanos queriam o Acre para o Brasil. Os bolivianos queriam essa porção do Brasil para a Bolívia.

Foi quando Plácido de Castro chegou ao Acre, onde residia, a serviço profissional. Levava apenas a sua bússola de Casela, as suas balizas e a sua caderneta de campo. O modesto agrimensor não pensava em ser general, chefe de hostes guerreiras.

Foi quando se achava no “Território de Colônia”, na Bolívia, demarcando o seringal “Vitória” , que Plácido de Castro teve conhecimento, pelos jornais, de arrendamento do Acre a um sindicato norte-americano.

Todo o seu patriotismo revoltou-se. Ele via nesse ato uma séria ameaça à integridade do Brasil. Na sua opinião, não era muito para se confiar nos Estados Unidos. Alvoroçado o seu amor pátrio, o ilustre rio-grandense guardou os seus instrumentos profissionais e empunhou a espada de soldado.

Em poucas semanas arregimentou e armou gente. Era uma hoste de afeiçoados, que por ele dariam a vida.

Preparava-se assim contra a Bolívia, na defesa de seu torrão pátrio, quando o próprio governo federal, por um efeito de miopia incompreensível reconhecia os direitos bolivianos sobre o Acre.

Arrebentou o movimento armado, o governo boliviano enviou de La Paz um contingente de 400 homens, sob o comando de Rosendo Rojas.

Plácido de Castro não era homem que recuasse. O que lhe faltava em gente, lhe so¬brava em coragem. Apenas com 60 seringueiros foi ao encontro do inimigo. Este, teve lugar em Santa Rosa. Infelizmente, a superioridade do número, venceu. Plácido de Castro não desanimou, arregimentou nova gente, levantou fortificações, traçou planos de ofensivas e em breve, a sua ação enérgica assombrava o adversário. Atacou de novo Rojas, que se havia fortificado na Empresa. O coronel boliviano capitulou. Plácido de Castro prosseguiu nos seus triunfos. Venceu as guarnições inimigas entre a Empresa e Porto Alonso. No assédio desta praça que se rendeu com armas e soldados, aprisionou o Gen. Ibafíes.

A notícia destes sucessos acreanos agitou a Bolívia e Plácido de Castro recebeu aviso de que o Gen. Pando, presidente da Bolívia, partiu de La Paz com a flor do seu exército, para vingar a derrota dos seus compatriotas e garantir a realização do contrato norte-americano.

E agora, eis como um cronista recente descreve o angustioso momento:

“Partiu ao encontro de Pando e travou renhido combate, lá quase vencedor, recebeu pelo Maj. Gomes de Castro a comunicação do ‘modus vivendi’ tratado entre as chancelarias brasileira e boliviana.”

Como diz brilhante historiador:

“Quando o ‘modus vivendi’ chegou ao conhecimento de Plácido de Castro, já o presidente da nação andina achava-se sitiado e perdido, cercado de cadáveres, mal respondendo os amedrontados soldados que lhe restavam ao fogo constante e certeiro dos nossos sertanejos. Se não houvesse tão depressa andado o Maj. Gomes de Castro, teria o mundo assistido ao irresistível escândalo do aprisionamento e expulsão de um chefe de Estado, por um punhado de trabalhadores sublevados.”

A espada profissional não podia assistir aos triunfos da espada civil; Plácido de Castro foi nomeado pelo governo federal do Brasil, “Prefeito do Alto Acre” (cargo que renuncia depois de seis meses).

Da ação heróica de Plácido de Castro resultou indubitavelmente o tratado de Petrópolis, adjudicando ao Brasil o riquíssimo território do Acre.

Depois, bateu a ciumeira em seus adversários; ódio velho não cansa e Plácido de Castro (o Herói e Pai do Acre), foi covardemente assassinado de emboscada, nas vésperas de voltar ao seu Estado natal com idéia de consagrar-se inteiramente à indústria agrícola e pastoril.

Viveu, lutou como um rio-grandense e morreu vítima dos desfeitos que o seu valor fez nascer em almas pequeninas e, infelizmente o cego destino o ter guindado ao poder...

Faleceu assassinado no Acre (BR), aos (14 de julho) 09 de agosto de 1908.



PORTO ALEGRE,  ACHYLLES

Escritor

Natural de Rio Grande (RS), nascido aos 21 de março de 1848; prosador, poeta e jornalista sul-rio-grandense. Era irmão de Apolinário e de Apeles.

De intensa atividade cultural, foi um dos fundadores do Partenon Literário, da Academia Rio-Grandense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e da Escola de Engenharia.

No jornalismo dedicou-se especialmente à crônica tradicional da cidade.

SUAS OBRAS (dentre outras):
01 - Iluminuras;
02 - Esculturas;
03 - Homens ilustres do Rio Grande do Sul (173 vultos);
04 - Vultos e Fatos do Rio Grande do Sul;
05 - Através do Passado;
06 - Flores entre Ruínas;
07 - Jardim de Saudades;
08 - Paisagens Mortas;
09 - Noutros Tempos;
10 - Palavras ao Vento;
11 - Homens do Passado;
. . . etc.

Faleceu em Porto Alegre (RS), aos 21 de março de 1926.



PORTO ALEGRE,  APELES

Escritor

Natural do Rio Grande (RS), nasceu aos 24 de outubro de 1850. Usava o pseudônimo de Tancredo e era irmão de Apolinário e de Aquiles.

Veio ainda criança, para a capital e aqui freqüentou o Colégio Gomes, com grande aproveitamento, revelando decidido gosto pelo estudo da História.

Moço ainda, mas suficientemente aparelhado para a luta da existência, fundou aos 26 anos, em 1876, o Colégio Rio-grandense que, desde logo, conquistou simpatias pelos esforços do seu incansável diretor.

Neste posto de honra ninguém o excedeu, pois levava a dedicação ao ponto de lecionar aos alunos, mesmo doente, na própria alcova em que estava o leito.

É que Apeles Porto Alegre tinha pelo trabalho um culto entranhado, quase doentio. A ociosidade repugnava o seu formoso espírito, que só na atividade do seu nobre sacerdócio encontrava deleite.

Em 1880, porém, vemo-lo fundando A IMPRENSA, primeiro jornal republicano que aqui apareceu, defendendo com o maior desassombro o seu ideal político em meio ingrato e minado por paixões intransigentes e truculentas.

Apesar de todas as dificuldades, Apeles conseguiu manter o jornal durante mais de dois anos. Aí, a sua ação jornalística exerceu-se de maneira elevada. Foi urna ação constante de civismo de democracia pura, de previdência histórica e de verdadeira evangelização política. Era, em última palavra, a pro¬paganda de princípios aliada à análise severa dos homens e coisas do passado regime.

Após o evento da República, o íntegro democrata rio-grandense, em divergência com o governo do Estado, filiou-se à Convenção Nacional, que obedecia à palavra de ordem do venerando Visconde de Pelotas.

Em 1890, tendo assumido a presidência do Estado, o Dr. Francisco da Silva Tavares, Apeles Porto Alegre foi nomeado diretor da Instrução Pública e da Escola Normal, dando ao exercício desses cargos o melhor da sua inteligência, da sua atividade e do seu carinho.

Filiado ao partido federalista, este o apresentou, em 1892, candidato à deputação federal e, durante o período agitado em que esteve com a direção da Reforma fez a defesa da personalidade gloriosa de Silveira Martins e procurou justificar a revolução de 1893.

Conquanto não fosse, por sua índole retraída, político em constante evidência, Apeles Porto Alegre era um dos oráculos do partido, uma figura obrigada nos momentos de agitação e, em agosto de 1910 tomou parte ativa no Congresso Federalista, defendendo com superior eloqüência o programa político da República parlamentarista, merecendo de Silveira Martins, nessa ocasião, elevados conceitos de admiração e reconhecimento pessoais.

Apeles Porto Alegre literato, foi um dos fundadores do Partenon Literário, notável agremiação de homens de letras, que aqui floresceu e deu brilho a um dos períodos mais luminosos do intelectualismo gaúcho. Colaborou em todos os números da revista da brilhante associação, que durou mais de 18 anos e, patenteou-se prosador escorreito e fino, poeta de inspiração fácil e suave lirismo à feição do romantismo então dominante em todo o país, que tinha por primazes Domingos de Magalhães e Araújo Porto Alegre; entretanto, o que predominava em Apeles, era o orador.

Dicção límpida e sonora, gesto sóbrio mas exato, ilustração fora do comum e singular eloqüência, ele sentia-se na tribuna como a águia no espaço ainda perduram na memória dos intelectuais seus contemporâneos e irmãos das justas literárias o memorável discurso que ele pronunciou, por ocasião de festejar-se nesta capital, em 1880 o Centenário de Camões.

SUA PRINCIPAL OBRA (dentre outras): Georgina (romance)

Todavia o homem de letras um belo dia retraiu-se e, a morte veio colher o professor modesto, mas ilustre, no seio querido da família. que tinha nele um chefe carinhoso e modelar, que Apeles Porto Alegre, no exercício exclusivo do seu nobre sacerdócio via-se longe das misérias terrenas e sentia-se mais perto de Deus.

Faleceu em Porto Alegre (RS), aos 06 de julho de 1917.



PORTO ALEGRE,  APOLINÁRIO JOSÉ GOMES

Escritor

Nascido em Rio Grande (RS), aos 29 de agosto de 1844; prosador, historiador e dramaturgo, dedicou-se ao ensino particular. Era irmão de Apeles e de Aquiles.

Matriculou-se na Faculdade de Direito de S. Paulo, mas teve de interromper os estudos porque seu pai falecera.

Fez-se professor particular; fundou o Colégio Rio-Grandense (depois Instituto Brasileiro), em Porto Alegre (RS) e, por suas classes passaram muitos jovens que ele iniciou na carreira literária.

Fundou e redigiu jornais e revistas; sua maior atuação, desenvolveu-a como principal fundador da Sociedade Partenon Literário (1868-85), de cuja revista mensal VEJA foi o mais assíduo colaborador, quase sempre sob o pseudônimo de Iriêma e Bocaccio.

Proclamada a República, opôs-se à política do Dr. Júlio Prates de Castilhos, aliando-se ao liberal Dr. Gaspar Silveira Martins no combate ao “castilhismo”.

Refugiou-se em Santa Catarina e depois, em Montevideo, durante a Revolução Federalista de 1893.

Desgostoso com os acontecimentos, combatido e combatível, recolheu-se ao retiro da Casa Branca (subúrbios de Porto Alegre), de onde manteve acesa campanha pela imprensa.

Profundo conhecedor da literatura de vários países, versado em filosofia, folclorista de grande renome, foi considerado com justiça, um dos mais brilhantes espíritos de sua época.

SUAS PRINCIPAIS OBRAS:
01 - História da Revolução de 35 - 1850;
02 - Os Palmares - 1869;
03 - O Vaqueano (romance) - 1872;
04 - Feitiços de uns Beijus (romance) - 1873;
05 - Sensitiva (drama) - 1873;
06 - Mulheres (comédia) - 1873;
07 - Os filhos da Desgraça (drama) - 1874;
08 - Bromélias (poesias) - 1874;
09 - Benedito (comédia) - 1874;
10 - Gabila (poema) - 1874;
11 - Ladrões da Honra (drama) - 1875;
12 - Paisagens (contos) - 1875;
13 - Tapera - 1876;
14 - Epidemia Política (comédia) - 1882;
15 - Flores da Morte (poesias) - 1904;

Deixando outras tantas inéditas, que nunca foram publicadas.

Sucumbiu aos estragos da tuberculose pulmonar e de uma lesão cardíaca, o velho e abalizado educacionista rio-grandense Apolinário Porto Alegre.

Todos o conheciam no estado, pessoalmente ou de tradição, porque era grande o seu nome e lhe deram larga notoriedade os seus escritos.

Era ele o decano dos nossos propagandistas republicanos e desde muito cedo, começou a predicar as suas idéias, tratando principalmente de incuti-las no espírito dos jovens alunos de seu colégio, o extinto Instituto Brasileiro, um dos primeiros estabelecimentos de instrução que têm existido no Rio Grande do Sul.

Aí, o querido mestre, ouvido sempre com acatamento carinhoso, pelo grande número de discípulos que freqüentavam o Instituto, lhes dava não somente a instrução, senão também a educação cívica, com abundância de saber e em estos de entusiasmo.

Ainda não havia, na imprensa diária da então província, sequer um órgão republicano; a república ainda não passava de um vago sonho de meia dúzia de visionários, como então lhes chamavam e já Apolinário Porto Alegre fazia bizarro proselitismo, comemorando solenemente, no seu colégio, as datas culminantes da revolução de 1835 e das conquistas da grande revolução francesa.

Talento de eleição, ilustração variada e profunda, espírito lúcido, caráter de proverbial altivez, o erudito mestre sentia-se sempre á vontade entre os seus alunos, quando lhes dava lições de qualquer disciplina escolar que, ele de todas entendia admiravelmente ou, lhes falasse dos grandes vultos e dos grandes feitos da epopéia revolucionária dos farrapos.

Era vasto o seu saber, como era enorme o seu talento, que por aí se expandiu, em jorros de luz na cátedra de mestre, nas ciências, na literatura, no livro e na imprensa.

A sua biblioteca era opulentíssima e o seu museu científico uma verdadeira preciosidade, uma e outro, hoje, infelizmente, jacentes em lamentável abandono, pelos compartimentos da Casa Branca, a sua predileta vivenda.

Depois de longos anos de triunfo e de relativa abastança, Apolinário Porto Alegre teve de fechar o Instituto Brasileiro e dedicou-se ao magistério particular.

Proclamada a República, ele que fora entre nós o seu mais antigo e um dos seus mais eminentes propagandistas, esteve sempre no ostracismo, porque combateu sempre com ardor e com violência tudo quanto se fez após o advento das novas instruções.

No seu modo de ver, ia tudo mal, só havia erros sobre erros e ele, que era um dos que não sabiam transigir, foi um lutador tenaz e brilhante, sempre em conflito aberto com os dominadores do dia.

Cabeça pensante de um grupo dissidente de republicanos a sua oposição foi até ao extremo de, mais tarde, ligar-se aos adversários tradicionais, a poderosa legião partidária, que tinha como chefe supremo o conselheiro Silveira Martins.

Foi, então, nos rudes embates da política partidária, em dias e anos de tremendas convulsões intestinais, que refulgiram, com brilho excepcional, os seus dotes de temível polemista. Fazendo parte da redação da Reforma, antes e depois da revolução, iluminou com as irradiações da sua vigorosa intelectualidade as páginas desse extinto órgão federalista.

A golpes de talento e de erudição, no desassombro de uma coragem indômita, engalanando idéias e convicções, com as pompas de um estilo castiço, fulgurante e dominador, teve ele então assinalados triunfos jornalísticos, é certo, mas também curtiu amaríssimos dissabores.

Foi preso, teve de abandonar o Rio Grande do Sul, esteve quase a ser uma das vítimas da hecatombe de Santa Catarina e andou, por fim, amargando provações de exílio, por terras do Rio da Prata.

Quando serenaram as lutas armadas, quando amainaram as tempestades da guerra civil, regressou ao Rio Grande do Sul. Era ainda o mesmo homem de vasto saber e de altivez inflexível, mas alquebrado já pelos anos, enfermi¬dade mendaz a minar-lhe o organismo, de espírito abatido, todo ele ressumbrando os estragos de um ceticismo invencível e assim, taciturno, triste, irritadiço e descrente, deu-se a um abandono e a uma esquivança que eram os últimos traços da epopéia de um vencido.

Após longo tempo de inatividade e de cismas, nos torpores de uma alma combalida, recolheu-se por fim à solidão de sua Casa Branca, refúgio derradeiro de um forte espírito que não queria sucumbir, mas que também já não podia reagir.

Alí lhe transcorreram dias amargurados de uma existência infeliz, entre os volumes da sua biblioteca, fiéis amigos de sempre e entre as preciosi¬dades do seu museu soberbo de inteligentes labores e acuradas investigações científicas.

Mas o mal progredia, o organismo enfraquecido do velho mestre já não mais suportava as agruras daquele isolamento, a falta de conforto e cui¬dados exigidos pelo seu precário estado de saúde.

Veio, então, para a Santa Casa e ali, em quarto particular de lª classe, foi encontrar as doçuras de um trato carinhoso e de afetuosas solicitudes.

O mal, porém, era mortal e vitimou o solitário da Casa Branca, honra e glória do Rio Grande do Sul, que hoje lamenta a perda de um dos seus mais ilustres intelectuais, por isso, sobreviverá a sua memória, respeitada pelos que lhe admiravam a pujança máscula do talento, a inquebrantabilidade viril do caráter e a bondosa grandeza do coração, sempre aberto às mais generosas expansões de altruísmo.

Apolinário Porto Alegre cultivou com vantagem o romance e a poesia, deixando também alguns trabalhos científicos uns concluídos e outros apenas encetados.

Entre os seus livros publicados, lembra-nos (as Bromélias, coleção de versos, do Vaqueiro, romance de costumes gaúchos e da América, poemeto sentimental. Isso afora inúmeros trabalhos, insertos na Revista Partenon Literário e em outras publicações.

Colaborou também, ativamente na Imprensa, fundada por seu digno irmão Apeles Porto Alegre e o primeiro jornal diário que se criou no Rio Grande do Sul, para a propaganda republicana.

Apolinário Porto Alegre aproveitou os seus últimos meses de vida, para no retiro a que se recolhera, colecionar algumas das suas melhores poesias, en¬feixadas sob o título expressivo de Flores da Morte.

Ficou ainda no prelo esse livro, que agora terá tristemente justificado o seu título, pois só aparecerá depois de já morto o seu autor.

Faleceu na Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre (RS), aos 23 de março de 1904.



PORTO DA FONSECA,  GREGÓRIO

Militar e Escritor

Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 17 de novembro de 1875; formou-se Engenheiro Militar, seguindo a carreira.

Suas obras:
01 - Estética das Batalhas e Ciúme dos Deuses 1914
02 - Vida e obra do Marechal Bento Manoel Ribeiro 1922
03 - Heroísmo e Arte

Enfeixamento:

O Ciúme dos Deuses

Estética das Batalhas

Arte

O Tigre

A Mocidade Cavalheiresca de Aníbal Teófilo

Discurso de Posse na Academia 1936

Em 1931, foi eleito MEMBRO da Academia Brasileira de Letras

Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 23 de abril de1934.



PORTO,  AURÉLIO AFONSO

Escritor

Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 25 de janeiro de 1879; romancista, poeta, historiador, genealogista, teatrólogo, ensaísta e jornalista.

Foi Funcionário Público Federal, Intendente em vários municípios gaúchos e após labutar na imprensa da capital gaúcha e do interior, foi Diretor dos Anais do Itamarati, Diretor do Instituto Histórico e Geográfico do RGS.

Seu trabalho é extensíssimo e de grande valia para consultas históricas, poéticas e lingüística; seu pseudônimo era Afonso, Zé Tarro, Melek o Moleque, Elesbão o Furão e João da Ega.

SUAS OBRAS:
01 - O Milagre (drama) - 1906
02 - Município de Cachoeira (história) - 1910
03 - Fundação de São Sepé (história) - 1912
04 - Município de Garibaldi (projeto de reforma) - 1916
05 - Pátria (drama) - 1918
06 - A Conquista das Missões (história) - 1921
07 - Real Feitoria do Linho-Cânhamo (história) - 1922
08 - Epopéia dos Farrapos (poema) - 1922
09 - O Último Farrapo (poema) - 1923
10 - Professor Artur Candal (necrológico) - 1924
11 - Gen. João de Deus Martins (escopo biográfico) - 1925
12 - Cachoeira, o Território (estudo) - 1926
13 - O Regimento de Dragões do Rio Pardo (conferência) - 1926
14 - Um Capítulo da História Territorial do RGS - A Fronteira do Rio Pardo (história) - 1929
15 - Influência do Caudilhismo Uruguaio no RGS - 1929
16 - São Sepé - Memória Comemorativa da Fundação da Capela das Mercês (1830-1930) - 1930
17 - Simões Pires (notas genealógicas) - 1930
18 - Os Flores da Cunha (notas genealógicas) - 1930
19 - O Coeficiente Lagunista na Formação Social do Gaúcho (ensaio) - 1931
20 - O Vinte de Setembro (conferência) - 1932
21 - O Tesouro do Arroio Grande (novela) - 1933
22 - Notas ao Processo dos Farrapos - 1933
23 - O Trabalho Alemão no RGS (monografia) - 1934
24 - Processo dos Farrapos - Reabilitação de Bento Gonçalves (expectro) - 1934
25 - O Colono Alemão - Notas sobre a Imprensa do RGS (expectro) - 1934
26 - Caaró (notas para estudo etnólogo) - 1934
27 - Pré-História do RGS - 1934
28 - Farroupilha - Definição do Termo - 1935
29 - Donataria dos Assecas (tese histórica) - 1936
30 - A Expedição de Jorge S. de Macedo (tese) - 1936
31 - A Proclamação da República de Piratini (conferência) - 1936
32 - Dicionário Enciclopédico do Rio Grande do Sul - 1936/37
33 - Jacinto Guedes da Luz (esboço biográfico) - 1936
34 - Primeiros Habitantes do Rio Grande do Sul (tese histórica) - 1936
35 - Documentos do Itamarati sobre a Revolução de 1835-1937
36 - Terra Farroupilha (poliantéia) - 1937
37 - Bandeiras Paulistas no Rio Grande do Sul - 1937
38 - Antecedentes Históricos do Rio Grande do Sul - 1937
39 - Presídio do Rio Grande de São Pedro (história) - 1937
40 - Fundação da Imprensa no Rio Grande do Sul - 1937
41 - Os Corrêa da Câmara (genealogia) - 1938
42 - Farrapiada (poema) - 1938
43 - Vida da Aclamação (história) - 1938
44 - O Minuano na Toponímica Rio-Grandense - 1938
45 - Biografia de Manoel Antônio Corrêa da Câmara - 1938
46 - Martírio do Ven. Pe. Roque Gonzales de Santa Cruz S.J. - 1940
47 - Função Sócio-Geográfica do Gado Brasileiro - 1940
48 - Getúlio Vargas à Luz da Genealogia - 1943
49 - História das Missões Orientais do Uruguai - 1943
50 - Gen. João Borges Fortes (elogio) - 1944
51 - Discurso na Inauguração do Obelisco de Ponche Verde - 1945
52 - Gente que Canta Triste - 1946
53 - Origens do gado crioulo no RGS (história 1500-1800) - 1952

Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 11 de setembro de 1945, deixando um rastro que muito orgulha a sua terra natal.



PRADO LIMA,  JOAQUIM DOS SANTOS

Fazendeiro

Joaquim dos Santos do Prado Lima, nasceu na cidade do Rio Pardo (RS), em 1803 e faleceu com 94 anos de idade, em 1897.

Prado Lima tendo apenas a idade de 13 anos, foi para N. S. da Conceição Aparecida (então, nome do Alegrete, que somente depois assim se chamou como lembrança do “Marquês de Alegrete”).

Os espanhóis tinham metido fogo na povoação e esse Marquês expulsou os invasores e lançaram-se as bases da nova cidade.

Prado Lima é, embora criança (adolescente), considerado um dos fundadores do Alegrete, tendo sido, mais tarde, pelo espaço de 20 anos, Vereador e duas vezes Presidente da Câmara Municipal, dali.

Tomou parte ativa na Revolução Farroupilha e foi eleito Deputado à Constituinte Farroupilha, donde saiu em 1840, como membro de uma de suas comissões, para escolher o lugar onde deveria levantar-se a cidade de Uruguaiana.

Uruguaiana foi fundada pelo mineiro farroupilha Domingos José de Almeida, aos 18 de novembro de 1841, quando Prado Lima mudou-se para a nova localidade, sendo fazendeiro nos seus arredores.

Foi muito estimado pelos seus hábitos de proteção aos pobre, para os quais dispensava mensalmente a quantia de 500$000 (réis), em aluguéis de casas e comida.



Presidente  HERMES RODRIGUES DA FONSECA

Marechal
8º Presidente do Brasil - 1910-1914
1º Gaúcho

Nasceu na então vila de S. Gabriel (RS), aos 12 de maio de 1855, numa casa que ainda existe (reformada), frontal à praça Dr. Fernando Abbott.

Era filho do Cap. (depois Marechal) Hermes Ernesto da Fonseca e de D. Ritta Rodrigues Barbosa, filha única do alferes João Rodrigues Barbosa de tradicional família gabrielense, falecido na “Estância Bom Retiro” de propriedade de seu pai, em conseqüência de ferimentos recebidos em combate, contra forças farroupilhas, aos 18 de setembro de 1840.

Foi o primeiro gaúcho a galgar o mais alto cargo da magistratura do Brasil, sendo o oitavo Presidente eleito da República Brasileira.

Como se vê, tinha o mesmo nome do pai e, como este faria uma brilhante carreira profissional, atingindo o mais alto posto da hierarquia militar. Ultrapassando-o, porém, ao ascender ao supremo posto de mandatário da nação, como seu tio o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca - Proclamador da República.

Ao contrário de quase toda sua família paterna, Hermes Rodrigues da Fonseca não era monarquista (tendência revelada na escola). Talvez por isso, viesse a merecer uma feição de apreço pelo seu tio Deodoro, que sempre o distinguira com posições de destaque junto a seu comando.

Na sua cidade natal viveu até aos 9 anos de idade, onde fez seus primeiros estudos, enquanto seu pai era capitão engenheiro do “1º Regimento de Artilharia a Cavalo” sediado no legendário quartel “Caserna de Bravos”

Com a declaração da Guerra do Paraguai, o capitão Hermes teve de marchar para os campos de operações militares do Uruguai e Paraguai, o que levou a D. Ritta a seguir com os filhos, para o Rio de Janeiro (Capital do Império). Lá, Hermes (filho) foi matriculado no Liceu de Artes e Ofícios, passando depois para o “Imperial Colégio D. Pedro II”. A 20 de setembro de 1871, bacharelou-se em Ciências e Letras; cinco dias depois, assenta praça como cadete-aluno do curso de artilharia da “Escola Militar da Côrte.”

Seu pai só regressaria do Paraguai, em 1874, já no posto de “Brigadeiro do Império” (General de Brigada). Encontra seus filhos quase todos criados e educados, graças à dedicação ao lar, devoção aos filhos e orientação segura de D. Ritta (mulher de excelsas virtudes, nada devendo ao pai).

Josefina (a mais velha, com 20 anos, já estava casada); Hermes (com 19 anos, era aluno do curso de artilharia da Escola Militar); João Severiano (com 16 anos, cursava o Imperial Colégio D. Pedro II); Severiano (com 10 anos, freqüentava a escola primária).

Aos 13 de junho de 1876, o Cadete Hermes Rodrigues da Fonseca terminava o curso de artilharia, tendo sido aluno do Cel. Benjamim Constant, saindo Aspirante a Oficial e logo foi promovido a 2 º Tenente.

Aos 17 de dezembro de 1878, o 2º Tenente Hermes Rodrigues da Fonseca casa-se com sua prima D. Orsina Francioni da Fonseca (filha do coronel Pedro Paulino da Fonseca e de D. Francisca Catarina Francioni da Fonseca). Houve desse consórcio a seguinte descendência: Mário Hermes da Fonseca, Josefina da Fonseca , Leônidas Hermes da Fonseca, Euclides Hermes da Fonseca, Manoel Deodoro Hermes da Fonseca e Hermes Rodrigues da Fonseca Filho.

Aos 18 de janeiro de 1879, foi promovido a 1º Tenente (por tempo de serviço) e nomeado ajudante de ordens de seu pai, brigadeiro Hermes Ernesto da Fonseca, comandante das armas da Província de Pará.

Aos 30 de julho de 1881, foi promovido ao posto de Capitão, enquanto classificado no Rio de Janeiro.

Aos 07 de janeiro de 1890, foi promovido ao posto de Major (por tempo de serviço) e a 08 de outubro do mesmo ano, a Tenente-coronel (por merecimento), sendo designado para comandar o 2º Regimento de Artilharia de Campanha, em S. Cristóvão (RJ).

Novamente conturbaram-se os movimentos políticos, no Rio de Janeiro, resultando na renúncia do Presidente da República, Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, que ensaiara a primeira ditadura no Brasil; em seu lugar, assumiu o Vice-presidente, Marechal Floriano Peixoto, em 23 de novembro de 1893.

O Tenente-coronel Hermes Rodrigues da Fonseca prestou relevantes serviços à consolidação da República, que tremia nos seus alicerces

Aos 19 de março de 1894, foi promovido ao posto de Coronel (por merecimento), voltando a comandar o 2º Regimento de Artilharia de Campanha e logo depois, a Brigada Policial (RJ); esse Regimento, mais tarde, passou a ser denominado “Regimento dos Fonseca” em virtude do grande número de oficiais dessa família, que alí haviam servido. Assim como, o 9º Regimento de Cavalaria de S. Gabriel, é chamado de “Regimento dos Menna Barreto” (tal era o número de descendentes do Marechal João de Deus Menna Barreto - Visconde de S. Gabriel, que alí exerceram a função de comandante).

Aos 13 de julho de 1900, foi escolhido pelo Presidente, Dr. Manoel Ferraz de Campos Salles, para a promoção ao elevado posto de General de Brigada. Tinha apenas 45 anos de idade e 29 anos de serviços prestados ao Exército e à Nação, sendo nomeado Chefe da Polícia, do Distrito Federal.

Transcorrido algum tempo, foi designado para o comando da Escola Preparatória e Tática, do Realengo, permanecendo neste posto até 1905.

No final de 1905, foi promovido ao posto de General de Divisão, sendo nomeado comandante do 4º Distrito (Região) Militar, que abrangia o Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás.

No final do governo do Presidente Francisco de Paula Rodrigues Álves, num ato de merecida justiça, elevou o General Hermes, ao posto de Marechal.

Aos 15 de novembro de 1906, assumiu a Presidência da República, o Conselheiro Afonso Augusto Moreira Pena que convidou para assumir a Pasta da Guerra, o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca.

Aos 04 de janeiro de 1908, chegava pela Lei nº 1860, a reforma do Exército Brasileiro, que só veio a ser executada a partir de 1916.

Aos 10 de dezembro de 1908, era indicado e recebido no Supremo Tribunal Militar (STM), como Ministro.

O Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, dotou o Exército Brasileiro de um Parque Aerostatos e de um Armamento Moderno (fuzis Mauser, metralhadoras, canhões Krupp e, o apoio à instalação da Fábrica de Pólvora de Estrela que veio a ser hoje, a Fábrica de Pólvora Piquete); sem dúvida, foi um dos maiores reformadores do Exército Brasileiro.

Em 1908, foi sondado à candidatura para a Presidência da República, o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca reagindo severamente, assim:

“Não, absolutamente, não aceito; não me envolvo em lutas políticas; só quero cuidar do Exército e completar as reformas que planejei.”

As pressões sobre o Marechal Hermes prosseguiam; enfim, cedeu e foi indicado pelo gaúcho e intemerato Senador José Gomes Pinheiro Machado e candidata-se à Presidência da República, para o quatriênio de 1910 a 1914. Seu opositor foi o extraordinário Senador Dr. Rui Barbosa (implacável nas suas críticas ferinas, movidas pela chamada “campanha civilista” - porque os governos militares dos primeiros anos da República, deixaram marcas profundas no povo civil brasileiro, que parece gostar da desordem).

Depois de viajar pelo Brasil, em campanha eleitoral, veio a eleição e finalmente eleito, sendo o 8º brasileiro (1º gaúcho) a ocupar o cargo de Presidente da República do Brasil, tomando posse em 15 de novembro de 1910, quando declarou textualmente em seu discurso de posse:

“Subo ao poder com ânimo sereno, disposto a cumprir o dever que a Constituição e as lei do País me assinalam, sem jamais sair do caminho da legalidade e da justiça, respeitando todos e todas as liberdades.”

Assim disse e assim cumpriu a sua palavra e com estoicismo, foi inflexível na garantia a mais ampla liberdade, como asseverou o General Peregrino:

“Sujeitou-se a mais cruel, desrespeitosa e injusta campanha desmoralizadora a que foi submetido um homem público do Brasil.”

O seu leal conterrâneo o Dr. Joaquim Francisco de Assis Brasil, afirmava que:

“O Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca (Presidente do Brasil), foi a figura mais caricaturada da história republicana.”

Os chargistas lenhavam no mato sempre incendiado pelo Senador Dr. Rui Barbosa, continuava a lhe fazer uma oposição acirrada e maldosa, instigando o povo, aliás, como procedem “certos humoristas cariocas” > contra os gaúchos.

Tudo parecia conspirar contra ele - a conturbação política, a crise econômica desencadeada pela desvalorização dos nossos principais produtos de exportação daquele tempo (o café, a borracha e o açúcar); porém, nada abalou o ânimo e nem deteve o Presidente Hermes da Fonseca, para dar curso ao seu gigantesco plano de desenvolvimento.

Suas realizações no setor ferroviário coroaram-se com mais de 4.500 Km de trilhos entregues ao tráfego ferroviário (só o nordeste foi contemplado com 800 Km de linha férreas); implementação ao cultivo do trigo, com a criação da Estação Experimental de Trigo - Bagé (RS), dirigida pelo geneticista sueco Ivar Beckmann, que desenvolveu as variedades de trigo: Bagé, Rio Negro e Frontana.

Dando continuidade ao seu plano de guardar os céus do Brasil, chegou a vez do aeroplano, hoje chamado de avião; surgia o embrião da nossa Força Aérea Brasileira (FAB), em fevereiro de 1913, ao ser criada a Escola Brasileira de Aviação, dando início a preparação dos aviadores, com 35 alunos e 11 aeroplanos.

Uma das iniciativas pioneiras, de quantas assinalaram o governo do Marechal Hermes, foi a construção de 200 casas populares e edifícios de apartamentos com mais de um piso, sendo o primeiro mandatário da nação a se preocupar com os “sem tetos” e assim surgiam as Vilas Proletárias da Estação Marechal Hermes, da rua Salvador de Sá, do Jardim Botânico; além da criação de diversas cooperativas de produção, incentivando as classes operárias para se organizarem em sindicatos.

O Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca (então, Presidente da República) viuvou aos 30 de novembro de 1912 (perdendo sua dedicada esposa, D. Orsina Francioni da Fonseca, mãe de seus filhos), que residiam no Palácio do Catete (RJ).

Já transcorria o ano seguinte, quando apareceu no cenário da alta “soçaite” a presença repentina e surpreendente de Nair de Teffé (moça bonita, formosa, educada na França, falava vários idiomas e criada nos mais rígidos princípios da época); encantava pela desenvoltura eloqüente, de fina expressão, persuadindo pela sua loquacidade alegre e envolvente. Foi um espanto para a elite palaciana carioca.

O fato aconteceu, quando o Presidente Hermes chegou a Petrópolis (RJ); narra a própria Nair:

“Quando o Presidente desembarcou, achei-o abatido e triste; quando me viu, notei que seus olhos ficaram diferentes. Apertou minha mão e olhou-me com viva ternura”.

Naquele dia nasceu um novo e grande amor no coração do Marechal Hermes, como nasce nos corações dos homens comuns. O casamento aconteceu aos 08 de dezembro de 1913; a noiva com 27 anos, filha do Barão de Teffé, Almirante Antônio Luiz Hoonholtz (viúvo aos 58 anos, sendo herói da Batalha do Riachuelo) e de D. Maria Luiza Dodsworth Von Hoonholtz; o noivo com 58 anos (31 anos mais moço que a noiva).

Aos 15 de novembro de 1914, o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca entregou a Presidência da República, ao Dr. Wenceslau Braz Pereira Gomes; entretanto, nas eleições de agosto deste mesmo ano, foi eleito Senador da República, pelo RGS.

Desgostoso e querendo ficar longe das ingratidões de que fôra alvo tão injustamente, renunciou ao respectivo mandato, antes de prestar o compromisso legal. Imediatamente, embarcou com sua esposa para a Europa, indo residir na cidade de Lausane (Suíça), onde viveu cerca de 6 anos, longe dos ventos intrigantes de maus brasileiros.

Em 1919, o Dr. Rui Barbosa disputou a eleição à Presidência da República e sofre a sua primeira derrota, esta para o Dr. Epitácio as Silva Pessoa.

O Dr. Rui Barbosa que chegou a ser apelidado pejorativamente de “perdedor eterno” sofreu um grande desgosto e retraiu-se. No Senado, foi um orador fluente e assíduo; seu alvo principal era o seu colega, o gaúcho Senador Dr. José Gomes Pinheiro Machado, a quem não dava guarida com sua flama contundente e sarcástica.

Aos 04 de novembro de 1920, retornou ao Brasil, a bordo do navio “Limbúrgia”; sua chegado ao porto do Rio de Janeiro, foi uma apoteose tendo uma recepção efusiva. Regressava para o martírio; seus velhos opositores o aguardavam de tocaia como demolidores do prestígio de homens de bem, iniciando a sua “via crucis”.

Perturbou-se o ambiente político brasileiro, com a sucessão do Presidente Epitácio da Silva Pessoa; fecharam o Clube Militar, do qual o velho Marechal era o Presidente, sendo repreendido por ordem do Governo Federal. Veio a Revolta de 05 de julho de 1922, com os chamados “Dezoito do Forte de Copacabana”.

O Marechal foi preso e recolhido ao “Cruzador Floriano” e como prisioneiro, passou por vários vasos de guerra até o ano seguinte, quando lhe foi concedido “habeas-corpus” - recolhendo-se à sua casa em Petrópolis (RJ) e alí, pobre, doente, alquebrado, desiludido e triste, faleceu aos 09 de setembro de 1923 - tão pobre, que a família teve de recorrer ao Estado, para pagar os funerais, sendo sepultado à paisana (conforme seu desejo), sem honras militares e sem condecorações.



Presidente  GETÚLIO DORNELES VARGAS

Advogado
14º Presidente do Brasil – 1930-1945
17º Presidente do Brasil - 1951-1954
2º Gaúcho

Getúlio Dorneles Vargas era natural de S. Borja (RS), nascido aos 19 de abril de 1882; filho de Manoel do Nascimento Vargas “Maneco Vargas” (25-12-1844 / 21-10-1943) e de Cândida Francisca Dorneles (07-07-1850 / 29-10-1936).

Inicialmente, destinado à carreira das armas, assentou praça em 1889, com destino à Escola Preparatória e de Tática, do Rio Pardo (RS), donde foi desligado em 1902, por motivos de indisciplina; resolveu, então, seguir o curso jurídico, matriculando-se na Faculdade de Direito de Porto Alegre (RS), onde se diplomou em 1907, sendo o orador da turma; de imediato dedicou-se à advocacia em sua terra natal.

O Dr. Getúlio Dorneles Vargas, casou com Darcy de Lima Sarmanho, nascida em 1895, na cidade de S. Borja (RS) e falecida em 1968, no Rio de Janeiro (RJ); filha de Antônio Sarmanho e de Alzira de Lima.

Desse consórcio, nasceram os seguintes filhos:
1 - Lutero Sarmanho Vargas (1912-1989), casou com Helga
1.1 - Cândida Darcy Vargas

2 - Alzira Sarmanho Vargas, casou com Ernani do Amaral Peixoto
2.1 - Maria Celina Vargas Amaral Peixoto, casou com Welington Moreira Franco
2.1.1 - Bento
2.1.2 - Alice
2.1.3 - Pedro

3 - Jandira Sarmanho Vargas (1913-1980), casou com Rui Costa Gama
3.1 - Getúlio Vargas Costa Gama
3.2 - Edite Vargas Costa Gama, casou com Israel Beloch = (2 filhos)
3.2.1 - . . .
3.2.2 - . . .

4 - Manoel Antônio Sarmanho Vargas (1917-1997), casou com Vera Maria Tavares
4.1 - Yara Maria Tavares Vargas, casou com Jorge André Nunes Dias
4.1.1 - Manoela
4.2 - Getúlio Dorneles Vargas Neto, casou com Cristina Farias
4.2.1 - Marcela

2º Casamento, com Helena Beatriz Monteiro
4.2.2 - Maria Eduarda

3º Casamento, com Márcia Petrini
4.3 - Manoel Antônio Sarmanho Vargas Fº , casou com Ariane Pinto Silva

Concubinato, com Ana
4.3.1 - Crisley

2º Casamento, com Catia Bonorino
4.3.2 - Maria Pia
4.4 - Betina Tavares Vargas, casou com José Carlos Figueiredo
4.4.1 - Jonathan

Getúlio Dorneles Vargas, cedo ingressou na política filiando-se ao partido castilhista, sendo eleito Deputado à Assembléia dos Representantes em 1909, renunciando em 1913; reeleito em 1917, foi reconduzido na legislatura seguinte.

Em 1923, foi eleito Deputado Federal e escolhido líder de sua bancada; em 1926, era Ministro da Fazenda, no governo do Presidente Dr. Washington Luís, deixando o cargo em 1927, para candidatar-se ao governo do Rio Grande do Sul, sendo eleito.

Em janeiro de 1928, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas tomou posse no cargo de Presidente do RGS; apesar da agilidade de suas decisões administrativas, o maior feito no seu governo, foi no terreno político, onde obteve, não só a convivência pacífica mas a colaboração dos libertadores (Partido Libertador). Em dois anos de governo, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas superou décadas de ressentimentos e violência políticas, gestando as condições, para que o RGS aparecesse unido (chimangos e maragatos), nas eleições de 1930.

Por ocasião da sucessão presidencial, a Aliança Liberal indicou seu nome, ao lado do paraibano Dr. João Pessoa (Governador da Paraíba), para suceder ao Dr. Washington Luís, sendo essa chapa derrotada com fraudes, em março de 1930 - aparecendo o gaúcho Getúlio com 43 % e o paulista Júlio Preste com 57% dos votos; antes da posse do vencedor, veio a revolução seguinte.

Aos 03 de outubro de 1930, quando eram 17 horas - o Dr. Getúlio Dorneles Vargas despachava no Palácio Piratiní, com João Simplício Álves de Carvalho (Secretário do Interior), quando ouviram tiros no centro de Porto Alegre; o secretário fez menção de levantar-se, mas o “Presidente” o tocou levemente no joelho, como quem recomenda calma e disse: Não vá Simplício; é a Revolução. Naquele instante, os revolucionários liderados por Oswaldo Aranha e Flores da Cunha atacavam o comando militar, na rua da Praia e em 20 minutos com o custo de 20 mortes, a praça era conquistada. Foi o primeiro ato da Revolução de 1930, iniciada em Porto Alegre e desencadeada por todo o estado do RGS, visando conduzir o candidato liberal ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro.

O Dr. Getúlio Dorneles Vargas valia-se seguidamente da imprensa, dando cuidadosas declarações políticas não só para garantir a simpatia do povo, ou pelos adeptos da neutralidade dos “coronéis rurais” não diretamente envolvidos no conflito, mas principalmente, assegurar aos credores externos (na época, a nossa dívida externa era de 683 milhões de dólares), que a Revolução, não significava uma ruptura com a ordem econômica.

O Dr. Getúlio Dorneles Vargas, passou o governo do RGS ao Dr. Oswaldo Euclydes de Souza Aranha (Secretário do Interior) e marchou rumo à Capital Federal, à frente de suas tropas; antes de lá chegar, aos 24 de outubro, irrompia no Rio de Janeiro, um movimento militar que depunha o Presidente e entregava o poder a uma Junta Militar Revolucionária.

Os catarinenses, os paranaenses, os paulistas e os mineiros unidos, não conseguiram deter a força dos gaúchos (preparados, desde que nasceu o Rio Grande) e, dos nordestinos liderados pelo Cap. Juarez Távora unidos, cujas tropas tinham o comando do Gen. Góes Monteiro.

Aos 31 de outubro de 1930, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas de lenço vermelho ao pescoço (simbólica homenagem aos libertadores gaúchos) e com chapéu de “aba larga” > chegou, juntamente com as suas tropas ao Rio de Janeiro (RJ), atando seus pingos no Obelisco da Av. Rio Branco, recebendo uma aclamação calorosa dos cariocas.

Aos 03 de novembro de 1930, a Junta Militar entregava o poder discricionário, para o Dr. Getúlio Dorneles Vargas; foram então, criados o Ministério do Trabalho e o Ministério da Saúde Pública.

Aos 17 de maio de 1932, Getúlio regulamentou o trabalho feminino; as mulheres passaram a ter acesso ao mercado de trabalho em igualdade com os homens. Foi estabelecido o princípio do salário igual (para trabalho igual), a jornada de trabalho de oito horas e a licença-maternidade de dois meses.

Getúlio proporcionou às mulheres o acesso a diversos setores da sociedade e rompeu com uma série de preconceitos, como o ingresso no ensino básico e universitário, e cargos públicos através de concursos.

A mulher brasileira passou a ser reconhecida como cidadã, integrada ao processo político, econômico, social e cultural do país. Passou a ter o direito ao voto; esse direito foi instituído pelo novo Código Eleitoral, promulgado por Getúlio, através do Decreto 21.076; em 1933, pela primeira vez as mulheres votaram e foram votadas, para a Assembléia Nacional Constituinte.

Esse primeiro período de seu governo, foi perturbado pela Revolução Constitucionalista, de S. Paulo (09-07-1932 – 16-07-1932).

Em 1934, mais do que a presença maciça de políticos gaúchos no “Governo Provisório da República” > o Dr. Getúlio Dorneles Vargas promulgou aos 16 de julho, uma nova Constituição.

Aos 17 de julho de 1934, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas foi eleito pela primeira vez Presidente da República, numa eleição indireta, recebendo 175 votos, contra seu oponente, o também gaúcho Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros que recebeu somente 59 votos (simbolizando, uma gauchização política no Brasil).

Em março de 1935, surgiu no Rio de Janeiro a Aliança Libertadora Nacional com um programa que defendia a suspensão unilateral do pagamento da dívida externa brasileira e a instituição de uma imediata reforma agrária.

Aos 27 de novembro de 1935, na cidade de Natal (RN), surge o Cap. Luís Carlos Prestes que aderira ao comunismo e estava na cladestinidade, liderando a Intentona Comunista, que foi sufocada em três dias.

Em setembro de 1935, no Rio Grande do Sul ocorriam as comemorações do Centenário da Revolução Farroupilha, mobilizando o Rio Grande do Sul e a grande exposição montada pelo governo do estado, no Campo da Redenção, que passou a chamar-se Parque Farroupilha; trazendo o Presidente Dr. Getúlio Dorneles Vargas ao estado; meses depois, foi inaugurada a Petróleo Ipiranga S/A, em Uruguaiana (RS), propriedade dos Telechea.

Aos 10 de novembro de 1937, o Presidente Dr. Getúlio Dorneles Vargas outorgou a Carta Constitucional (a Polaka), que inaugurava no país o ESTADO NOVO, dissolvendo-se o Congresso e fechando-se todos os partidos políticos, a Brigada Militar do RGS (a mais poderosa força armada do estado, com cerca de 12 mil homens, foi desfederalizada e transferida para o comando do Exército o Gen. Flores da Cunha foi afastado e em seu lugar assumiu o Gen. Daltro Filho), como interventor nomeado pelo Palácio do Catete.

Aos 19 de novembro de 1937, aconteceu o primeiro e muito simbólico ato solene do ESTADO NOVO, a queima das bandeiras estaduais, por ordem do Presidente Dr. Getúlio Dorneles Vargas sendo que, a do Rio Grande do Sul foi escondida e guardada a sete chaves; na capital gaúcha, jovens desfilaram com cadência nazista.

O ESTADO NOVO foi um regime autoritário, militar, pessoal e carismático, regulamentando relações trabalhistas e sociais; este perfil aproximava-se do regime nazista e facista, da Alemanha e Itália (respectivamente); enquanto os integralistas se aproximavam das idéias nazistas em três pontos: no violento anticomunismo, no antiliberalismo e no preconceito contra o capital internacional.

Em Porto Alegre (Bairro Navegantes), no estádio de futebol do Renner houve manifestações de jovens louros, fantasiados com uniformes militares e ostentando bandeiras com suástica.

Getúlio retirou o Brasil do arcaísmo agrário e o colocou no desenvolvimento. Além disso, Vargas aboliu o chamado “voto de cabresto” firmando-se assim como um grande mito da história de nosso país, que estava a serviço dos bancos ingleses e de uma pequena oligarquia submissa ao colonialismo do FMI.

Vargas ainda estancou a saída de recursos para o exterior (a título de pagamento da dívida externa) e dirigiu os recursos para o desenvolvimento interno; através do confisco cambial, canalizou parte da renda das exportações de café, para a industrialização.

Com esse turbilhão de mudanças, Getúlio venceu duas vezes a contra-revolução (em 1932 e 1937).

Em 1937, foi criado o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).

Em maio de 1938, um levante integralista tentou depor o Presidente Dr. Getúlio Dorneles Vargas, atacando o Palácio do Catete, mas sem resultado; neste ano foi criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP).

Aos 05 de setembro de 1939, nasce em Cachoeira (RS), o maragato Otávio Peixoto de Mello > filho de Alvise Álves de Mello (natural do Cerro dos Peixoto, Cordilheira / Piquirí, distrito de Cachoeira – RS) e de Almira Beskow (natural do Cerro Branco, distrito de Cachoeira – RS).

Em 1941, foi criado o Ministério da Aeronáutica, cujo primeiro titular foi o gaúcho portoalegrense Joaquim Pedro Salgado Filho.

Em 1942, o Brasil declara guerra ao eixo - Roma / Berlim / Tóquio: ROBERTO.

Na noite de 18 de agosto de 1942, vários quebra-quebra e saques se realizaram em Porto Alegre (RS); os gaúchos participam do movimento antinazismo e um deles, morto em combate, se torna símbolo da libertação italiana.

Em 1º de maio de 1943, foi criada a “Consolidação das Leis Trabalhistas” (CLT), através do Decreto nº 5.452; por esta lei foram criados: o Salário Mínimo, o Salário Família, Trabalho Noturno e outros direitos trabalhistas.

Durante essa fase do governo do Presidente Dr. Getúlio Dorneles Vargas, o Brasil, atendendo a compromissos assumidos, participou da 2ª Guerra Mundial, mandando à Itália - a “Força Expedicionária Brasileira” - FEB (criada, em 23 de novembro de 1943), com o envio de um contigente com 1.522 oficiais (dos quais, houve 21 mortos e um capturado vivo), 23.640 praças (dos quais, houve 430 mortos e 34 capturados vivos) e, 128 auxiliares diversos - Totalizando: 25.162 brasileiros enviados (dos quais, houve 466 mortos e 35 capturados vivos), com 2.722 feridos.

1º Embarque, em 02-07-1944 - à Nápoles (Itália)
2º Embarque, em 22-09-1944 ”
3º Embarque, em 22-09-1944 ”
4º Embarque, em 23-11-1944 ”
5º Embarque, em 08-02-1945 ”

A “FEB” contou ainda com 111 médicos e 67 enfermeiras que seguiram por via aérea; foi comandada pelo gaúcho gabrielense Gen. João Baptista Mascarenhas de Moraes.

Aos 15 de maio de 1945, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas funda o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), cujo principal teórico foi o Dr. Alberto Pasqualini.

Aos 29 de outubro de 1945, as Forças Armadas, descrentes de que se realizassem as eleições programadas, depuseram o Presidente Dr. Getúlio Dorneles Vargas que se recolheu à sua Fazenda dos Santos Reis, em S. Borja (RS).

Em dezembro de 1949, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas recebe na sua Fazenda Itú (S. Borja – RS), o Engenheiro Leonel de Moura Brizola e na mesma fazenda recebeu o Dr. João Belchior Marques Goulart (o Jango) e o Dr. Alberto Pasqualini, em 1950.

Realizada eleição para a Assembléia Constituinte, foi eleito senador, por S. Paulo e Rio Grande - e, Deputado Federal por cinco estados, optando pela representação do RGS, no Senado.

Em 1950, um corpo-a-corpo com as massas populares, durante a campanha eleitoral, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas afinou o discurso trabalhista, garantindo um governo nacionalista e propondo aos “trabalhadores do Brasil” - uma democracia econômica, sendo o primeiro candidato à Presidência que visitou todos os Estados brasileiros. Novamente eleito Presidente do Brasil.

Em 10 de agosto de 1950, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas assim discursou, em São Paulo (SP):

“Somos uma nação de economia ainda onerada por condições semicoloniais, em que a riqueza de possibilidades naturais contrasta com a pobreza do homem. É preciso dar ao país a compreensão de que sua soberania não é uma simples forma jurídica, mas uma conquista que, para ser concretizada, necessita antes de tudo, de independência pela qual todos, sem exceção, devemos lutar com coragem e firmeza.”

Aos 31 de janeiro de 1951, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas assumiu a Presidência do Brasil e de imediato lançou a campanha O Petróleo é Nosso, fato que descontentou a ESSO (empresa petrolífera norte-americana, patrocinadora do principal noticiário radiofônico no país - O Repórter Esso).

Aos 03 de outubro de 1953, pela Lei nº 2.004, foi criada a PETROBRÁS, garantindo o monopólio estatal, exceto na distribuição. A imediata reação do setor financeiro norte-americano, retardando negociação para financiamento de capital estrangeiro via FMI, obrigou o Dr. Getúlio Dorneles Vargas a acelerar uma reforma ministerial de seu governo.

Dois futuros presidentes participaram; o mineiro Dr. Tancredo Neves (Ministro da Justiça) e o gaúcho Dr. João Belchior Marques Goulart (Ministro do Trabalho).

“Certos interesses internacionais” motivaram “certas aves de rapina” que integravam um movimento liderado por Carlos Lacerda, buscando afoitamente a deposição do Dr. Getúlio Dorneles Vargas pela palavra ou pela força e o “último caudilho dos Pampas” não chegaria a concluir o mandato; assim, aos 24 de agosto de 1954, voluntariamente pôs fim à sua vida, no próprio Palácio do Catete (de onde, só sairia morto - como dissera aos “golpistas”).

Sua personalidade é muito discutida, mas é incontestável que o Brasil ficou a dever-lhe grandes serviços, notadamente no que se refere a melhoramentos materiais, reaparelhamento das Forças Armadas e legislação social, esta bastante adiantada, para a época.

Na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro (RJ), havia o “Palácio do Catete” - antiga sede da Presidência da República do Brasil (1897-1960), hoje alí está instalado o “Museu da República” (uma verdadeira preciosidade brasileira), que conserva intactas obras de arte, documentos e o mobiliário utilizado por seu último morador, o Ex-presidente Dr. Getúlio Dorneles Vargas. No hall-de-entrada, estão as salas de serviço e - uma exposição da vida deste ilustre gaúcho, com suas carteiras de identidade pessoal, profissional e eletiva, havendo também a sua máscara mortuária, objetos pessoais, o revólver “Colt 32” (com o qual suicidou-se) e uma folha de agenda com o seguinte escrito de seu próprio punho:

No 3º Piso, encontram-se os aposentos presidenciais. Entra-se no triste local do suicídio de Getúlio Dorneles Vargas . . . penumbra . . . houve-se uma suave música fúnebre . . . uma voz angustiada faz a leitura da CARTA TESTAMENTO; quase se chora . . . contempla-se a cama onde ELE deu o seu último suspiro . . . onde sofreu a sua última dor . . . projetou o seu último olhar (triste com toda a certeza). O casaco do pijama ainda manchado pelo sangue daquele ilustre gaúcho, perfurado na altura do coração; sangue derramado em favor da ordem e do progresso de seu (e nosso) Brasil. Finalmente se vê o projetil (a bala), que lhe matou e o fez . . .

"Sair da vida, para entrar na história"

Por fim, naquele museu se vê o mobiliário daquele triste aposento: a lado, o lavabo onde ELE fazia a sua higiene, a banheira e o sanitário. No piso logo a abaixo funcionava o seu Gabinete Presidencial, onde ELE despachava . . . a cadeira, a mesa e sobre ela . . . a caneta com a qual ELE firmava os documentos.

Na saída . . . nos repassam aquelas cenas motivadas pelos falsos brasileiros daquela época, que destruíram aquele gaúcho que o BRASIL ainda chora e tanto necessita.

No dia 24 de agosto de 2004, completaram-se 50 anos da morte do ex-presidente do Brasil - Dr. Getúlio Dorneles Vargas - gaúcho de S. Borja (RS); em sua terra natal, nesta data foi inaugurado na “Praça 15 de Novembro” - à sua memória, um MONUMENTO planejado por um de seus amigos, o arquiteto Oscar Niemayer - onde, repousam os seus restos mortais.



Presidente  JOÃO BELCHIOR MARQUES GOULART

Advogado
23º Presidente do Brasil – 1961-1964
3º Gaúcho

Natural de S. Borja (RS), nascido a 1º de março de 1918. Filho do Cel. Vicente Rodrigues Goulart e de D. Vicentina Marques Goulart (Tinoca).

O menino João Belchior Marques Goulart era chamado de Janguinho ou Jango, para a família.

O casal Vicente e Vicentina geraram os seguintes filhos: Maria, Cila, Neuza (esposa de Leonel de Moura Brizola), Jango, Ivan e Iolanda.

Vicente quando Major, foi Comandante do 14º Regimento da “Revolução de 1923” que na época era o maior.

Em 1935, uma infecção bleonorrágica, afasta dos campos de futebol, o “centerhalf” Jango, grande promessa dos juvenis do Sport Club Internacional; ele, fica rengo pro resto da vida.

Em 1939, depois de ter feito o curso secundário no Ginásio Sant’Ana (Uruguaiana), Jango se forma em Direito (Porto Alegre); volta para S. Borja, vai decorando o discurso que fará na festa em sua homenagem, preparada pela família, porém, bebeu um “pouquinho demais” e não consegue discursar.

Em 1940, Maria Tereza Fontella completa dois anos de vida, provavelmente sem desconfiar que um dia seria a primeira-dama do Brasil.

Em 1945, Jango se torna amigo de seu futuro guia intelectual, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas; logo em seguida, filia-se ao PTB, preside o Diretório Municipal (do partido), em S. Borja e depois o Diretório Regional do RS; chega ao cargo de Secretário do Interior, do RS e Secretário da Justiça do RS.

Em 1947 / 48, época de muita festa. Com sua turma, Jango freqüenta assiduamente as pensões de mulheres de Porto Alegre; a preferida era a Casablanca, da Lésia; também são de confiança as casas de Vera, a da Mônica e a da Maria Luíza - na rua Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.

Em 1952, Jango era o melhor partido de S. Borja e, talvez de todo o Rio Grande do Sul, conhece Maria Tereza Fontella, no esplendor de seus 14 anos de idade e exclamou: “Como que, uma moça tão bela, tão linda e tão formosa é minha vizinha e eu não sabia!”

Remonta desta época, a contratação de Luís Costa (competentíssimo piloto cachoeirense), para “piloto particular” do Dr. Jango (como dizia o ás das alturas).

Em 1953 / 54, Jango é nomeado por Vargas, para ocupar o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (Rio de Janeiro), onde não permanece por muito tempo; quem pede a sua cabeça e leva, é um grupo de coronéis que divulga um Manifesto. O principal articulador é o Cel. Golbery do Couto e Silva.

Em 1955, o irmão de Jango com uma procuração, casa-se no civil, com a linda, bela e formosa Maria Tereza Fontella, em S. Borja.

Em 1956 / 60, vieram os filhos . . . mudança da Av. Atlântica (Rio de Janeiro), para a Granja do Torto (Brasília), o gaúcho Dr. João Belchior Marques Goulart é eleito Vice-presidente da República, compondo a chapa com o matogrossense Dr. Jânio da Silva Quadros; Jango visita aos EUA (a convite do Vice-presidente Richard Nixon), a respeito de quem, disse Maria Tereza para o esposo: “Tem muito carisma, ainda vai longe.” > a revista TIME se apaixona por nossa “Vice-primeira-dama” a pantera brasileira.

Em 25 de agosto de 1961, o Dr. Jânio Quadros > renuncia sem dar explicações aos brasileiros, enquanto seu Vice o Dr. João Belchior Marques Goulart estava em viagem de interesses nacionais, pela China e outros países do bloco comunista; é chamado para assumir a Presidência do Brasil, mas é vetado.

Inicia-se a “Campanha da Legalidade” liderada pelo seu cunhado Eng. Leonel de Moura Brizola, em Porto Alegre, alastrando-se por todo o Brasil; Jango empreende viagem de retorno à sua Pátria, passando pelo Chile, Argentina e Uruguai; chega ao seu chão gaúcho e no dia 07 de setembro é empossado em Brasília, como legítimo Presidente do Brasil.

Em 1964, generais se reúnem no Rio de Janeiro, para conspirar; Jango sabe até o número do telefone da sala da conspiração, mas argumenta: “Se a gente reprimir, não é mais democracia.”

Em 31 de março de 1964, inicia-se o movimento revolucionário, culminando com a deposição do então Presidente Dr. João Belchior Marques Goulart e no dia 1º de abril - Jango já é ex-presidente.

Em 1965, Jango exila-se no Uruguai - passeios com a família, rompimento com o seu cunhado Eng. Leonel de Moura Brizola, visitas as mais variadas, até do arqui-inimigo Carlos Lacerda.

Nos anos SETENTA - Viagens à Europa, negócios em Buenos Aires . . . golpes na América Latina (ditaduras no Uruguai, Chile e na Argentina), jogo duro.

Em 1976, vai para a Argentina, onde adquire fazendas em Mercedez (a uns cem quilômetros da fronteira com o Brasil).

Os filhos não estavam mais com os pais depois das ameaças de seqüestro, João Vicente e Denise mudaram-se para a Inglaterra. Jango e Maria Tereza viajaram para Londres e lá, nasce o neto Cristopher (filho do filho João Vicente, sobrinho da filha Denise).

Veio o segundo semestre de 1976, era o ano decisivo para Jango e Maria Tereza; mais uma mudança, desta vez pra Europa. Londres ou Paris? - Paris, escolheu Maria Tereza e ele aceitou.

Voltaram para Mercedez, ótimo humor, uma aparência mui saudável, mais tranqüilo e magro, bebendo menos; só uma coisa não estava resolvida - a possibilidade da volta para o seu Rio Grande do Sul, que pintava.

Em Porto Alegre, amigos de Jango recebiam indicações de Brasília, de que poderia voltar no próximo natal.

Veio o dia 04 de dezembro de 1976; seu velho companheiro Maneco Leães ia ao Rio de Janeiro, conversar com o pessoal (aqueles amigos de sempre), fazer uma avaliação da proposta, ver se chegava a ser uma possibilidade concreta, mas, nada disso aconteceu.

Chegou o dia 05 de dezembro de 1976. Jango andou com Maria Tereza o dia todo, de uma propriedade à outra, cuidando dos negócios; em casa, pelas onze horas da noite, Jango resolveu assar uma carne; a janta terminou pela uma hora da manhã e logo o casal se recolheu.

Na madrugada do dia 06 de dezembro de 1976, parou o coração do exilado ex-presidente Dr. João Belchior Marques Goulart, em Mercedes (Argentina), não resistindo ao terceiro enfarte . . . morrera, sem poder retornar à sua amada querência.

Em 1984, a Justiça decide que Noé Silveira - também é filho de Jango.



Presidente  ARTHUR DA COSTA E SILVA

Marechal
25º Presidente do Brasil – 1967-1969
4º Gaúcho

Nasceu em Taquarí (RS), aos 03 de outubro de 1902. Estudou as primeiras letras no lar paterno e depois com professora particular e no colégio público elementar, em sua cidade natal.

Em 1912, criado o Colégio Militar de Porto Alegre, alí efetuava matrícula, concluindo o curso em primeiro lugar na turma, chegando a comandar o batalhão escolar.

Em 1918, matriculava-se na Escola Militar do Realengo, escolhendo, depois do curso fundamental, a arma de Infantaria.

Aos 18-01-1921, em terceiro lugar e sua turma, concluía o curso da arma e era declarado “Aspirante a Oficial”. Fez, depois os cursos de aperfeiçoamento de estado-maior, de motomecanização e blindados, da “Armored School Fort Knox” e “The Officers Advanced Course” nos EUA, e ainda da Escola Superior de Guerra.

Ascendeu na atividade militar, sempre pelo princípio de merecimento, até alcançar o generalato (general-de-brigada, em 1952; general-de-divisão, em 1958; e, general-de-exército, em 1961).

Costa e Silva e exerceu diversos comandos e comissões de relevo, tendo recebido as mais altas condecorações nacionais e estrangeiras.

Teve destacada atuação no preparo e execução da “Revolução Restauradora” em 31-03-1964, integrando o “Alto Comando Revolucionário” (Gen. Costa e Silva, Alm. Augusto Rademaker e Brig. Francisco Correia de Melo), ajudando a reimplantar a ordem em nossa Pátria.

Foi nomeado para a pasta do “Ministro da Guerra” (depois alterada para “Ministério do Exército”), pelo Presidente Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, exercendo o cargo de 15-04-1964 até 01-07-1966, quando foi substituído e transferido para a reserva de 1ª classe, no posto de marechal., por motivo de sua candidatura à Presidência da República.

Iniciava pouco depois, intensa campanha cívico-eleitoral, por várias cidades brasileiras, sendo eleito de forma indireta, pelo Congresso Nacional, para governar o país no quatriênio 1967-1971.

Em 15-03-1967, recebeu o cargo de Chefe da nação; preocupado com o bem-estar da população, o novo governante resolveu suavizar as medidas políticas e econômicas que seu antecessor fôra obrigado a tomar; ora, os corruptos e subversivos da ordem, consideraram a bondade de Costa e Silva como um sinal de fraqueza, começaram a agitar-se contra o governo.

O Presidente Costa e Silva imediatamente, a fim de defender os ideais revolucionários e impedir o retorno dos maus brasileiros à vida política do Brasil, baixou o Ato Institucional nº 5 (AI – V), em dezembro de 1968; esse Ato, que vigorou até o final de 1978, restabelecia e ampliava os poderes especiais concedidos a Castelo Branco e dessa forma, o governo preservou sua autoridade, podendo manter o nosso país no caminho do desenvolvimento. Ao mesmo tempo, Costa e Silva tomava providências para acelerar o progresso econômico do Brasil, conter a alta do custo de vida e melhorar o sistema educacional brasileiro, desde o nível primário até o superior.

Na sua gestão, foi construída a “Travessia Arthur da Costa e Silva” (Ponte Rio / Niterói) com 14,5 Km de extensão (a maior da América Latina).

Mas, o Presidente Costa e Silva adotara um ritmo de trabalho muito pesado para os seus 67 anos de idade, resultando no acometimento de uma grave crise no seu sistema circulatório que o paralisou parcialmente, em 31 de agosto de 1969.

Diante desse fato, os ministros militares (Alm. Augusto Rademaker, Gen. Lyra Tavares e Mar-do-ar Souza e Mello) decidiram assumir “provisoriamente” o poder, à espera do restabelecimento do Presidente enfermo; entretanto, quando essas esperanças desapareceram, os três ministros resolveram declarar a presidência vaga, indicando o nome do Gen. Emílio Garrastazú Médice, para suceder Costa e Silva.

Simultaneamente, num ato de reconhecimento pelos grandes serviços que o marechal enfermo prestara ao país, declararam que ele continuaria a morar no Palácio das Laranjeiras (residência oficial do Presidente da República, no Rio de Janeiro), até o fim do mandato, para o qual fôra eleito; mas, infelizmente, Costa e Silva não resistiu à enfermidade, falecendo em 17 de dezembro de 1969.



Presidente  EMÍLIO GARRASTAZÚ MÉDICE

Marechal
26º Presidente do Brasil – 1969-1974
5º Gaúcho.

Militar gaúcho, natural de Bagé (RS), nascido aos 04 de dezembro de 1905. Matriculado no Colégio Militar aos 12 anos de idade, aí completou os estudos secundários.

Depois, cursou a Escola Militar do Realengo, saindo Aspirante a Oficial de Cavalaria aos 07-01-1927.

Serviu no 12º Regimento de Cavalaria de Bagé e no 8º Regimento de Cavalaria de Uruguaiana.

Como 1º Tenente, participou na Revolução de 1930 e lutou contra os revolucionários de 1932; serviu ainda, nos estados-maiores da 3ª Divisão de Cavalaria em Bagé e da 3ª Região Militar em Porto Alegre.

Foi comandante do “Centro de Preparação de Oficiais da Reserva” (CPOR) de Porto Alegre, por mais de três anos.

Entrou no generalato em 1961, comandou a 4ª Divisão de Cavalaria, em Campo Grande (MS) e a Academia Militar das Agulhas Negras, em Rezende; neste último posto veio encontrá-lo a Revolução Restauradora de 31 de março de 1964, na qual teve participação ativa, ocupando com seus cadetes a Rodovia Presidente Dutra (S. Paulo / Rio de Janeiro), como vanguarda do II Exército, que marchava de São Paulo, para o Rio de Janeiro.

Após a implantação do novo regime de governo no Brasil, foi nomeado adido militar em Washington (EUA), aí permanecendo dois anos.

Chefiou depois o “Serviço Nacional de Informações” (SNI). Em princípios de 1969, já promovido a general-de-exército, assumiu o comando do III Exército, com sede em Porto Alegre (RS).

Quando o Presidente Costa e Silva foi acometido de grave enfermidade, ficando impossibilitado de continuar exercendo o cargo, o Gen. Médice foi indicado ao Congresso Nacional, pelo Alto Comando das Forças Armadas, para substituí-lo .

Eleito pelo Congresso Nacional aos 05 de outubro de 1969, para Presidente da República, tomou posse no cargo aos 30 do mesmo mês.

Ainda antes da eleição, expressara a esperança de, ao término do seu período administrativo, deixar definitivamente instaurada a democracia, em nosso país.

No discurso de posse, manifestou sua fé nas potencialidades, na viabilidade econômica e social, do Brasil, no desenvolvimento como fenômeno global e na possibilidade de (no prazo médio) do governo, preparar as bases de lançamento de nossa verdadeira posição próximo milênio, assegurando a nossa participação em programas, nuclear e espacial.

Declarações ulteriores, revelaram sua preocupação com as idéias de pacificação, da união nacional, com a necessidade de renovar os métodos e o estilo da política, no Brasil.

Em março de 1970, anunciou um programa de governo que visava alcançar uma sociedade politicamente aberta e referiu-se ao estado revolucionário, pelo qual seriam implantadas as estruturas política, administrativa, social e econômica, de promover a integração de todos os brasileiros aos níveis mínimos de bem-estar.

O instrumento usado pelo governo, seria o “Plano Nacional de Desenvolvimento”, com que procuraria eliminar a desigualdade social, a floração de privilégios, a desagregação entre as classes.

A política de desenvolvimento, deveria provocar o aumento da produção agrícola - dando prioridade ao campo, estaria dando prioridade à valorização do brasileiro, como um todo.

Advertiu que, a principal dificuldade das nações ao longo do século XX, consistia em alcançar o desenvolvimento sem sacrifício total das liberdades; mas acrescentou que, embora naqueles tempos não se conhecia o exemplo de uma só nação que haja conseguido emergir do subdesenvolvimento, sem fazer esse sacrifício, cuja firme e determinada opção da revolução brasileira era a de provar (pela primeira vez), a viabilidade desse caminho.

Em mensagem enviada ao Congresso Nacional, externou o desejo de que, o novo centro de gravidade da nossa ordem política assente em modelo democrático que, superando os padrões da democracia clássica ou liberal, garanta ao homem os seus novos direitos, sem prejuízo dos valores sob cujo apelo se formou, dentro dos horizontes do mundo ocidental, a cultura brasileira.

Dirigindo-se aos trabalhadores, em alocução de 1º de maio de 1970, anunciou-lhes a decretação de novos níveis de “salário mínimo” e a adoção de três objetivos principais em sua política trabalhista: a redução gradual das diferenças entre os níveis salariais nas diversas regiões; a reforma da “Consolidação das Leis do Trabalho” (CLT) com o objetivo de imprimir maior rapidez e eficiência à Justiça do Trabalho; e, a transferência de parte das atribuições da Previdência Social, aos sindicatos.

A esse propósito, disse: “Buscamos o sindicato escola, o sindicato centro-cívico, cultural, recreativo e desportivo, assim como o sindicato cooperativa de consumo ( . . . ). Queremos o sindicato integralmente ativo, expressão de defesa do trabalhador, o sindicato assistencial, financiador e fiscalizador do exercício dos direitos e dos deveres dos sindicalizados.”

De acordo com uma síntese apresentada, a orientação do Presidente Médice destaca, dentre as áreas estratégicas do Plano de Desenvolvimento já existente, quatro grandes prioridades, para intensa ação executiva e uma atuação verdadeiramente revolucionária:
1 - Agricultura e abastecimento;
2 - Educação e saúde-saneamento;
3 - Desenvolvimento científico e tecnológico;
4 - Poder de competição da indústria nacional.

Em junho de 1970, tendo visitado o nordeste, então sob o flagelo da seca, mostrou-se profundamente impressionado com as condições que alí encontrara e, depois de tomar as medidas de emergência indicadas para o caso, determinou a adoção imediata do Programa de Integração Nacional; este, previa a construção de grandes estradas como as rodovias: Transamazônica, Cuiabá – Santarém, Manaus – Porto Velho, Manaus – Boa Vista e Perimetral Norte concomitantemente, a colonização de largas faixas de terras às margens das mesmas; desse modo, além de criar uma ocupação em curto prazo para as vítimas da seca, permitiria a fixação, em terras de fertilidade comprovada, de vultosos contigentes demográficos, provenientes das áreas flageladas.

Dias depois, em Novo Hamburgo (RS), o Presidente Médice, disse: “Junto com meus ministros, tomei uma resolução que considero das mais importantes e corajosas do atual governo federal, a construção de uma estrada que rasgará a Amazônia de leste a oeste, que possibilitará a integração das regiões norte e nordeste”.

Quando as riquezas do sul estiverem circulando ao lado das que forem geradas no norte, então se poderá alcançar a segunda revolução e o Brasil todo será um só país.

Nos anos de 1971 a 1973, o Brasil foi apontado como um dos países com maior índice de crescimento no mundo, consagrando assim, de forma definitiva, a obra do Presidente Emílio Garrastazú Médice - que faleceu, em 09 de outubro de 1985.



Presidente  ERNESTO GEISEL

Marechal
27º Presidente do Brasil – 1974-1979
6º Gaúcho

Natural de Bento Gonçalves (RS), nascido aos 03 de agosto de 1908. Filho caçula de um imigrante alemão que exercia as funções de Tabelião, naquela cidade gaúcha Ernesto Geisel foi educado dentro de rigorosos princípios morais e religiosos.

Em 1921, seguindo o caminho de seus dois irmãos mais velhos, ele foi matriculado no Colégio Militar de Porto Alegre (RS), célebre estabelecimento preparatório para a carreira das armas, que deu ao Brasil os quatro presidentes eleitos de forma indireta, pelo Congresso Nacional (Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazú Médice e agora Ernesto Geisel).

Concluídos seus estudos no Colégio Militar, o jovem ingressou na Escola Militar do Realengo, Rio de Janeiro (RJ), donde saiu como Aspirante a Oficial da arma de Artilharia, em 1928, sendo o primeiro colocado de sua turma, como o seria em todos os cursos que fez mais tarde; somente na Escola de Estado-Maior (atualmente denominada Escola de Comando e Estado-Maior do Exército), obteve o segundo lugar, pois o primeiro coube a seu irmão Orlando, oficial de carreira igualmente brilhante.

Havendo participando da Revolução de 1930 - que derrubou a República Velha e conduziu o Dr. Getúlio Dorneles Vargas ao poder, Geisel (embora, ainda um simples 1º Tenente), foi designado para comandar uma unidade de artilharia sediada na Paraíba (BR).

Em 1932, com apenas 27 anos de idade, passou a ocupar o cargo de Secretário da Fazenda e Obras Públicas, daquele estado.

O tenente Geisel desempenhou suas funções administrativas na Paraíba, com grande eficiência, atuando inclusive no setor de educação, onde procurou modernizar o sistema pedagógico da terra de João Pessoa; mas, quando deixou aquele cargo, dedicou-se novamente à carreira militar, galgando todos os postos da hierarquia do Exército Brasileiro, por merecimento, chegando a general-de-exército, em 1966.

A partir de 1955, travou contato com os problemas ligados ao petróleo, nos quais se tornaria o maior especialista do país; além de dirigir durante algum tempo a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), foi também do Conselho Nacional do Petróleo (1957-1961).

Em 1964, na qualidade de colaborador do chefe do Estado-Maior do Exército, Gen. Humberto de Alencar Castelo Branco - Geisel contribuiu ativamente para o êxito da Revolução Restauradora, de 31 de Março.

Durante a presidência de Castelo Branco, este o nomeou chefe de seu Gabinete Militar; nessa importante função, Geisel pôde ampliar ainda mais, seus conhecimentos, mormente em questões ligadas à política interna brasileira.

Ao encerrar-se o mandato presidencial de Castelo Branco (15 de março de 1967), o Gen. Geisel foi nomeado Ministro do Superior Tribunal Militar; passando em conseqüência, a fazer parte do Poder Judiciário Federal, os ilustre oficial gaúcho soube sempre atuar de forma rigorosamente imparcial e equilibrada, emitindo seus pareceres com serenidade e justiça.

Em outubro de 1969, o Presidente Médici nomeou Geisel para o importante cargo de Presidente da PETROBRÁS (Petróleo Brasileiro S/A) - empresa de economia mista, criada em 1953, pelo Presidente Dr. Getúlio Dorneles Vargas, com a finalidade de controlar toda a exploração e refinação de petróleo, dentro do território nacional.

Geisel dinamizou a PETROBRÁS de forma impressionante, intensificando a produção brasileira de óleo bruto, a fim de atender à crescente demanda nacional. Paralelamente, graças à sua iniciativa, a empresa passou a concorrer com as grandes companhias internacionais, não só na distribuição de derivados do petróleo dentro do país, mas também na pesquisa e explorações das jazidas petrolíferas, no exterior. A crise mundial de petróleo, provocada pelo conflito árabe-israelense (1973 / 74), viria confirmar o acerto das diretivas que ele imprimira à PETROBRÁS , evidenciando a necessidade de se intensificar a pesquisa e exploração do ouro-negro, no Brasil; assim, em fins de 1974, foi descoberto um riquíssimo lençol petrolífero no poço de Garoupa, no município de Campos, estado do Rio de Janeiro e, em 09 de outubro de 1975 Geisel autorizou a PETROBRÁS a celebrar “contratos de risco” para que, capitais estrangeiros realizem a prospecção de petróleo, no Brasil.

--- ::: o ::: ---

No governo do Presidente Geisel é que foi assinado

O ACORDO NUCLEAR BRASIL-ALEMANHA OCIDENTAL

“Aos brasileiros!

Todos nós, povo e governo, temos responsabilidades na promoção do desenvolvimento econômico, social e político do Brasil. Para assegurar esse desenvolvimento, necessário ao bem-estar geral, é imprescindível dispor de adequadas fontes energéticas, dentre as quais sobressai, nos dias de hoje e no futuro, a utilização do átomo.

O presente documento visa proporcionar esclarecimento público sobre o Programa Nuclear do Brasil, que conta com o apoio unânime da vontade nacional e se baseia no nosso esforço próprio, conjugado com a cooperação externa e, na aceitação de salvaguardas, que garantem sua estreita aplicação pacífica.”

Ernesto Geisel
Presidente do Brasil"

O ACORDO acima mencionado consta de “quatro itens” - conforme abaixo:

I - O problema energético do Brasil - A necessidade da opção nuclear.

II - O acordo sobre a cooperação no campo dos usos pacíficos da energia nuclear, entre o
Brasil e a República Federal da Alemanha.

III - A aplicação das salvaguardas internacionais.

IV - O Brasil e a não-proliferação das armas nucleares.

Desse ACORDO, resultou a implantação das nossas “Usinas Nucleares”
Angra I, Angra II, Angra III e Angra IV
todas instaladas na costa do estado do Rio de Janeiro.

--- ::: o ::: ---

Tendo em vista todas essas realizações, somadas a um temperamento austero e extremamente cônscio de suas responsabilidades, nada mais natural que Ernesto Geisel tenha sido escolhido para suceder ao Presidente Médice, continuando a grande obra revolucionária iniciada em 1964.

Eleito por um Colégio Eleitoral, constituído pelo Senado Federal, pela Câmara Federal e por representante das Assembléias Legislativas Estaduais, o novo Presidente governou o BRASIL, no período de 15-03-1974 até 15-03-1979, quando passou o cargo ao Gen. João Baptista de Oliveira Figueiredo.

O Gen. Ernesto Geisel faleceu aos 12 de setembro de 1996.



PRESTES,  LUÍS CARLOS

Militar 
Político líder comunista brasileiro e revolucionário

Nascimento aos 03 de janeiro de 1898, em Porto Alegre (RS)

Falecimento aos 07 de março de 1990, no Rio de Janeiro (RJ)

Luís Carlos Prestes, nasceu em Porto Alegre (RS-Brasil), cursa a Escola Militar do Rio de Janeiro e é transferido para o Rio Grande do Sul.

Militar e político gaúcho.

Integra o alto comando da “Coluna Prestes”, que percorre o Brasil em protesto contra o governo, e lidera a “Intentona Comunista”.Em 1924, é um dos líderes do “Movimento Tenentista”, formado por oficiais contrários à República Velha.

Subleva sua guarnição em Stº Ângelo (RS-Brasil) e se encontra no Paraná com os rebeldes da revolta tenentista de 1924, ocorrida em São Paulo.

Forma com eles a Coluna Miguel Costa-Prestes, que percorre 25 mil quilômetros, por 13 estados do Brasil, propagando as idéias tenentistas de dezembro de 1924 a fevereiro de 1927.

Exila-se na Bolívia e depois na Argentina, período em que entra em contato com o “marxismo” e o “comunismo”.

Preso em Buenos Aires em 1930, ao sair muda-se para Montevidéu, no Uruguai e depois para a União Soviética.

Volta ao Brasil em abril de 1935, já casado com a alemã Olga Benário e, participa do movimento armado, conhecido como “Intentona Comunista”, que tenta derrubar Getúlio Vargas.

A “Intentona Comunista” fracassa e o casal é preso; Prestes é condenado a um total de 46 anos de prisão. Sua mulher é deportada para a Alemanha, sob o governo nazista, em 1936 e é morta num campo de concentração, em 1942. Antes, dera à luz a filha Anita Leocádia.

Anistiado em 1945, Prestes assume a direção do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e elege-se Senador constituinte pelo Distrito Federal.

Em 1947, o Tribunal Superior Eleitora (TSE) cancela o registro do PCB (1947) e, a seguir, extingue os mandatos dos parlamentares comunistas (1948).

Prestes passa a atuar na clandestinidade.

Com o golpe militar de 1964, seus direitos políticos são cassados e ele passa a viver no exílio.

Em 1979, volta ao Brasil, após a anistia política.

Em 1980, é afastado da secretaria-geral do PCB e deixa o partido.

Participa do movimento “Diretas Já” (1984).

Morre de leucemia, no Rio de Janeiro e é postumamente anistiado pelo Exército e provido a Coronel, depois de morto -o que já é tarde.

O MANIFESTO

(onde ele explicava as razões do levante)

“ . . . já é tempo de lutar, não peito a peito, mas sim ombro a ombro, para restabelecermos a situação financeira do Brasil, para recobrar o dinheiro que os nossos maus governos nos roubaram e podermos, assim evitar que, em 1927, o governo inglês venha tomar conta das nossas alfândegas e das nossas ricas colônias, para cobrar a dívida do Brasil.”



QORPO SANTO,  JOSÉ JOAQUIM CAMPOR LEÃO
Poeta

Natural de Triunfo (RS), nascido aos 19 de abril de 1829 e falecido em 1º de maio de 1883; era teatrólogo, professor, poeta, cronista e jornalista.

Casado e tinha três filhas, foi interditado a pedido da esposa, porque era considerado louco.

Segundo a obra Cães da Província (de Luís Antônio de Assis Brasil), o autor ressaltou que tratava-se do imaginário do poeta Qorpo Santo, contraditório da literatura dramática brasileira e que foi precursor do teatro do absurdo.

Vivendo em pleno século XIX, em Porto Alegre (RS), Qorpo Santo ultrapassou os limites do seu tempo, criando um universo ficcional que só a partir de 1960 (quase um século depois de serem escritas), começaram a ser reconhecidas.

Sobre o apelido que acrescentou ao seu nome, diz-nos ele próprio - Se a palavra corpo-santo foi-me infiltrado em tempo que vivi completamente separado do mundo das mulheres, posteriormente, pelo uso da mesma hei sido impelido para esse mundo.

Suas obras:
01 - Mateus e Mateusa (romance) - s/ data
02 - Enciclopédia ou Seis Meses de uma Enfermidade (autobiografia) - 1862
03 - Produções Literárias - 1877
04 - A Saúde e a Justiça - Frontespício para um jornal que denominarei: Saúde - 1868 / 71
05 - Sem Título (poesias) - 1876
06 - Miscelânea Curiosa - Livro Oitavo “O Que Rico Quizer Ser Há de Comprar-me e me Ler” (escritos diversos) - 1877
07 - Interpretações (pontos contraditórios) - 1877
08 - Hoje sou um, amanhã outro - s/ data
09 - A separação de dois esposos - s/ data
10 - As relações naturais - s/ data



QUEIROZ E VASCONCELOS,  ALEXANDRE LUIZ DE

Dragão do Rio Pardo
O Quebra

Alexandre Luiz a princípio se chamou Alexandre José, nasceu no Rio Pardo (RS), em 1772 e faleceu em Cachoeira (RS), em 1833.

Filho de Alexandre Luiz de Queiroz (português, homônimo, nascido na Vila Boa de Queiroz, em 1743 e falecido na Vila da Cachoeira, em 1790) e de Maria Eulália Pereira Porto.

Pelo lado paterno, descendia dos nobres das “casas” de Queiroz e Amarante; pelo lado materno, era neto de Francisco Barreto Pereira Pinto, tinha também ligações de parentesco com os Menna Barreto e os Corrêa da Câmara.

Era cunhado de Antônio Simões Pires, o qual era filho único de Mateus, de quem se origina a grande família Simões Pires do Rio Grande do Sul.

Alexandre Luiz, como as circunstâncias indicavam, seria certamente um renomado militar, um singular político rio-grandense, um notável do Império; entretanto, o destino nem sempre segue a linha das aparências.

O Quebra era casado com Maria do Rosário, natural de Viamão (RS), filha do açoriano Amaro Rodrigues de Sousa, da Ilha de S. Jorge (Açores) e de Teresa de Jesus, de Viamão (RS).

O casal Alexandre Luiz e Maria do Rosário - teve sete filhos, dos quais fizemos menção especial de Félix Luiz de Queiroz e Vasconcelos, nascido no Rio Pardo, em 1800 e falecido na Vila da Cachoeira, em 1875. Félix casara em 1824, com Alexandrina Joaquina do Nascimento e teve doze filhos.

Alexandre Luiz (pai), casara com Maria Eulália Pereira Pinto, 3ª filha das quinze de Francisco Barreto Pereira Pinto - Comandou os Dragões e o Forte Jesus Maria José de Rio Pardo (1762-1767), num dos momentos mais difíceis do Rio Grande de São Pedro, devido à invasão espanhola; Francisco era casado com Francisca Veloso da Fontoura, primeira filha dos dez havidos do casal João Carneiro da Fontoura e Isabel da Silva.

Alexandre Luiz de Queiroz e Vasconcelos (filho), foi conhecido pelo apelido de “O Quebra” e Aurélio Pôrto ao fazer-lhe a biografia chama de heróica a vida desse riopardense. Praça do “Regimento dos Dragões de Rio Pardo” do qual, em fins do século XVIII (início do século XIX), foi Porta-estandarte, quando é atacado por um contrabandista, matou-o a golpes de espada. Pressentindo castigo, desertou indo para a Banda Oriental (Uruguai), período em que as idéias republicanas de José Gervásio Artigas devem tê-lo marcado.

Mais tarde em 1801, faz a campanha das Missões ao lado de José Borges do Canto e Manuel dos Santos Pedroso (Maneco Pedroso). Em decorrência, foi indultado e regressa como Furriel, para o seu Regimento dos Dragões do Rio Pardo.

Pouco tempo, permaneceu nessa situação de submissão e regramento militar; sua experiência caudilhesca na Pampa livre, moldou-o para inéditas e pitorescas iniciativas, estando completamente seduzido pela ideologia revolucionária e republicana do grande político platino. Recomendava a união do Rio Grande do Sul com o Uruguai, através de laços federativos.

Em 1803 assalta a guarda do Rio Grande, “com gritos subversivos de República e de liberdade, redimindo os escravos que conseguira reunir”. Isso lhe valeu não só uma prisão a ferros no Rio Pardo, como o título de “louco” - aliás, astuciosamente dado para salvá-lo das tremendas conseqüências que deveria esperar pelo seu ato. Conseguindo ser libertado, Alexandre Luiz vai para Entre-Rios (Argentina).

Nas campanhas luso-brasileiras do sul (1816-1820), ele volta a tomar parte, com o comando de uma “guerrilha” - obtendo os galões de ‘Sargento-mor’. Em setembro de 1816, podia ser observado como Capitão comandando um Esquadrão de Cavalaria, defrontando-se com “El Rúbio Gatel”, no combate de Coxílha de Sant’Ana; nessa época, era tido como singular lanceiro, tornando-se uma “legenda de bravura e heroísmo”.

Terminada a luta e precedido por tal fama chegou à Vila da Cachoeira aos 23 de abril de 1820, onde entrou gritando vivas à República; tentou entendimento com as autoridades, não obtendo êxito de suas idéias com argumentações literárias abolicionistas e republicanas - solta os presos da cadeia, emancipa uma turba de negros escravos, prende a maior autoridade militar da vila, veste um “preto” com a farda do Ten. José Carvalho Bernardes que era o comandante da Vila da Cachoeira onde, proclama a República RIO-GRANDENSE.

Não conseguindo a adesão pretendida, proclamou-se DITADOR, destituiu as autoridades, nomeou o preto Pedro seu fiel seguidor, como comandante da Vila; mas a reação, a grita e o escândalo vieram em seguida com a prisão, mais uma vez, de Alexandre Luiz, que é “acorrentado” e remetido para o Rio de Janeiro. Como é “doido” o pobre obtém de D. Pedro II, um indulto.

Ao regressar, não fica mais no Rio Grande de S. Pedro, vai para o Uruguai e no combate do Passo do Rosário, Alexandre Luiz, por determinação de Alvear, é nomeado comandante de um regimento de “Libertadores do Rio Grande”, combatendo contra o “Exército Brasileiro”, lutando contra o Marquês de Barbacena.

Separatismo, republicanismo ou pruídos de confederação com o Prata (pois não pensaram nisso os farrapos?), animariam as intenções de Alexandre Luiz, mas não, o de traição à sua pátria.

Por volta de 1831, aparece em Caçapava, agitando os fazendeiros, provocando o exército, libertando escravos e outra vez, proclamando a República RIO-GRANDENSE; foi perseguido por forte contingente de Dragões que o forçaram a se evadir novamente, para o Uruguai. O movimento se alastra e de S. Leopoldo vem as maiores demonstrações de solidariedade; a república e a abolição já têm adeptos no Rio Grande do Sul.

Alexandre Luiz é procurado por toda parte, mas está foragido. Morreu em 1833, aos 61 anos, em sua estância localizada entre o arroio Botucaraí e o rio Jacuhy, no município de Cachoeira - e por dedução, presume-se que esteja sepultado no cemitério das Três Vendas (situado mais ou menos ao centro dessa gleba de terras). - História de Cachoeira - 1930 - De Paranhos Antunes > pág. 6

Alexandre Luiz é personagem para um romance histórico; tivesse vivido mais tempo, certamente seria um “grande expoente farroupilha”.

Aurélio Pôrto com a sua autoridade, o chama de cachoeirense mas Jorge Felizardo e João Pinto da Fontoura Guimarães, na “Genealogia Rio-Grandense – 1927” > dão O Quebra como nascido e batizado no Rio Pardo (*) e também seu filho Félix Luiz tendo nascido e sido batizado no Rio Pardo, quando o pai Alexandre Luiz, fazia então 28 anos de idade. Agora, é verdade que os outros seis filhos de Alexandre Luiz nasceram e foram batizados na Cachoeira, mas aí O Quebra a contar do primeiro filho cachoeirense, já chegara aos 34 anos. * (Na época 1772-1820 - Cachoeira era a 4ª Zona do Rio Pardo)

A história que falta escrever se resume a um par de linhas, em placa de rua que a cidade de Cachoeira do Sul continua a dever a Alexandre Luiz de Queiroz e Vasconcelos - O Quebra, com tardia memória de suas façanhas.



QUINTANA,  MÁRIO DE MIRANDA

Poeta

Natural do Alegrete (RS), nascido aos 30 de julho de 1906, numa noite muito fria. Era o 4º filho de Celso de Oliveira Quintana (farmacêutico) e de D. Virgínia de Miranda Quintana (do lar).

Poeta, cronista e tradutor. Redator do Correio do Povo de Porto Alegre (RS), por muitos anos; seu pseudônimo era Cândido Manoel de Santa Bárbara, Ossos de Miranda, Zéca Vírgula Guedes, J. B. Sá, Antônio Morteiro e assinava as iniciais MM. QQ.


SÍNTESE CRONOLÓGICA

1913 - Aprende a ler no jornal “Correio do Povo” - Aprende noções de francês, com seus pais.

1914 - Freqüenta a “Escola Elementar” (mista), de D. Mimi Contino.

1915 - Passa a freqüentar a escola do mestre português Antônio Cabral Beirão, alí concluindo o curso primário.

1919 - É matriculado no “Colégio Militar” de Porto Alegre (RS), em regime de internato.
Publica suas primeiras produções literárias, na revista “Hyloea” (órgão da Sociedade Cívica e Literária - dos alunos do colégio).

1924 - Deixa o “Colégio Militar.
Emprega-se na “Livraria do Globo” - trabalhando com Mansueto Bernarde (durante três meses).

1925 - Retorna ao Alegrete, passando a trabalhar na farmácia paterna.

1926 - Morre sua mãe - D. Virgínia de Miranda Quintana.
É premiado em um concurso de contos, do jornal “Diário de Notícias” de Porto Alegre, com o trabalho A Sétima Personagem.

1927 - Morre seu pai - Celso de Oliveira Quintana.
Tem um poema seu publicado na revista “Para Todos” do Rio de Janeiro - por iniciativa do cronista Álvaro Moreira, na órgão dirigido por este.

1929 - Ingressa na redação do jornal “O Estado do Rio Grande” dirigido por Raul Pilla, em Porto Alegre.

1930 - Inicia a colaboração para a “Revista do Globo.”
Alista-se como voluntário do “7º Batalhão de Caçadores” de Porto Alegre, partindo para um período de seis meses, no Rio de Janeiro.

1931 - Regressa a Porto Alegre e à redação de “O Estado do Rio Grande.”

1934 - Tem sua primeira tradução publicada pela “Editora Globo” de Porto Alegre - Palavras de Sangue, de Giovani Papini.
Começa a traduzir efetivamente para a “Editora Globo.”
Traduz, dentre outros autores: Fred Marsyat, Alessandro Veraldo, Emil Ludwig, Lin Yutang, Charles Morgan, Guy de Maurassante, André Gida, etc.

1940 - É publicado A Rua dos Cataventos (livro de sonetos) - pela “Editora Globo.”
Tal é a repercussão, que vários de seus sonetos foram transcritos em antologias e livros escolares.

1943 - Começa a publicar no “Caderno H” da revista “Província de São Pedro.”

1946 - Publicação de Canções (poemas) - pela “Editora Globo.”

1948 - Publicação de Sapato Florido (poesia e prosa) - pela “Editora Globo.”
Publicação de O Batalhão das Letras - pela “Editora Globo.”

1950 - Publicação de O Aprendiz de Feiticeiro (versos) - pela “Editora Fronteira” de Porto Alegre.

1951 - Publicação de Espelho Mágico (coleção de quartetos, que traz na orelha um comentário de Monteiro Lobato) - pela “Editora Globo.”

1953 - Publicação de Inéditos e Esparsos - pela “Editora Cadernos do Extremo Sul” do Alegrete.
Ingressa no jornal “Correio do Povo” onde passa a publicar no “Caderno H” até o ano de 1967.

1962 - Publicação de Poesias, tais como: A Rua dos Cataventos, Canções, Sapato Florido, Espelho Mágico, O Aprendiz de Feiticeiro (sob os auspício da “Divisão de Cultura, da Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul) - pela “Editora Globo.”

1966 - Publicação de Antologia Poética (coletânea de poesias) e outros trabalhos inéditos, organizados por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos - pela “Editora do Autor” do Rio de Janeiro.
Recebe em dezembro, o prêmio “Fernando Chinaglia” para o melhor livro do ano com a Antologia Poética.

1968 - O poeta é homenageado pela Prefeitura de sua terra natal, com uma “Placa de Bronze” (na praça principal da cidade) - onde estão escritas palavras suas.

1973 - Publicação no “Caderno H” (coletânea selecionada pelo autor) - pela “Editora Globo.”

1975 - Publicação de Pé de Pilão (poesia infanto-juvenil) - co-edição do “Instituto Estadual do Livro” (DAC e SEC) com a “Editora Garatuja” de Porto Alegre.

1976 - Ao completar 70 anos de idade, recebe inúmeras homenagens; entre elas a medalha “Negrinho do Pastoreio” - do governo do Estado do RGS.
Publicação de Apontamentos de História Sobrenatural (poesia) - pelo “Instituto Estadual do Livro” (DAC e SEC) e “Editora Globo.”
Publicação de Quintanares - edição brinde de poesias, distribuída pela MPM.

1977 - Publicação de A Vaca e o Hipógrifo - pela “Editora Garatuja.”
Recebe o prêmio “Pen Clube de Poesia Brasileira” para Apontamentos de História Sobrenatural.

1978 - Publicação de Prosa & Verso (antologia para didática) - pela “Editora Globo.”
Publicação de Chew Me Up Solwly, tradução de “Caderno H” por Maria de Glória Bordini e Diana Grosklaus - pela “Editora Globo” sob os auspício da “Riocel” (indústria de celulose).

1979 - Publicação de Na Volta da Esquina (antologia que constitui o quarto volume da “Coleção RBS” - pela “Editora Globo.”
Publicação em Buenos Aires, de Objetos Perdidos y Otros Poemas - tradução de Estela dos Santos (organizada por Santiago Kovadlff).

1980 - Publicação de Esconderijos do Tempo - pela “L&PM Editores.
“Recebe o prêmio “Machado de Assis” - da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de suas obras literárias, em 17 de julho.
Integra, com Cecília Meireles, Vinícius de Moraes e Henriqueta Lisboa, o sexto volume da coleção didática “Para Gostar de Ler” - pela “Editora Ática.”

1981 - Participa da “Jornada de Literatura Sul-Riograndense” em Passo Fundo, organizada pela Universidade de Passo Fundo e 7ª Delegacia de Educação, do Estado do RGS.
É homenageado com Josué Guimarães e Dionísio da Silva - pela Câmara de Indústria, Comércio, Agropecuária e Serviços - de Passo Fundo.
Recomeça a publicar no “Caderno H” agora no “Caderno de Letras & Livros” do Correio do Povo, até

1984 (quando o jornal encerra temporariamente suas atividades).

1982 - Aos 29 de outubro, recebe o título de “Doutor Honoris Causa” - concedido pela Universidade Federal do RGS, em cerimônia realizada no Salão de Festas, da Reitoria da Universidade.

1983 - Publicação do quarto volume da coleção Os Melhores Poemas (este volume dedicado a Mário Quintana).
Antologia com seleção de textos por Fausto Cunha - “Global Editora” de S. Paulo.
Lançamento na “III Festa Nacional do Disco” (em Canela, RS), do Álbum duplo - “Antologia Poética de Mário Quintana” pela gravadora Polygran.
Publicação de Lili Inventa o Mundo (seleção por Mery Weis - de textos publicados em “Letras & Livros”).
Através da “Lei Estadual de 08-07-1983” o prédio do antigo “Hotel Majestic” é tombado como “Patrimônio Histórico do Estado do RGS” em 1982 - passando a denominar-se CASA DE CULTURA MÁRIO QUINTANA. Neste hotel, Mário Quintana foi hóspede entre 1968 e 1980.

1984 - Publicação de Nariz de Vidro (seleção de textos por Mery Weis) - pela Editora Moderna (S. Paulo).
Publicação de O Batalhão de Letras (2ª edição) - pela “Editora Globo.”
Lançamento de O Sapo Amarelo - pela “Editora Mercado Aberto” previsto para a “XX Feira do Livro de Porto Alegre.”

1986 - Mário Quintana completa 80 anos de idade - o evento dá ensejo ao lançamento de 80 Anos de Poesia (coletânea de produção do autor ao longo da sua vida).
É inaugurada a “Exposição Quintana dos 8 aos 80” - uma trajetória lírica do poeta, no Museu de Artes do RGS.
Recebe o título de “Doutor Honoris Causa” - concedido pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), do RGS.
Publicação de Baú de Espantos, “Editora Globo” - com versos do autor (dos 12 aos 17 anos de idade), de poemas inéditos (1982 / 86).

1987 - Publicação de Da Preguiça como Método de Trabalho, “Editora Globo” - uma coletânea de crônicas do “Caderno H” do Correio do Povo (ao longo de mais de 30 anos).
Publicação de Preparativos de Viagem, “Editora Globo” em “Caderno de Confidências” (um bate-papo por escrito com o leitor - uma reflexão do poeta, sobre o mundo).
Publicação pela “Editora Globo” (do Rio de Janeiro), da 7ª edição de Poesias e da 4ª edição de Apontamentos de História Sobrenatural.

1988 - Lançamento de Porta Giratória, “Editora Globo” (RJ).

1989 - Lançamento de A Cor do Invisível, “Editora Globo” (RJ).

1994 - Aos 05 de maio, faleceu o poeta Mário Quintana - em Porto Alegre, sua terra adotiva.



RABELLO,  ROBERTO M.

Pastor Adventista

Aos 16 de agosto de 1996, foi silenciada uma das vozes mais famosas do Brasil. Durante a cerimônia funeral realizada no IAE, em São Paulo (SP), no dia 17 de agosto de 1996, membros do “Quarteto da Voz da Profecia” cantaram o hino Breve Virá, cântico oficial da “Voz da Profecia”.

As pessoas presentes ouviram, naquele momento, as palavras memoráveis pronunciadas pelo orador oficial, que ali “dormia” - Esta é a Voz da Profecia. Uma mensagem de fé e esperança que anuncia a volta do Senhor.

Naquele sábado à tarde, com a presença de líderes da Igreja, irmãos e estudantes, houve um vazio muito grande, um vazio de tristeza e dor. Mas, como disseram os Pastores Ruy Nagel (presidente da Divisão Sul-Americana) e Rodolpho Gorski (presidente da União-Brasileira) - Este é um momento de júbilo e alegria, não de dor e tristeza, pelo ministério do Pastor RABELLO.

A Voz, no Brasil, era a Voz da Profecia! Mas tinha igualmente um duplo significado, pois aquela “voz” era a voz suave, penetrante, que cativou adventistas e evangélicos por quase 50 anos. Uma voz anunciando no deserto a vinda de CRISTO, uma voz de admoestação e confiança, para os ouvintes atribulados, uma voz de advertência, para aqueles que estão longe de DEUS, uma voz totalmente dedicada a DEUS.


Menino perspicaz

Essa voz surgiu, quando um pequeno bebê nasceu no distrito de Campestre, município de Santo Antônio da Patrulha (RS), aos 15 de novembro de 1909; foi o primogênito de seis irmãos e três irmãs. Roberto Rabello completaria 87 anos, quando no ano de sua morte.

Seu pai era professor primário e dirigia uma escola. Roberto Rabello, era aluno aplicado, gostava de brincar com seus coleguinhas que se dispusessem a uma luta corporal. Um dia, porém, refletiu: “Você é filho do professor e deve ser um exemplo de bom relacionamento com os demais colegas.” Daquele dia em diante, tornou-se um dos mais pacíficos alunos, algo que marcou seu temperamento para o resto da vida.

Outro fato importante ocorreu aos 11 anos de idade. Voltando a cavalo da casa de parentes, foi alcançado por dois homens também montados em cavalos, o Secretário de Obras Públicas do Estado do RGS e seu ajudante. Emparelhando o cavalo com o do menino Roberto, o Secretário começou a fazer-lhe perguntas sobre a situação política do Estado, pois notou que o menino lia o Correio do Povo, principal jornal de Porto Alegre, naquele tempo.

“Vou submetê-lo a um exame” (disse a Roberto). “Dois e dois, quantos são?” Roberto responde: “Xô, mico!” Ao que ele atalhou: “Não diga asneira.” Colaborando, o menino disse: “Dois e dois são quatro.” O cidadão foi dobrando os números até chegar a 128. Depois fez algumas perguntas sobre a geografia e a situação política do Estado e do Brasil. Impressionado com as respostas do garoto, disse: “Quando você vier a Porto Alegre, procure-me no Palácio e o levarei a passear de automóvel.”

Certa feita, numa visita a Porto Alegre, ficou encantado com os pregadores norte-americanos e desenvolveu a ambição de falar inglês. Com 12 anos aprendeu a tocar flauta e fez parte de uma pequena orquestra dirigida por seu pai. Por ocasião do aniversário de um comerciante, a orquestra foi tocar e lhe ofereceram uma bebida alcoólica. Havia feito um voto de temperança aos 8 anos - prometendo não fumar nem beber - e em toda sua vida o manteve.

Aos 13 anos, durante uma visita do Diretor do Colégio Adventista, foi convidado para ir estudar em São Paulo. Isto se consumou aos 15 anos, ao viajar de navio e tocar nos portos de Pelotas e Rio Grande (RS), Paranaguá (PR) e Santos (SP), foi acometido de paratifo, mas conseguiu chegar ao colégio e receber tratamento. Seu primeiro trabalho foi arrancar tocos; o salário era 650 réis por mês.

Roberto Rabello fez o Curso Comercial e daí a razão do seu cuidado com as finanças, tanto pessoais como da Igreja. Era um verdadeiro mordomo das coisas do Senhor. Foi ali, trabalhando na tesouraria, que se afeiçoou por uma coleguinha, Hedwig Braun, filha do Pastor Luís Braun, a qual posteriormente se tornou sua esposa.

Chamado para trabalhar em Curitiba (PR), como auxiliar de escritório, envolveu-se nas atividades da igreja e ali recebeu um conselho paternal do Pastor G. Streithorst: “Você deve preparar-se para ser pastor.” Aceitou o desafio e voltou para o colégio, onde se formou em 1930, e foi chamado para a Missão Paraná-Santa Catarina. Trabalhou em Florianópolis, Rio Negro e Mafra.

Em 1932, o Pastor H. B. Westcott oficiou seu casamento. Foi obreiro em Cambará, nos dias difíceis da revolução e em Jaguariaíva, onde fez uma série de conferências e construiu sua primeira igreja. Foi pastor das igrejas de Ponta Grossa, onde nasceu seu primogênito Cláudio, e de Curitiba, onde nasceu a filha Lucila.

Chamado para o Rio de Janeiro, pastoreou as igrejas: Central, Olaria, Niterói e Petrópolis. Daí, vem o seu carinho pelo Rio de Janeiro, pois ali viveu mais de 50 anos. Mais tarde, foi para Campos e recebeu o convite para estudar no “Pacific Union College” PUC, EUA, em meados de 1941, durante o tempo da guerra. Ali já estava seu cunhado Dario Garcia, Diretor do colégio, que terminava seus estudos. Juntos assistiram à primeira assembléia da Associação Geral, em São Francisco.


O chamado da Voz

Os anos no “Pacific Union College” foram de muita intensidade; nova cultura, nova língua, trabalhou cavando valas, problemas financeiros, ganhando 25 a 35 centavos por hora. O maior drama aconteceu quando sua esposa quase foi deportada, pois nascera na Alemanha. Mas o bom DEUS ajudou na mudança de seu status de estudante, para residente permanente.

Numa tarde, enquanto trabalhava na horta do colégio, o gerente chamou-o e disse: A Associação Geral está solicitando que o senhor vá a Glendale e se apresente à direção da Voz da Profecia.

Ali chegando, testaram sua voz e foi escolhido para preparar 52 programas por ano, de meia hora para cada semana. A princípio, eram traduzidos e Roberto Rabello ia a Glendale cada dois ou três meses para fazer a tradução dos sermões do Pastor Richards e narrá-los com o “Quarteto Arautos do Rei.” Os Pastores João Linhares e Henrique Stoehr fizeram os anúncios dos primeiros programas. Horas e horas foram gastas para gravar também os cânticos em português.

Finalmente, no dia 13 de setembro de 1943, 17 emissoras das principais cidades do Brasil, começaram a irradiar a Voz da Profecia. Para atender à correspondência dos ouvintes e as lições dos alunos do curso bíblico, a Escola Radio-postal foi instalada em Niterói (RJ).

Ilka Reis foi a primeira instrutora da escola, em 1945. O trabalho cresceu rapidamente e, dentro de uns vinte anos, o número de emissoras subiu para mais de 300, e conseqüentemente o número de alunos.

Surgiu no coração do Pastor Rabello e da equipe, o desejo de ter sua sede própria. Até então, os programas eram gravados nos EUA. Finalmente, com a aprovação da Divisão Sul-Americana, a campanha foi lançada e em 1962, o edifício foi inaugurado com a honrosa presença do Presidente da República Jucelino Kubitschek de Oliveira. Foi então denominado “Centro Evangélico da Voz da Profecia”, onde se encontra hoje a Igreja do Botafogo (RJ). Formou-se também o primeiro quarteto brasileiro “Arautos do Rei”, com Henry Feyerabend, Luiz Motta, Joel Sarli e Samuel Campos, tendo como pianista Genoveva Bergold.

A Voz da Profecia foi o primeiro programa religioso de âmbito nacional, transmitido no Brasil, pelo rádio. Milhares de pessoas tornaram-se assíduos ouvintes do mesmo. Como poucos possuíam rádio, naquele tempo, alguns amigos do programa instalavam alto-falantes nas fachadas de suas casas, para que os vizinhos pudessem ouvi-lo.

No Estado da Bahia, segundo informações do Pastor Rabello, uma família inteira se dirigia a uma cidade vizinha à noite, à luz de archotes, para ouvir aí o programa irradiado de Salvador. Todos os membros dessa família, tornaram-se adventistas do sétimo dia.

Muitos escreviam contando que ouviam os programas, de joelhos. Em muitos lugares, no interior de Santa Catarina, como contou o Pastor Samuel Zukowski, Presidente da “Associação Sul-Paranaense”, o culto de sábado era ouvir o programa da Voz da Profecia.


Influência

É maravilhosa a influência da Voz da Profecia, nos meios seculares. A “Folha da Semana”, de novembro-dezembro de 1976, na cidade do Recife (PE), descreve o Pastor Rabello como “figura dignificante”, pregador da Voz da Profecia no Brasil, “servo fiel” e um “homem inteiramente devotado à Causa de Deus aqui em nossa pátria, ainda tão carente dos sãos ensinamentos bíblicos.” Termina com um versinho alusivo à Voz da Profecia:

"A Voz da Profecia informa a voz de Deus,
Levando aos filhos Seus, palavras de perdão . . .
É a voz angelical, falando ao coração
Dos pecadores vis, incrédulos ateus."

Disse certa vez, o Pastor W. Scragg, Diretor do Departamento de Comunicação da Associação Geral, que nunca tinha visto um programa com tal penetração, como o da Voz da Profecia, no Brasil. Atingia até as mais altas camadas sociais, pois o Pastor Rabello contara que um dia, ao visitar o governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, após uma reunião na cidade de Belo Horizonte, lhe disse: “Eu ouço o programa todos os domingos.” Tancredo Neves também afirmou que era fã do programa.

O resto é história! A Voz da Profecia trouxe pelo menos um terço dos membros para a Igreja, através da colaboração de líderes e pastores.

Em 1993, por ocasião da celebração do 50º Aniversário da Voz da Profecia, ficou constatado mais uma vez seu impacto no Brasil inteiro. No dia do enterro do Pastor Rabello, enquanto os funcionários do cemitério aguardavam o momento de colocá-lo na tumba, os Pastores Walter Boger e Alcides Campolongo prestaram a última homenagem. Um dos funcionários ficou comovido, pois havia sido convertido pela Voz da Profecia. Até aquele que lacrou a sepultura, era um ouvinte assíduo da Voz da Profecia.

Roberto Rabello foi um homem de visão, levando o programa às multidões do Brasil. Foi um homem de oração, levando nos joelhos as marcas de sua comunhão com DEUS.

Suas orações eram lindas, como testifica sua segunda esposa Edith. Antes de falecer, reuniu os seus queridos em Curitiba e elevou uma prece ao Céu. Disseram eles que aquela foi sua despedida!

Foi um pai de família e esposo dedicado, homem íntegro e honesto, estudiosos da Palavra de DEUS e possuidor de grande amor pelas almas perdidas.

No dia 19 de agosto, três dias depois de seu falecimento, foi dito ao ser inaugurada a nova Rádio Novo Tempo, em Curitiba: “Tomba o grande pioneiro do rádio religioso no Brasil, mas desponta mais um de seus sonhos - uma emissora adventista em Curitiba, a cidade onde iniciou seu ministério!”

FONTE:
REVISTA ADVENTISTA - Novembro / 96 - págs. 7-9
Artigo: Uma Voz para Deus - Pastor Léo Ranzolin



RAMIREZ,  HUGO

Advogado

Natural de Uruguaiana (RS), nascido aos 12 de abril de 1922; Bacharel em Direito, professor, poeta, ensaísta, crítico literário e conferencista.

Membro da Academia Sul-Rio-Grandense de Letras e sócio fundador da Estância da Poesia Crioula; filiado também a outras agremiações literárias. Usava o pseudônimo Valdomiro Soares Luz, Etchemendigaray, Nestor Jardim e Serimar. Também assinava a abreviatura: H. Ramirez.

Suas obras:
01 - Adolescência (sonetos) - 1940
02 - Psico-Sociologia da Raça Negra (conferência) - 1940
03 - Redemoinho (poesias) - 1943
04 - Refrán a Garcia Lorca y Otros Poemas - 1945
05 - Os Dois Cisnes do Simbolismo - Wasmosy e Cruz e Sousa (conferência de 23-02-44) - 1945
06 - Pestalozzi e sua Contribuição (ensaio) - 1946
07 - Castro Alves e a Unidade Nacional (estudo) - 1947
08 - O Barão de Aceguá (monografia histórica) - 1949
09 - A Canção da Fronteira (poema) - 1951
10 - A Civilização Rio-Grandense e a Universidade (monografia) - 1951
11 - Cancioneiro das Noites Campeiras (poemas) - 1951
12 - Magistério e Pesquisa (discurso de formatura) - 1951
13 - Didática do Pensamento Lógico (ensaio de filosofia) - 1951
14 - Coeducação - O Processo da Escola e o Progresso da Vida (ensaio) - 1952
15 - Cancioneiro das Noites do Sul (poema) - 1952
16 - Melchior de Los Rios (ficção) - 1952
17 - Presença de Alceu Wasmosy (conferência) - 1952
18 - Evocação de Gonçalves Dias (conferência) - 1952
19 - Fundação Ontológica e Social da Escola Secundária (sociologia) - 1952
20 - A Obra dos Círculos Operários e a Situação Social no Brasil (discurso) - 1953
21 - O Mestre como Animador da Comunidade (sociologia) - 1953
22 - Sociologia da Escola Primária (sociologia educacional) - 1953
23 - Sugestões para uma Divisão Sócio-Educacional do RGS (ensaio) - 1953
24 - Os Imperativos da Consciência Histórica (ensaio) - 1954
25 - O Trezes de Maio (alocução) - 14-05-1955
26 - Primeiro Curso de Estudos Rio-Grandenses de Erexim  (jan.-fev.) - 1956
27 - Fuga para o Egito (poema) - 1956
28 - Cancioneiro da Estrada (poema) - 1956
29 - Gauchescas (décimas e sextilhas) - 1957
30 - Educação e Tradição (ensaio) - 1959
31 - Noite de Ronda em Galpão (poema humorístico) - 1961
32 - Fronteiras de Aço (poema) - 1965
33 - A Era Feroz (poemas) - 1967
34 - A Véspera do Caos (poemas) - 1968
35 - Rios dos Pássaros (romance) - 1973



RAMIZ GALVÃO,  BENJAMIM FRANKLIN DE
Barão de Ramiz Galvão

Quando viajando-se pela estrada de ferro, a gente se aproxima da gloriosa terra dos Andrade Neves, houve-se pouco antes de entrar em pitoresco e florescente lugarejo, o chefe do trem anunciar: “Ramiz Galvão!” - e logo se descortina a paisagem fresca e nova do lugar que tem hoje o nome daquele ilustre rio-pardense que, como tantos, embeleza as páginas da nossa história, pelo muito que deu às novas gerações, com a sua cultura elevada, nas letras nacionais.

E é sempre com orgulho e com prazer, que ouvimos o pregão costumeiro do trem, gritando aquele nome, que fica ressoando em nossos ouvidos, como um poema, não só porque ele nos lembra o passado histórico da nossa cidade natal, mas também porque sentimos sempre uma emoção nova se apoderar de nós, no instante de rever mais uma vez, a velha e venturosa terra, de recordações tão gratas para nós que alí nascemos, que alí aprendemos a viver, nos primeiros anos da nossa mocidade despreocupada! E porque o nome Ramiz Galvão ecoa fundo em nosso coração, como se o espírito desses vultos ilustres andassem vagando pelas imediações da terra, num halo sublime do passado . . . em cuja terra nasceram e com ela viveram os primeiros momentos que foram os traços decisivos que delinearam a formação desta Província gloriosa.

Benjamim Franklin de Ramiz Galvão, formou-se em medicina, historiador, filósofo, magistrado e crítico gaúcho de nomeada, nasceu no Rio Pardo (RS), aos 16 de junho de 1846, sendo mais tarde agraciado com o Título de Barão de Ramiz Galvão.

Durante sua existência, votada sempre ao estudo, ocupou vários cargos e funções de destaque, entre outros o de Diretor da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro e o de Professor de Grego, no Colégio D. Pedro II (RJ).

Escritor de mérito, dando a sua obra um cunho altamente patriótico, escreveu muitas obras, das quais podemos citar:

Apontamentos Históricos;

Biografia de Frei Camilo Monstra;

Pátria;

Reparos à Crítica;

Fagundes Varela;

Dicionário Ortográfico e Etimológico; 

Obras essas que andam espalhadas pelo Brasil à fora, servindo à mocidade brasileira da atualidade, que se educa para o futuro que os espera.

O Barão de Ramiz Galvão, faleceu no Rio de Janeiro, aos 10 de março de 1938.



RASSIER,  LEOPOLDO

Advogado e Cantor

Apesar do sucesso das inúmeras músicas que apresentou nos festivais do Estado, o cantor gravou apenas um disco próprio - “Não Podemo se Entregá pros Home” (1986).

A voz era inconfundível. A história da Califórnia jamais poderá ser contada sem que sejam citadas as participações de Leopoldo Rassier no evento. Em 1972, na segunda edição da Califórnia, interpretou Gaudêncio Sete Luas; mais tarde Sabe Moço e Não Podemo Se Entregá Pros Home receberam o Prêmio de Música Mais Popular.

Veterano, em 1980, no auge do movimento nativista, recebeu a Calhandra de Ouro - o prêmio máximo do festival.

Uma mágoa que levava foi a de nunca ter tido a oportunidade de apresentar-se em um show solo no palco da Califórnia. Uruguaiana ficou com uma dívida. Rassier, ao lado de nomes como Cesar Passarinho e João de Almeida Neto, é um dos símbolos da Califórnia. Uma referência para as novas gerações.

Leopoldo Rassier brincava com a vida. Ele falava como quem mastiga as palavras. Era uma pessoa quieta e, muitas vezes, reservada. A timidez, contudo, não lhe impedia de fazer amigos. Era um amante do nativismo. Fazia do culto à tradição gaúcha uma das razões de sua existência. Antes de subir a um palco, por exemplo, consultava os especialistas em indumentária. Uma das suas principais virtudes era a preocupação em escutar as idéias dos amigos. E eles eram muitos.

Leopoldo Rassier gostava de ir a festas. E, sempre que possível, queria ser o orador do evento. O dom da palavra era, antes de tudo, um divertimento. Era participante assíduo de programas de rádio. Gostava de uma prosa. De conversar sobre as questões gauchescas. De participar de cavalgadas. De participar na lida campeira da propriedade da família em Pelotas, para onde deslocava-se pelo menos duas vezes por semana. O palco era como se fosse um hobby.

Leopoldo Rassier não dependia financeiramente da música. O seu sustento era proveniente das atividades jurídicas e da propriedade rural da família. Ele não admitia receber dinheiro pela apresentação de um show. Ao receber o cachê, ele fazia uma divisão entre os músicos que tinham participado da apresentação.

No palco, ele ganhava a platéia. Um lenço vermelho, a tradicional vincha ao redor da cabeça e uma bombacha. Pronto. Rassier estava pronto para cantar. O único álbum da carreira foi gravado em 1986 ao mesmo tempo em que Rassier fazia campanha para deputado estadual pelo PMDB. O disco foi gravado durante as madrugadas, depois da realização dos comícios. A música gaúcha ganhou o importante registro de um de seus grandes intérpretes, mas o candidato não se elegeu.

Rassier se identificava como um homem de esquerda. Visitou Cuba e chegou a morar na Rússia. Nos últimos anos, deixou o materialismo de lado. Por influência do cantor e compositor Dorotéo Fagundes, aderiu ao kardecismo. O cantor era considerado pelo meio artístico como uma pessoa que era amiga de todos. Um companheiro que estava sempre pronto a incentivar os colegas. Muitos intérpretes fizeram a carreira inspirados no trabalho desenvolvido por Rassier. A gravação de um disco de clássicos gaúchos e um trabalho de boleros estavam entre os seus planos. Sonhava em gravar um trabalho com orquestra ou grandes arranjos sinfônicos.



REIS,  SALUSTIANO JERONYMO DOS

Barão de Camaquã

Nasceu na Província Cisplatina, a 25 de janeiro de 1822, quando seu pai, o brigadeiro Salustiano Severino dos Reis, lá se adiava em serviço do Brazil.

Sentou praça em 10 de janeiro de 1837, tendo tomado parte em diversos encontros com as forças rebeldes, até a conclusão da luta, que ensangüentou o Rio Grande durante dez anos.

Fez a campanha do Estado Oriental do Uruguai, em 1852, desempenhando as funções de ajudante-general junto do comando da divisão do tenente-general Fernandes Pereira.

Em 1864, marchou de novo para o Estado Oriental, a fim de servir sob o comando do general João Propício Mena Barreto, que preparava elementos para derrubar o governo de Aguirre.

Assistiu ao ataque de Paissandú e à rendição de Montevidéu, a 20 de fevereiro de 1865.

Pouco depois, tomou rumo do Paraguai, fazendo a passagem do Rio Paraná e entrou em diversos combates, à frente do 2º Batalhão de Infantaria.

No dia 20 de maio de 1866, fez a perigosa passagem do Estero Bellaco e, assistiu quatro dias depois, a batalha de Tuiutí, onde perdeu o cavalo que montava.

Nesta memorável ação viu cair, a seu lado, seu filho Salustio que era seu ajudante de ordens, apanhado por um projetil de artilharia que o dividiu em dois pedaços.

Com o coração ralado de desgostos, diante desse transe doloroso, continuou no seu posto de honra, à frente da sua divisão.

Daí, por diante, foi uma série de combates até a conclusão da guerra, havendo ele tomado parte em quase todos.

Durante os cinco anos de campanha, conservou-se lá, firme, sereno cumprindo o seu dever, sem se afastar dos seus velhos camaradas.

Só voltou à terra natal, quando não havia mais inimigos a combater; para galardoar os seus bons serviços, o governo conferiu-lhe o título de Barão de Camaquã.



RENNER,  ANTONIO JACOB

Empreendedor

Natural de Montenegro (RS), nascido aos 07 de maio de 1884 e falecido em Porto Alegre (RS), aos 27 de dezembro de 1966.

Industrialista; assinava “A. J. Renner

Suas obras:
01 - Socialismo e Legislação Social (série de artigos) - 1948
02 - Assuntos Econômicos e Sociais (3 séries) - 1950

Sócio fundador das indústrias RENNER:
01 - Tecelagem Renner
02 - Capas Renner
03 - Porcelana Renner
04 - Renner Foot-Ball Club
05 - Correspondente Renner (noticiário pela Rádio Guaíba de Porto Alegre)
06 - Tintas Renner



RETAMOZO,  JOSÉ HILÁRIO AYALA

Regionalista

Natural de São Borja (RS), nascido aos 13 de janeiro de 1940; poeta modernista e regionalista.

Pertenceu à Estância da Poesia Crioula e à Academia de Letras da Fronteira Oeste, de Uruguaiana (RS). Usava os pseudônimos de Jaú, Estácio Ariju dos Santos, Quintiliano do Jaú.

Suas obras:
01 - Reduto de Bravos (versos) - 1969
02 - Rodeio do Tempo (4 poemas) - 1970
03 - O Dois de Ouro em Rio Pardo (monografia militar) - 1970
04 - Lua Andarenga (poema) - inédito



REVERBEL,  CARLOS DE MACEDO

Jornalista

Natural de Quaraí (RS), nascido aos 21 de julho de 1912; filho de Francisco Carlos Reverbel e de Castorina Pinto de Macedo.

Triticultor e jornalista, assinava Carlos Reverbel.

Suas obras:
01 - Tendências do Jornalismo Gaúcho (conferência) - 1957
02 - Educação da Imprensa Rio-Grandense (1827-1945) - 1957
03 - Bibliografia Rio-Grandense (artigos) - 19-08-1964 até 27-02-1966
04 - Maragatos e Pica-Paus (história) - 1985
05 - O Gaúcho (ensaio) - inédito



REVERBEL,  FRANCISCO CARLOS

Médico

Natural de Sant’Ana do Livramento (RS), nascido aos 26 de fevereiro de 1878.

Fez os estudo primário e secundário no Ginásio N. S. da Conceição, dirigido pelos Jesuítas, em São Leopoldo (RS).

Cursou a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, pela qual se formou, defendendo a tese de doutoramento sobre Diabete açucarado.

Dedicou-se à Clínica Geral, empreendendo viagens de estudos e aperfeiçoamento a Montevidéu (Uruguai) e a Buenos Aires (Argentina); freqüentou na primeira dessas cidades, os Serviços dos Professores Morelli, Eduardo Lourenzo e do Dr. F. Sicca, no Hospital Maciel - e na segunda, os Serviços dos Professores Pena e Beloc, respectivamente, nos Hospitais Epidemiológico e de Niños, e os de outros professores no Hospital Rawson.

Em 1904, prestou serviços à Cruz Vermelha Uruguaia no combate de Masoller; depois, dedicou-se à profissão em Quaraí (RS), onde foi médico do Instituto de Pensões e Aposentados dos Comerciários e das companhias de seguros Sul-América, A São Paulo, Equitativa, Previdência do Sul e outras.

Casado com Castorina Pinto de Macedo, de cujo consórcio teve os seguintes filhos:
01 - Carlos de Macedo Reverbel;
02 - Maria de Macedo Reverbel;
03 - Francisca de Macedo Reverbel.



RIBEIRO BARRETO,  LUIZ JOSÉ

Luiz Boticário

(Havia também, o Pedro Boticário que é outra pessoa)

Luiz José Ribeiro Barreto, natural de Santo Antônio da Patrulha (RS), onde nasceu aos 25 de agosto de 1808; era filho de Manoel José Barreto e de Cândida Clementina de Oliveira.

Muito moço ainda, fixou residência na vila do Triunfo (RS), dedicando-se ao comércio de “Pharmácia” e ali casando-se com Rosa Fernandes.

Homem inteligente, não tardou que Luiz Barreto, conhecido também pela “antonomásia” (figura literária pela qual, em vez do nome próprio da pessoa, se usa outra denominação tirada de suas obras, dos seus feitos, do local do seu nascimento, etc.), passasse a exercer a medicina alternativa, conquistando ali grande número de simpatias e dedicações.

Foi, ao mesmo tempo, solicitador mo fôro e fez-se fazendeiro, com os proventos da sua incansável atividade.

Por largo tempo exerceu os encargos de Vereador, chegando a ser Presidente da Câmara Municipal de Triunfo, prestando serviços de valia à terra que adotara.

Envolveu-se nas agitações políticas da época; auxiliou a organização do movimento revolucionário farroupilha. Amigo do Gen. Antônio de Souza Netto, acompanhou-o em toda a luta, com perfeita lealdade, sacrificando os seus bens materiais. Serviu nas forças desse general republicano, fazendo parte de seu estado-maior.

A sua serena coragem, provou-a Luiz Barreto, no dia 18 de junho de 1840, no Salgado (município de Camaquã – RS); o Gen. Antônio de Souza Netto, que estava acompanhado apenas por um piquete, é surpreendido por Francisco Pedro de Abreu (depois, Barão do Jacuí). Netto escapa à prisão iminente, graças às excelências de seu cavalo de montaria; Luiz Barreto, que seguia seu chefe, é vivamente perseguido pelos inimigos; bem montado, procura salvação na fuga. Um oficial imperialista avança contra ele e grita-lhe: Entrega as armas, farrapo.

Fugando em retirada, com admirável calma, Barreto repete, nas coxilhas do Rio Grande, a frase de Leônidas e responde ao legalista: Vem buscá-las. E assim, conseguiu escapar do transe apertado.

Luiz Barreto tinha ilustração pouco comum, para seu tempo. Nos conselhos da República a sua opinião era ouvida e acatada.

Foi eleito Deputado à Assembléia Constituinte, com excelente votação, ocupando o 1º lugar, entre os 36 mais votados. Pouco depois, era elevado à função de Ministro da Fazenda da República Rio-Grandense.

Assinada a PAZ, para a qual muito contribuiu, Luiz Barreto voltou para Triunfo (RS), onde existe ainda hoje o seu velho solar, no lugar chamado “Volta do Boticário” (à margem esquerda do rio Taquarí).

Em 1884, o velho farrapo recebia a visita do Dr. Júlio Prates de Castilhos, então em propaganda da República no Brazil.

Veio a falecer em 1888, pouco antes de ver realizado no Brazil, o sonho dos revolucionários de 1835.

Cumpria-se o seu vaticínio, quando dissera ao Dr. Júlio Prates de Castilhos:

Eu estou velho e a República não será mais para meus dias.

FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 199-203 - Othelo Rosa



RIBEIRO DE AVELAR,  PAULO GOMES

1º Barão de São Luís

Natural da cidade do Rio Grande (RS), filho de Luís Gomes Ribeiro de Avelar e de Joaquina Matilde de Assunção; era irmão do “Barão de Guaribú” e do “Visconde da Paraíba”, sobrinho do “1º Barão de Capivari” e primo do “Visconde de Ubá”.

Casou com Feliciana José de Carvalho, falecida em Patí do Alferes, aos 17 de dezembro de 1880.

Era Fidalgo Cavaleiro da Casa de S. M. Fidelíssima; Comendador da Imperial Ordem da Rosa; Comendador da Imperial Ordem de Cristo e Comendador da Real Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa, de Portugal.

Aos 30 de dezembro de 1858, foram-lhe concedidas as mesmas armas de seus irmãos.

Por Imperial Decreto de 26 de outubro de 1861, foi agraciado com o titulo de 1º Barão de São Luís.



RIBEIRO DE SÁ,  MIGUEL

Barão de Ribeiro de Sá

Natural de Porto Alegre (RS); foi Coronel da Guarda Nacional, tendo prestado relevantes serviços à Pátria, por ocasião da Guerra do Paraguai.

Por Imperial Decreto de 15 de abril de 1882, foi agraciado com o título de Barão de Ribeiro de Sá.



RIBEIRO,  DINARTE

Político e Jornalista

Nasceu em 1854, em Caçapava (RS).

Teve destacada atuação na campanha em prol da implantação da República, no Brazil.

Decepcionado com o Castilhismo, bandeou-se para o lado de Gaspar Silveira Martins e seguiu sendo um fiel maragato até à morte.

Morreu em 1919, na querência de Porto Alegre (RS).



RIBEIRO,  HILÁRIO

Educador

No dia 19 de janeiro de 1847 nasceu, nesta cidade, Hilário Ribeiro, filho legítimo do professor José Ribeiro de Andrade e Silva e de D. Emília Gonçalves de Mesquita Ribeiro.

Hilário Ribeiro completou, aqui, o curso de preparatórios com o intuito de se formar em medicina no Rio de Janeiro. Infelizmente, por motivo de moléstia, não conseguiu tornar em realidade a nobre aspiração que afagava nos seus sonhos de moço.

Voltou do Rio de Janeiro doente e contrariado por não poder continuar os estudos, dedicou-se então à vida do magistério.

Durante algum tempo regeu uma aula pública localizada na Azenha, entre a antiga Ponte de Pedra e a embocadura do Campo da Redenção. A sua escola ficava num alto, rodeada de velhas laranjeiras, dando àquele sítio um aspecto risonho e pitoresco.

Foi naquela vivenda remansosa, com ares de campo, porque o era realmente naquele tempo, que ele escreveu os seus belos cantos repassados de um doce perfume de saudade. Entre os poetas daquela geração de fortes, que a morte foi pouco a pouco ceifando sem piedade, Hilário Ribeiro era um dos mais distintos, pela espontaneidade e doçura dos seus versos adoráveis.

Além da poesia, cultivou com vantagem o gênero dramático, deixando-nos duas produções de incontestado mérito: “Risos e lágrimas” e “Aurélia”; a primeira foi representada nesta cidade a 20 de setembro de 1870 e a ou¬tra pouco depois, e tanto um como outro drama, acolhidos pela nossa platéia, com as mais vivas demonstrações de apreço.

Mais tarde deixou a aula pública da Azenha e foi nomeado professor de desenho da Escola Normal, onde demorou pouco tempo para se consagrar inteiramente a uma série de trabalhos didáticos, que lhe deram a mais invejável nomeada.

Hilário Ribeiro era de uma natureza privilegiada, uma verdadeira vocação artística; manejava o crayon com a mesma facilidade com que dedilhava a lira e arrancava do piano os mais sentidos e delicados acordes. O teclado debaixo dos seus dedos parecia um outro instrumento desconhecido.

Deixando a Escola Normal, escreveu a Cartilha Nacional, Geografia do Rio Grande do Sul, Gramática Portuguesa e os 1º, 2º, 3º e 4º Livro de Leitura, todas essas obras premiadas com o diploma de 1ª classe na Exposição Pedagógica de 1883 e na Exposição de objetos escolares de 1887, ambas realizadas no Rio de Janeiro. Mais tarde, na Exposição Universal de Paris de 1886 foi conferida uma medalha de prata aos seus importantes trabalhos didáticos.

Foi um dos fundadores do Partenon Literário, associação que prestou reais serviços às letras e à causa da redenção dos cativos. Na roda dos amigos, era um encanto ouvi-lo com a sua graça maliciosa e a fina ironia de um ateniense nos áureos tempos da Grécia. Na tribuna, porém, sentia-se contrafeito, completamente deslocado, como se fosse um posto de sacrifício. Não parecia o mesmo homem das palestras íntimas sublinhando as frases, fazendo trocadilhos, contando anedotas com uma naturalidade adorável. Ás vezes, ao estrépito das boas risadas dos companheiros que o escutavam, levava instintivamente a mão ao coração como se ali estivesse o seu mal.

Com o intuito de vulgarizar os seus livros, empreendeu uma viagem aos Estados do norte em princípios de 1886.

Não perdeu tempo. Conseguiu tudo quanto desejava. Quando voltou, trazia na sua bagagem importantes subsídios para o Brasil Pitoresco, trabalho de mais fôlego que seria ilustrado com um grande número de gravuras dos mais belos sítios nacionais, acompanhados de notas curiosas para tomá-lo duplamente interessante.

Havendo fixado residência no Rio de Janeiro, foi pouco depois nomeado professor do Liceu de Artes e Ofícios, onde se tornou notável pela competência e dedicação ao trabalho. Quando teve de abandonar este posto de honra para ir às províncias do Norte em propaganda de seus livros didáticos, recebeu por essa ocasião os mais significativos testemunhos de afeto e simpatia, não só dos seus alunos como de todos os colegas.

Na excursão às capitais dos estados que percorreu, fez diversas conferências nas escolas normais, expondo o seu método de ensino e tratando da instrução pública como se para ele não houvesse mistérios nesse importante ramo administrativo. Em toda a parte por onde passou foi acolhido com a maior distinção.

Quando a morte o surpreendeu, em 19 de outubro de 1886, tinha em mãos um outro trabalho, que se recomendava pela sua originalidade, era um Manuscrito Brasileiro, com autógrafos dos nossos mais eminentes homens de letras.

E assim se finou, longe da terra natal, quem tanto procurou honrá-la, não só nos árduos deveres de mestre, como nas brilhantes pugnas das letras.



RIBEIRO,  SEVERINO

Advogado

Nasceu em 1847 na cidade de Alegrete (RS) terra que deu berço a muitos rio-grandenses ilustres. Filho do Tenente-general Vitorino José Carneiro Monteiro e D. Benevenuta Carneiro Monteiro, barão e baronesa de S. Borja.

Seus avós paternos foram o marechal Bento Manoel Ribeiro e D. Maria Nancio Ribeiro, progenitores de uma série de valorosos servidores da pátria.

A marcha do tempo, por inflexível e destruidora que seja, não consegue apagar na memória dos povos o nome dos varões assinalados que foram a glória de uma pátria.

O Dr. Severino Ribeiro é um desses que vivem a vida da imortalidade no passado, no presente e indubitavelmente no futuro.

Feitos os seus estudos de preparatórios, o preclaro alegretense matriculou-se na Academia de Direito de S. Paulo, aí se formando em ciências jurídica e sociais em 1869.

Iniciou-se nos labores jurídicos com o provecto advogado Matias Teixeira de Almeida, sendo pouco depois nomeado promotor público.

Pouco tempo porém, exerceu o cargo. As idéias libérrimas, o coração formoso de Severino Ribeiro não eram de molde a identificar-se com a cadeira do acusador profissional. Além disso os seus ideais políticos o impeliam para os prélios da tribuna parlamentar.

Exonerou-se do emprego e entregou-se com lindas aspirações e nobres denodos aos trabalhos de advocacia e da política.

Em breve a sua banca de advogado transformou-se em movimentado centro político. Conservador de fortes convicções e formação cívica requintada, atingiu ao posto de chefe mais prestigioso e popular do 3º círculo elei¬toral, ao qual pertencia o Alegrete.

Seu valor pessoal e intelectual, sua dedicação aos interesses coletivos do seu partido eram tais, que até hoje, ainda ninguém conseguiu naquela região a preponderância política que atingiu o Dr. Severino Ribeiro.

Em 1876 foi eleito deputado geral e novamente em 1882, sendo notável a ação política exercida então por este nosso egrégio patrício.

Na tribuna jurídica como na parlamentar, o Dr. Severino Ribeiro se distinguiu como polemista de alta e erudita dialética, orador fogoso de suprema cultura literária e por vezes bizarro manipulador da frase encantadora e empolgante.

Não era um trovão na tribuna. Sua voz não tinha estridências: era doce, melodiosa, penetrando no coração e dominando almas.

Faleceu repentinamente na Estância de Jarau, município de Quaraí, a 29 de março de 1886, deixando de sua ação de homem superior com uma radiante memória nos fatos da advocacia e da política rio-grandense.



ROCHA FARIA NIOAC,  ALFREDO DA

2º Barão de Nioac
Alfredo da Rocha Faria Nioac, que foi o 2º Barão de Nioac nascido em Montevidéu, era filho de Antônio da Rocha Faria - Conde de Nioac e de Cecília Braga.

Casou-se com Cecília Elena Monteiro de Barros e de sua esposa e prima Maria Eugênia de Barros - Condessa de Monteiro de Barros, pela Santa Sé.

Alfredo da Rocha Faria Nioac - por Decreto Imperial de 02 de maio de 1889, foi agraciado com o título de 2º Barão de Nioac - linha nobre de seu pai.

Foram-lhe concedidas as armas de seu pai (o Conde de Nioac). Corôa (a de Barão). Era moço Fidalgo, com exercício na Casa Imperial e Comendador da Real Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa (de Portugal).



ROCHA FARIA,  MANOEL ANTÔNIO DA

Conde de Nioc

Nasceu em Porto Alegre (RS), aos 07 de março de 1830 e faleceu em Canes (França), aos 02 de dezembro de 1894; era filho do Dr. Manoel Antônio da Rocha Faria e de Luísa Justiniana de Freitas Travassos, que era filha do Comendador Manoel José de Freitas Travassos negociante matriculado em Porto Alegre (RS) e de Luísa Justiniana de Mascarenhas.

O Comendador Manoel José de Freitas Travassos era natural e batizado na Freguesia de N. S. da Candelária do Rio de Janeiro (RJ), onde nasceu em 1782; era filho de Miguel de Freitas natural de São Miguel (Açores), que era filho de João da Rocha Freitas e de Teresa de São Miguel também natural de São Miguel (Açores).

Manoel Antônio da Rocha Faria casou com Cecília Braga, natural do Rio Grande do Sul e filha de Antônio Rodrigues Fernandes Braga, que foi Magistrado, Senador em 1870 e Presidente da Província do Rio Grande do Sul, falecido em 1875.

Depois de completar o curso da Escola de Marinha, foi praticar na esquadra de guerra de França (Europa), durante cinco anos; tomou parte nos combates da Criméia (Rússia contra França, Inglaterra, Turquia, Sardenha e Piemonte), a bordo do vaso de guerra “Napoleon” sendo ferido em Marrocos (África), onde recebeu por seus serviços, o Oficialato da Legião de Honra, quando apenas contava 21 anos de idade; reformando-se no posto de 1º Tenente, passou a dedicar-se ao grosso comércio.

Foi Deputado Geral, pelo Rio Grande do Sul, 10ª Legislatura (1851-1860) e depois, por Decreto Imperial de 02 de setembro de 1870, foi agraciado com o título de Barão de Nioc, sendo elevado a Visconde de Nioc (com grandeza), em 09 de maio de 1874. Por outro Decreto Imperial de 08 de agosto de 1888, foi novamente distinguido por S. M. I., que o elevou a Conde de Nioc.

- Brasão: De góles com uma torre de prata, entre cinco flores de liz de prata.

- Divisa: “Potius mori quam fidem fallere”.

- Corôa: A de Conde.

Era Grande do Império. Gentil Homem da Imperial Câmara, Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa, Comendador da Legião de Honra (de França), Gran-Cruz da Real Ordem de Vila Viçosa (de Portugal), Gran-Cruz da Imperial Ordem de Francisco José (da Áustria), Gran-Cruz da Real Ordem da Corôa (de Itália) e Grande Oficial da Real Ordem de Leopoldo (da Bélgica).

Do seu matrimônio teve o filho Alfredo da Rocha Faria Nioac, que foi o 2º Barão de Nioac.



ROCHA,  ANDRÉ DA

Desembargador

À frente da “Suprema Côrte de Justiça” do RGS, agiu a respeitável figura do Dr. André da Rocha; foi, talvez, a mais vasta cultura jurídica do Rio Grande do Sul.

Caráter íntegro, fazendo de sua profissão, um verdadeiro sacerdócio; jamais se deixou vencer por paixões menos elevadas.

Como Juiz, foi sempre um servidor da lei. Ao ser criada a “Universidade de Porto Alegre” André da Rocha recebeu a honra de ser nomeado o seu primeiro Reitor e essa escolha obteve o aplauso da elite intelectual gaúcha; por isso, deixou a direção da “Faculdade de Direito” que há vários anos vinha exercendo de modo a elevar esse estabelecimento de ensino superior ao nível dos mais idôneos do país.

O Rio Grande do Sul rende uma simples e justa homenagem a esse egrégio patrício, denominando uma rua de Porto Alegre, no Bairro Cidade Baixa, com a singela denominação de - Av. Desembargador André da Rocha.



ROCHA,  ARTHUR

Poeta e Escritor


Nasceu na cidade do Rio Grande (RS), a 19 de janeiro de 1859 e faleceu ali a 26 de junho de 1888; era filho do velho ator dramático José Rodrigues Rocha.
Dono de um talento dúctil e brilhante, apareceu como poeta, dramaturgo, orador e jornalista.
Durante alguns anos redigiu o Artista, em cujas colunas deixou o mais belo atestado dos seus méritos como ardoroso polemista.
Era liberal exaltado e pelo seu ideal político bateu-se sempre com extrema paixão; a causa do abolicionismo encontrou nele um combatente dedicado, que só depôs as armas quando viu vitoriosa a sua idéia.
Era um poeta de raça que se recomendava pela espontaneidade, pelo sentimento delicado e correção da forma.
Tinha o estilo terso, vibrante, a palavra fluente e arrebatadora; como dramaturgo deixou as seguintes produções:
01 - O Filho Bastardo;
02 - O Anjo do Sacrifício;
03 - José;
04 - Os Filhos da Viúva;
05 - Deus e a Natureza;
06 - A Filha da Escrava.
Além destes trabalhos ficaram em manuscrito:
07 - Lutar e vencer (drama);
08 - O Distraído (comédia);
09 - Por causa de uma camélia (comédia);
10 - Não faças aos outros (comédia).


ROCHA,  OCTAVIO FRANCISCO DA

Militar e Engenheiro Civil

Octavio Francisco da Rocha (1877-1928), nasceu em Pelotas e faleceu em Porto Alegre.
Dedicado à carreira das armas, sua primeira comissão militar foi na “Estrada de Ferro - Rio Grande / Bagé”. A essa época, começou a labutar na imprensa partidária, colaborando no Diário Popular, de Pelotas.
Em seu Estado natal, além do magistério, como professor da Escola de Guerra, exerceu várias funções públicas, como as de Secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, Diretor-geral da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS), Deputado Estadual e Prefeito Municipal de Porto Alegre (1924-1928), de que foi o remodelador.
Eleito Deputado Federal, em 1912, teve destacada atuação na bancada Rio-Grandense, de que foi líder, sendo sucessivamente reeleito até 1924.
No Exército subiu até o posto de Major, sendo reformado a pedido, em 1924.
Orador fluente, seus discursos na Câmara sempre despertaram grande interesse, em situações de grava crise interna, como em 1922.



ROCHA,  RODRIGO JOSÉ DA

Marinheiro

Nasceu na cidade de S. Gabriel (RS), aos 05 de abril de 1846. Entrou para a escola da Marinha em 1862 e concluiu o curso em 1864.
Em 1865, seguiu para o Rio da Prata, a fim de tomar parte na guerra com o Estado do Uruguai; quando lá chegou, já a cidade de Paissandú havia caído em nosso poder, apesar da heróica resistência de Leandro Gomes.
Assistiu, entretanto, ao sítio de Montevideo, sob as ordens do Marquês de Tamandaré; concluída esta campanha com a paz de 20 de fevereiro de 1865, seguiu para o Rio Paraná, fazendo parte da esquadra que aí imortalizou o nome brasileiro.
Durante a guerra do Paraguai, entrou em diversos combates, distinguindo-se sempre pela coragem e sangue frio, tantas vezes posto á prova, diante dos mais sérios perigos.
Terminada esta luta, onde a esquadra nacional representou proeminente papel, foi incumbido do desempenho de diversas comissões delicadas, não só no país como no estrangeiro, servindo sempre a contento do governo.
Era um oficial de marinha completo; inteligente, bravo e instruído; quando o Marechal Deodoro, passando por cima da lei, quis dissolver o Congresso Nacional, o Contra-almirante Rodrigo José da Rocha protestou contra esse ato violento, colocando-se nas fileiras dos revolucionários.
Anos depois, o nosso ilustre patrício teve um fim trágico; acabou os seus dias na catástrofe do Aquidaban, em Jacuecanga.



RODRIGUES BARCELLOS,  PEDRO

Fazendeiro

Pedro Rodrigues Barcellos era natural de Viamão (RS), onde nasceu aos 03 de junho de 1876; filho de Ricardo Rodrigues Barcellos.
Casado com Maria Luiza Vieira com quem teve os seguintes filhos: Salustiano, Ricardo e Lisbella (casada com Fausto Luiz da Luz).
Até 1924, residiu em sua terra natal, 2º Distrito, onde chefiou o “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense), tendo igualmente exercido o cargo de Juiz Distrital e posteriormente, o de Subintendente Municipal, sendo também, Conselheiro municipal.
Depois, passou a residir no 7º Distrito de Porto Alegre (RS), desfrutando o melhor conceito social entre os seus vizinhos e amigos.
Dedicava-se à pecuária e à agricultura, em terras de sua propriedade.



RODRIGUES BARCELOS,  ISRAEL

Advogado

O Dr. Israel Rodrigues Barcelos foi nas lutas partidárias da política rio-grandense um dos vultos de maior talento, atividade e pertinácia que já participaram delas. Também poucos homens de partido no Brasil, terão tido como este eminente patrício, adversários de maior valor e prestígio.
Nascido em 1817, formado em ciências jurídicas e sociais pela academia de S. Paulo, o Dr. Israel Barcelos regressou logo à terra natal e fixou residência na cidade de Porto Alegre.
Nesse tempo digladiavam-se na província os dois formidáveis partidos “Santa Luzia” e “Saquarema”. O Dr. Israel Barcelos sentou praça sob a bandeira do primeiro; tinha então 21 anos. A princípio, como simples soldado e mais tarde como chefe do “Santa Luzia”, o moço político enfrentou adversários da têmpera de Felipe Nery, Felix da Cunha, Conde de Porto Alegre, Gen. Osório, Pedro Chaves e outros notáveis paredros que movimentaram e encheram de brilho a inquieta vida política do Império.
A antiga província atravessava o período agudíssimo da revolução de 1835, mas isso não abatia de modo algum o ardente entusiasmo dos partidos que concorriam às urnas.
O Dr. Israel Barcelos não desertou da atividade política, quando em 1848, em conseqüência da agitação porque passava a província, foram dissolvidos os dois partidos “Santa Luzia” e “Saquarema”, assumiu ele, por concurso unânime de seus correligionários, a suprema chefia do partido conservador (Santa Luzia).
Durante os longos anos que o ilustre rio-grandense dirigiu a poderosa e disciplinada agremiação política que tantas vezes subiu às culminâncias do poder, inscrevendo no seu ativo, serviços da maior relevância prestados ao país, o Dr. Israel Rodrigues Barcelos soube por seu caráter austero e talento de eleição, impor-se à estima de gregos e troianos.
Quando em 1868, o partido conservador ascendeu ao governo e organizou-se o gabinete do grande estadista Visconde de Itaboraí, o nosso ilustre patrício foi nomeado presidente da província do Rio Grande do Sul, tendo exercido este cargo até fins de março de 1869.
A esse tempo já havia o Dr. Israel Rodrigues Barcelos ocupado as mais invejáveis posições eletivas, pois em 1866 tinha sido eleito deputado geral e recebido nas legislaturas seguintes.
No parlamento nacional a sua atitude foi das mais notáveis, porque em vários e acesos debates teve pela frente estadistas, oradores e parlamentares da estatura de Nabuco de Araújo, Francisco Otaviano, José Bonifácio, Martinho de Campos, Zacarias, José de Alencar e por último, Gaspar Silveira Martins, então em plena florescência do talento incomparável e do verbo genial.
Eleito por diversas vezes deputado à antiga Assembléia Provincial, ainda o laureado chefe conservador teve que enfrentar oradores eloqüentes e eruditos como Eleutério Camargo, Timóteo da Rosa, Antunes Maciel, Francisco Diana, Severino Prestes, Carlos Koseritz, que foram luzeiros do partido liberal naquela época e outros políticos de nomeada em famosos torneios parlamentares.
Nos últimos anos de sua agitada e brilhante vida política, o venerando chefe conservador era respeitado e estimado pelos próprios adversários, sendo que o grande tribuno Silveira Martins, chefe do partido liberal, tinha por ele uma admiração sem reservas. O Dr. Israel Rodrigues Barcelos faleceu em 1888, na cidade de Porto Alegre.



RODRIGUES BARCELOS,  MIGUEL

Barão de Itapitocaí

O Dr. Miguel Rodrigues Barcelos nasceu na cidade de Pelotas em 1827. Era filho do comendador Boaventura Rodrigues Barcelos e de D. Silvana Eulália de Azevedo Barcelos.

Fez os preparatórios em Pelotas, seguindo depois para o Rio de Janeiro, onde em 1848, se formou em Medicina, depois de um brilhante curso.

Concluídos os estudos, voltou à terra natal para exercer sua honrosa profissão, conseguindo em pouco tempo, conquistar as mais sinceras dedicações pela sua competência e desprendimento.

Desde a fundação da Santa Casa de Misericórdia até sua morte, prestou aí serviços que não podem ser esquecidos.

Militou sempre no partido conservador, tornando-se um dos chefes de mais prestígio no Rio Grande do Sul; tendo exercido vários cargos de eleição popular, foi nomeado mais tarde vice-presidente da Província, cargo que ocupou de 20 de setembro de 1885 a 5 de maio de 1886.

Durante os poucos meses que exerceu essa posição política. sofreu a mais desabrida oposição dos seus adversários, que não viram com bons olhos a sua escolha para presidir os destinos da nossa terra; quando deixou o governo foi galardoado com o título de Barão de Itapitocaí.

Vivendo inteiramente para a família, que o adorava, para os deveres profissionais que o seduziam veio a falecer, em conseqüência de uma apoplexia, a 13 de fevereiro de 1896. Perdeu a ciência um homem ilustre e, a “pobreza” uma alma prestativa e caridosa.



RODRIGUES DA SILVA,  MARCELINO

Militar

Marcelino Rodrigues da Silva era natural de Santo Ângelo (RS), onde nasceu a 1º de novembro de 1881.
Casado com Maria da Glória de cujo matrimônio houve cinco filhos: Adão Rodrigues da Silva, Volusiano Rodrigues da Silva (advogado), Christóvão Rodrigues da Silva, Aristides Rodrigues da Silva e Eva Rodrigues da Silva.
Ainda muito jovem, contando apenas 16 anos de idade, na sua terra natal assentou praça na Brigada Militar do Estado, aos 07 de abril de 1897.
Desde logo o jovem missioneiro Marcelino conquistou a simpatia de seus camaradas, pelo seu temperamento bonachão, atitudes sinceras e francas mas, sobretudo, pelo desprendimento pessoal, quando no desempenho dos deveres de seu cargo.
À proporção que galgava as várias etapas da hierarquia militar de sua corporação, desde os modesto postos, mais estimado se fazia dos companheiros, revelando-se chefe enérgico e justiceiro.
Foi em 1923, que Marcelino Rodrigues da Silva teve oportunidade de pôr à prova sua coragem sem par e ao mesmo tempo, a nobreza de seus sentimentos. Foi nos campos de batalha que a sua espada de comando impôs novas promoções, por atos de bravura. Sempre pronto às mais árduas diligências, os seus superiores lhas confiavam seguros de fiel cumprimento e certos do êxito das mesmas, pois conheciam o valor do já então Tenente Marcelino e a confiança que nele depositavam os seus soldados.
Aos 06 de fevereiro de 1926, envergou as insígnias de Capitão; na arrancada de 03 de outubro de 1930, foi-lhe entregue importante e arriscada posição na tomada de um dos quartéis ocupado por forças fiéis ao governo que ia ser combatido. Ali, o brioso militar resistiu cerrada fuzilaria à frente de seus comandados e somente recolheu ao quartel após te alcançado o objetivo visado.
Fez toda a campanha que implantou a República Nova, tendo o governo do Estado do RGS, premiado o seu valor com a promoção a Major.
Aos 04 de fevereiro de 1933, contando mais de 40 anos de serviço, Marcelino Rodrigues da Silva passou à Reserva da Brigada Militar, com o posto de Coronel.


RODRIGUES DAS CHAGAS,  URBANO

Militar

Muito jovem ainda, este pedritense alistou-se nas fileiras republicanas no começo da revolução de 1835. Como oficial subalterno, serviu sempre ao lado do Cel. Antonio de Souza Netto, pondo em evidência a sua bravura.
Concluída a revolução, voltou á vida tranqüila do lar, entregando-se aos labores do campo, com a mesma coragem que revelara nos combates.
Mais tarde, em 1864, lavrara uma nesga de terra para plantar, quando recebeu uma carta do Cel. Netto, convidando-o com insistência para incorporar-se às suas forças que iam invadir o Estado Oriental.
Dias depois, o nosso patrício deixava ao canto de um galpão o arado com que rasgava o seio da terra, para ir ao encontro do chefe prestimoso; aí chegado, foi-lhe confiado o comando de uma companhia da brigada em organização e que, mais tarde, tanto se distinguiu nos campos do Paraguai.
Invadido o Estado Oriental em 1864, assistiu ao ataque de Paissandú, até a rendição de Montevideo, a 20 de fevereiro de 1865. Daí, então, marchou para o Paraguai, tomando parte em inúmeros com¬bates, conquistando por atos de bravura os postos de major e coronel honorário do exército.
Um distinto escritor, referindo-se ao nosso patrício, disse com inteira justiça:
“Sua fama como soldado tornou-se tradicional e todos respeitavam o modesto guerreiro, que sem alardear serviços, era no entanto apontado como o protótipo do valor militar.”
Concluída a campanha do Paraguai, o Cel. Urbano Rodrigues das Chagas voltou á terra natal, com a consciência de haver cumprido o seu dever.
Voltou, porém, com a saúde alterada, pobre e velho, tendo necessidade de regar ainda a terra com o suor do rosto, para não morrer de fome.
Com a idade de 67 anos, fechou os olhos para sempre na vila de D. Pedrito, que fora seu berço e seu túmulo.



RODRIGUES FERNANDES CHAVES,  PEDRO

Barão de Quaraí

Era natural da cidade do Rio Grande, onde nasceu a 27 de abril de 1810. Foi um vulto político de extraordinário prestígio em nossa terra, prestígio esse só comparável ao que alcançou mais tarde Gaspar Martins e, ultimamente, o Dr. Júlio de Castilhos.
A um gesto seu teria, não há dúvida, arrastado atrás de si o Rio Grande, tal era a influência que exercera sobre o nosso povo.
Bacharelou-se em direito, em S. Paulo, tendo começado os seus estudos na Universidade de Coimbra.
Pouco depois, abraçou a carreira da magistratura, sendo nomeado juiz de direito criminal de Porto Alegre, e mais tarde, desembargador da Relação de Pernambuco.
Abraçou o partido conservador, conquistando, pelas suas qualidades excepcionais, o bastão de chefe.
Ao juízo inflexível da História, sobre a figura de combatente indefeso, projeta-se uma sombra negra: foi ele, pelo seu gênio violento, quem primeiro acirrou as paixões políticas no Rio Grande do Sul.
Foi eleito diversas vezes deputado à Assembléia Provincial e à Câmara Temporária, sendo, finalmente, escolhido senador em 19 de abril de 1853.
Foi encarregado de funções diplomáticas em Montevideo em 1838 e, depois nomeado ministro plenipotenciário nos Estados Unidos.
Em 1841, presidira a Província da Paraíba, onde pôs em evidência a sua intolerância partidária.
Uma tarde passeava, a cavalo, pelos arredores da Paraíba, quando foi vítima de uma emboscada. Uma bala atingiu-lhe o braço. O caso fora motivado pela sua intransigência partidária.
Na política do pais representou papel saliente, sendo agraciado com o título de Barão de Quaraim, em atenção aos serviços que prestara.
Sentindo-se doente, seguiu para a Europa em busca de lenitivo aos seus males. Infelizmente, nada conseguiu, vindo a falecer, em Pisa, a 23 de junho de 1866, com 56 anos de idade.


RODRIGUES FERREIRA,  PERSEVERANDO JOSÉ

Professor

Perseverando José Rodrigues Ferreira nasceu no Rio Pardo (RS), em 1801 e casou com a riopardense Izadora Coleta de Figueiredo filha do Sargento-mor José Joaquim de Figueiredo nascido em Minas Gerais e de Francisca Ermelinda de Andrade,
Eram seus avós paternos Antônio Ferreira Neves e Maria Josefa de Jesus, ambos de Minas Gerais e, avós maternos Joaquim Thomaz de Andrade, português e Maria Joaquina de Assunção, nascida no Rio Grande (RS).
Perseverando José fôra em 1826, nomeado professor de primeiras letras no Rio Pardo, para onde, em 1820 tinha numa cadeira idêntica, sido designado Joaquim Thomaz de Bem Salinas.
Perseverando José e Izadora tiveram dois filhos: Perseverando Filho em 1841 e Maria em 1845, ambos nascidos em Porto Alegre (RS).
Perseverando José foi Presidente da Câmara Municipal de Rio Pardo (RS), que por ocasião da Revolução Farroupilha, assinou a resposta dos vereadores contra as propostas e insinuações do legalista Bento Manoel.



RODRIGUES,  LAURO PEREIRA

Comunicador

Natural de Santo Amaro (RS), nascido aos 07 de janeiro de 1918; radialista, poeta, jornalista e político.
Pertenceu à Estância da Poesia Crioula.
Suas obras:
01 - Minuano (poemas gauchescos) - 1944
02 - A Ronda dos Sentimentos (sonetos e poemas) - 1946
03 - Invernada Vazia (versos regionais) - 1951
04 - A Evolução do Homem e a Decadência da Dignidade (conf.) - 1954
05 - Senzala Branca (poemas revolucionários) - 1957
06 - Vozes do Parque, Bilhetes, Versos íntimos e coletânea de Sonetos - inédito
07 - Alçados e Araganos (história do plagiário na música do RGS) - inédito
Faleceu . . .



RODRIGUES,  LUPCÍNIO

Boêmio

Lupcínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, aos 19 de setembro de 1914. Foi o quarto, de 21 filhos, de uma família extremamente musical.
Em 1928, então com 14 anos, compôs a marchinha Carnaval.
Com 16 anos incompletos, o pai obrigou-o a se alistar voluntariamente no Exército.
Em Porto Alegre, veio a conhecer em 1932, o compositor carioca Noel Rosa; depois de ouvir algumas músicas de Lupcínio, Noel deu sua opinião sobre aquele rapaz de apenas 17 anos, dizendo: “Este garoto é bom! Este garoto vai longe!”
Em 1933, foi transferido para Santa Maria, interior rio-grandense, onde conhece Inah, sua musa inspiradora. Para ela, ou por causa dela, compôs as canções Felicidade, Zé Ponte e Nervos de aço.
Mesmo já tendo composto inúmeras músicas, Lupcínio não se empenhava em divulgá-las. Sua primeira gravação só ocorreu em 1936. Mas a predição de Noel Rosa se cumpriu: ele realmente foi longe. Suas músicas alcançaram sucesso em todo o Brasil e até no exterior. Era procurado por cantores de toda a parte. Ele fez de Porto Alegre, a Capital do Samba-canção.
Torcedor do GRÊMIO, em 1953, compôs o HINO do clube tricolor: “Até a pé nós iremos, para o que der e vier; mas o certo é que nós estaremos, como o GRÊMIO, onde o GRÊMIO estiver.”
Lupe, como era chamado desde pequeno, foi descrito como um homem de temperamento calmo, modesto, meio desligado, passo lento e voz macia. Era um apaixonado pela música. Deixou mais de uma centena de canções gravadas; porém, outras centenas foram perdidas, esquecidas ou encontram-se à espera de alguém que as resgate.
Lupcínio foi o inventor da DOR-DE-COTOVELO, expressão que denota o sentimento de tristeza por um amor que se perdeu. Sua vida dividia-se entre a boemia e o aconchego do lar. Buscava em sua própria vida a inspiração para suas canções, nas quais amor e tradição andavam sempre juntos.
Com versos tristes e profundos, Lupcínio conseguia tocar todos os corações. Ninguém soube cantar como ele, a dor e a desilusão de forma tão genial. Sua música mais famosa, FELICIDADE foi gravada por vários artistas, inclusive, por Caetano Veloso.
O compositor faleceu em Porto Alegre (RS), aos 27 de agosto de 1974..
--- ::: o ::: ---
Trechos da entrevista de Lupcínio Rodrigues para O PASQUIM - Edição nº 225, aos 29-10-1973:
O PASQUIM - É verdade que você é o primeiro de 21 filhos?
Lupcínio - Nilo, eu sou o quarto de 21 filhos. Primeiro minha mãe teve três filhas mulheres, e o meu pai havia prometido que, se o quarto nascesse mulher, ele iria enforcar. Por felicidade, nasci eu, e ele não me enforcou. Por ser o primeiro filho homem, me criei como a criança mais mimada da família.
O PASQUIM - Você é um dos maiores compositores populares brasileiros. Mas sempre viveu no Rio Grande do Sul?
Lupcínio - Graças a meu bom Deus sempre vivi no Rio Grande do Sul. Tive a felicidade de ficar conhecido universalmente, e agradeço isso aos marinheiros que visitavam a minha terra naquela época, quando não havia transporte para lá, a não ser o marítimo. Os marinheiros chegavam em Porto Alegre, aprendiam minhas músicas e saíam a divulgar pelo Brasil.
O PASQUIM - Lupcínio tem mil histórias para contar. Por exemplo "Vingança". É uma música que em 52 dominou o Brasil inteiro. Jornais publicavam e ressaltavam o que houve na época por causa daquela música. Houve tentativas de suicídios, etc. A quem dedicou "Vingança". Que mulher é essa, onde ela esteve, onde ela está?
Lupcínio - A mulher que me inspirou "Vingança" viveu comigo seis anos. E depois terminou namorando um garoto que era meu empregado.
O PASQUIM - O que você ensinou de mais importante, o que você transmitiu de mais importante?
Lupcínio - Olha, eu vou dizer uma porção de frases e coisas que eu fiz. Por exemplo: "É melhor brigar junto do que chorar separado". Tem outra que diz assim: "Ela nasceu com o destino da lua / pra todos que andam na rua / não vai viver só pra mim".
O PASQUIM - É lindo. É uma grande frase.
Lupcínio - Tem uma outra que diz assim: que eu fiz: "Vocês Marias de agora/ amem somente uma vez/ para que mais tarde esta capa/ não sirva em vocês".
O PASQUIM - Ele está dizendo os versos importantes da vida dele.
Lupcínio - Tem outro que diz assim, desses pobres moços: "Se eles julgam que o futuro / só ao amor dessa vida conduz / saibam que deixam o céu por ser escuro / e vão ao inferno à procura da luz". E assim tem uma porção de coisas.



ROSA,  OTHELO RODRIGUES DA

Historiador
Natural de Montenegro (RS), nascido aos 18 de julho de 1889 e falecido aos 04 de dezembro de 1956.
Historiador, poeta, jornalista e romancista; pertencia ao Instituto Histórico do RGS e à Academia Sul-Rio-Grandense de Letras. Assinava O. R. e ou Othelo Rosa.
Suas obras:
01 - Canções da Mocidade (poesias) - 1909
02 - Evangelho do Amor (versos) - 1910
03 - Réplica ao Manifesto do sr. Assis Brasil (editoriais) - 1925
04 - Os Males e os Crimes do Assisismo - Revolucionários, não, Bandidos! (libelo político) - 1927
05 - Júlio de Castilhos, ensaio biográfico-Escritos políticos - 1928
06 - Reorganização Constitucional Brasileira (estudo) - 1931
07 - A Reforma Eleitoral (crítica) - 1931
08 - Em Casa de Um Vizinho (impressões de viagem a SC) - 1931
09 - Os Amores de Canabarro (romance real) - 1933
10 - O Litígio Pelotas-Rio das Contas (geografia política) - 1933
11 - Apolinário Porto Alegre (conferência) - 1933
12 - David Canabarro (comentário) - 1934
13 - David Canabarro aos 22 de agosto - 1934
14 - O Divórcio no Brasil (comentário e legislação) - 1934
15 - Separatismo entre Farrapos (crônica histórica) - 1934
16 - Parecer sobre “História da Grande Revolução” (de Alfredo Varela) - 1934
17 - Vultos da Epopéia Farroupilha (escorços biográficos) - 1935
18 - A Moça Loira (romance) - 1939
19 - A Idéia Republicana no Brasil (comentário) - 1939
20 - Floriano Peixoto (conferência) - 1940
21 - Olavo Bilac (conferência no Teatro S. João de Taquari) - 1942
22 - O Centenário da Revolução de 1842 e da Ação Pacificadora de Caxias - 1942
23 - Taquari-Memorial ao Conselho Nacional de Geografia - 1943
24 - Rio Pardo: Cartas ao Correio do Povo s/ mudança de nome - 1943
25 - O Barão do Rio Branco e a Revolução Farrapa (crônica) - 1944
26 - O Centenário de Apolinário Porto Alegre (comentário) - 1944
27 - Alguns Documentos Sobre 1835 - A Posse de Araújo Ribeiro (história) - 1944
28 - Gonçalves Dias e a Revolução de 1835 (comentário) - 1944
29 - Rio Branco (comentário) - 1945
30 - Discurso sobre Alcides Maya - 1945
31 - Sousa Doca, Aurélio Porto (discurso) - 1945
32 - João Cândido Maia (palestra) - 1945
33 - Elementos Estrangeiros na Revolução Farroupilha (tese) - 1946
34 - Causas da Revolução Farroupilha (tese) - 1946
35 - Bento Gonçalves (conferência) - 1947
36 - Graciano Alves de Azambuja (palestra) - 1947
37 - Sete de Setembro (discurso) - 1947
38 - O Partenon Literário (discurso) - 1948
39 - Notas sobre a Evolução do Ensino no RGS - 1948
40 - Gomercindo Saraiva - Qual a sua nacionalidade? (comentário) - 1948
41 - Pinheiro Machado (conferência) - 1951
42 - O Conteúdo Político da Revolução Farroupilha (comentário) - 1951
43 - Carlos Barbosa (conferência) - 1952
44 - Alfredo Ferreira Rodrigues - o historiador da Revolução Farroupilha (comentário) - 1955
45 - Formação do Rio Grande do Sul (conferência) - 1957
46 - Júlio de Castilhos (conferência) - 1958



RUAS,  TABAJARA

Escritor

Tabajara Ruas nasceu em Uruguaiana (RS), aos 11 de agosto de 1942. Estudou no Grupo Escolar Romanguera Correa, depois no Colégio Sant’Ana e cursou o Clássico no Colégio Júlio de Castilhos em Porto Alegre.
Em 1962, escreve seu primeiro livro (nunca editado) - PáLIDA LEMBRANÇA DE JUVENAL FRONTEIRA.
Em 1966, é aprovado no vestibular para Arquitetura, na UFRGS.
Em 1971, deixa a Faculdade e viaja pelo país, fixando-se em Florianópolis (SC).
Em 1972, reside em Valparaiso (Chile).
Em 1975, retoma o curso de Arquitetura, na Real Academia de Artes, da Dinamarca.
Em 1978, é publicado - REGIÃO SUBMERSA, em Portugal.
Em 1979, retornou a Dinamarca, onde começou a escrever - O AMOR DE PEDRO POR JOÃO.
Em 1984, começou a publicar - A HISTÓRIA DE CURITIBA.
Em 1985, escreve o folhetim - 1835 - A Grande Epopéia; publica também - A GUERRA DOS FARRAPOS.
Em 1986, muda-se para Porto Alegre.
Em 1988, passa a trabalhar na UFRGS, como assessor de comunicação social.
Em 1989, finaliza - PERSEGUIÇÃO E CERCO A JUVÊNCIO GUTIERREZ.



. . . continua . . .



FIM



NOTA:  Se você tem conta no "gmail" - eu gostaria de ter o seu comentário no espaço apropriado logo abaixo.  
                                                                                                                                                O autor


 

































































































































 























































































Um comentário: