GAÚCHOS ILUSTRES - A-E -
INTRODUÇÃO
ABBOTT, FERNANDO
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa apresentar GAÚCHOS ILUSTRES de todas as épocas, sem distinção alguma, com o objetivo de ilucidar aqueles que procuram maiores conhecimentos sobre biografias de Gaúchos que se destacaram no cenário brasileiro e até mundial.
ABBOTT, FERNANDO
Médico
Natural de São Gabriel (RS); doutorou-se no Rio de Janeiro. Em 1887, mal terminou o curso, partiu com outros médicos, para o Ceará, afim de prestar a sua assistência profissional durante a grande seca que assolava aquela província.
Regressando ao Rio Grande do Sul, instalou-se em sua terra natal, onde começou a carreira profissional que o havia de tornar famoso. Para tanto, possuía todos os predicados essenciais; inteligência, cultura, bondade, desinteresse e, além de tudo, extraordinária intuição clínica. Eram certeiros os seus diagnósticos e, por isso, acatados pelas maiores autoridades médicas do país.
A sua linguagem, não raro agreste, constituía um dos caracteres mais impressionantes da sua singular personalidade e suscitava, conforme o caso, temor, respeito, amor, ao admiração. Parecia querer com ela dissimular, de algum modo, a bondade do seu coração.
Apesar de se considerar a política, em nosso país, atividade favorita dos bacharéis, os médicos lhe tiveram sempre grande predileção. Explica-se isso talvez, em parte, pelo prestígio popular que facilmente granjeia o facultativo competente e humanitário. Fernando Abbott foi, certamente, um dos maiores exemplos desta associação; grande homem público e, quiçá, ainda maior clínico.
Como político, Fernando Abbott foi dos mais tempestuosos. Regressando a São Gabriel, filiou-se ao Partido Liberal. Quando começou no Rio Grande a propaganda republicana, incorporou-se ao movimento. Foi então que se revelou a têmpera do político, que se ocultava sob o manto do médico. Incansável e multiforme era a sua atividade. Fundou na sua cidade o Clube Republicano.
Escritor elegante e jornalista combativo, publicou e dirigiu várias folhas de propaganda.
Instaurado o novo regime, coube-lhe boa parcela de responsabilidade na situação criada, pois ocupou durante algum tempo o cargo de Governador do Estado do RGS, justamente numa das convulsas fases, que prepararam a irrupção da sangrenta e prolongada Revolução de 1893.
Mais tarde, em 1907, tocou-lhe chefiar a resistência a uma das reeleições do ilustre chefe do Partido Republicano - A. A. Borges de Medeiros - abrindo grande dissidência nesta agremiação. Tornou-se então, o mais popular dos políticos rio-grandenses.
De tal vulto foi a reação pública, que mister se tornou opor a candidatura do médico gabrielense, de Carlos Barbosa, outro médico notável, residente em Jaguarão.
Afastado o motivo principal da campanha, perdia ela boa parte de sua força inicial. Mas da derrota eleitoral surgiu um novo partido - o Democrata - que teve à sua frente.
Mergulhada a vida política do Rio Grande em nova fase letárgica, voltou o médico inteiramente à sua clínica. Mas nem desta vez de modo definitivo, porque, apesar do cansaço e das desilusões não lhe era possível ficar indiferente aos apelos do civismo.
Levanta-se, em 1922, grande campanha contra nova reeleição de A. A. Borges de Medeiros. Desta vez é Assis Brasil o candidato oponente. Congregam-se-lhe, em torno, todas as oposições e Fernando Abbott forma de novo a seu lado. Era o canto do cisne.
Aos 13 de agosto de 1924, morria o grande e humanitário clínico em sua cidade natal, cercado da geral admiração de gregos e troianos.
ABREU E SILVA, FLORÊNCIO CARLOS DE
Advogado
Era filho do major reformado João Luiz de Abreu e Silva. Nasceu em Porto Alegre, a 20 de outubro de 1839.
Estudou, com os maiores sacrifícios os preparatórios e seguiu para S. Paulo, onde se bacharelou em Direito e lá, deu as mais belas provas do seu brilhante talento.
Voltando à terra natal, prestigiado pelo bom nome que deixara na paulicéia, filiou-se ao partido liberal, colaborando ativamente, na Reforma, órgão das idéias mais adiantadas daquela época, ao lado do Dr. Corrêa de Oliveira e Eleutério de Camargo.
Diversas vezes foi eleito à Assembléia Provincial e à Câmara Temporária, sendo em 1880, escolhido senador pelo Rio Grande do Sul.
Em abril de 1881, foi nomeado para presidir o Estado de S. Paulo, sendo a sua escolha recebida com aplausos por gregos e troianos.
O desempenho dessa delicada comissão, na época em que se ia pôr à prova a lei eleitoral Saraiva, foi uma distinção que honrou sobremaneira o ilustre senador rio-grandense e, por tal forma procedeu durante o pleito, que mereceu os mais justos louvores dos próprios adversários.
Pouco tempo, porém, durou o governo. Adoeceu gravemente e a 12 de dezembro de 1881 veio a falecer o ilustre brasileiro que tão assinalados serviços prestou ao país.
Florêncio Carlos faleceu como Presidente do Estado de São Paulo e sendo honradíssimo e idealista (ia a pé até o palácio do governo, nunca usando condução ou qualquer outro subsídio governamental, apenas percebendo seu salário) deixou viúva Gonçalina Simões Pires que criou com dificuldade os filhos e enteados, tendo inclusive que costurar para fora para se manter com dignidade, pois a pensão que recebia do governo por morte do marido era insuficiente.
Florêncio Carlos faleceu como Presidente do Estado de São Paulo e sendo honradíssimo e idealista (ia a pé até o palácio do governo, nunca usando condução ou qualquer outro subsídio governamental, apenas percebendo seu salário) deixou viúva Gonçalina Simões Pires que criou com dificuldade os filhos e enteados, tendo inclusive que costurar para fora para se manter com dignidade, pois a pensão que recebia do governo por morte do marido era insuficiente.
Morreu em extrema pobreza, legando á família um nome honrado; as despesas do seu funeral foram feitas por conta da Nação.
LEIA ADENDO APÓS A BIOGTAFIA SEGUINTE . . .
LEIA ADENDO APÓS A BIOGTAFIA SEGUINTE . . .
ABREU E SILVA, JOÃO VESPÚCIO DE
João Vespúcio de Abreu e Silva foi uma figura de destaque no seu meio, no seu tempo e honra a galeria dos rio-grandenses ilustres.
Nasceu na cidade de Porto Alegre, onde a mocidade lhe correu mansa e descuidosa, entre um dedilhar de lira e a solução de uma equação algébrica.
Oriundo de pais modestos, nem por isso lhe faltou a boa fortuna de uma educação primorosa. É verdade que não seguiu um curso acadêmico (o de medicina, que era o seu sonho dourado), mas adquiriu uma ilustração variada, com que entrou armado na luta da existência.
Quando Felix da Cunha, na volta de S. Paulo, recém formado em direito, fundou em Porto Alegre o semanário Guaíba, primeiro periódico literário que aqui se publicou, João Vespúcio de Abreu e Silva, aí apareceu e luziu com produção de valor. Mas, se a literatura o encantava, o “struggle for life" o empolgava como senhor todo soberano. Lançado no magistério, tão trabalhoso e tão mal compensado, ele lecionou geografia e história nesta capital e em Pelotas.
Porém, outros horizontes mais amplos lhe sorriam, com um róseo sonho. O “meio” provinciano era acanhado para o arrojo das suas aspirações. E, um dia, João Vespúcio embarcou para o Rio.
De chegada, entrou para a imprensa e trabalhou no Correio da Tarde. Entretanto, sua saúde já se ressentia do excesso do trabalho e João Vespúcio, com o desengano na alma voltou para o sul.
Nomeado coletor da arrecadação e fiscalização das rendas provinciais em Bagé, não se pôde amoldar à elaboração de balancetes, nem à escrituração de caixa, dos livros de receita e lançamentos da coletoria.
Deixou o emprego e entrou para o magistério público, como “mestre escola da roça”. Foi isso no regime da palmatória, mas João Vespúcio não tinha nervos para castigar os alunos. Lecionava-os como um pai educa os filhos. Foi nesse posto modesto, mas nobre e honrado entre os que mais o foram, que o eleito¬rado de Taquarí foi buscá-lo para seu representante na Assembléia Provincial.
Honrou a sua cadeira de deputado e prestou serviços de monta à Provín¬cia como membro de várias comissões.
Por decreto imperial de 11 de abril de 1861, João Vespúcio do Abreu e Silva foi nomeado administrador do Correio de Porto Alegre. Foi o sétimo da lista dos que haviam servido desde 1803. Tomou posse do cargo em 02 de maio de 1861, falecendo em 26 de outubro do mesmo ano, deixando entre os seus contemporâneos que o estimaram, a lembrança de uma forte inteligência e de um espírito superior.
ADENTO (08-04-2013)
ADENTO (08-04-2013)
Prezado senhor,
Foi com prazer que li as biografias em seu site.
Imteresso-me muito pela história do Rio Grande do Sul; infelizmente não tenho
tempo suficiente para me dedicar a estudos mais aprofundados, mas casualmente
descobri seu site e estou lhe enviando uma pequena observação.
Como sou sobrinho-neto dos irmãos biografados Florêncio
Carlos de Abreu e Silva e de João Vespúcio de Abreu e Silva, gostaria de fazer
os seguintes comentários:
O pai de Florêncio e de João Vespúcio chamava-se João
Luiz de Abreu e Silva, era militar, nascido em Lisboa, de pais baianos. O pai de
João Luiz era alto comerciante em Salvador e Lisboa, possuindo casas de comércio
em ambas as cidades além de ter seus próprios barcos (era armador em Salvador e
quando ia a Europa era em suas navios). Veio de volta ao Brasil com a família
imperial em 1808 e junto com seu compadre o Marques de Santo Amaro, que por sua
vez era afilhado de casamento de D. João VI - tenho toda essa documentação em
meu poder). De volta ao Brasil viveu uma situação econômica invejável mas quando
morre prematuramente, e as condições
ficam mais restritas. O filho, João Luiz entra para o exército, é destacado para
o Rio Grande do Sul onde casa com uma bisneta de Jeronimo de Ornellas Meneses e
Vasconcellos e neta de Francisco Xavier de Azambuja, ricos proprietários no Rio
Grande do Sul.
Sei que é muito dignificante, de valor e expressa
denodo, mas surpreendo-me quando leio (já li também em outra publicação) que
Florêncio "estudou, com os maiores sacrifícios"
e João Vespúcio era "oriundo de pais modestos". Isso absolutamente não é
verdade; e se fosse, em fique certo de
que em minha opinião em nada os diminuiria (talvez de fato os engrandecesse),
mas faz parte apenas de uma inverdade, que eu não sei onde foi originalmente
buscada.
Atenciosamente,
Dr. Fernando
Antonio de Abreu e Silva
ABREU, FRANCISCO FERREIRA DE
Barão de Teresópolis
Nasceu a 18 de novembro de 1823, em Porto Alegre, o Dr. Francisco Ferreira de Abreu.
Indo estudar no Rio de Janeiro, doutorou-se em Medicina, em 20 de dezembro de 1845, deixando na Faculdade um nome acatado pelas irradiações de invejável talento.
De 1846 a 1849, cursou a Academia de Paris, onde foi discípulo de Orfila, Bonchardat e preparador no laboratório de Pelouse.
As fascinações da ruidosa cidade não o seduziam e não o afastavam dos seus estudos; trabalhava sem descanso, na convivência dos grandes mestres, para ilustrar no dia-a-dia o seu espírito.
Tal foi o importante papel que aí representou tendo a glória de ver o seu nome inscrito no “Tableau de savants étrangers” sendo o primeiro brasileiro que mereceu semelhante distinção.
Não foi só isto: o governo francês, em atenção aos serviços prestados às ciências, conferiu-lhe a Cruz da Legião de Honra.
Representou, mais tarde, o Brasil em diversos congressos internacionais de Medicina e de Higiene na Europa, sendo notáveis os estudos que apresentou no congresso de Genebra, em 1883.
Nesta ocasião mereceu a honra de presidir o mesmo congresso e de ver os seus discursos publicados, por extenso, nas atas das sessões.
Era médico de D. Pedro de Alcântara e professor de Ciências Naturais das filhas, D. Isabel e D. Leopoldina.
Foi durante alguns anos diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo prestado a essa Instituição serviços que ainda hoje são rememorados.
Voltando à Europa, por motivo de doença, faleceu em Paris, a 14 de julho de 1885, sendo sepultado no cemitério de Battignoles.
Mais tarde, foi daí removido para o de S. Francisco de Paula, no Rio de Janeiro.
O governo do nosso país, como uma homenagem aos seus grandes serviços, o agraciou com o título de Barão de Teresópolis.
ABREU, FRANCISCO PEDRO DE
Chico Pedro - o Moringue
General e Barão do Jacuí
Foi, não há dúvida, o inimigo mais temido que tiveram os revolucionários de 1835. Era um homem extraordinário, valente, ânimo irrequieto, astucioso e aventureiro.
Durante a revolução apareceram, de parte a parte, verdadeiros heróis, mas nenhum nas condições de Chico Pedro. Ele sabia combater a seu modo, a seu jeito. Fugia, desde que fosse possível, dos encontros em campo raso, com horizontes dilatados; preferia os terrenos acidentados, com restingas, barrancas e outros aspectos naturais onde pudesse preparar emboscadas para surpreender o inimigo.
Hoje estava aqui, amanhã, distante, bem distante, em rumo diferente, como se o cavalo que montava tivesse asas para vencer léguas e léguas num período tão curto de tempo.
Preferiu sempre a escuridão da noite para atacar o inimigo. Quando supunham que o Chico Pedro andava longe, em suas correrias, espalhando o terror por toda a parte, hei-lo, à frente dos seus lanceiros, caindo de surpresa sobre os contrários.
No período da guerra civil de 1835, foi o legalista que mais se pôs em destaque pela natureza dos seus serviços incomparáveis.
Quando atacava os contrários era golpe certeiro: os batia no primeiro choque ou, os punha em fuga precipitada.
Em 14 de novembro de 1844, nos Porongos, surpreendeu e destroçou as forças de David Canabarro, que era tão valoroso e intrépido como ele.
Pacificado o Rio Grande, um ano depois, o governo concedeu-lhe o título de Barão do Jacuí e as honras de brigadeiro honorário.
Alguns anos depois os nossos patrícios que viviam no Estado Oriental eram vítimas de violências das autoridades uruguaias.
O Gen. Chico Pedro dirige uma proclamação aos seus patrícios, concitando-os a se unirem para a defesa comum.
Em pouco tempo, vê-se cercado de grande número de compatriotas e invade a república vizinha.
Bate as forças do Cel. Lamas, e nas pontas do Taquarembó-Chico, a divisão do Gen. Servando Gomes.
Por ocasião da guerra do Paraguai, Chico Pedro lembra-se ainda das suas proezas de moço e, à frente de uma forte coluna, marcha para cumprir o seu dever de patriota.
A guerra com todas as suas vicissitudes, com todos os seus perigos, era o seu elemento. Parecia preferir a vida ingrata do acampamento, com todas as suas asperezas, ao doce conforto do lar, entre os carinhos dos seus.
Aos oitenta anos, ainda com certa robustez, deixa o mundo para sempre, tendo nos legado o tipo mais bem acabado do guerrilheiro gaúcho.
ABREU, JOAQUIM FRANCISCO DE
Almirante
É filho da cidade do Rio Grande. Aí nasceu a 13 de março de 1836. Sentou praça de aspirante a guarda-marinha, em 24 de fevereiro de 1851 e foi conseguindo todos os outros postos até o de almirante, em 20 de abril de 1893.
Nas campanhas do Uruguai e Paraguai, tomou parte nas seguintes ações:
sítio de Paissandu e de Montevidéu, combate de Riachuelo, passagem de Mer¬cedes e Cuevas, reconhecimento e combate às baterias de Curupaiti, passagem das baterias do Timbó, reconhecimento do Tebiquarí e combate de Angostura.
A sua figura se pôs em foco no combate de Riachuelo; coube-lhe aí o difícil posto como comandante da Belmonte.
Um distinto escritor ocupando-se desse brilhante feito, assim descreveu:
“Atravessou a Belmonte o arriscado passo e fê-lo com toda a galhardia, suportando ela só todo o fogo da esquadra inimiga, dos atiradores e das baterias de terra, que então se desmascararam.
Depois de agüentar ela só a fúria do inimigo, a Belmonte vê-se presa de incêndio, ateado por uma explosão. Pelos 37 rombos que tem nos costados, penetra a água e apaga as chamas, mas daí mesmo lhe vem maior perigo. As bombas e baldes não conseguem esgotá-la, o líquido elemento sobe rapidamente, alaga dois pés acima da cobertura e a proa mergulha.
Só então o intrépido Abreu, que, apesar de ferido, conserva-se no passadiço, trata de encalhá-la como único recurso de salvação e imediatamente cuida de tapar-lhe os rombos para voltar ao combate.
No meio dessa luta tremenda com o inimigo em frente, perto de si, com incêndio e inundação a bordo, o valente marinheiro não esmorece, mostrou-se firme no seu posto, apesar do grave ferimento que lhe vai esgotando as forças.”
Este episódio é uma das páginas mais radiosas da nossa história guerrei¬ra.
Com o advento da República foi eleito representante do Rio Grande ao congresso nacional, mas renunciou, logo ao seu mandato, porque sentia-se mal naquele meio, em que era preciso muitas vezes, sacrificar-se a Justiça em no¬me das conveniências partidárias.
Recolhido inteiramente à vida privada, a 13 de julho de 1895, o Almirante Joaquim Francisco de Abreu fechou os olhos para sempre, na cidade em que nascera.
ABREU, JOSÉ DE
Barão do Cerro Largo
Na última metade do século XVII, em 1770 nasceu no Povo Novo, lugarejo situado entre Pelotas e o Rio Grande, o Gen. José de Abreu.
Foi talvez o tipo mais completo do gaúcho guerrilheiro que tivemos naqueles tempos em que os nossos homens abriam caminho no mundo, com o fio da espada, a ponta de lança e a patas de cavalo.
Logo que concluiu seus estudos primários, quis seguir a carreira das armas para a qual revelara sempre decidida vocação.
Seus pais não o quiseram contrariar, apesar de ser ainda criança e não ter a necessária robustez para a vida tormentosa do acampamento.
Nessa época, a posse do nosso território era disputada, a ferro e a fogo, entre portugueses e espanhóis.
Era, pode-se dizer, pois, a única carreira que seduzia as gerações que iam sucedendo umas às outras, encantadas de ouvirem contar, nos longos serões de inverno, quando o minuano soprava, por entre as frinchas dos ranchos isolados, as façanhas estupendas dos seus gloriosos antepassados.
Sentou praça no Regimento de Dragões do Rio Pardo e fez quase todas as campanhas de 1801 e 1827, tendo se distinguido em todas elas pela intrepidez e inexcedível bravura.
De todos os heróis desse período de lutas sanguinolentas é, não há dúvida, a figura mais em destaque pelo valor e audácia.
Nunca escolheu posição para atacar os inimigos e nem buscava conhecer o número deles; bastava vê-los para ir ao seu encontro e desbaratá-los, como fez com as forças de Sotel no passo de Japeju, junto do Ibicuí, em Itupa¬raí e em S. Borja com o exército do famoso caudilho André Artigas.
Meses depois derrotou completamente, em Arapeí, La-Torre e Artigas, apesar da inferioridade da posição que ocupava.
Nesse último combate encarniçado, que durou longas horas, a ação estava indecisa. O cansaço e a mortandade iam já espalhando o desânimo entre os nossos soldados, não obstante os exemplos de coragem que lhes dava o Marquês de Alegrete, quando, de súbito, como um raio, aparece José de Abreu à frente de sua invencível cavalaria, espalhando o terror, a confusão e a morte entre os inimigos.
A sua inesperada aparição, quando a peleja estava duvidosa, levantou o ânimo abatido dos nossos, desalentando desde logo os espanhóis que recuaram, deixando o teatro da ação estivado de cadáveres.
Esta derrota empalideceu para sempre o prestígio do caudilho Artigas que, vendo-se completamente abandonado dos seus, deixa o Rio da Prata e asila-se no Paraguai, onde, alquebrado pelos anos e abatido pelos últimos reveses, acaba os seus dias no esquecimento, como uma figura apagada da sua época.
Proclamada a independência do Brasil, o Gen. José de Abreu foi nomeado governador das armas do Rio Grande.
Nessa espinhosa posição, põe desde logo em evidência a sua alta capacidade administrativa, buscando guarnecer as nossas fronteiras e enviando valiosos reforços ao Visconde de Laguna, que sitiava, então, Montevideo.
Rebentando a guerra da Cisplatina, em 1825, o Gen. José de Abreu com uma forte coluna, invade o Estado Oriental, conquistando novos louros em diversos combates. Mais tarde, achava-se ele vivamente empenhado nos meios de defesa do Rio Grande, quando foi surpreendido com a demissão do cargo de gover¬nador das armas.
Ferido nos seus melindres de soldado pundonor deixa as fileiras do exército (tendo participado ao todo de 19 batalhas, livrando a nossa Província de S. Pedro do R. G. do Sul da invasão estrangeira), consagrando-se inteiramente à vida tranqüila do lar, onde não iria atingi-lo nunca mais a inveja de uns e as injustiças de um príncipe inexperiente.
Enquanto o nosso governo assim procedia com a sua mais brilhante espada, as nossas forças do Rio da Prata começavam a experimentar sérios descalabros.
Nesta situação tão crítica para o país, o Gen. José de Abreu esquece as mágoas que tinha. Corre a S. Gabriel, organiza aí um corpo de voluntários e marcha para cumprir o seu dever de patriota. Pouco depois, a 20 de fevereiro de 1827, fere-se a célebre batalha de Ituzaingo, tão desastrosa para nós; e nem podia deixar de o ser, quando o exército de D. Carlos de Alvear, ocupando posição mais estratégica, tinha o dobro das nossas forças.
Nesse combate, porém, por um lamentável equívoco do Visconde e depois Marquês de Barbacena Marechal-de-Exército Felisberto Caldeira Brant Pontes, a tropa comandada pelo Gen. José de Abreu foi recebida pelos nossos, como inimigos e ele aí cai trespassado pelas balas dos seus irmãos de armas.
Esse homem, que nasceu na obscuridade de um rancho encravado no deserto e chegou, um dia, pelos seus rasgos de bravura, a ver o sol da glória faiscar sobre os bordados de sua farda de marechal, está até agora inteiramente esquecido, como um incógnito que passou pela vida.; esta a recompensa que a Pátria dá, quase sempre, aos seus mais ilustres servidores!
ALBERNAZ, MANOEL
Há cinco famílias Albernaz, procedente da Ilha do Faial e da Ilha de S. Jorge (Açores), que vieram povoar o Rio Grande de S. Pedro, no século XVIII.
As famílias de José da Silveira Albernaz, Antônio Pereira Albernaz e Antônio Luz Albernaz, fixaram-se na povoação do Rio Grande (RS); as famílias de Raymundo Albernaz e de José Albernaz, se fixaram no Rio Pardo (RS).
Maria Albernaz, nascida no Rio Pardo (RS), filha de Raymundo Albernaz, casou com o Capitão-mor Manoel de Macedo Brum da Silveira, tendo o casal sete filhos com enorme descendência, podendo mencionar-se: Manoel de Macedo Brum, casado com Bernarda Pires, filha do Capitão-mor Miguel Pires da Silveira Casado.
Manoel Macedo Brum tomou parte ativa na “Revolução Farroupilha” era “Juiz de Paz” e representou contra a posse do Presidente Araújo Ribeiro.
Raymundo Albernaz que possuía “uma sesmaria” ou seja três léguas de campo (150 quadras de campo ou, 13.068 ha de terras) na costa do arroio D. Marcos (Rio Pardo – RS), foi assassinado no Rio Pardo, em 1779.
José Albernaz, era casado com Rosa Maria de Belém residiu em Rio Pardo onde lhe nasceram três filhos: Manoel Albernaz, Joaquim Albernaz e Ana Albernaz.
Manoel Albernaz nasceu em 1776 e em 1816, obteve por concessão, uma sesmaria na fronteira de Rio Pardo, distrito de Caçapava.
Manoel Albernaz teve um filho com o mesmo nome que o seu; Manoel José Albernaz - II que foi valente prócer legalista, em 1835, combatendo os farroupilhas republicanos de Jaguarí (oriental) e Tacuarembó (Cisplatina).
ALENCAR, ARMANDO
Advogado
Natural do Rio Pardo, onde nasceu aos 28 de março de 1886; filho do Almirante Alexandrino Faria de Alencar (reorganizador da Armada do Brasil).
Esse ilustre magistrado formou-se em Direito, pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, do Rio de Janeiro (RJ), tendo terminado o curso em 1909.
Armando Alencar era casado com a pelotense Alice Ramos, de ilustre família rio-grandense, com quem teve nove filhos, todos casaram e em cargos militares, na justiça e na diplomacia, etc.
Pouco depois de formado, por Portaria do Ministro da Fazenda (20-01-1910), foi nomeado Fiscal do Governo Federal junto ao Banco da Província do RGS, cargo que exerceu até ser nomeado Auditor da Marinha, por Decreto de 15-04-1914; deixou este cargo, por permuta, pelo de Auditor de Guerra, no Rio Grande, para o qual foi transferido aos 26-05-1915.
No governo do Presidente Artur Bernardes, quando da reorganização da Justiça Federal, foi nomeado Desembargador da Corte de Apelação do Distrito Federal (RJ), por Decreto de 11-11-1926; aos 16-11-1937, foi nomeado pelo Presidente Getúlio Dorneles Vargas, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), tomando posse aos 22-11-1937, cargo do qual se afastou por aposentadoria, em maio de 1941, após novos e inestimáveis serviços à causa da Justiça.
Encerrando uma carreira notável no STF, ao despedir-se de seus colegas, entre outras considerações, assim se expressou o Ministro Eduardo Espíndola, em nome do Tribunal, sobre a sua personalidade:
“A sua brilhante carreira profissional, até então era um penhor seguro da dignidade e competência com que viria ocupar uma das cadeiras do mais elevado Tribunal do País. Descendente de uma das mais beneméritas figuras da história do Brasil, soube manter bem alto, embora em atividade pública diferente, o nobre nome de que é portador.”
O Presidente do STF, após falar largamente da carreira brilhante e cheia de serviços à causa pública do Ministro Alencar, teve a seguinte expressão:
“As intransigências do juiz íntegro e circunspecto não são incompatíveis com as boas maneiras e o trato ameno do profissional e do homem de sociedade.”
Como disse, foi com todas essas credenciais que ingressou no STF, o antigo Desembargador do Tribunal de Apelação do Distrito Federal (RJ).
Faleceu na sua propriedade rural, em Itaipava (RJ), aos 10 de abril de 1953 (com 67 anos de idade).
ALENCASTRE, SERAFIM JOAQUIM DE
Militar
Serafim Joaquim de Alencastre nasceu em 1809, no Rio Pardo; é filho do Brigadeiro Joaquim Antônio de Alencastre, que fez as Campanhas de 1801, 1811, 1812, 1817 e 1825.
Serafim de Alencastre assentou praça com 15 anos e em 1827 já era alferes mas, nesse último posto, manteve-se por 31 anos para não transigir ou pedir.
Prisioneiro em 1825, na Guerra da Banda Oriental (Uruguai), por ocasião do combate de Sarandi.
Foi um dos promotores de um levante de prisioneiros, esteve em Montevidéu e em 1828 assistiu a batalha de Ituzaingo.
Republicano em 1835, salientou-se no movimento chegando a tenente-coronel das forças farroupilhas, Deputado à Assembléia Constituinte e Ministro da Guerra e Marinha (apesar da repugnância que manifestou em aceitar tão laborioso encargo).
Escreveu poesias, das quais as mais conhecidas foram:
1 - Ode a Sebastião Mena
2 - Hino Farroupilha
Em 1844, foi anistiado depois de ter se apresentado no ano anterior em Caçapava, às forças imperiais.
Pertencia, em 1847, ao Estado Maior de 2ª classe. Oficial Maior, em 1851, da Secretaria Militar da Presidência, onde tinha as funções de escriturário.
ALMEIDA, DOMINGOS JOSÉ DE
Empreendedor Farroupilha
Gaúcho por adoção
Esse ilustre mineiro, nasceu aos 09 de julho de 1797, no povoado do Sumidouro, no Arraial do Tijuco - hoje, Diamantina (MG). Filho de Domingos José de Almeida e Silva e de Dª Escolástica Maria de Abreu.
Domingos José de Almeida veio para o Rio Grande em 1819, com o intuito de levar tropas de mulas do Sul, para vender em S. Paulo, mas deixou esse negócio aos 22 anos, para se estabelecer em Pelotas.
Em 1814, casou-se com Bernardina Barcellos de Lima, filha de Bernardino Rodrigues Barcellos; desse consórcio teve um único filho, batizado com o nome de Piratinino de Almeida.
Tornou-se um dos homens mais ricos do Rio Grande de S. Pedro, proprietário de charqueada e de uma empresa de transporte, com veleiros que operavam na costa brasileira, com a navegação de cabotagem. De seu estaleiro, saiu o primeiro barco a vapor, para navegar em águas da Província de S. Pedro.
Ao aderir à revolução logo no início, Almeida se tornou um de seus financiadores e um dos principais defensores da Proclamação da República.
Sua primeira missão, foi organizar o parque bélico farrapo, em Pelotas (RS); era ele quem harmonizava o trabalho dos ministérios.
Em 1838, fundou O POVO. O jornal dos farroupilhas, que durou até 1840; nesse ano, teve a idéia de fundar uma cidade na fronteira com a Argentina (no futuro, poderá fazer grande peso na balança política e comercial com nossos vizinhos) e encomendou a elaboração das plantas.
Em 18 de novembro de 1841, essa cidade Uruguaiana (RS), seria fundada.
Almeida morreu aos 06 de maio de 1871, aos 74 anos, em Pelotas (RS).
Almeida morreu aos 06 de maio de 1871, aos 74 anos, em Pelotas (RS).
FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 103-110 - Othelo Rosa -
ALMEIDA, BIBIANO FRANCISCO DE
Professor
Na graciosa povoação de Belém, nasceu Bibiano Francisco de Almeida, a 19 de setembro de 1838. Aí passara descuidosa a sua infância, na doce convivência do saudoso padre Chagas, que era tido na conta de um bom gra¬mático e afamado latinista.
Quando o bispo D. Feliciano fundou o Seminário, na rua da Igreja, Bibiano de Almeida matriculou-se aí com o firme propósito de tirar o curso de humanidades.
Foi nesse estabelecimento de ensino que se educaram distintos sacerdo¬tes, entre os quais devemos citar o Dr. José Gonçalves Vianna, notável orador sagrado e eminente professor; o padre Luiz Gonçalves de Brito, cujas excel¬sas virtudes ainda perduram indeléveis na consciência do povo e Luiz Pinto de Azevedo, que viveu no meio do seu rebanho, pobre, humilde, esquecido, sem ambições, quando a Providência o talhara com robusta envergadura para sustentar sobre os ombros as vestes dos prín¬cipes da Igreja.
A carreira eclesiástica não tinha seduções para Bibiano de Almeida, espírito irrequieto, mordaz, amando a sua liberdade acima de todas as coisas. A negra batina ser-lhe-ia mais pesada e esmagadora que unia armadura de ferro dos tempos medievais.
Com o seu gênio álacre, com o seu espírito satírico, a sua graça mali¬ciosa que se revelava a cada passo, ele podia ter sido tudo nesta vida - menos um bom sacerdote. E andou bem. A sua natureza não podia afazer-se à vida calma e mansa dos que se consagram de corpo e alma ao culto de Deus.
Saindo do Seminário, onde deixara vivíssimas recordações do seu gênio folgazão e onde ostentara em toda a florescência os raros dotes do seu talento de eleição, Bibiano de Almeida dedicou-se inteiramente à profissão espinhosa do magistério.
O inato pendor por esta carreira tão ingrata e tão penosa, tão cheia de injustiças e de sérias responsabilidades, não o iludira entretanto. Esse era o seu meio, a atmosfera em que devia viver mais à vontade. Em pouco tempo tornara-se o mestre mais querido e popular da cidade.
Era acessível aos seus alunos, tratando-os de logo com o maior carinho, como se já os conhecesse há muitos anos, como se todos fossem seus filhos.
Muitas vezes, para quebrar a monotonia na disciplina que ensinava, abria um parênteses na lição e contava, com a graça que lhe era ingênita, um ou outro episódio interessante dos seus bons tempos de seminarista, quando o velho padre mestre Santa Bárbara, do alto da sua cátedra, envolto na sua larga capa de seda preta, imponente e grave, com a consciência do seu justo valor, falava de Aristóteles ou Platão, com a serena majestade de Júpiter, presidindo um conclave de deuses no Olimpo.
Quando em plena aula, rodeado de seus alunos, Bibiano de Almeida evocava essas queridas reminiscências do passado, a voz tremia-lhe nos lábios e as lágrimas marejavam-lhe os olhos, exprimindo a extraordinária emoção que lhe ia na alma sensível e delicada.
As agruras da vida, as injustiças do mundo arrastaram-no para a mordacidade da epigrama, para a ironia da sátira; ninguém como ele sabia manejar o ridículo, ninguém como ele sabia ferir o infeliz que lhe caísse nas unhas. Depenava-o, em plena rua, sem piedade.
Nicolau Tolentino, Bocage e Laurindo Rabelo não o excediam na graça desenvolta, nem no veneno amargo da causticidade.
Se uma outra vez Bibiano de Almeida perdia a compostura solene do mestre para embeber a pena no fel da sátira licenciosa, era apenas para reagir contra os maus, que o perseguiam e buscavam escassear-lhe os meios de subsis¬tência.
Entretanto, Bibiano de Almeida foi sempre bom, meigo e carinhoso como só sabem ser as almas delicadas. Teve-se um ou outro desafeto, quem não os tem neste mundo, onde, parece, muitas vezes o bom trazem do berço um triste fado e os maus uma boa estrela!
No meio de todas as angústias que lhe iam à alma, no meio de todas as torturas que lhe dilaceravam o coração no lar, na roda dos amigos e entre os seus discípulos era de uma bondade infinita. Se algum dia foi mau na vida, foi só para si, para mais ninguém
Duas vezes exerceu ele o cargo de professor público, em Belém Velho e no 39º Distrito da capital. Neste último lugar não se manteve por muito tempo o abalizado mestre.
Um presidente liberal, homem inteligente, mas apaixonado em política, dando ouvidos a mexericos, resolveu demiti-lo de mestre escola.
Imputavam ao pobre professor uns artigos ferinos e bem traçados que apareceram no órgão da oposição. Entretanto, isto não passava de uma falsidade tecida por oficial do mesmo oficio. Esses artigos eram da lavra de um preceptor particular que, apesar de sua predileção pelo ensino da matemá¬tica, manejava a pena com fina graça e desembaraço.
Se Bibiano de Almeida fosse um nulo, um inepto ou um imbecil, ninguém seria capaz de atribuir-lhe a autoria dos artigos contra o presidente liberal. Como, porém, tinha talento, como tinha real mérito e ainda mais, como tinha coragem a oposição só podia partir dele que era conservador intransigente.
Se fôssemos um Esopo ou um La Fontaine, a moralidade do caso infelizmente seria esta: As vezes é uma grande desgraça a gente valer alguma coisa.
Enquanto o presidente liberal castigava injustamente o mestre-escola de incontestados méritos, entravam pela porta larga da instrução pública, em magotes, os engraxates e os batedores de caçarolas que iam levar em cassanje a luz do Evangelho, as nossas pobres crianças do sertão.
Perseguido pela adversidade e já alquebrado pelos anos, quis Bibiano mudar de terra para ver se mudava de sorte. Partiu para Pelotas e aí abriu um colégio de sociedade com o distinto filólogo João Affonso.
Algum tempo depois fixou residência na cidade do Rio Grande e começou a lecionar particularmente, com o desespero dos que lutam pela vida.
O caiporismo, porém, acompanhava-o por toda a parte, como se fosse a sua sombra, como se fosse a única recompensa dos seus grandes merecimentos.
Nessa luta sem tréguas, a ensinar as crianças que sempre amou com intenso carinho, finou-se a 5 de maio de 1892, um dos mestres de mais competência que tivemos.
Pobre nascera e assim morrera, ele que enriquecera a tantos com as gemas inestimáveis do seu profundo saber e do seu grande coração.
É bem possível que na hora derradeira, nas suas últimas agonias, o pobre mestre buscasse ainda reter no pensamento, como uma saudosa paisagem, que ia pouco a pouco esvaecendo entre as névoas da morte o risonho aspecto de Belém Velho, alcandorado no topo da montanha, com as suas casinhas brancas, alvejando ao longe, como um bando de gaivotas de asas abertas, que tentassem rasgar o doce açulamento das alturas.
Imputavam ao pobre professor uns artigos ferinos e bem traçados que apareceram no órgão da oposição. Entretanto, isto não passava de uma falsidade tecida por oficial do mesmo oficio. Esses artigos eram da lavra de um preceptor particular que, apesar de sua predileção pelo ensino da matemática, manejava a pena com fina graça e desembaraço.
Se Bibiano de Almeida fosse um nulo, um inepto ou um imbecil, ninguém seria capaz de atribuir-lhe a autoria dos artigos contra o presidente liberal. Como, porém, tinha talento, como tinha real mérito e ainda mais, como tinha coragem a oposição só podia partir dele que era conservador intransigente.
Se fôssemos um Esopo ou um La Fontaine, a moralidade do caso infelizmente seria esta: As vezes é uma grande desgraça a gente valer alguma coisa.
Enquanto o presidente liberal castigava injustamente o mestre-escola de incontestados méritos, entravam pela porta larga da instrução pública, em magotes, os engraxates e os batedores de caçarolas que iam levar em cassanje a luz do Evangelho, as nossas pobres crianças do sertão.
Perseguido pela adversidade e já alquebrado pelos anos, quis Bibiano mudar de terra para ver se mudava de sorte. Partiu para Pelotas e aí abriu um colégio de sociedade com o distinto filólogo João Affonso.
Algum tempo depois fixou residência na cidade do Rio Grande e começou a lecionar particularmente, com o desespero dos que lutam pela vida.
O caiporismo, porém, acompanhava-o por toda a parte, como se fosse a sua sombra, como se fosse a única recompensa dos seus grandes merecimentos.
Nessa luta sem tréguas, a ensinar as crianças que sempre amou com intenso carinho, finou-se a 5 de maio de 1892, um dos mestres de mais competência que tivemos.
Pobre nascera e assim morrera, ele que enriquecera a tantos com as gemas inestimáveis do seu profundo saber e do seu grande coração.
É bem possível que na hora derradeira, nas suas últimas agonias, o po¬bre mestre buscasse ainda reter no pensamento, como uma saudosa paisagem, que ia pouco a pouco esvaecendo entre as névoas da morte o riso¬nho aspecto de Belém Velho, alcandorado no topo da montanha, com as suas casinhas brancas, alvejando ao longe, como um bando de gaivotas de asas abertas, que tentassem rasgar o doce açulamento das alturas.
ALVES DE AZAMBUJA, GRACIANO
Advogado
Graciano Alves de Azambuja nasceu na cidade de Porto Alegre a 9 de agosto de 1847.
Aqui recebeu a instrução primária e secundária, tendo sido discípulo do erudito mestre Fernando Ferreira Gomes, que despertou nele o gosto pelas matemáticas, sem que entretanto seguisse nenhum curso de engenharia.
Estudou na Faculdade de Direito de S. Paulo, contemporaneamente com Piza e Almeida e Silva Paranhos, mais tarde Barão do Rio Branco (o nosso grande chanceler) e formou-se em direito.
De volta à cidade natal, aparelhado para a luta da existência, Graciano de Azambuja, que não tirava o seu chapéu aos preconceitos sociais nem ligava grande importância ao seu diploma de bacharel, desempenhou algum tempo o cargo de escrivão dos Feitos da Fazenda. A este respeito, assim se exprime o Dr. Alcides Cruz, seu amigo dileto:
“Assim foi que, sem embargo de ser possuidor do título de bacharel em direito, numa época em que a superstição pelo diploma acadêmico, era obstáculo a que o titular exercesse profissão diversa, considerada subalterna, ainda que rendosa e honrada como as que mais o forem, não trepidou em desempenhar a modesta escrivania dos feitos da fazenda, alicerçando em boa hora, com essa providência que caracteriza todo o homem equilibrado, um futuro risonho, para que pusesse à sua intei¬ra disposição, tempo e liberdade para os estudos e leituras de sua predileção”.
É que Graciano de Azambuja bem sabia, com o arguto espírito de observação de que era dotado, que em futuro próximo o bacharelismo no Brasil iria engrossar o quadro da burocracia.
Deixando a escrivania dos Feitos da Fazenda, o Dr. Graciano Alves de Azambuja consagrou-se inteiramente ao exercício da advocacia, em que foi mestre, tendo se iniciado nela, sob os seus auspícios, os doutores Júlio Prates de Castilhos e Ernesto Alves de Oliveira.
Era o mestre do forum: todos os advogados moços iam ouvir-lhe o conselho da palavra autorizada. Fez fortuna na nobre profissão e sem abandoná-la de todo, entregou-se ao estudo da botânica, tomando predileção pela floricultura e pelo cultivo das parasitas, das rosas e dos cravos.
Um dia lembrou-se de dotar ao Rio Grande do Sul com urna publicação periódica, digna do meio culto em que ia ser lida e apareceu o Anuário.
“Foi o Anuário, diz o escritor amigo que melhor o conheceu, a grande arena onde Graciano de Azambuja revelando-se o primeiro agrônomo rio-grandense, sustentou tenazmente, por muito tempo só, sem importar-se com o espírito negativista do meio, essa fecundíssima campanha pacífica em prol do renasci¬mento da agricultura rio-grandense, própria de um verdadeiro patriota, abne¬gada alma, dessas que só visam o bem estar da terra, esquecendo ambições, vencendo egoísmos, transpondo obstáculos.”
Durante vinte e cinco anos, Graciano de Azambuja dirigiu e publicou o Anuário, com talento incomparável e patriotismo inexcedível, o Anuário constitui uma obra vasta, e superior, sem rival no gênero.
Tudo quanto respeita ao Rio Grande do Sul, na história, na lenda, no folclore, na política, na admi¬nistração, na agricultura, no comércio, nas letras e artes, está compendiado nas páginas preciosas do Anuário.
É uma enciclopédia no gênero e o Dr. Graciano Azambuja deixou patente aí a pujança do seu variado saber e a ductilidade do seu talento.
Foi um eclético e manteve correspondência epistolar com sumidades científicas e literárias da América e da Europa, como o Dr. João Casper Branner, (geólogo notável e vice-presidente da Universidade de Palo-Alto, da Califórnia), o botânico sueco Lindmann e o grande romancista francês Huysmans, de quem possuía as obras com dedicatória autêntica.
Não obstante, ter tido reiterados convites, o Dr. Graciano de Azambuja nunca aceitou funções públicas no regime republicano, tendo entretanto feito parte da comissão diretora da Exposição Estadual de 1902 e representado o Brasil na exposição colombiana de Chicago, em 1893, em que desenvolveu notável ação. No antigo regime, a que ele parecia afeiçoado, foi membro conspícuo da Exposição Brasileiro-Alemã, em Porto Alegre, em 1881.
O Dr. Graciano Alves de Azambuja faleceu na cidade de Porto Alegre, a 07 de julho de 1911, tendo deixado um nome ilibado e a sólida reputação de grande erudito.
ALVES DE MESQUITA, CÂNDIDO
Militar
Cândido Alves de Mesquita era natural de São Vicente (RS), onde nasceu aos 17 de novembro de 1879; filho de José Alves de Mesquita que defendeu o “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense), na grande Revolução Federalista (1893-1895).
Desde o berço, o nosso biografado trouxe as suas convicções políticas que sempre soube conservar. As suas promoções se fizeram sempre por merecimento e atos de bravura, recebendo louvores constantes.
Em 1922, quando os ânimos dos dois partidos rio-grandenses (PL e PRR) denunciavam próximas hostilidades, o então Capitão Cândido Alves de Mesquita exerceu o cargo de Delegado de Polícia em Porto Alegre (RS); foi quando revelou as suas qualidades de homem ponderado, enérgico e justiceiro a ponto de merecer elogios dos homens de responsabilidade.
Reunindo os requisitos tradicionais do gaúcho, valente e nobre, nas revoluções de 1923 a 1926 esteve em constante contato com o inimigo. Ao deflagar a revolta o “PL” (Partido Libertador), achava-se em Erechim (RS), investido das funções de Delegado de Polícia; dali marchou imediatamente para Passo Fundo (RS), à frente de um esquadrão e combateu os rebeldes, em janeiro de 1923. Foi o primeiro choque e a primeira vitória legalista.
Desde então, não mais cessou em sua atividade militar, em comissões, diligências de responsabilidade e comando de forças.
Nos seus 31 anos de serviço na Brigada Militar do RGS, Cândido Alves de Mesquita só soube dignificar essa briosa força, elevando-a e elevando-se no meio dos camaradas de armas. Assentou praça em 1897, para reformar-se aos 31 de julho de 1928, no posto de coronel.
ALVES DE SOUSA, JOAQUIM
Farroupilha
Esse gaúcho ficou muito conhecido no Rio Pardo (RS), por Quinca da Botica, prócer da Revolução Farroupilha.
ÁLVES PEREIRA, VASCO
Barão de Santa do Livramento
Vasco Alves Pereira, filho legítimo de Joaquim Álves Pereira e D. Silvéria Jacques Pereira; nasceu na então, vila de Uruguaiana, aos 25 de dezembro de 1818.
Bem moço, ainda, começou a prestar serviços à Pátria, pois já na revolução de 1835, aos 17 anos, vemo-lo como oficial da guarda nacional, batalhando ao lado dos soldados da monarquia.
Promovido a major aos 25 de março de 1844, fez neste posto a campanha contra o ditador argentino D. Manoel Rosas, em 1852 e, por carta patente de 26 de novembro de 1858, foi reformado no posto de tenente-coronel.
Não se julgue, porém, que a sua reforma implicou em uma reintegração à vida tranqüila do lar. Não.
Declarada a guerra do Paraguai, o bravo rio-grandense ofereceu seus serviços ao governo imperial, os quais foram aceitos, sendo muito louvado o seu oferecimento, por ofício de 10 de agosto de 1865; mas ... daqui em diante folhearemos algumas páginas do brilhante registro de sua vida, pois feitos e datas históricas não se fantasiam.
Em 1º de dezembro de 1865, é nomeado para comandar o 14º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional.
Aos 23 de setembro de 1866, por ocasião do desastre de Curupaiti, sendo Vasco Alves Pereira comandante da 6ª Brigada de Cavalaria, atacou denodadamente à frente dos seus regimentos, ultrapassando as linhas de infantaria e só se retirando depois das repetidas ordens do comando em chefe, sendo ferido nessa ocasião. Foi elogiado, na mesma data, pelo co¬mandante em chefe.
Aos 03 de novembro de 1866 e aos 27 de abril de 1867 foi, respectivamente agraciado com oficialato e com comenda da Ordem da Rosa. Em “Ordem do Dia nº 118” de agosto de 1861, foi elogiado pelo co¬mandante em chefe Marquês de Caxias pelos serviços prestados na defesa do comboio de víveres, forragens, etc., que de Puiutí seguia para Puiu-cué, recebendo novo elogio em “Ordem do Dia nº 135” pela defesa de um segundo assalto, nas mesmas condições.
Aos 08 de julho de 1867 foi nomeado coronel da guarda nacional e elogiado em dezembro do mesmo ano por se ter distinguido no ataque de Puiutí.
Aos 02 de maio de 1868, foi agraciado com o 2º oficialato da Ordem do Cruzeiro. Aos 16 de agosto seguinte foi designado pelo Comando em chefe para com sua brigada, policiar a marcha do exército dirigido pelo marechal Argolo.
Aos “Ordem do Dia nº 272” recebe elogios pelos serviços prestados na Sanga Branca, onde com tino e intrepidez, desbaratou dois corpos de cavalaria inimiga, um dos quais ficou completamente desfeito com a morte de mais de 100 homens e 53 prisioneiros, escapando apenas o seu comandante e um cabo de esquadra; arrebatando sob fogo incessante do inimigo mais de 700 reses que eram levadas para Cerro Leão, por ordem de López, derrotando depois um corpo inimigo colocado na extrema esquer¬da para interceptar a passagem do Potreiro Marmoré, carregando com tal ím¬peto sobre a força inimiga que essa ficou completamente debandada, deixando 200 mortos sobre o campo e trinta e tantos prisioneiros que declararam que aquele corpo formado dos melhores soldados dos demais corpos de cava¬laria e cada um condecorado pelo menos com uma medalha.
Por decreto de 30 de janeiro de 1869, lhe foram concedidas honras de brigadeiro e pelo de 20 de fevereiro do mesmo ano, lhe foi confiada a medalha de Mérito Militar.
Aos 08 de junho de 1870, o governo imperial concede-lhe o título de Barão de Santana do Livramento.
Por decreto de 23 de setembro de 1870, foi-lhe concedida a pensão de 1:200$000 (um conto e duzentos mil réis), por ano.
Aos 22 de novembro do mesmo ano, foi concedido o uso da medalha comemorativa da rendição de Uruguaiana.
Todas estas distinções e honrarias o ínclito Barão bem as mereceu pelos serviços prestados no campo de batalha. Em Itororó, Angostura, Vilela, Tuiutí, Perchehuri, Campo Grande, Avaí, Lomas Valentinas e em outros combates, Vasco Alves Pereira assinalou com a sua bravura, atos de valor que a história registrou em suas páginas imorredouras.
Foi um herói consciente do seu valor e não um aventureiro de acaso; nele os dotes militares estavam no coração e na inteligência. Não se arriscava aos caprichos da sorte. Agia dentro de seus planos estratégicos, examinando os mapas e estudando o terreno. Por isso a vitória sempre lhe sorria.
Passados os períodos das guerras, o chefe militar cedeu o lugar ao chefe político e o Barão de Santana do Livramento começou a servir à Pátria, no campo das idéias com o mesmo ardor com que outrora a servira nos campos de comba¬te.
Foi chefe do partido liberal e manteve correspondências sobre negócios públicos com os senhores: Visconde de Pelotas, Conde de Porto Alegre, Marquês do Herval, Duque de Caxias, Conde d’Eu e outros.
O Barão de Santana do Livramento faleceu na cidade de Alegrete aos 05 de maio de 1883, com 64 anos; idade em que, dada a sua têmpera de luta¬dor e de eleito, podia ainda prestar serviços de valor à Pátria, que ele tanto idolatrava.
ALVES DE OLIVEIRA, ERNESTO
Advogado
Nasceu na cidade de Rio Pardo (RS), aos 21 abril de 1862; filho de Manoel Alves de Oliveira e de D. Rafaele Azambuja de Oliveira.
Era um gaúcho na mais rigorosa acepção desse termo, como ele mesmo dizia, com justo orgulho e legítimo desvanecimento, mas um gaúcho de extrema correção.
Em 1873, deixou o torrão nativo e foi estudar no Colégio Gomes, completando aí o curso de preparatórios.
Seguiu mais tarde para S. Paulo, a fim de matricular-se na Academia de Direito, onde bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1883, regressando pouco depois para o Rio Grande do Sul.
Desde os bancos do Colégio Gomes, foi sempre um dos mais sinceros pregoeiros da idéia republicana.
Em abril de 1883, assumiu a redação da Federação, conservando-se neste posto de honra até julho de 1889.
Quando se achava redigindo o órgão do governo, foi nomeado para exercer o cargo de inspetor geral da instrução pública.
Nessa elevada posição, pôs, desde logo em evidência, o seu interesse por este importante ramo da administração, onde deixou o cunho luminoso da sua passagem.
Era um homem de talento, ação, alma franca e generosa, uma das figu¬ras mais simpáticas do republicanismo histórico.
Pouco tempo, entretanto, aí se conservou; aos 21 de agosto de 1891, faleceu vitimado pela tuberculose.
ÁLVES, GLYCÉRIO
Advogado
Glycério Álves nasceu em Rio Pardo (RS), aos 08 de setembro de 1893; filho de Manoel Álves de Oliveira.
Casado com Dª Antonieta Pires donde recebeu 3 filhos: Maria Thereza, José e Manoel Geraldo.
O advogado Glycério era culto e político de escol, com atuação de relevo em ambas as faces de suas atividades. Revelou desde muito jovem, os predicados do verdadeiro gaúcho de antanhos > lealdade, nobreza e bravura; ao vê-lo falar ou agir, com a energia dos que caminham de cabeça erguida e a convicção dos que defendem a verdade, tinha-se bem logo a impressão da força do Direito e do poder de vontade, pela certeza de vencer.
Em 1915, como Juiz Distrital de Ijuí, quando ainda acadêmico, revelou exata aplicação das leis em sentenças que os Mestres do Direito não recusariam assinar.
Em 1918, como Promotor de Cachoeira, ao encerrar o curso, foi um defensor sincero da sociedade, inexorável ante o crime, mas sem paixões, nem injustiça.
E 1923, como Sub-chefe de Polícia da 4ª Região, quando da família Rio-Grandense degladiava, dividida em dois partidos inimigos, soube manter a ordem e fazer respeitar a sua autoridade dentro dos princípios legais, sem criar ressentimentos.
Em 1925, como Conselheiro Municipal, conquistou o respeito de seus pares e a admiração de seus munícipes pelo desassombro com que analisava as questões de interesse coletivo.
Em 1927, como Membro da Comissão Executiva do PR (Partido Republicano) de Cachoeira, provou o seu elevado idealismo Castilhista engrandecendo aquela agremiação política.
Em 1929, como Deputado Estadual, os Anais da Assembléia Estadual atestam uma diretriz segura, independente, de atividade franca e enérgica.
Na campanha de regeneração do nosso regime governativo, Glycério Álves exaltou o seu grande amor pelo Ri Grande do Sul e pelo Brasil, nos comícios públicos, pela palavra fluente, destemida e erudita; no campo de ação pela coragem e desprendimento pessoal, na coluna de Flores da Cunha.
No Álbum Republicano Castilhista, há uma fotografia na qual o Dr. Glycério Álves aparece montado em seu belo flete de guerra, aos 25 de outubro, voltando de Itararé (PR-SP), após o parlamento de que resultou a rendição das forças do Dr. Washington Luís Pereira de Lima, da presidência do Brasil.
ÁLVES, PROTÁSIO ANTÔNIO
Médico Catedrático
Nasceu na cidade de Rio Pardo (RS), aos 21 de março de 1859; filho de Protásio Álves e de Cândida C. Pessoa.
Casado com Geralda Cardia de cujo consórcio nascerem os seguintes filhos:
01 - Almir (formou-se em medicina);
02 - Cândida (tornou-se esposa do General Firmino Paim Filho);
03 - Breno (formou-se em medicina);
04 - Glauco (formou-se em direito);
05 - Hugo (foi funcionário municipal).
Protásio Álves era formado em medicina, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (RJ), onde doutorou-se em 1881; sua tese (aprovada com louvor), sob o título Dissertação, Paralelo entre a divulsão e a uretrotomia interna > sendo examinadores: o Barão de Maceió, Mota Maia e Nuno Andrade (que enalteceram a produção inaugural, rica de conclusões e proposições acertadas, escritas com estilo sóbrio e realçadas pela propriedade dos termos.
Tal era a inteligência, cultura, propensão natural, para o desempenho da arte dos Hipócrates e dos Galeno, que o novo esculápio gaúcho, que o Governo de Santa Catarina, convidou-o (logo após ter aberto consultório médico ma capital daquele estado), para superintender a comissão de saneamento da então cidade do Desterro (hoje, Florianópolis), na época sob o flagelo de cruel epidemia.
Viajou, para a Europa (Paris, Berlim e Viena), em busca de maiores conhecimentos, destacando-se na especialização a que se consagrara, ginecologia e obstetrícia; de regresso aos pampas, criou na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, a Enfermaria de Cirurgia de Mulheres (que lhe ostenta o nome, como reconhecimento), que recebeu dele a doação da primeira mesa de cirurgia, sendo ele que realizou a “1ª intervenção cesariana e com êxito, numa jovem mãe preta”.
Protásio Álves, foi uma das mais interessantes figuras do nosso cenário político; foi Secretário do Interior (perto de vinte e dois anos), servindo nos governos de Borges de Medeiros, Carlos Barbosa e Salvador Pinheiro Machado.
Foi o primeiro Diretor da Faculdade de Medicina de Porto Alegre (1896-1907).
Foi Vice-presidente do RGS, nos quinquênios 1918-1923 e 1923-1928, exercendo em diversos impedimentos também a presidência do Estado gaúcho. Deu grande desenvolvimento à Instrução Pública, no Rio Grande do Sul.
Faleceu em Porto Alegre (RS), aos 05 de junho de 1933, com 73 anos de idade.
AMARAL FERRADOR, JOSÉ DO
Militar
Filho de José do Amaral, que no Rio Pardo (RS) tinha o ofício de “ferrador” de eguariços, terminando seus filhos por acrescentar este nome ao seu próprio.
José do Amaral Ferrador, foi soldado de linha, ordenança do Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto e atingiu no 2º Corpo de Cavalaria, a graduação de Sargento, distinguindo-se pela valentia.
Irrompendo a revolução de 1835, passou para o lado dos republicanos e serviu nas forças do Tenente-coronel Francisco de Paula Sarmento Mena, cujo batalhão se formou no Rio Pardo, para engrossar as forças de Corte Real.
AMARAL LISBOA, CARLOTA DO
Educadora
Nasceu no Rio Pardo (RS); filha de Joaquim Pedro da Silva Lisboa e de Maria Carlota do Amaral Lisboa.
Irmã de Zamira Lisboa e de Ana Aurora, sendo devotada companheira das suas irmãs e com elas trabalhou e ajudou-as.
Envolveu-se na política, pois todas as três eram apaixonadas pelos princípios partidários que defendiam.
Carlota Lisboa faleceu em Rio Pardo (RS), aos 04 de outubro de 1924.
AMARAL LISBOA, ZAMIRA DO
Educadora
Nasceu aos 19 de outubro de 1856 e faleceu aos 15 de dezembro de 1944, no Rio Pardo (RS), sua cidade natal.
Filha de Joaquim Pedro da Silva e de Maria Carlota do Amaral Lisboa.
Zamira foi poetiza e educadora. Freqüentou, no Rio Pardo, as aulas regidas por Carolina Leitão e Rita Manoela da Silva Cardoso, revelando-se uma das primeiras da classe.
Doente, não pode freqüentar a Escola Normal de Porto Alegre, mas, perseverante, formou uma cultura como auto-didata, auxiliada por sua irmã Ana Aurora, que fizera o curso de professora.
Fundou-se em 1883, no Rio Pardo, o Colégio Amaral Lisboa, dirigido pelas três irmãs: Zamira, Ana Aurora e Carlota; tornou-se o Colégio Amaral Lisboa, padrão de admiração dos riopardenses, pela dedicação das mestras e pelo serviço prestado à cidade e ao município, pois pela escola passaram, em meio século, diversas gerações.
Zamira do Amaral Lisboa não só escreveu interessantes poesias ou era competente professora de letras mas também nos trabalhos manuais revelara um gosto apurado, podendo realizar assim, no seu educandário uma obra verdadeiramente ampla.
AMARO DA SILVEIRA, MANOEL
Advogado
Numa galeria de rio-grandenses ilustres não podia deixar de figurar, como “divo inter divos”, o Dr. Manoel Amaro da Silveira.
Descendente de uma notável família gaúcha que, na carreira das armas, das letras e na política, cintilou com brilho intenso e deixou um sulco assinalado, o distinto rio-grandense, desde as carteiras escolares até aos bancos acadêmicos, distinguiu-se sempre pela finura da inteligência e pelo amor ao livro.
Fez, por isso, um curso brilhantíssimo. Formado, voltou para a sua Província Natal. De logo, as lides políticas o absorveram. Era do tempo em que os dois partidos militantes na Província disputavam com ardor as posições. Entre liberais e conservadores não se extinguia nunca, nem mesmo arrefecia, a chama dos prélios eleitorais. Cada eleição era precedida de um longo preparo. A cabala saía à rua. Cada chefe político batia de porta em porta. Havia distribuição de roupas, de chapéus, de calçado, de dinheiro e de cacetes. Mas no dia da eleição, as ruas animavam-se. Era tal e qual o dia de procissão. O entusiasmo andava solto, como o diabo em dias de vento; entretanto, o candidato era tirado do seio do povo.
Foi este, o caso da eleição para deputado provincial do Dr. Manoel Amaro da Silveira. Conquanto liberal tradicional e homem de espírito cultivado, a sua modéstia o fazia retraído, arredio mesmo dos conchavos partidários. A esse seu retraimento foi arrancá-lo seu partido e o nome do ilustre rio-grandense saiu triunfante das urnas.
Uma vez lançado na política, o Dr. Manoel Amaro da Silveira tomou a peito o seu papel e em breve, se tornou uma das figuras de mais prestígio de seu partido.
Foi orador eloqüente, talento ativo e não houve, no seu tempo, melhoramentos na sua terra, nem serviços públicos, nem manifestações de progresso, que não fossem de sua iniciativa ou não tivessem o seu apoio, a sua defesa e o seu poderoso impulso. Foi uma vontade criadora, um benemérito.
ANDRADE NEVES FILHO, JOSÉ JOAQUIM DE
General
José Joaquim de Andrade Neves Filho nasceu na cidade de Rio Pardo, em 1842. Era o filho primogênito do legendário Barão do Triunfo.
Sentou praça a 23 de setembro de 1857. com destino a um dos corpos de cavalaria, estacionados em nosso Estado.
Em 1864, era aluno da Escola Militar do Rio Grande do Sul, quando irrompeu a guerra do Brasil contra o partido Blanco, que então dominava o Estado Oriental e cometia toda a sorte de violência contra os nossos patrícios ali domiciliados.
Em fins de dezembro desse ano, o nosso exército atacou a cidade de Paissandu que ofereceu heróica resistência, caindo finalmente em poder de nossas armas.
Andrade Neves Filho apesar de ser de cavalaria tomou parte ativa nesse ataque, pondo em evidência a sua bravura.
Em 1865, assistiu à rendição de Uruguaiana, e mais tarde, em 24 de maio de 1866, à grande batalha campal e aos combates de Curuzú, Curupaiti e Tuiucuí.
Servia sob as ordens do Barão do Triunfo e Marquês do Nerval, nos ataques do Passo-Pocu e Espinilho, distinguindo-se na batalha de Avaí e no reconhecimento de Lomas Valentinas.
Durante essa longa campanha, o nosso patrício destacou-se pelo valor e heroísmo em um sem número de combates. E até onde ia o glorioso Barão do Triunfo com toda a sua temeridade, lá ia também o filho, aprendendo nos belos exemplos do pai o caminho da honra e do dever.
De volta à Província, depois de tão longa ausência, filiou-se ao partido liberal, sendo eleito deputado à Assembléia Provincial contra a sua vontade.
Era de uma modéstia à toda a prova, não ambicionando posições de destaque, nem desejando aparecer fora da esfera militar.
Os últimos anos da existência, vivia retraído em doce aconchego do lar, onde sempre tinha um ou outro amigo do peito com quem palestrava.
Já alquebrado pela idade e, ainda mais, pelos estragos da tuberculose que trouxera do Paraguai e que o ia minando, pouco a pouco, sucumbiu, com grande mágoa para a Pátria, que perdeu um dos seus grandes filhos.
ANDRADE NEVES MEIRELES, JOSÉ DE
Militar
José de Andrade Neves Meireles era irmão do General Eurico de Andrade Neves > era casado com Alice Borges da Conceição, que era filha dos Barões d’Álves da Conceição, e do de Pelotas.
Também José de Andrade Neves Meireles ingressou na carreira das armas, atingindo ao posto de General do Exército Brasileiro.
O General José de Andrade Neves Meireles faleceu aos 03 de janeiro de 1938.
ANDRADE NEVES NETO, JOSÉ JOAQUIM DE
Advogado
José Joaquim de Andrade Neves Neto nasceu no Rio Grande (RS), em 1876 e faleceu na cidade de Stª Maria (RS), em 1918; era filho do General José Joaquim de Andrade Neves e de Francisca Rocha Ramos.
Bacharelou-se em Direito e casou-se com sua prima Ana Carolina de Andrade Neves.
Orador fluente e bom poeta; deixou um livro de versos, intitulado Violas Gaúchas (publicado em 1906) e um outro inédito intitulado Sonetos de Antero.
ANDRADE NEVES, ANTÔNIO FERREIRA DE
Médico
Antônio Ferreira de Andrade Neves nasceu no Rio Pardo (RS); filho do Sargento-mor José Joaquim de Figueiredo Neves (de Minas Gerais) e de Francisca Ermelinda de Andrade, que casaram no Rio Pardo (RS), em 1800.
Antônio casou-se na cidade de Porto Alegre (RS), em 1839, com Ana Clementina de Macedo, nascida no Rio Pardo (RS), em 1821; filha do Tenente Vasco Venceslau Pereira de Macedo e de Leonor Quirina de Saldanha.
Ana Clementina era neta do Coronel Engenheiro José de Saldanha Filho (de Lisboa – Portugal) e bisneta de do Ten-cel. José de Saldanha (também de Lisboa – Portugal).
Antônio Ferreira de Andrade Neves era neto paterno de Antônio Ferreira Neves e de Maria Josefa de Jesus - e neto materno do Tenente de Dragões Joaquim Thomaz de Andrade e Siqueira e de Maria Joaquina de Assunção.
ANDRADE NEVES, CARLOS LUIZ DE
Militar
Carlos Luiz de Andrade Neves, nasceu em 1846 e faleceu em 1899, atingindo o posto de Coronel do Exército Brasileiro.
Tomou parte nas guerras do Uruguay e do Paraguay, onde se distinguiu por atos de bravura, recebendo por isso, diversas condecorações.
Ajudante de Ordens e de Campo de Mena Barreto, do Barão de Jaguarão e de Medeiros Malet.
Foi Comandante do 8º R. C. de S. Gabriel (RS), sendo o 3º filho do Barão do Triunfo.
Carlos Luiz contraiu matrimônio com Ana Sion, natural do Paraguai, tendo o casal três filhos” Ana Carolina, que casou com seu primo José Joaquim de Andrade Neves Neto (Bacharel e poeta), Manoel Carlos (Capitão) e Carlos Luiz Filho (Professor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro – RJ).
ANDRADE NEVES, EURICO DE
Militar
Filho do Major Miguel Pereira de Oliveira Meireles e de Maria Adelaide de Andrade Neves.
Eurico de Andrade Neves era neto do Barão do Triunfo; ingressou no Exército, atingindo ao generalato.
Casou-se com Elvira Vieira da Costa, tendo o casal nove filhos e um deles, Carlos de Andrade Neves, foi Capitão do Exército e faleceu na Europa, em 15 de novembro de 1936, durante a Guerra Européia.
ANDRADE NEVES, JOSÉ JOAQUIM DE
Médico
Barão dos Santos Abreu
(Condecorado pela corôa portuguesa)
José Joaquim de Andrade Neves nasceu na “Fazenda São Lourenço” no município de Pelotas (RS), aos 26 de setembro de 1832.
Estudou os preparatórios em Pelotas, seguindo depois para o Rio de Janeiro, onde se doutorou na Faculdade de Medicina. Aí se salientou pela sua inteligência e dedicação aos deveres acadêmicos; concluído o curso veio para a terra natal exercer a sua profissão, tornando-se notável pela competência e desinteresse.
Durante muitos anos exerceu cargo de administrador na Sociedade Portuguesa de Beneficência.
* Para galardoar a sua dedicação, o governo português o condecorou com o título de Barão dos Santos Abreu.
Era um médico dedicado e caritativo. Ninguém batia inutilmente à sua porta. Com quase 70 anos faleceu, a 24 de julho de 1899, o ilustre médico que durante uma longa vida, só dera provas de competência e desprendimento.
ANDRADE NEVES, JOSÉ JOAQUIM DE
General
Barão do Triunfo
José Joaquim de Andrade Neves nasceu a 22 de janeiro de 1807, na cidade de Rio Pardo, que foi outrora um ninho de águias. Era filho do major reformado José Joaquim de Figueiredo Neves e de Francisca Ermilinda de Andrade.
Com 19 anos de idade, Andrade Neves sentou praça no 5º Regimento de Cavalaria, abandonando pouco depois a carreira das armas para auxiliar seu velho pai nos meios de subsistência da família.
Casou-se com Ana Carolina, falecida no Rio Pardo, em setembro de 1871, com quem teve três filhos: Maria Adelaide de Andrade Neves (casada com Miguel Pereira de Oliveira Meireles, que lhe deu 5 filhos); José Joaquim de Andrade Neves Filho (casado em primeiras núpcias com Francisca da Rocha Ramos, que lhe deu 5 filhos e em segundas núpcias com sua cunhada Mercedes da Rocha Ramos, que lhe deu 6 filhos); Luiz Carlos de Andrade Neves (casado com a paraguaia Ana Sion, que lhe deu 3 filhos).
Em 1835, quando rebentou a guerra civil no Rio Grande, Andrade Neves, deixando a rabiça do arado, alistou-se, voluntariamente, nas fileiras da legalidade; durante este glorioso decênio, tomou parte ativa em um grande número de combates, tendo se distinguido no ataque à ilha do Fanfa (no rio Jacuí), onde o Cel. Bento Gonçalves da Silva, chefe do movimento revolucionário farroupilha, caiu prisioneiro.
No combate de Taquarí, Andrade Neves recebeu dois ferimentos de ba¬la, conservando-se no seu posto, até a terminação da luta.
Sempre com a lança em punho, à frente de seus esquadrões, serviu à causa da legalidade, com inexcedível bravura, até a paz de Ponche Verde.
Concluída a revolução de sua terra natal, pôs a lança gloriosa a um can¬to de sua modesta vivenda e voltou de novo a lavrar a terra para tirar dela o pão de cada dia.
Em 1851, quando o Brasil levou a guerra ao ditador Rosas, tirano de Buenos Aires, Andrade Neves reúne um corpo de voluntários e marcha para o campo da luta.
Na memorável batalha do Moron, conquista novos louros o guerrilheiro gaúcho, já afeito aos embates das armas.
Em 1864, quando invadimos a República do Uruguai, para defender a vida e os interesses dos nossos patrícios, ia à frente da 3ª Brigada de Cavalaria o Gen. Andrade Neves.
Por ocasião do Sítio de Montevidéu, foi ele designado para atacar a fortaleza do Cerro, numa bela posição de defesa.
A 3ª Brigada avança, com a impetuosidade de um temporal desfeito, e a guarnição iça a bandeira branca nas ameias da muralha.
Terminada a campanha com a República do Uruguai, pelo tratado de 20 de fevereiro de 1865, o nosso exército marcha em caminho do Paraguai.
É aí nesse novo cenário, cheio de acidentes naturais e de mil surpresas, que o Gen. Andrade Neves se põe em foco, pela intrepidez, pela coragem e pela temeridade inexcedíveis.
As suas medonhas cargas de cavalaria, que faziam estremecer o solo por onde passavam, como se ali se sentisse um fenômeno sísmico, traziam à lembrança as hostes que voavam, em outras épocas, levando à frente o legendá¬rio Barão do Cerro Largo, cujo arrojo parece haver herdado o Gen. Andrade Neves.
Um e outro foram educados na mesma escola, onde só se ensinava o desapego da vida pelo amor da Pátria, onde só se ensinava a enfrentar a morte com o desassombro dos antigos espartanos.
Desde que penetrou no território do Paraguai, em meados de 1867, o Gen. Andrade Neves vai, de vitória em vitória, conquistando a imortalidade pelas suas façanhas de heroísmo.
Investe contra as trincheiras e toma-as à viva força, busca o inimigo em campo raso e desbarata-o completamente; persegue-o nos banhados e desfiladeiros, transpõe profundos fossos, como se não tivesse obstáculos diante de si.
As suas proezas de valor, os seus rasgos de temeridade parecem antes uma lenda criada pela imaginação ardente do povo do que fatos da vida real.
Nunca um título nobiliárquico foi talhado com mais propriedade do que o conferido ao Gen. Andrade Neves, o de Barão do Triunfo.
O país, conferindo-lhe esta distinção, quis ao mesmo tempo glorificar o grande herói que, em torno do seu nome, já formara uma legenda de valor e de incrível audácia, num largo ciclo luminoso de triunfo em triunfo.
Na sua longa existência jamais experimentou um revés, jamais virou o rosto ao inimigo.
Quando o Gen. Andrade Neves aparecia à frente de seus regimentos, ao ruidoso tropel dos ginetes, entre a mataria das lanças que faiscavam ao sol, sob a rubra palpitação das bandeirolas, ninguém seria capaz de o deter na vertigi¬nosa carga em busca do inimigo, como se o terreno que pisasse não tivesse acidentes para vencer, ia varrendo tudo por diante, como se fosse levado nas asas do pampeiro.
Infelizmente o grande herói não teve a ventura de ver a conclusão da guerra, para a qual havia concorrido com o seu sangue e o fulgor da sua espada invencível.
Ferido gravemente no Potreiro Marmoré, quando atacava uma trinchei¬ra, foi levado para Assunção, e recolhido ao velho palácio de López, onde expirou a 6 de janeiro de 1869.
Nos delírios da febre que o devorava, sob aquele clima de fogo, o bravo general, como se naquele trágico momento o animasse uma alma espartana, julgava-se, ainda, à frente dos seus esquadrões e atirando as cobertas, bradava:
“Camaradas!... mais uma carga!’...
ANDRADE NEVES, JOSÉ JOAQUIM DE
Militar
José Joaquim de Andrade Neves nasceu em 1842 e faleceu em 1900; era o 2º filho do Barão do Triunfo.
Fez as Campanhas do Uruguai e do Paraguai. Foi Ajudante do General Osório; ferido em Peribebuy.
Possuía várias condecorações, foi Comandante da Polícia e Deputado Provincial.
Sua primeira esposa era Francisca da Rocha Ramos; casou-se em segundas núpcias com Mercedes da Rocha Ramos (irmã da sua primeira esposa), filhas de Joaquim da Rocha Ramos e de Ana Moreira, de Porto Alegre (RS).
Teve o General José Joaquim, cinco filhos do primeiro e cinco do segundo matrimônio.
Foi convidado para ser Presidente da Província de Alagoas, não aceitou.
ANTUNES MACIEL, ANÍBAL
Barão dos Três Cerros
Era natural do Rio Grande (RS), nascido aos 04 de setembro de 1838; era filho do Coronel Aníbal Antunes Maciel (natural do Rio Grande) e de Felisbina da Silva (falecida em Pelotas, em 1870).
Era neto paterno do Capitão Francisco Antunes Maciel e de Maria Vicência. Pelo lado paterno era bisneto de Bernardo Antunes Maciel, natural de São Paulo, homem de destaque na defesa do Rio Grande do Sul e companheiro de Rafael Pinto Bandeira; e bisneto de Maria Francisca Duro (filha de Antonio Lopes Duro, que deu nome à Encruzilhada [Encruzilhada do Duro], onde teve campos) e de Gertrudes de Almeida.
O Barão dos Três Cerros também era irmão da “Baronesa de Arroio Grande” (tio da “Baronesa de Sobra” e primo do “Barão de São Luís” e do “II Barão de Cacequí”)
Era Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais; foi proprietário da “Fazenda São Pedro”, da “Fazendo do Pavão”, da “Fazenda do Paraíso” e da “Fazenda das Três Cruzes” > no Rio Grande do Sul e, da “Fazenda de Salsipuedes” e da “Fazenda Arroio do Meio” - no Uruguai.
Homem de rara inteligência e muito saber, extremamente caridoso desfrutou de largos prestígio social e político, em Pelotas (RS). Prestou relevantes serviços à Pátria, na Guerra do Paraguai.
Por Imperial Decreto de 26 de julho de 1884, foi agraciado com o título de Barão dos Três Cerros. Era Comendador da Imperial Ordem de Cristo e condecorado com a cruz de bronze da Campanha do Paraguai.
Foram-lhe concedidas as seguintes armas: Escudo, Legenda (Beneficentio e Premiu), Corôa e Brasão.
O Barão dos Três Cerros casou-se aos 11 de agosto de 1864, com Amélia Hartley de Brito, nascida no Rio de Janeiro (RJ) aos 17 de dezembro de 1848 e, falecida aos 14 de janeiro de 1919. Era filha do Comendador João Diogo Hartley e de Isabel Fortunata de Brito; neta paterna de John James Hartley e de Maria Carolina.
O Barão dos Três Cerros teve os seguintes filhos:
01 - Amélia;
02 - Isabel;
03 - Felisbina;
04 - Aníbal;
05 - Zilmira;
06 - Alzira.
Faleceu em Pelotas (RS), aos 22 de março de 1887.
ANTUNES MACIEL, FRANCISCO
Advogado e Conselheiro do Império
2º Barão de Cacequí
Nasceu em Pelotas (RS), em 1838; era filho do Tenente-coronel Eliseu Antunes Maciel (falecido em Pelotas, aos 16 de junho de 1881) e de Leopoldina da Rosa (falecida no Uruguai, aos 29 de outubro de 1895); era neto paterno do Capitão Francisco Antunes Maciel (filho de Bernardo Antunes Maciel e de Maria Francisca Duro), e neto paterno de Maria Vicência da Rosa; era também neto materno de Antônio Joaquim da Rosa e de Firmiana de Freitas.
Na opulenta e brilhante galeria dos rio-grandenses que honram a terra gaúcha por seu talento, por sua cultura e por sua ação política e social, ocupa um lugar de relevo o conselheiro Francisco Antunes Maciel.
Feitos os seus preparatórios, seguiu para S. Paulo e matriculou-se na Faculdade de Direito, mas, em meio do seu curso jurídico, um incidente escolar que ecoou em todo o país, obrigou-o a interromper os seus estudos e partir para Montevideo, onde concluiu o seu tirocínio acadêmico e tomou o grau de bacharel.
De regresso a Pelotas, seu torrão natal, abriu banca de advogado, conquistando logo um grande e justo renome no foro da Província. A política, fascinava-o e bem depressa o talentoso pelotense alistava-se no partido liberal, ao lado de Silveira Martins; fundou então e redigiu na cidade de Pe¬lotas o “Nacional” Órgão de propaganda e defesa dos seus ideais políticos.
Eleito em seguida deputado provincial, começou com intenso brilho a carreira parlamentar do nosso insigne patrício e em 1880, por ocasião de discutir-se o célebre projeto de esgotos da cidade de Porto Alegre, questão que naquela época tanto interessou e apaixonou o espírito público, Antunes Maciel que era orador eloqüente, tomou parte saliente no debate, conseguindo por meio de sua palavra arrebatadora, conquistar e dominar a massa popular que, com o fim de impedir a aprovação do referido projeto, se achava nas galerias e no próprio recinto da Assembléia.
Nome já vastamente conhecido no país, foi em 1881 eleito deputado geral, tendo nos dois últimos anos do Império, desempenhado na Câmara as funções de líder da maioria liberal em 1884 e da minoria em 1888.
Em 1883, estando no governo o partido liberal, o conselheiro Antunes Maciel foi nomeado Ministro do Império, no gabinete Lafaiete, salientando-se na gestão dessa pasta pela série de reformas legislativas que pretendeu introduzir. Entre estas contavam-se os projetos de lei enviados à Câmara, instituindo o casamento civil e extinguindo as ordens religiosas ou corporações de “mão morta” cu¬jo patrimônio achava que devia ser devolvido ao Estado. Como é dever, tais inovações levantaram enorme celeuma no Parlamento, na imprensa e os libérrimos projetos caíram.
Eleito novamente deputado em 31 de agosto de 1889, a proclamação da República, em 15 de novembro do mesmo ano, impediu-o de tomar assento na Câmara. Todavia o conselheiro Maciel aceitou o novo estado de coisas, sem, entretanto, renegar as idéias políticas por que se batera no Império.
Com Silveira Martins em Montevideo, dirigiu a campanha federalista de 1893, e em 1895, utilizando-se da lei da anistia voltou ao Rio Grande do Sul, tendo sido por morte daquele grande tribuno em 1901, aclamado presidente do Diretório Central do Partido Federalista.
Em 1905, por ocasião de ser posta em exercício a lei eleitoral Rosa e Silva, foi eleito duas vezes seguidas deputado pelo segundo distrito.
Foi Conselheiro do “Império do Brazil”; este, era irmão do “Barão de São Luís” e primo do “Barão de Três Cerros” e da “Baronesa de Arroio Grande”.
O Conselheiro Francisco Antunes Maciel faleceu na Capital Federal, a 13 de agosto de 1917, aos 70 anos de idade, tendo prestado serviços relevantes à Pátria e à sua terra natal.
Além de titular do Conselho do Império, o notável rio-grandense era oficial da Legião de Honra da França.
ANTUNES MACIEL, LEOPOLDO
2º Barão de São Luís
Em diferentes épocas, houve no “Brazil Império” dois Barões de São Luís, dos quais o segundo foi o Dr. Leopoldo Antunes Maciel; nascido em Pelotas (RS), em 1850 e falecido na mesma cidade aos 05 de maio de 1904.
Era filho do Tenente-coronel Eliseu Antunes Maciel (falecido aos 16 de junho de 1881, em Pelotas) e de Leopoldina da Rosa (falecida no Estado Oriental do Uruguai, aos 29 de outubro de 1895).
Leopoldo Antunes Maciel era neto paterno do Capitão Francisco Antunes Maciel e de Maria Vicência - e neto materno de Antônio Joaquim da Rosa e de Firmiana Freitas, que alguns de seus parentes são: o “Barão de Arroio Grande”, o “Barão dos Três Cerros” e o “Barão de Cacequi”, pois o 2º Barão de São Luís era irmão do primeiro e primo dos outros dois.
Casou com Cândida Moreira de Castro, falecida em 1876 e filha dos “Barões de Butuí” (portugueses).
O 2º Barão de São Luís era Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito de São Paulo (SP), onde se formou em 1870.
De grande prestígio e respeitosa consideração, em Pelotas (RS), ocupou importantes cargos eletivos e de confiança, durante o Império do Brazil, tais como:
- Vice-presidente da Província do Rio Grande do Sul;
- Comando Superior da Guarda Nacional, em Pelotas;
- Presidência da Câmara Municipal, em Pelotas (1879 a 1881).
Era de caráter dinâmico, espírito culto e de brilhante inteligência, soube impor-se entre seus pares como conselheiro abalizado e sincero.
Por Imperial Decreto de 05 de julho de 1884, foi agraciado com o título de Barão de São Luís.
Seu Brasão de Armas:
Um campo de prata, partido em pala (na primeira pala, duas flores de lís de azul, em pala) e (na segunda pala, meia águia de vermelho, estendida e armada de negro); e campanha partida em pala, tendo na primeira, de golés, uma pena sobre um livro de prata, aberto e com um mocho de sua cor, à sinistra; e, na segunda, de ouro, com uma serpe de sua cor; e por diferença uma brica de golés com um trifólio de sua cor.
Sua Divisa: Honor Vistutis Premium.
Sua Corôa: a de “Barão”.
Seus filhos, foram:
01 - Alaíde;
02 - Olga;
03 - Otília;
04 - Godofredo;
05 - Oscar;
06 - Leopoldo;
07 - Francisco;
08 - Córa;
09 - Adalberto;
10 - Breno;
11 - Leopoldo;
12 - Lourival.
ARAGÃO E SILVA, MANOEL CARVALHO DE
Manduca Carvalho
O Carvalhinho
Manoel Carvalho de Aragão e Silva, foi uma das belas, mais altas expressões da bravura gaúcha, cujo nome passa, pela epopéia farroupilha, entre feitos de intrepidez, de incrível audácia.
Em Carvalhinho, o intemerato lidador farrapo, admiravelmente se resumem os atributos da gente contienentina.
Nasceu em Cachoeira; era filho de Luís Carvalho da Silva (brioso militar das campanhas de 1816 a 1820) e de Maria Francisca de Aragão.
Quando irrompeu a Revolução Farroupilha, Manduca Carvalho alistou-se nas fileiras republicanas; soldado raso, cidadão que cingira a espada para servir a República, ia ele iniciar uma carreira gloriosa, em que percorrera todos os postos, até Tenente-coronel, conquistando-os no campo de peleja.
O seu nome, no decênio, tornou-se lendário; era um batalhador bizarro e ousado, juntamente com Teixeira Nunes, Antônio Manoel do Amaral, Manduca Polvadeira, Guedes da Luz e outros, Carvalhinho simbolizava a valentia tranqüila, o destemor soberbo dos riograndenses de antanho.
Dele, escreveu Silva Caldeira (Sargento Farrapo):
“O Tenente-coronel Carvalhinho era um dos bravos do nosso Exército. Como guerrilheiro, era audaz. Era um oficial bizarro. Na frente dos bravos cachoeirenses, fazia proezas. Este oficial era bem inteligente”.
Carvalhinho pelejou durante toda a Revolução Farroupilha. Na Ata da Pacificação, de
Ponche Verde, está a sua assinatura: Manoel Carvalho de Aragão e Silva (Tenente-coronel).
Dois fatos documentaram a audácia de Carvalhinho, aliás comprovada nos numerosos combates em que tomou parte, sempre com atrevido destaque.
Em 1841, quando o Marechal João Paulo dos Santos Barreto marchou para a campanha, estavam acampados nas proximidades do Arroio do Só, cerca de 700 homens de infantaria e de cavalaria, que iam incorporar-se ao Exército Imperial. Na calada da noite, Carvalhinho comandando 70 cavaleiros, bate de surpresa no acampamento, que invade, a galope, causando pânico e debandada.
O Tenente-coronel José Joaquim de Andrade Neves, depois “Barão do Triunfo” que comandava a força legal, choca-se com Carvalhinho, em meio da desordem e da confusão. Alvejam-se, ao mesmo tempo, errando os tiros, porém; e Carvalhinho, são e salvo, retira galhardamente, tendo causado sério dano à força do Império, com a sua façanha.
Em 1844, Carvalhinho, em companhia de Policarpo Pereira de Carvalho e Silva e, do Capitão Sezefredo Alves Coelho de Mesquita, estava almoçando na Estância do Capitão Fidelis Prates, no município de São Gabriel, quando a casa é cercada por um grupo de 30 legalistas, dirigido por Militão do Canto, que se propõe a prender os três farroupilhas.
Carvalhinho e seus amigos saem tranqüilamente, cavalgam os seus pingos e travam com os atacantes, uma luta homérica; em meio dela, partindo-se uma das rédeas, o cavalo do Capitão Sezefredo desembesta. Carvalhinho e Policarpo nem assim se intimidam e terminam por vencer os adversários, embora feridos.
Este fato inspirou ao escritor rio-grandense Aurélio Porto, o poemeto A epopéia dos farrapos.
Concluída a Revolução dos Farrapos, Manduca Carvalho, sem nada ambicionar, voltou à sua terra natal (Cachoeira), a ganhar com o seu trabalho, o pão de cada dia, como era do feitio moral dos legionários da República Rio-Grandense.
FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 161-165 - Othelo Rosa
ARAÚJO PORTO ALEGRE, MANOEL DE
Barão de Santo Ângelo
Manoel de Araújo Porto Alegre nasceu na cidade de Rio Pardo, a 29 de novembro de 1806 e faleceu a 29 de dezembro de 1879, em Lisboa.
Como era pobre, dedicou-se ao ofício de ourives, onde revelou, desde logo, delicado gosto artístico. Apesar de procurar no trabalho os meios de subsistência, com aquela observação brilhante de que o tempo é ouro, entregava-se ao estudo com a paixão dos espíritos superiores.
Tinha uma extraordinária inclinação pelas ciências naturais, admirando com íntimo prazer um molusco, um quartzo ou um pedaço de madeira petrificada que lhe caíam às mãos.
A sua paixão ia ao ponto de haver organizado um pequeno gabinete de história natural com espécimes obtidos, pelo seu esforço próprio, em plena natureza.
Galgava cerros, descia vales e entranhava-se pelos matos à cata de novos exemplares para as suas coleções de amador apaixonado.
Essas excursões eram feitas aos domingos ou dias feriados, quando a oficina em que trabalhava, mantinha as portas fechadas.
Apesar da sua inclinação pelas ciências naturais, consagrava-se ainda ao estudo de línguas e matemática para poder mais tarde se matricular numa escola superior.
Em 1826, deixou o berço natal, para freqüentar a Escola Militar do Rio de Janeiro; quando lá chegou, as aulas não funcionavam, era o período das férias.
Como não queria estar ocioso naquele meio de tentações, matriculou-se na Academia de Belas Artes, distinguindo-se desde logo pelo seu brilhante talento.
Tais foram os seus esforços que, na primeira exposição ali realizada, obteve prêmios de pintura e arquitetura, tornando-se com o correr dos anos uma glória nacional.
Não contente com os triunfos ali conquistados, dedicou-se também à cultura das letras, revelando o seu talento uma nova feição cintilante.
Em l831, já com um nome feito, seguiu para a Europa em excursão artística. Esteve na Itália, que era o seu sonho dourado, foi à Bélgica, Suíça, Inglaterra e a Portugal, apesar da escassez de recursos, para se manter no estrangeiro.
Nesta situação de dificuldades em que se via, o nosso governo conce¬deu-lhe uma subvenção, que não foi em pura perda.
Todo o tempo, que percorreu esses países, consagrou-se, de corpo e al¬ma, ao estudo das belas artes, deixando em toda a parte vestígios do seu brilhante engenho e profunda simpatia.
Voltando à Pátria em 1837, com a sagração do velho mundo, foram aproveitados os seus grandes méritos, em diversas comissões honrosas.
Em todas elas, imprimiu o cunho do seu invejável talento que se desdobrara, sempre radiante, em várias feições luminosas nos encantados domínios da arte, como o gênio de Leonardo da Vinci.
Era pintor, escultor, arquiteto, poeta, prosador, orador de palavra fácil e brilhante; serviu ainda no estrangeiro como nosso cônsul-geral na Prússia e em Portugal.
Quando os imperantes do Brasil foram á Europa, em viagem de recreio, Araújo Porto Alegre estava no exercício desse cargo em Lisboa.
No dia da chegada dos ilustres viajantes, o que havia de mais seleto na cidade acudiu ao cais para recebê-los.
Todos procuravam com a ânsia da curiosidade conhecer a imperatriz tão famosa já por suas virtudes, e não a distinguiam no meio daquela multidão em trajes aparatosos, de grande gala, quando ela estava ali despercebida no seu vestuário modesto.
Inquirido por um fidalgo impertinente, que a queria ver, Araújo Porto Alegre respondeu-lhe: É essa que aí vem; tem a majestade da singeleza.
Como este, citam-se muitos outros ditos fugazes, incisivos e faiscantes do nosso patrício não só nas palestras íntimas e na tribuna, como orador do Instituto Histórico, cargo que exerceu durante longos anos e só abandonou quando partiu para a Europa no desempenho das funções de cônsul.
Como homem de letras deixou-nos vários trabalhos, sobressaindo entre eles Colombo, as Brasilianas, a Estátua Amazônica, vibrante protesto inspirado pelo amor da Pátria contra os estrangeiros ingratos que vêm ao Brasil e, quando se retiram, buscam deprimir a terra que os acolheu de braços abertos.
Apesar de admirar Araújo Porto Alegre, como poeta, nota-se uma grande falha nos seus versos.
Parecia que não tinha coração: extasiava-se apenas diante da natureza agreste da Pátria que lhe aparecia sempre à retina com todos os encantos que deslumbram e entontecem. O seu olhar vivia inteiramente embevecido na contemplação das paisagens risonhas da terra nativa. A natureza virgem com todos os seus esplendores como que lhe esmagara o coração nas arcas do pei¬to. Era antes um pintor fiel e minucioso, apanhando a natureza em flagran¬te, na ocasião em que o machado do colono abatia largos trechos da floresta, o incêndio da queimada lavrava com estrepita intensidade pela solidão, on¬de, outrora, os caboclos viviam felizes e descuidosos.
A sua alma só se inspirava diante das cenas selvagens da pátria querida; fora desse circuito a sua lira emudecia, não vibrava, era um instrumento sem cordas.
Às vezes, parece que Araújo Porto Alegre nunca amou, nunca sentiu bater o seu coração diante de uma mulher formosa de olhos pecadores.
A opulência do seu gênio atrofiou-lhe as fibras delicadas do sentimento, onde os grandes poetas buscaram sempre a fonte perene da inspiração.
Mesmo sonhando, Araújo Porto Alegre era o esteta fino das tintas e dos mármores impassíveis, via a natureza através de uma esmeralda encantada mais de pintor e arquiteto que de fantasista e poeta.
ARAÚJO RIBEIRO, JOSÉ DE
Advogado - Diplomata - Cientista
Barão do Rio Grande e Visconde do Rio Grande
Aos 20 de julho de 1800, nasceu José de Araújo Ribeiro, na Estância Velha, situada no distrito da Barra (hoje, Barra do Ribeiro), município de Porto Alegre.
Era filho legítimo do comendador José Antônio de Araújo Ribeiro, um português à antiga de feitio austero, daqueles tipos retos dos tempos áureos do Condestável.
Na Barra passou ele a sua infância, vindo depois para Porto Alegre, “onde aprendeu tudo quanto se podia ensinar naquele tempo”. Com esse superficial preparo, embarcou para Portugal e cursou a Universidade de Coimbra, doutorando-se em Direito em 1823.
Por nomeação de 24 de julho de 1826, contando apenas 26 anos de idade, iniciou a sua carreira diplomática, na qualidade de secretário da legação brasileira em Nápoles.
A 18 de janeiro de 1828, passou a exercer o mesmo cargo em França e a 20 de dezembro do mesmo ano, foi encarregado de negócios nos Estados Unidos da América do Norte, de onde passou, a 20 de dezembro de 1833, a enviado extraordinário do Brasil na Inglaterra, em cujo caráter havia sido enviado a Portugal, em agosto desse mesmo ano, afim de cumprimentar a Rainha D. Maria II (recém restituída ao trono).
É vastíssima e bela a folha de serviços deste egrégio rio-grandense; representou o Rio Grande do Sul na Assembléia Geral; foi presidente de Minas Gerais, de 4 de julho a 4 de novembro de 1833; do Rio Grande do Sul, de 5 de fevereiro a 4 de julho de 1836 e de 20 de julho de 1836 a 04 de janeiro de 1837.
Nomeado a 19 de dezembro de 1837, enviado extraordinário em França, daí seguiu em missão especial para a Inglaterra, só regressando à França em 24 de dezembro de 1848, reassumindo o seu lugar na legação de Paris.
Da efervescência política de 1846, surgiu a idéia triunfante de argumentar a representação nacional e o Rio Grande do Sul foi contemplado com mais um senador. Araújo Ribeiro, que então se achava na Europa, foi inscrito na lista tríplice. Escolhido por carta imperial de 11 de agosto de 1848, o excelso rio-grandense prestou juramento e tomou assento no senado a 29 de novembro de 1849.
A ação diplomática e política deste vario preclaro, foi sempre conciliadora. Em Portugal, conseguiu estreitar as nossas relações com a coroa real, um tanto estremecidas devido aos sucessos anteriores e ulteriores à abdicação de D. Pedro I, em 1831.
Em França foi o espírito esclarecido e calmo que serenou os ânimos agitados pela questão do Oiapoc.
Na Inglaterra, em 1843, foi Araújo Ribeiro que desviou o golpe suspenso sobre nossa cabeça, pelo violento Bill Aberdeen, em 1845, aliás provocado pela tolerância do nosso governo com respeito aos abusos do tráfico africano; ainda assim, só se tornou efetiva a proibição do infame comércio em 1850, pela lei Euzébio de Queiroz.
A ação política de Araújo Ribeiro, no Brasil, foi igualmente concilia¬dora; nomeado presidente de Minas Gerais, em 1833, pouco antes de embarcar para a Inglaterra, ele, em quatro meses apenas, apaziguou a revolta que explodiu em Ouro Preto, por questões mesquinhas de politicagem de campanário.
Este mal desgraçadamente sempre existiu no Brazil. Quando estalou a revolução rio-grandense de 1835, o Regente Feijó lembrou-se imediatamente de Araújo Ribeiro para a obra da pacificação e este foi duas vezes nomeado presidente da província sublevada contra o governo do Centro.
Demitido a primeira vez, os legalistas enviaram, ao Rio o Dr. Joaquim Vieira da Cunha, a fim de solicitar a reintegração do presidente e o pedido foi prontamente atendido.
Quando se deu a segunda demissão, quiseram fazer o mesmo, mas Araújo Ribeiro não consentiu nisso.
Retirando-se da Europa em 1849, foi aposentado como ministro plenipotenciário, em 19 de janeiro de 1854 - encerrando o seu brilhante ciclo diplomático, o ilustre varão fixou residência no Rio de Janeiro e aí empregou os seus lazeres de senador ao estudo das ciências físicas e naturais, porque Araújo Ribeiro, não obstante a sua extraordinária cultura, foi, mesmo na velhice, um homem de estudos.
Em 1866, era nomeado Barão, com honras de grandeza, do Rio Grande e em 1874, elevado a Visconde com as mesmas honras.
Com o espírito preparado para os surtos conceptivos, profundo conhecedor dos seres e das coisas, com a inteligência amadurecida e trabalhada pela leitura ininterrupta e pela análise refletida das correntes filosóficas do tempo, José Araújo Ribeiro publicou em 1875 a sua notável obra O fim da criação da Natureza interpretado pelo senso comum, em que procura demonstrar que a terra é dotada de vida própria e se nutre como os entes organizados, crescendo constantemente.
Não é rigorosamente uma hipótese (diz ele) que vou oferecer eu à consideração do leitor; é, antes, uma série de fatos de que a terra se apropria, nos seus giros, de substâncias que existem fora dela e que como conseqüência natural dessas apropriações ela deve ter um crescimento.
Sílvio Romero, citado pelo Dr. Graciano de Azambuja, assim se exprime sobre o valor dessa obra:
“Ë um dos escritos mais notáveis publicados neste país, em que o seu autor revela uma grande tensão de espírito e um elevado senso crítico, declarando-se sectário do ‘darwinismo’ elucidando com vantagem muitos pontos obscuros da geologia brasileira e demonstrando suficientemente o fim principal que se propôs — tudo isto com trabalho sistemático, clareza na exposição e estilo simples e chão”.
Como homem, José Araújo Ribeiro foi o protótipo do patriota, do filantropo, do humanitário e caritativo; quando foi da tremenda crise financeira que assoberbou o Brasil por ocasião da guerra do Paraguai, ele contribuiu com todos os seus vencimentos de senador, em quantia superior a cinqüenta contos de réis.
Libertou escravos alheios, fardou-os à sua custa e mandou-os engrossar as fileiras do nosso exército por ocasião da inundação de Taquarí, mandou muitos contos de réis para socorrer as vítimas.
No seu testamento, fez importantes legados às Casas de Caridade de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, legando também aos pobres de Porto Alegre a sua magnífica baixela, aquela mesma com que banqueteavam nas capitais estrangeiras os grandes, os titulares, os fidalgos, as cortes e os ricos. Convertida em dinheiro, foi ela entregue ao Bispo D. Sebastião Dias Laranjeira para encarregar-se da sua distribuição.
Foi membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; José de Araújo Ribeiro foi um austero e um bom, na absoluta extensão do sentido.
No Rio de Janeiro, cerrou os olhos para a vida este varão preclaro, em julho de 1879, contando 79 anos de idade.
ARAUJO VERGUEIRO, NICOLAU DE
Médico
Nicolau de Araújo Vergueiro é natural de Passo Fundo (RS), era casado com Jovina Leite com quem teve um casal de filhos: Maria Vergueiro, esposa do Dr. Honório Malheiros (2º Notário de Passo Fundo -RS); e Ruy Vergueiro.
Por sufrágio do eleitorado republicano, Nicolau de Araújo Vergueiro já ocupou cargos de elevada representação e em todos os mandatos soube bem corresponder à confiança de seus companheiros políticos, consolidando o prestígio que desfrutou.
De muitos anos o Dr. Nicolau de Araújo Vergueiro foi o mentor da política republicana de vasta região serrana e teve a seu cargo a chefia do “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense), no município de Passo Fundo (RS).
Em 1923, foi um dos valorosos sustentáculos do governo do Dr. Borges de Medeiros na defesa dos princípios da legalidade, quando o “PL” (Partido Libertador) revolucionou o RGS; sob sua imediata direção, formaram-se vários corpos para-militares e o Dr. Nicolau de Araújo Vergueiro colocou-se à frente dos correligionários, tomando parte em combates travados no município de Passo Fundo (RS).
ARAÚJO VIANNA, JOSÉ DE
Maestro
José de Araújo Vianna nasceu em Porto Alegre (RS), a 14 de fevereiro de 1871 (ou, 10-02-1871), foi batizado em 01-01-1872 e faleceu no Rio de Janeiro, em 02 de novembro de 1916.
Em José de Araújo Vianna, malogrado compositor rio-grandense tão cedo arrebatado à vida, o talento musical fazia parte da tessitura psico fisiológica. Estava nos nervos e na alma. Por isso mesmo, bem cedo se manifestou e antes dele abrir o “abc” musical, já o seu espírito andava devaneando pelas regiões peregrinas da harmonia e da melodia em líricos com as musas que inspiraram as sinfonias de Mozart e de Beethoven.
José de Araújo Vianna ainda infante, passava os dias ao piano, teclando num cromatismo ainda hesitante, mas com pronunciada vocação, as valsas e as mazurcas, então em voga, ou ia espiar nas salas e nos lugares onde habitualmente se fazia música.
Um dia se tornou professor e penetrou alvoroçadamente na intimidade da divina arte. Começou a educar o seu gosto inato, a criar escola, a aperfeiçoar os seus conhecimentos técnicos e surgiu nele, já definido, o pianista exímio e o compositor notável que a morte, infelizmente, emudeceu em pleno vigor dos anos cheios de sonho.
Familiarizado com os clássicos, desde Bach até Beethoven, Araújo Vianna era um sinfonista admirável e conhecia todos os segredos da harmonia e do contraponto, tendo aprofundado e aperfeiçoado neste sentido, os seus estudos em Milão (Itália).
Aí e depois de regressar à sua pátria, atirou-se com ardor ao trabalho. É copiosa a sua obra esparsa, constando de romances para cantos e números para violino, piano e violoncelo. O Allegro apassionato para violino é uma de suas criações mais conhecidas e estimadas. Breve o maestro de rija envergadura, começou a revelar-se e afirmar-se nos seus vigorosos trabalhos sinfônicos ou composições para conjuntos de cordas ou orquestras, em que o talento e a sua técnica se mostravam e espraiavam.
Aos 28 anos, escreveu Araújo Vianna a sua primeira ópera > Carmela em um ato, foi representada com sucesso no “Theatro S. Pedro” (Porto Alegre - RS), em outubro de 1902. Mais tarde, recebeu a consagração da exigente platéia carioca; seguiu-se, Rei Galaor ópera tecida sobre o conhecido poema dramático do poeta português Eugênio de Castro. Se em Carmela a crítica notou reminiscências longínquas de Mozart, em Rei Galaor vaga uma influência de Beethoven, o que não é fora de propósito afirmar-se, que Araújo Vianna possuía uma personalidade artística própria, isenta de qualquer inspiração estranha. Nem Puccini, nem Mascagni que, à última hora, influenciaram tantos musicistas novos, puderam fazer pressão sobre o espírito criador do maestro rio-grandense, que aliás, votava àqueles compositores uma admiração quase elevada ao fanatismo.
Carmela e Rei Galaor são dramas líricos de altíssimo valor e bastam para conferir a Araújo Vianna um lugar de honra entre os mais afamados escritores de ópera modernos. Arte finíssima, inspiração delicada, técnica perfeita, eis os três raros predicados que faziam do compositor rio-grandense, uma figura inconfundível. Ele tinha escola sua e o seu temperamento artístico saía dos moldes alheios. Os seus nervos eram as cordas bizarras por onde ele afinava as suas composições magistrais.
Antes de morrer, escrevia a partitura do Y Juca Pirama sobre motivos de Gonçalves Dias.
ARAÚJO, EDUARDO ERNESTO DE
Advogado
Nasceu na cidade de S. Pedro do Rio Grande a 8 de maio de 1862. Esta cidade de aspecto monótono e melancólico, sem paisagens verdes nem vizinhança de morros pitorescos, nenhuma influência exerceu no feitio interior do nosso patrício.
Pelo contrário, Eduardo de Araújo foi sempre um espírito risonho e travesso, pouco ou nada propenso à melancolia. Ë verdade que no seu verso lírico predomina a nota da tristeza; mas. . era só tristeza poética.
Na terra do seu nascimento aprendeu as primeiras letras no Colégio S. Pedro, dirigido pelo professor Thibault e, em fins de 1874 ou princípios de 1875 embarcou para Portugal, indo freqüentar o Colégio de N. S. da Glória, na cidade do Porto, onde fez os preparatórios para matricular-se na Fa¬culdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Foram seus contemporâneos na academia, entre outros, Carlos Lobo d’Ávila, João Arroio, Luiz Magalhães, Antonio Feijó e Luiz Osório, notáveis na política, no jornalismo, na diplomacia e nas letras.
Formado em 1884 em ciências jurídicas e sociais, Eduardo de Araújo regressou ao Brasil, estabelecendo banca de advocacia na sua cidade natal.
Apesar de não ter livro publicado, o nosso patrício, a esse tempo, gozava da justa fama de excelente poeta. De fato, durante o tempo que esteve em Portugal, produziu incessantemente e os versos reveladores do seu fino engenho alcançaram ampla circulação, quando publicados nos jornais e revistas em que colaborava.
Espírito travesso e irônico, ele possuía uma boa dose de veia satírica, escreveu um sem número de sátiras e epigramas que, se fizeram mais de uma vez, estourar de raiva o fígado das vítimas, arrancaram surria¬das de riso desopilante aos leitores.
Como todo verdadeiro poeta, Eduardo de Araújo não perdia tempo nem fluído nervoso em buscar epítetos raros, nem armar frases campanudas e rimas bimbalhantes. Não. Seu verso era espontâneo, simples e claro.
Nisto está o elogio do poeta, de quem um seu contemporâneo na Academia e escritor disse, ao traçar-lhe a biografia:
“Quando for possível reunir em um volume tudo quanto ele escreveu em verso e que anda perdido nos jornais de Portugal e na memória das tricanas de Coimbra, talvez se conheça, então, em toda a beleza, em todos os seus traços angélicos e puros, em todo o seu fulgor de astro, o ideal daquela mocidade de artista, de poeta e de sonhador, que viveu confinada e comprimida entre o dever e as convicções sociais, como uma pérola de brilho ra¬ro em uma bivalva de conchas toscas e ásperas.”
O Dr. Eduardo Ernesto de Araújo faleceu na sua cidade natal, a 02 de janeiro de 1901, tendo exercido ai, com muita distinção, os cargos de promotor público e juiz distrital.
Político gaúcho, nascido em S. Gabriel (RS), aos 29 de julho de 1857.
Joaquim Francisco de Assis Brasil praticou o “tiro ao alvo” tornando-se exímio atirador. Certa feita, numa festa no Rio de Janeiro, lhe duvidaram de suas habilidades de pontaria com arma de fogo; mas pra que foi! Ele convidou o desafiante e seu amigo Alberto Santos Dumont (Pai da Aviação) a andar com passos lentos, equilibrando uma mação sobre a cabeça e num lampejo, pegou de uma carabina que sempre tinha ao alcance e “bum” > alvejou aquela fruta, partindo-a aos pedaços; o seu referido amigo quase se borrou todo e nunca mais duvidou dos dotes de Assis Brasil.
Formado em Direito, pela Faculdade de São Paulo, em 1882. Desde os primeiros de sua mocidade dedicou-se à causa republicana, como redator da “República” (órgão acadêmico de propaganda republicana).
Era elegante, erudito e rico, foi o mais brilhante do seleto “clube dos quatro” junto com Pinheiro Machado, Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, criadores do “Partido Republicano Rio-grandense - PPR”.
Ao contrário de seu futuro cunhado Júlio de Castilhos, formulador e teórico político de um radicalismo jacobino; previa, na fundação do partido em 1880, ser necessário enfrentar o Império até sua derrocada, mesmo que fosse preciso derramar um mar de sangue.
Não guardou, no entanto, este radicalismo em sua maturidade; em sua personalidade floresceu mais a vocação de diplomata.
Logo após a vitória da República, retirou-se da política gaúcha em 1891; não participou das refregas de 1893 (Guerra da Degola). Assim, esteve protegido dos ressentimentos que aquela sangrenta revolução deixou entre vencedores e vencidos.
Em 1885, casou-se com Cecília Prates de Castilhos (irmã do Dr. Júlio Prates de Castilhos, que depois, tornou-se seu adversário político), viuvando em 1895.
Foi deputado federal constituinte da primeira e segunda república, respectivamente em 1890 e 1933.
Em março de 1890, seguiu para Buenos Aires, como Ministro Plenipotenciário.
Em 1893, foi enviado em missão especial à China.
Em 1891, integrou a “Junta Governativa” que em seu Estado natal, substituiu ao Dr. Júlio Prates de Castilhos.
Em 1895, foi enviado a Portugal com o fim de resolver a questão diplomática surgida com o asilo aos revoltosos da Esquadra.
Em 1898, exerceu as funções diplomáticas como Ministro Plenipotenciário, nos EUA e no México. Retornando de lá, conheceu, enamorou-se apaixonadamente pela belíssima Lídia, à qual prometeu-lhe um castelo que ele mesmo idealizou, planejou, arquitetou e edificou em Pedras Altas;
Em 1903, assinou em Nova York, uma declaração em virtude da qual o “Bolivan Syndicate” renunciava, mediante indenização, à concessão que obtivera do governo boliviano, em 1901, para ocupar e explorar o então “Território do Acre”, conquistado, graças às ações do Gen. José Plácido de Castro (outro gaúcho, de S. Gabriel).
Em 1923, a “Aliança Libertadora” lançou a sua candidatura à presidência do Estado gaúcho, cuja eleição foi vergonhosamente fraudada a mando do então presidente.
Em 1928, fundou o “Partido Libertador” unindo as oposições contra Borges de Medeiros.
Em 1930, vitoriou-se a “Revolução de Getuliana” o Dr. Getúlio Dorneles Vargas designou-o para o cargo de Ministro da Agricultura.
Em 1931, foi designado Embaixador Extraordinário, na Argentina.
Quando retirou-se para o seu castelo (uma semi-fortaleza), em Pedras Altas, alí, o enciclopedismo de Assis Brasil revelou-se numa obra clássica sobre agronomia, na qual teorizava sua experiência de fazendeiro exemplar.
Conhecedor da realidade brasileira, a sua obra foi antes de tudo a de um publicista político, animado de sadio otimismo patriótico, inventou a “bomba de um mil furos” para chimarronear, introduziu o gado leiteiro “jersey” no Rio Grande do Sul - dentre outras iniciativas suas; aliás, a que não deveria ser homologada, foi a grafia do nome BRAZIL mudado, para BRASIL (porque, nome próprio não se altera - ainda mais, sendo na nossa língua portuguesa).
Escreveu:
Chispas (1877); República Federal (1881); História da República Rio-Grandense (1º vol. 1882); A Unidade Nacional (1883); Ditadura, Parlamentarismo e Democracia (1886); Do Voto e do Modo de Votar (1895); Do Governo Presidencial na República Brasileira (1896); Cultura dos Campos (1897); Idéia de Pátria (1918); O Brasil em Guerra (1919); Atitude do Partido Democrático Nacional (1929).
Faleceu vitimado por deficiência do coração, às 20 horas e 30 minutos do dia 24 de dezembro de 1938, no seu castelo, em Pedras Altas, município de “Pinheiro Marchado” (RS) antigamente denominado de “Cacimbinhas” > mudado pelo Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros (então, Presidente do Estado do RGS), para magoar seu adversário, o nosso biografado em questão.
Gaúcho de Porto Alegre, nascido em 1945. Embora de família fortemente ligada à formação do Rio Grande do Sul, passou a infância e parte da adolescência em Estrela (RS), zona de colonização germânica.
De volta a Porto Alegre, estudou com os Padres Jesuítas e seguiu o Direito, bacharelando-se em 1970. Durante os estudos e mesmo depois, atuou na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – OSPA, como violoncelista. A música, entretanto, foi substituída pela literatura e a prática da advocacia, pelo magistério superior.
Junto ao Curso de Pós-Graduação em Letras, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, coordena desde 1985, uma oficina de criações literárias, que já publicou cinco antologias, lançando meia centena de novos contistas.
Atuou na administração cultural, exercendo sucessivamente os cargos de Diretor do Setor Municipal de Cultura de Porto Alegre, Diretor da Divisão de Cultura do Município de Porto Alegre, Diretor do Instituto Estadual do Livro, em sua gestão deu início à série de AUTORES GAÚCHOS de repercussão nacional e internacional, por último, foi Sub-secretário de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que exercia o cargo de Conselheiro do Conselho Estadual de Cultura.
No inverno 84/85, foi bolsista do Goethe-Institut da República Federal da Alemanha. Por indicação do Ministério da Cultura, Celso Furtado, fez parte em 1986, da comissão especial com Affonso Romano de Sant’Ana, Pedro Paulo Popovik e Luiz Antonio Marcishe - que ofereceu sugestões para uma política oficial para o livro, no Brasil.
Atualmente, além das atividades docentes e também literárias, faz parte do Conselho de Administração do Teatro São Pedro, do Conselho Editorial da Universidade de Caxias do Sul e do Conselho Editorial da PUC-RS.
Catedrático convidado da Universidade dos Açores, Portugal (89 / 90), na cadeira de Literatura Brasileira.
O romance CÃES DA PROVÍNCIA tem uma singularidade: serviu de TESE de doutoramento em Letras, apresentado à PUC-RS, em agosto de 1987, tendo obtido a nota máxima da banca examinadora. Elogiado por A. Bosi, na sua história Concisa da Literatura Brasileira, foi recentemente incluído pelo “brasiliantist” Malcon Silverman na obra A MODERNA SÁTIRA BRASILEIRA.
Faz parte do livro de Cremilda Medina A POSSE DA TERRA. É objeto de estudos em livros de Regina Zilbermann, Antonio Hohlfeldt, Volnyr Santos e outros, À respeito de sua obra estão em andamento diversos trabalhos acadêmicos de maestro e doutorado.
PRÊMIOS RECEBIDOS
Prêmio Ilha de Laytano (1977), pela melhor obra do Rio Grande do Sul;
Prêmio Literário Érico Veríssimo (1988), dado pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, pelo conjunto da obra;
Prêmio Literário Nacional (1988), pelo livro “Cães da Província”.
OUTRAS OBRAS
Um quarto de légua em quadro (1976);
A prole do corvo (1978);
Bacia das almas (1981);
Manhã transfigurada (1982);
As virtudes da casa (1985);
O homem amoroso (1986).
Nasceu em Pelotas (RS), em 1830 e faleceu na mesma cidade em 1898.
Proprietário de muitas terras e figura expressiva da sociedade pelotense; era cunhado do “Visconde da Graça”.
Foi um dos maiores industriais da região; recebeu o título em 1888, de D. Pedro II.
Gabriel de Azambuja Fortuna era natural de Guaíba (RS), onde nasceu aos 21 de maio de 1878; filho de Manoel Alves Pires de Azambuja e de Marfisa Maia.
Casou-se em Porto Alegre (RS), no ano de 1902, com Alice de Laranjeira Fortuna com quem teve seis filhos: Carlinda, Antoninha, Carlos, Gil, Alice e Beatriz.
Entre os vultos que recomendam ao conceito dos seus concidadãos, por meritórias obras de invulgar repercussão coletiva, o de Gabriel de Azambuja Fortuna é, incontestavelmente, um dos mais respeitáveis.
Homem culto e inteligente, formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro (RJ), desde 1900, época em que retornou ao Rio Grande do Sul, deu eloqüentes provas de sua capacidade de ação, que no exercício de sua profissão de engenheiro, como técnico competente e experimentado, quer à serviço da política, solucionando questões partidárias em diversas comuna rio-grandenses.
Entre os vários cargos que assumiu na sua carreira particular e pública, destacam-se:
1 - Auxiliar Técnico da Comissão de Terras de Jaguary (RS);
2 - Diretor do Gasômetro Municipal, da cidade do Rio Grande (RS);
3 - Chefe da Comissão de Terras, com sede na cidade de Passo Fundo (RS), onde também foi Intendente (provisório), em 1916, como solucionador do caso municipal passofundense;
4 - Intendente (eleito) de Passo Fundo (RS), no período 1917-1920;
5 - Ajudante da Diretoria de Terras e Colonização, em Porto Alegre (RS);
6 - Diretor da 7ª diretoria do Tesouro do Estado;
7 - Chefe de uma das Carteiras do Banco do Estado do Rio Grande do Sul;
8 - Dirigiu o “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense) de S. Leopoldo (RS), no período 1918-1919, para cujo cargo foi nomeado, afim de solucionar e harmonizar várias questões políticas no município;
9 - Prefeito de Guaíba (RS), sua terra natal.
Nasceu na risonha povoação de Taquarí em 1844. Aí aprendeu as primeiras letras numa escola pública, indo continuar os seus estudos, como interno e já taludo, no Colégio Gomes, em Porto Alegre.
Concluídos os preparatórios, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se matriculou na Faculdade de Medicina, tendo terminado o curso com aprovações distintas.
Voltando à terra natal, foi clinicar em Taquarí, onde tinha muitos parentes e pessoas de amizade.
Filiou-se desde logo ao partido conservador, tornando-se em pouco tempo, pelo seu espírito poderoso, um dos chefes de mais prestígio.
Foi em diversas legislaturas, eleito à Assembléia Provincial, pondo em evidência o seu interesse por tudo que se ligasse ao progresso e desenvolvimento do Rio Grande do Sul, que ele amava estremecidamente.
Por indicação do conselheiro Gaspar Martins, que o considerava pelos seus elevados dotes de espírito, foi nomeado presidente do Rio Grande.
Assumindo o governo, procedeu com a maior correção, servindo aos seus companheiros políticos dentro dos limites do possível e distribuindo justiça a todos que subiam os degraus do palácio.
Teve uma administração séria, honesta, digna de si; quando deixou o poder, recolheu-se ao lar com a consciência de haver sabido sempre cumprir o seu dever; mas foram arrancá-lo a esse doce e virtuoso remanso, para fazerem-no presidente do Banco Emissor, fundado em Porto Alegre, nos primeiros anos do novo regime.
A morte, infelizmente, o surpreendeu quando o ilustre rio-grandense estava ainda no vigor dos anos, apto para prestar elevados serviços à terra gaúcha, que ele amava com aquela fortaleza de coração leal e constante, que era uma das muitas virtudes dos antigos.
Antonio de Azevedo Lima foi um dos homens mais populares e ben¬quistos de Porto Alegre, onde nasceu em 21 de janeiro de 1834 e faleceu na madrugada de 5 de outubro de 1898, em conseqüência de um insulto cere¬bral que o acometera, em plena rua, na tarde do dia anterior.
Dotado de fina inteligência e de uma atividade indefesa, este ilustre rio-grandense prestou serviços de relevância à sua cidade natal, a princípio corno procurador da Câmara Municipal e mais tarde como vereador da mesma.
Para que se faça uma idéia de quanto Antonio de Azevedo Lima era estimado no vasto círculo de suas relações sociais, basta dizer que quando, em sessão de 26 de setembro de 1873, a Câmara Municipal o nomeou para o cargo de seu procurador, gregos e troianos bateram palmas a essa nomeação e, quando 15 anos depois, em 14 de abril de 1887, foi aposentado no referido cargo, o “Conservador”, órgão do partido contrário no qual ele militava, assim se expressava a seu respeito: “Ao deixar aquele cargo o Sr. An¬tonio de Azevedo Lima, manda a justiça que se torne público que esse distinto cidadão desempenhou sempre suas funções com zelo, inteligência e probidade”.
“Foi pois justo o voto de louvor com que o honrou a ilustre edilidade; isto num tempo que a imprensa partidária primava na retaliação pessoal aos adversários políticos mas Antonio de Azevedo Lima, se como cidadão reunia um conjunto de qualidades simpáticas, como funcionário era um modelo de capacidade ativa e probidade, por isso, nunca lhe faltaram votos de louvarem documentos oficiais, sendo de salientar-se o que em sessão de 15 de junho de 1882 a Câmara mandou consignar em ata, pelo modo como em curto prazo ele liquidou a dívida do edifício do mercado”.
A popularidade e o grau de simpatia de que gozava Antonio de Azevedo Lima manifestaram-se superior e magnificamente, quando em 1887, pouco depois da sua aposentadoria, o partido liberal o apresentou candidato à eleição de vereador da Câmara Municipal.
Estava no poder o partido conservador. A vitória do seu candidato pa¬recia pois fora de qualquer dúvida, e estuda temeridade seria a do candidato da oposição que se aventurasse à sorte das urnas, Pois Azevedo Lima aventu¬rou-se e a 31 de agosto de 1887, era por grande maioria eleito vereador.
A este pleito, que foi renhidíssimo, precedeu uma acesa polêmica entre os dois órgãos dos partidos monarquistas militantes sendo que a Federação, órgão do partido republicano, várias vezes se manifestou simpática ao candi¬dato liberal.
A imprensa neutra ou sem cunho oficial, embora ligada a esta ou aquela facção partidária, não ocultava, neste lance, a sua predi1eção por Antonio de Azevedo Lima.
Ele bem merecia, pelo génio afável, trato jovial e cavalheirismo insinu¬ante.
Também poucos homens possuíam como ele o dom de fazer rir. Antonio de Azevedo Lima era um espírito travesso. Ao pé dele não havia tristeza que se não dissipasse a um simples gesto seu, a uma momice sua, a uma sua frase humorística, que ele as tinha espontâneas, borboleteantes e graciosas.
Seu amor pelas coisas do passado porto-alegrense era entranhado. Conhecia como poucos a crônica velha da cidade. Tinha um grande fraco pelas escavações” e neste feitio escreveu muito pelos jornais e para o Anuário do Rio Grande do Sul.
Em 1872 publicou com Inácio de Vasconcelos Ferreira o Almanaque de Porto Alegre que foi o primeiro trabalho que aqui apareceu leste gênero. De relevante interesse é igualmente a sua interessante Sinópsia de Porto Alegre.
Concluindo: Antonio de Azevedo Lima foi um trabalhador incansável. e. até a sua derradeira hora, mourejou sem cessar, legando a seus filhos um nome benquisto e honrado, e aos seus amigos, que eram quase todos quantos o conheceram, a saudade de uma palestra incomparável, de uma verve cheia de brilho misto não raro da esfuziante chalaça lusitana e da sutil charge gaulesa
O jornal A República, de 06-10-1898, noticia que o falecimento ocor¬reu no dia 04-10-1898.
Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 30 de janeiro de 1867; filho de Felicíssimo de Azevedo (1º Intendente de Porto Alegre) e de Maria Leocádia.
Freqüentou o Instituto Brasileiro de Apolinário Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul.
Doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, aos 24 de dezembro de 1889, com a defesa da tese sobre Estudo clínico da aphasia.
Aos 25 de janeiro de 1890, mudou-se para Santa Maria, onde iniciou a clínica.
Em 1908, empreendeu demorada viagem aos grandes centros europeus, cujas diversas clínicas freqüentou; retornando a Santa Maria, consagrou-se por inteiro à tarefa da direção do Hospital de Caridade, do qual é ele o maior Benemérito.
Ocupou, mais tarde, o cargo de Intende de Santa Maria, tendo tido oportunidade de prestar mais um relevante serviço à comuna satamariense, chamando para dirigir os estudos de engenharia sanitária, água e esgotos da “Boca do Monte”, ao eminente brasileiro Sturnino de Brito.
Casou-se aos 06 de junho de 1894, com Áurea Cezar, de cujo matrimônio nasceram os seguintes filhos:
01 - Aracy;
02 - Estela;
03 - Fernando.
O nome desse ilustre gaúcho, foi dado àquela tradicional casa de saúde, agora denominada Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo - em Santa Maria (RS).
Nasceu na cidade de Porto Alegre a 17 de setembro de 1823 e aprendeu as primeiras letras na famosa escola pública de Antonio Alves Pereira Coruja.
Aos 12 anos, seus pais o mandaram para o Rio de Janeiro e aí se empre¬gou por algum tempo no comércio, não continuando nesta carreira porque o seu caráter altivo não podia amoldar-se ao jugo que àquele tempo pesava sobre a classe caixeiral.
Decidiu-se então, a aprender o ofício de ourives e entrou para a oficina de Madame Gastal. Aos 21 anos de idade voltou para Porto Alegre e estabeleceu-se com ourivesaria contraindo matrimônio pouco depois.
Quando o Brasil tomou armas e marchou contra o tirano Rosas - Felicíssimo de Azevedo serviu no comissariado do exército, tendo nessa ocasião prestado muitos e relevantes serviços.
De volta da Argentina, tentou improficuamente o comércio em Jaguarão e nesta capital. Apresentou-se então em vários concursos na capital. para cargos públicos sendo sempre preterido pela politicagem reinante, apesar de tirar os primeiros lugares. Mas, como “quem porfia mata a caça”, Felicíssimo de Azevedo conseguiu um emprego na Fazenda. Não o exerceu, porém, muito tempo. O seu temperamento independente estava deslocado no funcionalismo. Abandonou-o, em 1880 foi ao Rio de Janeiro e pres¬tou exame, tirando a carta de cirurgião dentista.
Por esse tempo a propaganda republicana estava no período de maior atividade. Tendo os irmãos Apolinário e Apeles Porto Alegre, Luiz Lessegneur, Júlio Pacheco, Orlando Coelho e outros fundando o “Club Republicano”, foi o velho Felicíssimo eleito presidente.
Em janeiro de 1881 74 era fundada A Federação, o glorioso órgão do partido republicano e, Felicíssimo de Azevedo correu a colaborar com ardor no novo jornal político.
São notáveis os artigos que então escreveu com o pseudônimo de Fiscal Honorário, durante anos a fio, sobre pontos do programa do partido republicano e em defesa dos interesses municipais.
Em 1887, sob o peso dos seus trabalhosos 64 anos de idade, fez uma excursão de propaganda republicana à região serrana, obtendo inúmeras adesões.
Foi o primeiro republicano que conseguiu ser eleito vereador da Câmara Municipal de Porto Alegre — a última da monarquia, em 1888. Aí abraçou e defendeu brilhantemente a questão “plebiscito” ou consulta à nação sobre o 3Q reinado, questão essa levantada então por Aparício Mariense, na câmara de S. Borja.
Feita a República foi o primeiro intendente republicano que, em pleno período de organização do novo regime, teve o município de Porto Alegre, tendo prestado neste posto os mais assinalados serviços, e levando o seu escrúpulo, o seu desvelo pela “república” a ponto de ir em pessoa fiscalizar os serviços pendentes de sua administração.
Pouco depois, a sua inteligência de princípios e rigidez de caráter obrigaram-no a resignar esse cargo.
Era inflexível neste ponto, obedecia aos princípios e não ao partidarismo; cidadão, o ninguém como ele amava a sua cidade e defendia os interesses de seu município. Deu disto, sobejas provas quando foi da célebre questão dos terrenos da várzea.
Diversos particulares apresentavam-se como proprietários de terrenos naquele logradouro público, e o nosso preclaro patrício tomou a peito confundi-los — o que conseguiu amplamente, mediante copiosa documentação e provas irrefragáveis.
Custou-lhe isto um imenso trabalho, pois andou correndo repartições públicas, revolvendo arquivos, treinando campos e ruas, examinando plantas e mapas; mas desmascarou e confundiu os pretendidos donos da várzea.
Todo esse enorme trabalho Felicíssimo de Azevedo fê-lo tão somente por amor à justiça e reivindicação da verdade violada por particulares interesseiros que queriam se apoderar, por meio de escrituras simuladas, de terras pertencentes ao município. A paga deste serviço teve-a logo: foi o coice da ingratidão.
O velho republicano, porém, não se deu por achado. Votado ao ostracismo, e já nos últimos anos de sua vida, fez-se colaborador do “Correio do Povo” e pelas colunas deste grande órgão de publicidade estampou a crítica dos negócios municipais com a mesma elevação de vistas e calor com que havia nas idades moça e viril abordado e debatido as questões sociais, econômicas ou políticas.
Felicíssimo de Azevedo foi um caráter inflexível, e manteve a linha de austeridade até a hora da morte, ocorrida a 2 de julho de 1905. Era filho legítimo de Joaquim Manoel de Azevedo, antigo Inspetor da Tesouraria e D. Teresa Joaquina de Azevedo.
José Paulino de Azurenha, o melhor cronista literário rio-grandense, foi um herói do trabalho e deixou nome nas letras de sua terra, porque, realmente, teve um alto valor. Artista gráfico das oficinas do Jornal do Comércio.
Um dia foi Paulino de Azurenha, com maneiras tímidas, mostrar ao diretor, uma produção poética de sua lavra; era um soneto. O redator surpreendeu-se, sobretudo, o lavor da forma, em época que tão pouco cuidado os nossos poetas do sul davam a ela. O soneto, como se sabe, é a “pedra de toque” por onde se conhece o quilate do poeta e o moço tipógrafo, nessa produção, se revelava não só um poeta de mérito, como um raro, um consumado artista.
O moco foi tirado dos caixotins e dado a ele colocação mais consentânea com a sua inteligência no escritório do jornal.
Em breve, Paulino de Azurenha completou a sua educação literária, mais tarde, quando Caldas Júnior se resolveu a fundar o “Correio do Povo”, foi ele um dos eleitos para seu companheiro de jornada e glórias jornalísticas, e também o único de que Caldas Júnior, muitas vezes, aceitava os conselhos e acertadas ponderações.
No “Correio do Povo”, o talento dúctil de Paulino de Azurenha manifestou-se sob variegadas facetas. Não obstante seus muitos afazeres na folha, revisor, noticiarista e repórter, Paulino de Azurenha escreveu aí, sob o pseudônimo de “Leo Pardo”, as suas brilhantes crônicas do “Seminário” que darão uns dois ou três volumes de excelente prosa, onde se encontra, de período em período, o torturado culto da forma. De resto, Paulino de Azurenha não teve na vida literária outra preocupação.
Burilando um soneto, ritmando um epitalâmio, bordando um “seminário” ou simplesmente escrevendo uma corriqueira notícia de escândalo amoroso ou de furto vulgaríssimo, Paulino de Azurenha punha em ação todo o seu nervosismo estético.
Entre centenas de notícias, contendo fatos das ruas, dos cafés ou .das tavernas, em que a polícia teve de intervir, as de Paulino de Azurenha são logo conhecidas pelo seu “savoir-faire” de artista.
Este rútilo artista do verso e da prosa faleceu, repentinamente em Porto Alegre, onde também foi o seu nascimento, sem ter deixado um livro impresso, havendo entretanto espalhando matéria para muitos e brilhantes, por jornais e revistas.
Que os seus muitos admiradores, não deixem cair em terreno estéril esta idéia.
Natural de Pelotas (RS), nasceu aos 08 de abril de 1851 e faleceu em Jaguarão (RS), aos 23 de setembro de 1933; foi um grande médico e um hábil político gaúcho.
Fez seus primeiros estudos em sua cidade natal. Em princípios de 1866 seguiu para o Rio de Janeiro, onde concluiu com brilhantismo, o Curso de Humanidades, no Imperial Colégio D. Pedro II e o Curso de Medicina, em 1875, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, especializando-se em cirurgia.
Mais tarde, seguiu para a Europa. Em Paris freqüentou o Hospital Necker e o do Val-de-Grâce, onde foi chefe de clínica, por dois anos, especializando-se em medicina interna, obstetrícia, oftalmologia e cirurgia.
No convívio de seus colegas da capital francesa, ficaria o jovem médico imbuído das idéias republicanas que lhe dariam rumo na política de sua terra.
Voltou ao Brazil, em princípios de 1879 e da Capital do Império Brasileiro dirigiu-se para Jaguarão, na Província do Rio Grande do Sul.
Começando logo a trabalhar na profissão, foi sempre o médico humanitário, consciencioso e competente, não só em Jaguarão, como na vizinha República Oriental do Uruguai.
Iniciado nas lutas políticas, viu pela frente duas grandes figuras do Partido Liberal, a defender as prerrogativas monárquicas, os Conselheiros José Francisco Diana (seu antigo mestre) e Henrique Francisco D’Ávila (chefes regionais do partido).
Proclamada a República e eleitos os primeiros deputados à Constituinte Estadual, Carlos Barbosa foi escolhido para uma de suas cadeiras, embarcando para Porto Alegre, a tomar posse.
Aos 25 de julho de 1893, foi nomeado pelo Presidente Dr. Júlio Prates de Castilhos, seu eventual substituto.
Aos 25 de janeiro de 1908, Carlos Barbosa venceu a eleição para a Presidência do Estado, perante a Assembléia dos Representantes e tomou posse do Governo do Rio Grande do Sul, governando até 25-01-1913.
Dentre as inúmeras realizações de sua vasta obra administrativa, cumpre salientar > as obras do porto e barra do Rio Grande do Sul, a construção dos edifícios do Arquivo Público e da Biblioteca Pública e quartéis da Brigada Militar, a elevação de Caxias à categoria de cidade, a municipalização da Colônia de Ijuí, etc.
Em 1920, foi eleito Senador pelo Rio Grande do Sul. Reeleito em 1927, exerceu a presidência da Comissão de Diplomacia e Tratados na Câmara Alta.
Em 1929, por motivo de sua precária saúde, renunciou à cadeira, recolhendo-se definitivamente a sua terra natal.
Luiz Carlos Barbosa Lessa nasceu aos 13 de dezembro de 1929, numa chácara nas imediações da histórica Piratiní (1ª Capital Farroupilha).
Cursou o ginásio na cidade de Pelotas e, aos 12 anos, fundou um jornalzinho escolar > O GONZAGUEANO, no qual publicou seus primeiros contos regionais ou de fundo histórico.
Transferiu-se para Porto Alegre, para cursar o 2º Colegial (atual Ensino Médio). Aos 16 anos, já colaborava em uma das principais revistas brasileiras de cultura > a PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO e obteve seu primeiro emprego como revisor e repórter da REVISTA DO GLOBO.
Formando com seu amigo Paixão Côrtes uma abnegada dupla de pesquisadores, de 1950 a 1952, realizou o levantamento de resquícios de danças regionais e produziu a recriação de danças tradicionalistas. Resultado dessa pesquisa da dupla foi o livro didático "Manual de Danças Gaúchas" e o disco long-play (o terceiro LP produzido no Brasil) "Danças Gaúchas", na voz da cantora paulista Inezita Barroso.
Foi um dos fundadores do primeiro Centro de Tradições Gaúchas - CTG, o “35 CTG” juntamente com João Carlos Paixão Côrtes, Glaucus Saraiva e Hélio José Moro. Foi aí que retomou seu interesse pela música regional.
Fundou também o conjunto musical batizado de OS MINUANOS (nome de uma das antigas tribos indígenas do Rio Grande do Sul).
Bacharel pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (UFRGS), 1952.
Em 1956, montou um grupo teatral, para a apresentação de sua comédia musical Não te assusta, Zacarias! e saiu divulgando as danças e os costumes gauchescos por todas as regiões do Rio Grande do Sul, colhendo aplausos também nas cidades de Curitiba e São Paulo.
Recebeu muitas premiações por seu trabalho na área literária; Barbosa Lessa publicou, entre outras obras:
A Retirada de S. José do Norte (1946)
Chimarrão, história da Erva-mate (1953)
O Sentido e o valor do tradicionalismo (1954)
Manual de danças gaúchas - em parceria com Paixão Côrtes (1956)
Não te assusta, Zacarias (1956)
Boi das aspas de ouro (1958)
A Rainha de Moçambique (1958)
Os Guaxos (1959)
Estórias e Lendas do Rio Grande do Sul (1960)
História das Missões
Nova História do Brasil (1967)
Aventuras na Serra do Pinto
O burrinho Marco Pólo
Danças e Andanças da Tradição Gaúcha - em parceria com Paixão Côrtes (1975)
Rodeio dos ventos (1978)
História dos índios (1986)
República das carretas
Tesouros do Arroio Grande
São Miguel da Humanidade
Mão Gaúcha
Borges de Medeiros
Nativismo
Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo
Barbosa Lessa foi “Secretário da Cultura, Desporto e Turismo do Rio Grande do Sul” no governo de José Augusto Amaral de Souza, desenvolvendo um trabalho de divulgação e valorização da cultura gaúcha.
A fauna e a flora ainda virgem dessa sua propriedade, conservam espécies raras, vivendo em seu meio muitos bugios, somando a uma beleza natural.
Barbosa Lessa, historiador Latino-Americano é, com certeza, a maior autoridade do Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG.
Em novembro de 1988, teve aprovada no IV Congresso Internacional da Tradição Gaúcha realizado em La Plata (Argentina), a definição geográfica da área abarcada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Ele afirmava que o “Círculo da Tradição” preza pelo ritual do CHIMARRÃO e pela fraternidade universal.
Incentivou a realização do Primeiro Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul, levado a efeito na cidade de Santa Maria, em 1954, quando apresentou e viu aprovada sua tese de base socióloga "O Sentido e o Valor do Tradicionalismo", definidora dos objetivos desse movimento.
Residiu na capital paulista até 1954, envolvido com produção de rádio, televisão, teatro e cinema, detendo-se finalmente na área de propaganda e relações públicas. Chefe de grupo de criação da Jr. Walter Thompson Publicidade e chefe de relações públicas do Banco Crefisul de Investimentos.
Voltou a Porto Alegre em 1974, já como especialista em Comunicação Social, tendo trabalhado na Mercur Publicidade e Companhia Riograndense de Saneamento, CORSAN. Aposentou-se como jornalista em 1987.
Entrementes, na administração de Amaral de Souza, foi Secretário Estadual da Cultura, tendo então idealizado para Porto Alegre um centro oficial de cultura acadêmica, que veio a pré inaugurar em março de 1983: a Casa de Cultura Mário Quintana.
Mantinha pequena reserva ecológica no município de Camaquã, onde residia com sua esposa Nilza, dedicada à produção artesanal de erva-mate e plantas medicinais, em Água Grande (município de Camaquã – RS), onde mateia com erva-mate nativa, preparada em sua propriedade, sob o pilão de um monjolo movido pelas águas de suas belas cachoeiras.
Filhos: Guilherme, analista de sistemas, residente em Porto Alegre e Valéria, casada com norte-americano e residente no estado de New Jersey, USA.
Teve destacado nome na música popular, dentre as quais, sempre de cunho gauchesco, destacam-se "Negrinho do Pastoreio", "Quero-quero", "Balseiros do Rio Uruguai", Levanta, Gaúcho!", "Despedida", bem como as danças tradicionalistas em parceria com Paixão Côrtes.
Foi Conselheiro Honorário do MTG - Movimento Tradicionalista Brasileiro.
Faleceu aos 11 de março de 2002.
Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 25 de setembro de 1906; fez o estudo primário no Colégio Cecília Corseuil du Pasquier e o secundário nos Ginásios Anchieta e Júlio de Castilhos, em sua cidade natal.
Formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, em 1927, defendendo a tese de doutoramento, que versou sobre A reação de Meinicke no soro sangüíneo e que foi aprovada com distinção.
Especializou-se em Clínica Médica, conquistando na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, por concurso, em 1933, o posto de docente de Clínica Médica Propedêutica e, em 1934, o cargo de Professor Catedrático da mesma cadeira,
Realizou viagens de estudos ao Rio de Janeiro, Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina), freqüentando nessas capitais diversos cursos de aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, fazendo conferências e dando aulas nas sociedades médicas e Faculdade de Medicina, locais.
Fez parte da banca examinadora do concurso para Professor Catedrático da Cadeira de Clínica Médica Propedêutica, na Faculdade de Medicina da Bahia.
Integrou, como membro, o comitê de Porto Alegre, do Congresso Pan-Americano de Endocrinologia, efetuado em Montevidéu, em 1941.
Entre os trabalhos que publicou, mencionam-se os seguintes:
01 - Nefropatia sifilítica
02 - Concepção moderna das ictirícias
03 - Ensaio de interpretação da bratestesia laríngea
04 - A prova da santonina na exploração funcional do fígado
05 - Distúrbios do ritmo respiratório
06 - Abaulamentos expiatórios
07 - Sobre um caso de caquexia de Simmondo
08 - Lições de Clínica Médica Propedêutica (Parte Geral)
09 - Exame semiológico das articulações
10 - Exame semiológico das glândulas linfáticas superficiais
11 - Importância e objeto da Clínica Médica Propedêutica
12 - Estudo semiológico do edema
13 - Semiologia funcional do duodeno
14 - Patologia da dor visceral
15 - Patologia da úlcera gastroduodenal
16 - A soberania da cínica
Antes de pertencer à Congregação da Faculdade de Porto Alegre, exerceu as funções de médico da antiga Diretoria de Higiene e Saúde Publica do Estado do RGS; também, ocupou a Vice-presidência do Sindicato Médico do RGS e, desde 1941 a Presidência da Sociedade de Medicina de Porto Alegre.
Casado com Zulmira Grazziotin.
O general rio-grandense Domingos Alves Barreto Leite foi um tipo completo de militar, bravo e pundonoroso, tendo entrado muito moço para o serviço militar.
Nascido em 1828, assentou praça voluntariamente no 7º Batalhão de Infantaria a 26 de outubro de 1844, contando apenas 16 anos de idade. Em março do ano seguinte foi reconhecido cadete da 1ª Classe e promovido a alferes em 7 de agosto de 1849. Em 14 de março de 1850 marchou com o seu batalhão para a fronteira de Quaraí, seguindo daí para Bagé, no mês imediato. Em março de 1851 marchou para S. Gabriel e em outubro do mesmo ano seguiu para a campanha do Estado Oriental. Tomou parte nas operações daquela república até a conclusão da guerra. Entrando novamente em operações na República Argentina, assistiu ao combate de 17 de dezembro na ponte de Tronqueiras, com as forças do ditador Rosas. Em 3 de fevereiro de 1852 assistiu ao combate de Moron, em Buenos Aires, sendo em ordem do dia elogiado por atos de bravura. Em março do mesmo ano foi condecorado com o hábito da Imperial ordem do Cruzeiro.
Em 1853, matriculou-se na Escola Militar a fim de estudar no curso de infantaria. Em 1854, marchou para o Estado Oriental e foi, no mesmo ano, nomeado ajudante de ordens da Divisão Auxiliadora. A 11 de setembro de 1856, foi nomeado Agente do Conselho Econômico do 3º Batalhão a que então pertencia. Em fins do mesmo ano obteve licença para prosseguir os seus estudos na Escola Militar. Em 18 de dezembro de 1857 foi nomeado ajudante de campo do comando em chefe do exército em observação e, em meados de janeiro de 1858 marchou para a fronteira das Missões. A 12 de agosto do mesmo ano foi promovido a tenente. Em novembro de 1859 foi nomeado Ajudante de Ordens para servir junto ao comando das armas. Em janeiro de 1861, foi nomeado Diretor de Escola elementar do 5º Batalhão de Infantaria e, em março do mesmo ano foi aprovado plenamente no exame prático que prestou dessa arma para capitão. No mês de março de 1862, embarcou para o Rio de Janeiro com o seu batalhão e em 8 de dezembro do mesmo ano seguiu em diligência para S. Paulo, a fim de sufocar uma rebelião dos trabalhadores da estrada de ferro. A 5 de outubro de 1864 marchou para a campanha do Paraguai e por ordem do dia do comando em chefe em 6 de dezembro foi nomeado Assistente do Deputado do Quartel Mestre General junto ao Comando da 2ª Brigada.
Em 1865 assistiu ao assalto e tomada de Paissandu, desde o princípio até a derrota do inimigo, pelo qual foi elogiado, em ordem do dia do comando em chefe, de 7 de janeiro de maneira seguinte: “O Tenente Domingos Alves Barreto Leite é digno de menção pelo seu constante desembaraço nas pelejas, quer recebendo, quer transmitindo ordens e, por conservar sangue frio e boa disposição ante os maiores perigos”. Por estes serviços foi, por decreto de 17 de fevereiro, nomeado cavaleiro da Ordem da Rosa. Pouco depois assistiu ao combate de Montevideo, sendo condecorado com a medalha dessa campanha. Nesse mesmo ano, foi, por ordem do dia, nomeado capitão em comissão para o 10º Corpo de Voluntários da Pátria, e por decreto de 22 de janeiro de 1866, foi promovido a este posto, para a 7ª Companhia do 3º Batalhão de Infantaria.
Fez a passagem do Rio Paraná, assistindo aos combates de 16 e 17 de abril desse ano. Tomou parte no combate de 2 de maio e a 19 foi nomeado major em comissão. Assistiu à avançada de 20 e a batalha de 24 de maio, sendo em todos esses atos elogiado pelo comando do Batalhão e da Brigada. Por decreto de 21 de novembro foi nomeado oficial da Ordem da Rosa. A 23 de abril de 1868, depois de gozo de licença para tratamento de saúde, apresentou-se ao exército e, a 27 assumiu o comando do 26º Corpo de Voluntários da Pátria. Pouco depois, por ordem superior, marchou de Tagí para demolir o reduto de Parecuê. Daí marchou e reconheceu as posições inimigas em frente a Timbé. Assistiu ao reconhecimento de 10 de outubro em Piquicirí. Tomou parte no combate de 6 de dezembro na ponte de Itororó, onde foi gravemente ferido no peito, sendo elogiado pelo comando em chefe e promovido a major por atos de bravura e condecorado com a medalha de Mérito Militar. Por decreto de 20 de fevereiro de 1869, foi aprovada aquela promoção. Em setembro do mesmo ano, seguiu com o exército em perseguição do inimigo que se achava em Santo Estanislau e em seguida marchou até Capivari.
Por decreto de 4 de fevereiro de 1871 foi nomeado comendador da Ordem da Rosa, e no mesmo ano condecorado com a medalha da campanha do Paraguai. Em 15 de novembro foi promovido ao posto de tenente coronel comandante do 5º Batalhão de infantaria por merecimento. Por decreto de 7 de abril de 1883, foi promovido ao posto de coronel, por merecimento.
Agravando-se o seu estado de saúde, sempre alterado devido aos ferimentos recebidos na guerra, Barreto Leite foi, por decreto de 26 de abril de 1884, transferido para a 2º Classe do exército, como agregado à arma da infantaria, de conformidade com a resolução imperial, sendo então excluído do quadro efetivo. Inspecionado novamente de saúde e julgado apto ao serviço, voltou, por decreto de 3 de outubro de 1885, à 1ª Classe do exército, sendo reformado no posto de general, por decreto de 22 de março de 1890.
Ë esta em longos traços, a extensa folha de serviços que, durante quase meio século, prestou à Pátria e ao exército o general Barreto Leite. Nas perfiladas guerras que o Brasil teve que sustentar com as repúblicas do Uruguai, Argentina e Paraguai, o bravo rio-grandense tomou parte em quase todas as batalhas e combates, sendo sempre elogiado em ordens do dia, pelos seus “reiterados atos de bravura nos combates”, segundo a alta e honrosa expressão de uma delas.
Por isso mesmo, se tinha o peito coberto de cicatrizes, pelos ferimentos recebidos nos campos da guerra, de um dos quais nunca sarou completamente, tinha-o também estrelado de medalhas e insígnias honorificas, conquistadas com o holocausto do seu sangue heróico à Pátria estremecida.
Já no último quartel da vida, os movimentos sucessivos que se produziram nos Estados da União em conseqüência do golpe de estado de 1891, foi o velho e bravo militar colocado à testa do governo do Estado, passando-o para o Dr. Barros Cassal em 3 de março de 1892.
O Gen. Barreto Leite faleceu em Porto Alegre e durante a sua vida, o soldado brioso jamais se divorciou do cidadão austero.
O Dr. João de Barros Cassal foi um rio-grandense que deixou na paulicéia a mais risonha e simpática tradição de boemia acadêmica.
Seu gênio era buliçoso, borboleante a sua inteligência, o que não o impedia de ter um caráter austero, uma vontade inflexível, em se tratando de pontos de honra.
Entrou na vida pública como um nome aureolado. Tinha sido um forte propagandista da República. Na imprensa, na tribuna, nos comícios populares, Barros Cassal revelava-se um adversário político violento do terceiro reinado. Sua pena era uma alavanca demolidora. Seu verbo um “schrapnell”. Falando ou escrevendo incendiava, derrocava. Fazendo a crítica da monarquia, por onde a chama de sua palavra passava, ficavam ruínas e cinzas. Foi assim, quando dirigiu em abril de 1890, a Federação.
Era um lutador, sempre pronto a bater-se em honra de todas as liberda¬des e por isso o povo o amava.
Proclamada a República, foi Barros Cassal escolhido para primeiro chefe de polícia do novo regime no Rio Grande. Sua ação, nesse posto, foi breve, mas enérgica. Velhos elementos monárquicos, em 1890, vieram à tona e foram chamados à primeira linha do governo. Ao que parece, Deodoro não confiava nos moços. Os republicanos do Rio Grande insurgiram-se contra esse catado imprevisto de coisas e, a 6 de maio de 1890, numa manifestação popular feita ao general Frota, que havia passado o governo do Estado ao Dr. Francisco Tavares, dizia, como orador do povo, o Dr. Júlio de Castilhos:
“A República foi feita sob o influxo perseverante dos republicanos, que em longos anos de eficaz doutrinação política e de incitamento ao patriotismo dos brasileiros, preparou a opinião do povo e do exército para a revolução de 15 de novembro”.
“A República foi preparada pelos republicanos, foi feita pelos republicanos, estamos no inicio de sua organização institucional, entretanto, quem é que governa? São os republicanos? Não. Eles têm o apoio do exército, o aplauso do povo, está com todo o seu prestígio: é o que esta extraordinária manifestação demonstra, mas eles não governam.”
Estas palavras do Patriarca exaltaram os ânimos. O governo, pela calada, tomava medidas preventivas. Os republicanos, por seu turno, preparavam-se para mostrar sua força e. . . surgiram os tristes sucessos de 13 de maio, em que Barros Cassal, em plena Rua dos Andradas, caiu varado por uma descarga de infantaria.
Não morreu, porém, o moço rio-grandense e continuou seus serviços à República, recebendo a 3 de março de 1892 o governo do Estado das mãos do general Barreto Leite, tendo já feito parte da junta governativa que surgiu do “golpe de Estado” de 12 de novembro de 1891.
Espírito tão inquieto nem sempre se acomodava a tudo, Barros Cassal apartou-se um dia de alguns de seus velhos e mais queridos camaradas da propaganda, alistando-se no partido democrata.
Pouco depois entrava em plena revolução, viria o golpe de 1893. Barros Cassal perdera, pela desilusão e pelo muito lutar, quase todas as suas singulares energias e, em outubro de 1903 morria em Mato Grosso, cinco dias antes de Júlio de Castilhos, a quem amava e por quem fora amado, de quem a inconstante sorte o separara, acendendo o feroz destino entre ambos, uma guerra de extermínio.
Nasceu aos 15 de fevereiro de 1801 em Porto Alegre. Eram seus pais Francisco Batista Anjo e D. Francisca Cândida de Oliveira.
Seu pai o destinara à vida eclesiástica e com esse fim o enviara ao Rio de Janeiro, a fim de estudar no Seminário de S. José.
Reconhecendo o estudante que não tinha vocação para a vida de sacerdote, deixou o seminário, seguindo para Coimbra, no ano de 1820. Aí fre¬qüentou, com grande aproveitamento a escola de matemática, bacharelando-se em 1824.
Terminados os estudos acadêmicos, retirou-se para Lisboa, onde o acolheu carinhosamente o Marquês de Alegrete. Aí esteve hospedado, durante meses, até que recebesse os recursos necessários a fim de seguir para Paris, onde queria completar os seus estudos, que era a sua mais ardente aspiração.
Na capital da França, freqüentou os cursos da Escola Politécnica, da qual era professor de astronomia o sábio Arago, que se tomou seu amigo.
Voltando ao Rio de Janeiro em 1827, foi logo nomeado lente substituto da Escola Militar, passando pouco depois a ser proprietário da cadeira de Mecânica Racional.
No ano de 1830, tomou assento na Câmara dos Deputados, como representante da sua terra natal. No período de descanso parlamentar veio visitar a sua Província da qual se achava afastado havia muitos anos.
Teve, porém, de voltar logo para o Rio de Janeiro, a fim de exercer o cargo de inspetor geral do Tesouro Nacional. Importantes melhoramentos introduziu logo no serviço das repartições arrecadadoras, salientando-se entre eles: o serviço especial de estereometria, uma nova fórmula de arqueação dos navios mercantes para o pagamento do imposto de amuragem e a sistematização dos pesos e medidas nacionais.
Ainda por iniciativa sua, na Câmara dos Deputados propôs a medida de fixação do novo monetário, na razão de dois mil e quinhentos réis a oitava de ouro de 22 quilates, para servir de regulador da circulação monetária do país e facilitar nesta parte a criação de uni banco, que, além, de outras incumbências, tivesse especialmente a seu cargo uniformizar o meio circulante entre nós.
No ano de 1834, deixou o cargo que ocupava no Tesouro, alegando motivo de doença.
Convidado em 1835 para exercer o cargo de nosso ministro residente junto à corte da Sardenha, aceitou a nomeação, seguindo para a Europa.
Pouco depois de haver sido empossado da comissão diplomática, deixou o lugar que ocupava, partindo para Paris, onde permaneceu até meados do ano de 1837.
Em 1839, o Marquês de Olinda, regente do Império, organizando um novo ministério, encarregou o nosso ilustre patrício de gerir ao mesmo tem¬po a Pasta da Fazenda e a de Estrangeiros.
Por motivo de saúde, aceitou a missão diplomática de S. Petesburgo, no caráter de enviado, onde permaneceu até o ano de 1843, em que foi mudado no mesmo caráter, para a corte de Viena.
No desempenho dessas duas comissões diplomáticas, teve ocasião de estreitar relações de amizade com os dois mais notáveis estadistas da Europa o Conde de Nesselrode e o Príncipe de Metternich.
Deixando a corte de Viena, assumiu o exercício de sua cadeira na Academia Militar, esperando apenas completar o tempo para a sua jubilação.
Em 1844 foi chamado para fazer parte do ministério, presidido pelo Visconde de Caravelas.
Coube-lhe a Pasta da Marinha, onde prestou serviços que lhe granjearam a consideração e a estima da Armada.
Em 1848, depois de haver deixado o ministério, foi encarregado de fazer o reconhecimento topográfico da fronteira meridional do país, trabalho esse que executou no ano de 1849.
Em 1850 tomou assento no Senado, como representante da Província do Ceará, tendo prestado à sua Pátria, serviços inestimáveis.
Publicou diversos trabalhos de literatura e economia política, salientando-se, entre os últimos, o seu aplaudido Sistema Financial.
Natural de Uruguaiana (RS), nascido aos 11 de dezembro de 1892; filho de . . .
Fez os estudos, primário no Ginásio Sant’Ana, de Uruguaiana; o secundário no Ginásio Santa Maria, de Santa Maria e Ginásio Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, concluídos em 1911.
Cursou os dois primeiros anos da Faculdade de Medicina de Porto Alegre e os demais anos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por onde se doutorou, defendendo a tese sobre o tema: Da responsabilidade criminal no Direito Penal Brasileiro.
Vários são os títulos que possui, entre os quais merecem referências, os seguintes:
a - Grande Oficial da Ordem Nacional do Mérito, do Paraguai;
b - Grande Cavaleiro da Ordem Real da Itália;
Iniciou suas atividades profissionais em Uruguaiana, onde estabeleceu clínica médica.
Também foi Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade Livre de Direito, do Rio de Janeiro.
Desempenhou as funções de Diretor do jornal A Nação - de Uruguaiana; foi Vice-presidente do Partido Libertador, do Rio Grande do Sul; foi também, Deputado Federal, pelo seu Estado, em quatro legislaturas, de 1924 a 1930 e de 1935 a 1937; foi ainda Chefe de Polícia do Distrito Federal; Embaixador do Brasil, em Montevidéu (Uruguai), nomeado em novembro de 1937.
Casou-se com Adelaide Inda, de cujo matrimônio teve os seguintes filhos:
01 - Cleonice Conceição;
02 - Luiz Alberto.
Brígido Belén Rollano foi um castellano nascido em 1857, na querência de Pedernal (Tacuarembó – Uruguai) e falecido aos 13 de setembro de 1934, em Cachoeira (RS-Brasil); filho de D. Manuel Belén dos Reis e de Dª Maria José Rollano, tiveram quatro filhos: Coriolana Belén dos Reis, Benício Belén Rollano, Brígido Belén Rollano e Profírio Belén Rollano.
Brígido era católico, de instrução rudimentar e com apenas 14 anos de idade já era guapo, pois, juntamente com seu irmão mais velho (Benício), foi convocado para pelear por seu país, já no final da “Guerra do Paraguai” (1864-1870).
Quando retornaram da guerra, constataram que toda a sua família havia sido assassinada por quatro vagabundos que vagavam por sua querência; munidos de tristeza e ódio, após certificarem-se quais eram os assassinos, vingaram a morte dos seus, eliminando os bandidos. Porém, temendo represálias, em 1871 debandaram-se para outros “nortes”, saindo por Rio Branco (Uruguai) e entrando em Jaguarão (Brazil Império).
Após, os irmãos Benício e Brígido encontraram-se uma única vez, numa pulperia, quando cheios de saudade cantaram a seguinte milônga:
“No peito destes gaúchos,
pulsa um mesmo coração.
Mesmo que não acreditem,
verdade, somos irmão.
Um reside em Rio Branco
e o outro mora em Jaguarão.”
Aconteceu que, os familiares dos quatro vagabundos descobriram por onde andavam os irmãos “Belén Rollano” os quais, passaram a serem caçados; Benício que residia em Rio Branco, foi morto e Brígido (sabendo do acontecido), fugiu para Candelária (interior do Rio Grande de S. Pedro), onde escondia-se na lendária caverna do “Cerro do Monge” (Botucaraí) e daí, ajustou-se na estância de um tal Querino Porto.
Algum tempo depois, num final de tarde, foi sitiado o galpão-de-fogo da estância do seu patrão, por uma patrulha do povo, que buscava “um sôrro qualquer”; Brígido na ânsia da legítima defesa teve de despachar mais três viventes, fugindo novamente e dessa vez, para a Serrilhada, em Santana da Boa Vista (RS-Brasil).
Na Serrilhada, casou-se com Cândida Álves de Oliveira e cambiou-se para o costado do arroio Papagaio, limite de Encruzilhada com Cachoeira (RS-Brasil), cabeceira oeste do “Cerro do Papagaio” (hoje, Cerro dos Peixoto), onde estabeleceu-se como pecuarista e depois de muito tropear, adquiriu a “Fazenda das Casuarinas” (donde gerou e criou a sua prole de cinco filhos: Ataliba Álves dos Reis, Amina (Cotinha) José Álves Belém, Idália Álves Belém, Corioliano Álves Belém e Pedro Álves Belém.
Cândida Álves de Oliveira (25-03-1856 / 16-09- . . . . ) era filha de Pedro Álves de Oliveira e de Maria Quirina da Silva (que era filha de Januário Machado da Silva e de Leopoldina Maria de Jesus).
Pedro Álves de Oliveira era filho de Sebastião Antônio Álves de Oliveira e de Maria Joanna Álves de Mello (filha de Felizardo Gomes de Mello, que era filho de Wenceslau Gomes de Mello e de Escolástica Jesus Vitória Quaresma).
Wenceslau era filho de João Gomes de Mello (1712-1770) e de Maria Josefa da Conceição (1720 / 22-12-1811).
Segundo o descendente Alvise Álves de Mello (06-03-1914 / 14-06-1981) > Brígido teria participado da “Revolução Maragatos / Chimangos” (1923-1928), pois trazia em seu chapéu, a “divisa” NO ME GUSTA D. BORGES (não gosto do Borges de Medeiros).
Brígido era amigo de Fabrício Laurindo Machado > onde, seguidamente pousava em suas tropeadas.
Balthazar Guarany de Bem e Canto nasceu em Caçapava (RS), no ano de 1876, filho do Cel. Balthazar de Bem e Canto e de Dª Ricardina Silveira.
Casou-se com Dª Ubaldina Chaves que lhe deu 11 filhos: Celig, Adil, Breno, Francisco, Cora, Álvaro, Carmem, Ruy, Maria, Ernani e Zulma.
Balthazar Guarany foi um elemento de real prestígio nos municípios de Cachoeira, Caçapava e S. Gabriel, aos quais se achava ligado por amizades sólidas e interesses particulares referentes ao ramo da sua atividade, a pecuária.
No Barro Vermelho, distrito de Cachoeira (RS), localizava-se a sua Fazenda das Palmeiras, onde desenvolvia a pecuária com muito esmero, principalmente criando a raça bovina Hereford e a raça ovina preferida era a Rambonillet. Na cidade distante apenas 6 léguas (39,6 Km) da sua fazenda, possuía magnífica vivenda na rua 7 de Setembro (praça José Bonifácio).
Pelo acervo de serviços em bem da coletividade e do governo gaúcho, o Tenente-coronel Balthazar Guarany ocupava lugar de destaque na comunhão republicana, sendo credor da admiração e do respeito do povo Rio-grandense, por múltiplos sacrifícios, tanto nos tempos de paz, como nos períodos de luta armada. Nunca deixou de atender às solicitações de pátria, quando esta recorreu aos brasileiros de boa vontade, afim de que a segurança e o crédito nacionais não sofressem os efeitos de ambições mal contidas.
A sua vontade de aço e a sua experimentada espada estiveram em todas as emergências, à disposição da legalidade; assim aconteceu em 1923, em 1924, em 1926 e em 1930.
Em 1923, foi encarregado por Borges de Medeiros (então na presidência do Rio Grande do Sul), de organizar e comandar o 2º Corpo de Ataque. Essa força operou nos municípios de S. Sepé, Caçapava, S. Gabriel, Bagé, Santana do Livramento, Rosário e Alegrete, tendo por várias vezes contato com o inimigo.
Em 1924, o governo necessitou dos seus serviços como Sub-chefe de Polícia. Por esse motivo passou o comando do 2º Corpo de Ataque, ao respectivo Major-fiscal João Vargas de Souza.
Por várias vezes foi escolhido pelos dirigentes da política estadual, para missões de elevada importância, desempenhando muitos cargos com invulgar inteligência, que tão bem está descrito em sua obra literária, MEMÓRIAS, onde se pode ver que, nunca em suas milícias incorporaram mulheres, quer como enfermeira, quer como militares em qualquer posto ou graduação, como afirma-se por aí que houve o concurso de uma tal Olmira Leal (vulgo, Cabo-toco).
Foi Vice-intendente de Caçapava, Conselheiro Municipal em S. Gabriel, Sub-chefe de Polícia e Vice-intendente de Cachoeira.
Balthazar Patrício de Bem nasceu em Caçapava (RS), aos 16 de março de 1887; filho do Cel. Belchior de Bem e Canto e de Dª Florinda Freitas.
De seu casamento com Dª Marina Mattos deixou dois filhos: Carlos de Bem e Etelvina (casada com o Dr. Izidoro Lopes).
Era formado em medicina por Faculdade de Porto Alegre, exercendo sempre essa profissão. Fazendeiro com propriedades estabelecidas no distrito de Barro Vermelho, à apenas 6 léguas (39,6 Km) do município de Cachoeira (RS), onde também possui um belo palacete na rua 7 de Setembro (na praça José Bonifácio). Também foi um entusiasta propulsor da indústria pastoril, ocupando a Direção da Charqueada do Paredão, também em Cachoeira.
Foi Intendente de Cachoeira (1912-1915) e também Deputado Estadual. Os movimentos revolucionários de 1923 e 1924, roubaram da coletividade Rio-grandense, valores que ainda hoje são lamentados. Famílias ainda permanecem enlutadas, com os sentimentos de dor, por perdas irreparáveis.
Entre as pessoa mais preciosas que tombaram em holocausto à ordem, em defesa de seus ideais > o vulto do Dr. Balthazar Patrício de Bem surge reclamando de uma geração que se diz civilizada, a prática futura de mais humanidade e mais amor.
Pelo seu coração boníssimo, todo dedicado ao bem dentro da nobre profissão que exercia, o Dr. Balthazar Patrício de Bem conquistara a gratidão de Cachoeira, em todas as camadas sociais; tanto maior foi o pesar desse povo, ao perder o seu benfeitor e amigo.
Tombou garbosamente com fuzil na mão, onde levantaram um marco prestando-lhe tal homenagem, no alto do Barro Vermelho > alvejado por disparo inimigo de um piquete revolucionário que havia invadido uma de suas fazendas estabelecidas alí perto; era o dia 10 de novembro de 1924.
Está sepultado ao lado direito do corredor central, no Cemitério Municipal de Cachoeira do Sul, em jazigo da sua família onde há uma lápide, na qual se lê:
“ Poderoso guia.
Caridoso médico.
Amigo dos humildes.
Bondoso protetor. ”
Através de Decreto Municipal, o Prefeito de Cachoeira (RS), conferiu com justiça a perpetuação de sua memória, denominando de Praça Dr. Balthazar de Bem, a antiga “Praça da Igreja”.
Natural de São Gabriel (RS), nasceu em 1º de maio de 1864; falecido o seu pai, no Paraguai, depois de terminada a Guerra do Paraguai, mudou-se com a mãe e toda a família, para Pelotas (RS), em janeiro de 1874.
Nessa cidade fez os estudos secundários no colégio do acreditado professor Carlos André Lauintinie, a quem sucedeu o também reputado professor Charles Bachellery.
Tirados os exames em Porto Alegre, seguiu para o Rio de Janeiro, em cuja Faculdade de Medicina se matriculou em 1882. Cursava o 5º ano, quando (devido a incidente entre os alunos e o professor da Cadeira de Farmácia), se transferiu para a Faculdade de Salvador (BA), onde se doutorou, mediante a apresentação da tese a respeito do Câncer.
Depois de formado, permaneceu cinco meses na capital do País (Rio de Janeiro), onde trabalhou na Policlínica Geral.
Em 1888, partiu para Paris (França) e lá freqüentou os cursos de Lucas Championnère, Guyon, Terrier, Tarner e outros; regressando em 1889, instalou-se em Pelotas (RS), para iniciar a sua longa e notável carreira médica.
Foi um cirurgião notável e um preclaro cidadão. Por grande que tenha sido a face profissional da sua vida, maior, sem dúvida, foi o seu aspecto cívico. Há grande médicos que, apenas são grande médicos; entendem com isso, esgotada a sua tarefa. Em Edmundo Berchon, o médico, o cirurgião não era o homem todo, mas apenas, um dos modos de ser do cidadão. Como simples cirurgião, teria feito as numerosas e admiráveis operações que fez, teria inovado processos, teria deixado a sua escola de notáveis cirurgiões. - Mas não teria posto os seus recursos materiais a serviço da educação e da assistência social, não teria fomentado à sua custa a economia do seu torrão, não se haveria dedicado desde a juventude à política, que é, para os espíritos da sua estirpe, a mais nobre e útil de todas as artes.
Aos 31 de março de 1890, foi nomeado médico do hospital da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; mais tarde, empreendeu às suas custas, várias campanhas sanitárias contra a febre tífica, o câncer, o cisto hidático, o carbúnculo, a febre aftosa e outras entidades mórbidas.
Aos 02 de setembro de 1893, tornou-se médico efetivo da Santa Casa e assumiu a direção de várias enfermarias.
Segundo testemunho do Professor Nogueira Flores, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, foi o Dr. Berchon quem montou o primeiro aparelho de Raios X, em nosso país, por volta de 1896 ou 1897.
Foi o Dr. Berchon quem sugeriu, em 1899, a vinda das Irmãs de Caridade, para o Hospital de Caridade e teve neste sentido, vários entendimentos com os representantes da respectiva ordem.
Na Academia Nacional de Medicina, fez-lhe o panegírico, o Professor Jaime Poggi, que lhe chamou grande ilustre cirurgião brasileiro e eminente mestre.
No Colégio Brasileiro de Cirurgiões, pronunciou um magnífico discurso o Dr. Sílvio Brauner, que o descreveu como técnico de rara habilidade, cirurgião que no ato operatório aliava o máximo de segurança à maior simplicidade.
Foi membro da Academia Nacional de Medicina, do Rio de Janeiro; da Sociedade de Medicina de Porto Alegre; da Associação Francesa de Cirurgia, de Paris; da Sociedade Italiana de Cirurgia, de Roma; do Colégio Americano de Cirurgiões; da Sociedade de Orthopedia, de Roma; e do Collegio Brasileiro de Cirurgiões, do Rio de Janeiro.
Foi Presidente da Biblioteca Pública Pelotense; Presidente e Fundador da Sociedade Agrícola, de Pelotas; Fundador do Asylo de Mendigos; Presidente do (antigo) Jockey Club; Sócio Grande Benfeitor do Asylo de Orfãs S. Benedicto; Diretor da Escola de Agronomia Eliseu Maciel; Professor Honorário da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Pelotas; Sócio Benemérito Fundador da Sociedade de Cultura Artística, de Pelotas e Irmão Grande Benfeitor, da Santa Casa de Misericórdia.
Aos 22 de outubro de 1928 (data de seu jubileu profissional), seus amigos ofereceram-lhe um álbum de veludo que tinha na capa um cartão de prata lavrada, cercado de grega de ouro, contendo o extrato das Atas referentes ao ilustre Irmão Grande Benfeitor, bem como artigos assinados por todos os componentes da Mesa Administrativa, Conselho Deliberativo e Irmãos daquela instituição de caridade. - Mais uma placa de bronze foi inaugurada aos 31 de março de 1940, para comemorar o jubileu da sua atividade cirúrgica no hospital.
Ainda em 1922, tomou parte saliente numa outra campanha que sacudiu o RGS e por fim, o levou à Revolução de 1923. Após a pacificação de “Pedras Altas” ocupou a presidência do Diretório Municipal de Pelotas da Aliança Libertadora.
Nesse posto atingiu o ápice de sua carreira política; adoentado e desiludido, afastou-se da política, sem deixar de acompanhar com interesse os acontecimentos nacionais
Foi o político em tudo congruente com médico; nunca procurou cargos ou honrarias; na política via apenas o cumprimento de um dever de solidariedade humana.
Tendo se agravado os seus padecimentos, quando se achava no Rio de Janeiro, em fins de 1941, foi alí submetido a uma operação de caráter provisório e regressou à Pelotas, em avião especial
Cercado logo pelo carinho de seus amigos e admiradores, que quase se poderiam contar pelo habitantes da cidade, reanimado pelo ambiente acolhedor do Pago, ainda sobreviveu alguns meses, graças à sua fortaleza de espírito.
Faleceu em Pelotas (RS), aos 14 de março de 1942, com 78 anos de idade.
Nasceu em Porto Alegre, pela volta do ano de 1840; era um homem de brilhante engenho e farta erudição.
Durante alguns anos, redigiu o “Rio-grandense” órgão do partido que, apesar de ter ao leme tão hábil timoneiro, sempre arrastou a existência.
Naqueles tempos, um jornal era mantido à custa dos maiores sacrifícios; não viviam, como agora, desafogados, em suave deslize,
Apesar de Eudoro Berlink consagrar-se à vida da imprensa, ia buscar ainda nos labores do magistério recursos para poder viver. Este fato, só por si, dá uma idéia exata do estado precário do jornalismo de então e, como era professor, lembrou-se um dia de organizar uma geografia do Rio Grande, que viesse ajudá-lo no ensino, donde pudesse auferir alguma vantagem pecuniária.
Mais tarde teve uns pruridos de autor dramático e o foi, não há dúvida; escreveu, o drama Georgina, que foi levado à cena pela companhia Cabral, alcançando ruidosos aplausos.
Cansado de mourejar aqui, quase sem proveito, resolveu mudar de terra e seguiu para o Rio de Janeiro, campo mais vasto para as suas aspirações. Apenas lá chegou, dedicou-se à vida da imprensa, sendo acolhido da forma a mais carinhosa.
Era um escritor provinciano, inteiramente desconhecido naquele meio, que se colocou desde logo em forte destaque, pelo modo de encarar os assuntos e pela correção do seu estilo primoroso.
Nessa faina passou o resto da existência até que a morte o levou deste mundo, onde nem sempre os que mais trabalham e mais merecem têm o melhor galardão.
O Major Alberto Bins foi um hábil industrialista, político, administrador; a sua atividade dinâmica desdobrou-se incessantemente, sendo um padrão de laboriosidade teuta, sua raça de origem.
Desde moço foi um soldado fiel e operoso do Partido Republicano, que o aproveitou em elevadas posições.
Como Prefeito da Capital de Porto Alegre, foi um continuador da obra do Dr. Octavio Rocha, na remodelação da cidade, modernizando-a.
No Conselho Municipal (sucedido pela Câmara Municipal de Vereadores), na Assembléia dos Representantes (sucedida pela Assembléia de Deputados Estaduais), e outros postos por onde passou, a sua atuação sempre mereceu o aplauso de seus patrícios, o mesmo acontecendo com os companheiros de grei partidária Castilhista, base do Partido Republicano Liberal, ao qual se filiou quando de sua formação.
Natural de Santa Maria (RS), nasceu aos 04 de agosto de 1898; usava o pseudônimo de Jacó Pum-Pum.
Suas obras:
01 - Petrópolis, Cidade Fidalga (crônica) - 1924
02 - Cobra Norato “nheengatú” da margem esquerda do Amazonas (poema) - 1931
03 - Urucungo (poemas negros) - 1933
04 - Sol e Banana (notas sobre a economia do Brasil) - 1938
05 - Anuário de Estatística Mundial (organização) - 1939
06 - Coisas de Idioma e Folclore (comentário) - 1946
07 - Quatro Poemas de “Brasil Choca Teu Ovo” - 1946
08 - Poesias - 1947
09 - Notas de um Caderno sobre o Itamarati - 1956
10 - Notas de Viagem - Uma volta pelo mundo, em 30 dias - 1960
11 - Movimentos Modernistas no Brasil (ensaio) - 1966
12 - Memórias de um Embaixador - 1968
13 - Antologia Poética (trechos de seus livros) - 1969
14 - Putirum (poemas e artigos) - 1969
15 - Bopp Passado a Limpo - por ele mesmo (considerações) - 1969
O Coronel Bento Manoel tinha ordens expressas para prendê-lo; foi um revolucionário farroupilha e pessoa de prestígio político no Rio Pardo. Era oficial reformado do Exército de 2ª linha.
Casado com Mariana Mena filha do Ten-cel. Francisco Xavier do Amaral Sarmento Mena.
Francisco Antônio de Borba teve, entre outros filhos, um com o seu nome e que chegou a major do Exército.
Nasceu em Caçapava (RS), aos 19 de novembro de 1864 (RMJCeAHRGS vol. 1, pág. 96). Era filho de um magistrado pernambucano, acompanhou o pai numa remoção para Pouso Alegre (MG), mas logo voltou ao Rio Grande.
Em Porto Alegre, freqüentou o Colégio Souza Lobo, seguindo em 1880, para São Paulo a fim de iniciar o curso de Direito, que concluiu em Recife, no ano de 1885.
Voltando à Província natal, instalou banca de advocacia em Cachoeira e logo ingressou na política, integrando nas fileiras do Partido Republicano, de que seria o chefe local e depois estadual.
Proclamada a República, foi nomeado “Delegado de Polícia” em Cachoeira e logo depois, eleito para a 1ª Constituinte Republicana Federal, tendo assinado a Carta de 24 de fevereiro de 1891.
Dissolvida a Câmara, voltou ao Rio Grande; organizado o Poder Judiciário, foi um dos primeiros desembargadores do Supremo Tribunal de Justiça do Estado, cargo que renunciaria pouco depois, por julgá-lo incompatível com sua condição de político.
Durante a repressão à “Revolução Federalista” - Guerra da Degola (1993-95) no RGS, Borges de Medeiros prestou serviços de guerra na “Brigada Santos e Silva” no posto de tenente-coronel.
Mais tarde, o Marechal Floriano Peixoto lhe conferiu as honras desse posto no Exército; feita a PAZ, foi nomeado “Chefe de Polícia do RGS” cujos serviços reorganizou.
1º Mandato - 1898-1903:
Aos 25-01-1898, assumia pela primeira vez, o cargo de “Presidente do RGS” em substituição ao Dr. Júlio Prates de Castilhos; fazendo importante administração nesse quinquênio, destacando-se o “Código de Processo Penal”.
2º Mandato - 1903-1908:
Ao morrer o Dr. Júlio Prates de Castilhos em 24-10-1903, sucedeu-lhe na chefia partidária, mostrando-se como político e administrador, um de homem símbolo de seu tempo, sendo reeleito à Presidência do RGS e em 1908 foi substituído pelo Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, que governou até 1912.
Borges de Medeiros recolhera-se à vida privada, dedicando-se à uma pequena plantação de arroz.
3º Mandado - 1913-1918:
Borges de Medeiros, desgostoso com o governo do Dr. Carlos Barbosa, apresenta-se como candidato à sucessão. Ocorreram fraudes e mais fraudes; até os mortos votaram e em 25-01-1913, voltava ao cargo de Presidente do RGS.
Conta-se que, no município de Cachoeira havia um castellano chamado D. Brígido Belén Rollano (peleyador nas hostes do Gen. Zeca Netto), em cujo chapéu lia-se a “divisa” > No me gusta Don Borges (Não gosto do Borges).
Aos 06 de março de 1914, na fazenda de seu pai Octavio Peixoto de Mello, nasce o macanudo Alvise Álves de Mello, neto do rio-grandense José Peixoto da Silveira Mello e também de D. Brígido Belén Rollano (o castellano acima mencionado); Alvise veio a falecer aos 14 de junho de 1981 (deixando numerosa prole).
Neste quatriênio, Borges de Medeiros adoeceu gravemente, sendo substituído temporariamente pelo então Vice-presidente Gen. Salvador Pinheiro Machado.
4º Mandato - 1918-1923:
Neste período, o velho chefe republicano ainda governou o RGS, mas crescera bastante a onda de oposição ao seu governo.
Em 1922, o Rio Grande andava agitado e a oposição forma a Aliança Libertadora tendo como candidato, o “maragato” Dr. Joaquim Francisco de Assis Brasil, travando-se o pleito em 25-11-1922, ocorrendo fraudes escandalosas e de todo tamanho, mortos votaram em grande número a favor dos “chimangos” e pela Constituição Gaúcha o vencedor deveria alcançar ¾ da votação.
Confira os resultados deste Pleito (números da votação):
Segundo os maragatos:
Borges de Medeiros ...... 107.738
Assis Brasil ..................... 37.982
Total ............................. 145.720
¾ do total, somam ........ 109.290
Votação obtida ............. 107.738
Faltaram ....................... 1.552
Segundo os chimangos:
Borges de Medeiros ..... 109.620
Assis Brasil .................. 37.982
Total ............................ 147.602
¾ do total, somam ........ 110.701
Votação obtida ............. 109.620
Faltaram ....................... 1.081 e meio.
A comprovação desta FRAUDE eleitoral:
Os Borgistas alcançando 107.738, cujos ¾ perfazem 109.290, aumentaram para 109.620, imaginando ultrapassar o percentual exigido em 330 sufrágios, esquecendo-se que, no alterar somente o resultado passando dos 145.720 para 147 602, implica também no fator ¾ de 109.290 passar para 110.701,5, perfazendo sempre uma diferença de 1.411,5.
Acrescente-se ainda que, os eleitores Borgistas (os chimangos - do lenço branco) tinham transporte e alimentação gratuitos, na véspera, no dia do pleito e no dia seguinte, às custas do governo estadual . . . enquanto que, aos eleitores Assisistas (os maragatos - do lenço colorado) não lhes era permitido desfrutar de tais regalias.
Outra FRAUDE:
Conta-se que, quando Borges de Medeiros mandava uma “ordem escrita” em que as letras “i” tinham pingo era para ser atendida; entretanto, se não tinham pingo então, não era para ser atendida.
Certa feita, um eleitor chimango (portanto, seu correligionário) aguardava a sua vez de ser atendido, tendo na mão uma “ordem escrita” do Borges de Medeiros. Para matar o tempo de espera naquela sala da repartição pública, cuja “ordem” destinava-se, leu-a e constatou faltarem os pingos nos “i”. Não teve dúvidas tratar-se de esquecimento do velho caudilho; então, logo começou a fazer a necessária correção, sem saber da convenção mantida e no dia seguinte estava empregado.
A “ordem” assim estava redigida em latim vulgar (porém, sem pingos):
Nas administrações do Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros (Antônio Chimango) ele não dava oportunidade nenhuma aos adversários, mesmo que fossem pessoas competentíssimas e de conduta ilibada; isso não era de admirar, pois ludibriava até aos seus correligionários, como se constata na “ordem escrita” > acima exibida.
5º Mandato - 1923-1928:
Em conseqüência da FRAUDE acima mostrada, os roubados maragatos levantam-se em armas, com o velado apoio do Governo Federal e no Rio Grande irrompe a longa e sangrenta “Revolução de 23.”
As forças Borgistas foram comandadas por José Antônio Flores da Cunha e as força da oposição, foram lideradas pelo Dr. Joaquim Francisco de Assis Brasil, ensangüentando o RGS > sendo que a PAZ assinada em Pedras Altas (Armistício em 07-11-1923 e Pacto em 15-12-1923), veio alterar dispositivos da Carta Estadual, que não mais permitiria a sua continuação no poder.
O fermento ficou ainda alastrando-se por todo o país; em 05-07-1924, a guarnição federal e a força pública de S. Paulo, revoltaram-se e por pedido do Governo Federal, Borges de Medeiros manda para lá um forte contingente da Brigada Militar do RGS.
No RGS, revoltaram-se os Regimentos de Cavalaria do Exército, aquartelados em Uruguaiana, S. Borja, S. Luís Gonzaga e o Batalhão Ferroviário de Stº Ângelo; em 09-11-1924, o 3º Batalhão de Engenharia de Cachoeira, revoltou-se aderindo à causa.
Este movimento militar foi comandado pelo Cap. Luís Carlos Prestes que formou a “Coluna Prestes” ao que, logo aderiram os antigos revolucionários civis e a luta ameaçava generalizar-se novamente, ocorrendo violentos combates em Guassú M’Boi em 09-11-1924 e Três Galpões em 11-12-1924.
Aos 30-09-1925, o Rio Grande foi invadido pela fronteira de Livramento (RS), por forças comandadas pelo cachoeirense Honório Lemes da Silva (o Leão do Caverá) e pela fronteira de D. Pedrito, por forças de Octaviano Fernandes; também o chefe maragato Zeca Neto transpôs a fronteira uruguaia, fazendo junção com os rebeldes militares, travando-se um violento combate em S. Sepé, aos 25-12-1926.
Borges de Medeiros deixa o governo em 1928 e passa o governo do RGS ao Dr. Getúlio Dorneles Vargas; novamente afasta-se da política, mas era sempre ouvido nas grandes ocasiões e, quando o partido ou o estado se achava em crise.
Ainda participou da Revolução Constitucionalista de 1932, pegando em armas contra Vargas, sendo preso no combate do Cerro Alegre (Piratiní) e deportado.
O Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros faleceu em Porto Alegre, aos 25-04-1961.
Nasceu na Cachoeira (quando era 4ª Zona do Rio Pardo), em 1775 e foi batizado na Igreja Matriz, do Rio Pardo.
Faleceu aos 29 anos de idade, em 1804; foi morto pelos castelhanos que o agarraram no Arapeí, aonde fôra vaquear (capturar vacas). [História do RGS – Guilhermino César – pág. 214]
Seu pai era Francisco Borges do Canto (de S. Miguel dos Açores) e de D. Eugênia de Sousa (da Colônia do Sacramento - Cisplatina).
Francisco Borges do Canto foi requerente de uma sesmaria, conforme consta nos ANAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO SUL (pág. 360) > “Registro de uma sesmaria (três léguas ou 150 quadras de campo) passada pelo Ilmo. e Exmo. Sr. Vice-Rei do Estado a Francisco Borges do Canto. [Costa do arroio Capané]”.
Porto Alegre, 17 de junho de 1800. F 1249/190, 190v.
O Cabo José Borges do Canto (vaqueano e desertor do Regimento dos Dragões do Rio Pardo), conhecedor do oeste gaúcho onde tropeava, recebeu armas e munições, bem como instruções, objetivos da nova empreitada; se lançou à luta e foi o Conquistador do Território das Missões, para a coroa de Portugal, saindo do Rio Pardo com 13 homens, aos quais se incorporaram mais alguns nos arredores da Tranqueira Invicta, formando uma partida de 40 bravos; em Cachoeira já somavam 70 valentes, além dos amigos e conterrâneos, os irmãos Francisco Carvalho, Filipe Carvalho e Luís Carvalho; de Santa Maria da Boca do Monte partiu com 130 guapos, que somados a mais 300 índios em Santo Inácio e São João Mirim, conquistaram as Missões, em 08-09-1801.
Descendente de uma gente gerada no fragor das guerras e das conquistas, trazia latente nas veias o sangue de uma raça forte e varonil e, no espírito o estoicismo e a ânsia dos conquistadores gaúchos.
Dotado dessa bravura indômita que sempre caracterizou os filhos deste Pago, herança de uma época de lutas, não soube se conter e quebrando mesmo a disciplina, desertou da sua tropa, capitaneando um grupo de guerrilhas, para dar combate ao inimigo em seu próprio campo, desprezando o perigo e a estratégia, com risco da própria vida ou de comprometer a sua própria carreira militar.
Seus companheiros chamavam-se Manoel dos Santos Pedroso (Maneco Pedroso) e seu imediato chamava-se Gabriel Ribeiro de Almeida. Sua astúcia era simples: Segundo o historiador cachoeirense Aurélio Pôrto, Borges do Canto sabia do descontentamento dos guaranys, contra os castellanos; por isso, valendo-se da amizade com os caciques (pois, quase todos eram sogros seu), persuadia estes a lutarem contra os espanhóis.
Feita a conquista das Missões, volta ao corpo da sua tropa, onde continuou prestando seus serviços à Pátria, que vivia em constantes lutas por aqueles tempos.
Muito deve o Brazil a José Borges do Canto, devendo o Rio Grande do Sul a esse bravo militar gaúcho, a conquista das Missões.
Faleceu em 1804.
Natural de S. Gabriel (RS), nascido aos 28 de outubro de 1906; médico, militar e professor de Geografia do Brasil.
Suas obras:
01 - Momento do Artilheiro - 1942
02 - Aspectos dos transportes no Brasil - 1956
03 - Aspectos Fisiográficos, Demográficos e Econômicos do RS - 1958
04 - Geografia Física do Brasil - 1959
05 - Panorama Econômico do Rio Grande do Sul - 1959
06 - Compêndio de Geografia Geral do RGS - 1961 e 1962
07 - História Administrativa Judiciária e Eclesiástica do RGS - 1963.
Natural de S. Gabriel (RS), nascido aos 02 de maio de 1872; era neto do médico e político cachoeirense João Pereira da Silva Borges Fortes.
Além de militar concluindo o curso do estado-maior e de revisão, diplomando-se bacharel em Matemática e Ciências Físicas.
Reformou-se como general, em 1923. Como militar, exerceu importantes comissões, como na Comissão de Comparas nos Estados Unidos, durante a Primeira Guerra Mundial.
Destacou-se por estudos, especializados, de Genealogia e de História, notadamente do Rio Grande do Sul.
Colaborou na imprensa do Rio de Janeiro e de sua cidade natal.
Deixou, entre outros trabalhos:
01 - O Tupi na Corografia do Rio-Grandense - 1930
02 - Troncos Seculares - O povoamento do RGS - 1931
03 - A Estância - 1931
04 - Cristóvão Pereira de Abreu - A Família Fortes - 1931
05 - Casaes - 1932
06 - O Brigadeiro José da Silva Pais e a Fundação do Rio Grande - 1933
07 - O Povoamento Inicial do Rio Grande - 1934
08 - A Frota de João de Magalhães - 1934
09 - De Sertão a Estado - 1936
10 - A Fundação do Rio Grande - 1937
11 - Tropeiros - 1937
12 - Francisco Pinto Bandeira - 1938
13 - Velhos Caminhos do Rio Grande do Sul - 1938
14 - O Levante dos Dragões - 1939
15 - O Retovado - 1940
16 - Rio Grande de São Pedro - 1941
17 - Gomes Freire, O General - 1941
18 - Gen. Dias de Oliveira - 1942
19 - Histórico do Regimento Mallet . . . .
Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos13 de setembro de 1942.
Nasceu em 1816, na cidade de São Gabriel e faleceu aos 07-01-1893, na vila de S. Vicente. Filho de Manoel José Pereira da Silva (natural de Laguna, SC) e de Emerenciana Antonia.
Neto paterno do Ten. José Pereira da Silva e de Maria Rosa Gomes, ambos naturais da Laguna (SC).
Neto materno de Antônio Gonçalves Borges (nascido aos 10-01-1773, natural de São Miguel, Ilha Terceira dos Açores, filho de Manoel Gonçalves Mancebo e de Agueda Maria, também daquela ilha) - e de Joana Rosa Pereira Fortes (natural de Rio Pardo, filha de João Pereira Fortes que casou na cidade de Rio Pardo em 1756, co Eugênia Rosa, natural da Freguesia da Praia, Ilha Terceira dos Açores, filha de Manoel Ribeiro e de Catarina de São Francisco).
Trineto de João Pereira d’Agueda e de Izabel Nunes, naturais das ilhas do Pico e de São Jorge, nos Açores, donde vieram para Laguna (SC) e posteriormente para o Sul em 1750, instalando-se nas proximidades de Rio Pardo (RS). - Izabel Nunes era filha de Miguel Pereira de Bairos e de Lucia Simões da Silveira (neta de Sebastião Nunes de Souza e Bairos e de Maria Luiza Fagundes.
Aos 14 anos de idade, seus pais, abastados fazendeiros, mandaram-no para o Rio de Janeiro, de onde só regressou ao sul depois de formado em medicina, após um brilhante curso acadêmico.
O Dr. João Pereira Fortes da Silva Fortes, que acrescentou ao seu nome paterno Borges Fortes, para diferenciar-se de seus homônimos quando cursava a Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, adotou o nome Borges (de sei avô Antônio Gonçalves Borges) e Fortes (de sua avó Joana Pereira Fortes), ambos maternos.
Enquanto permaneceu no Rio, teve ensejo, já pelas suas invejáveis qualidades de caráter, já pela reputação granjeada no meio social e científico de atrair as simpatias e amizade de notáveis vultos em evidência naquela época, entre eles a do patriarca José Bonifácio de Andrade e Silva, com quem privou e teve a fortuna de conviver na formosa ilha de Paquetá.
De regresso ao sul, o Dr. Borges Fortes fixando residência em São Gabriel, onde seguiu as lides políticas; envolveu-se, desde logo, na vida ativa da política, filiado ao partido conservador (Caramurú), galgando postos elevados, chegando a ser Presidente da Assembléia Provincial.
Casou-se com Francisca de Paula Vale, nascida em São Gabriel, filha de Tomaz Ferreira Vale e de Leontina Alves Vale; neta paterna de Tomaz Ferreira Vale e de Joana Maria Ferreira.
Do casal, nasceram: João, Tomaz, Gabriel, Arminda, Luiza, José, Leonildo, Francisco de Paula, Fernando, Gaspar e Narcisa.
Em poucos anos, abandonou a profissão médica, só a exercendo por caridade e amizade. Caráter de rija têmpera, orador fluente e insinuante, manejava a palavra com admirável precisão e, tanto impressionava pela gravidade do assunto que abordasse, como pela fina ironia e humorismo com que ilustrava o discurso ou a palestra, cativando a atenção dos ouvintes.
Em sua Fazenda Inhantium, no município de São Gabriel, hospedou o Imperador D. Pedro II, quando de sua estadia no Rio Grande de São Pedro; mais tarde, recusou o Título de Barão de Inhantium, que lhe fora oferecido, pois era homem simples e despido de honrarias.
O partido conservador fronteiriço (3º Círculo Eleitoral) o fez seu chefe, elegendo-o em 12 ou 14 Legislaturas, deputado provincial. Desta Assembléia foi diversas vezes presidente. Foi também eleito, por duas vezes, deputado geral. Presidente do Conselho de Ministros, seus amigos o convidaram para exercer o cargo de Presidente desta então província, convite que não quis aceitar.
Modesto e abnegado teria sido escolhido senador do Império, se não fizesse, com prejuízo próprio, recair em outro candidato, seu dileto amigo, vo¬tos que seriam suficientes para sua inclusão na lista tríplice.
Sobre isto ocorreu um fato: numa das vagas do Senado, dada naqueles tempos, o Monarca disse ao seu eminente médico, irmão do biografado, Cons. Manoel Pereira da Silva Continentino, que aconselhasse a seu irmão a apresentar-se candidato ao Senado, pois que desde que fosse incluído na Lista Tríplice, seria o seu escolhido.
Nem assim se empenhou ele por isso, fazendo-o em favor de seu parti¬cular amigo, o ilustre doutor João Jacinto de Mendonça, que foi eleito e escolhido.
Não quis também aceitar o título de Barão do Inhatium, que lhe foi oferecido por sumidade política, que então dirigia os destinos do império, em homenagem aos grandes serviços prestados ao país, na sua longa e laboriosa vida pública. Esta graça lhe foi oferecida depois do regresso do Imperador, que viera assistir à rendição de Uruguaiana.
Hospedara-se o Imperador na fazenda denominada “Inhatium”, no município de S. Gabriel, pertencente aos progenitores do biografado.
Como um agradecimento aos obséquios prestados à real comitiva, recebeu a veneranda mãe do biografado, o título de Dama do Paço, junto à Imperatriz e Borges Fortes os de Cavaleiro da Ordem de Cristo e da Rosa.
Borges Fortes conjugou seus esforços políticos com os daquela plêiade de notáveis homens, como o foram: Pedro Chaves, Felix da Cunha, Oliveira Belo, Freitas de Castro, João Jacinto de Mendonça, Israel Barcelos, Tavares, Visconde da Graça, os doutores Jônatas Abbott, Joaquim Mendonça, Barão de S. Borja e muitos outros, nos últimos tempos, com o filho deste, seu querido amigo, o inolvidável Dr. Severino Ribeiro Carneiro Monteiro, a quem passou a chefia do 3º Círculo Eleitoral.
Seus próprios adversários políticos o tinham na maior consideração, tanto que era particular amigo do grande Silveira Martins.
Para dar uma idéia da energia de que era dotado Borges Fortes, basta lembrar um fato político que bem o caracteriza: era presidente da Província o Cons. Andrade Figueira de Melo. Este varão se tinha indisposto politicamente com Borges Fortes e a dissidência lavrara já nos arraiais do partido conservador.
Borges Fortes, presidente da Assembléia, tinha retardado sua vinda de S. Gabriel, onde residia e aquela funcionava sob presidência interina, quando de Rio Pardo telegrafaram comunicando ali achar-se Borges Fortes, em trânsito para a capital. Espalhada a notícia, Figueira de Melo, acintosa e arbitrariamente, man¬dou fechar o edifício da Assembléia, encerrando suas sessões.
Esta violência pôs em polvorosa os políticos correligionários de Borges Fortes. Estes, em grande número, inclusive seu finado filho Dr. Borges Fortes Filho, também deputado, fretaram um vapor e foram ao encontro do presti¬gioso chefe a quem era feito o acinte, levar a nova e conferenciar.
Este homem, de decisão pronta, tudo acalmou. Chegado à capital, oficiou ao Presidente comunicando vir assumir a pre¬sidência da Assembléia e que para funcionar a mesma, precisava do edifício privativo de seus membros, o qual constava achar-se fechado por ordem de S. Exa.
O Presidente da Província ficou silencioso. Então, Borges Fortes, oficiou de novo a S. Exa. mas, para dizer-lhe energicamente que: “não consistia num prédio a Assembléia dos Deputados, legítimos representantes dos mais caros interesses do povo rio-grandense e, sim, na reunião dos mesmos em qualquer ponto da capital para tratar desses interesses. Por isso fazia ciente a S. Exa. que os ia reunir na praça pública, onde faria funcionar a Assembléia”.
Já transportavam bancos e mesas de uma aula pública para a praça da Matriz, para serem colocados em frente ao velho Palácio, quando o porteiro da Assembléia, às carreiras, foi ao encontro de Borges Fortes, que com grande grupo de deputados subia a rua da Ladeira e ofegante, comunicou-lhe que S. Exa. o Presidente Melo tinha mandado abrir as portas do edifício da Assembléia!
Este ilustre rio-grandense, depois de uma vida de intenso labor político e já no declínio, foi pelo egrégio e inesquecível Castilhos, nomeado médico da Colônia Jaguari. Morreu pobre, legando a seus descendentes o patrimônio da honradez, com que sempre viveu.
Natural do 4º Distrito (então, Restinga Seca), do município de Cachoeira (RS), nascido em 1857; filho de Antônio Gonçalves Borges e de Rufina de Lima. Era tio do Dr. A. A. Borges de Medeiros.
Estudou e se educou até aos 15 anos e com essa idade principiou a iniciar-se nos misteres da pecuária, na fazenda de seu pai; porém, aos 25 anos de idade, ficou órfão de pai.
Herdou de seu pai a “Fazenda do Meio”, no 4º Distrito (então, Restinga Seca), do município de Cachoeira, onde havia uma boa casa de dois andares, engenhos de farinha e melado, com a área de uma légua e meia quadrada (75 quadras) de campo, dividida em três invernadas cercadas, que suportava uma lotação de 3.000 reses.
Nos ANAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO SUL (Volume 11, pág. 267), consta: “Registro de uma petição de Antônio Gonçalves Borges e de uma sesmaria (3 léguas ou, 150 quadras) de uns campos a ele pertencente”. [Freguesia de São Nicolau da Cachoeira no rincão de São Sepé].
Porto Alegre, 16 de agosto de 1790.
F 1246/105v, 106, 106v.
Adquiriu a “Fazenda Boa Vista”, no município de Santa Maria, com a área de uma légua quadrada (ou 50 quadras) de campo, dividida em duas invernadas cercadas, que suportava uma lotação de 2.000 reses (situada entre os rios Vacacaí Grande e o Arenal).
Possuía uma ampla e confortável residência em Cachoeira, situada na rua Saldanha Marinho, entre as travessas Andrade Neves e a “24 de Maio” (hoje, travessa Sílvio Scopel).
Ainda era proprietário de uma bela Chácara com a área de três hectares, localizada no fim da rua 7 de Setembro (possivelmente a palavra “fim” aqui usada > na verdade designe: começo, junto ao rio Jacuí), também em Cachoeira.
Os longos anos consagrado à pecuária e à agricultura, fizeram o Coronel Horácio um dos homens mais competentes da vida rural; isso foi o bastante para explicar a particular estima em que teve os seus conterrâneos.
Horário Gonçalves Borges foi Coronel da Guarda Nacional, desde 1905; em 1912, foi Intendente de Cachoeira; foi Comandante do 64º Corpo da Brigada de Infantaria, na Comarca de Cachoeira; durante vários anos foi Chefe Político do Partido Republicano dos 4º e 5º distritos, do município de Cachoeira e depois passou a Chefe político de todo o município.
Casado com Georgina Herédia (natural de Cachoeira, RS), com quem teve os seguintes filhos legítimos:
01 - Horacinda Herédia Borges;
02 - Rufina Herédia Borges;
03 - Sebastião Herédia Borges;
04 - Horácio Herédia Borges, nascido em Cachoeira, aos 28-10-1904; casou em Porto Alegre, em 1926, com Izabel Pereira da Costa e teve dois filhos:
a - João Horácio da Costa Borges;
b - Izabel da Costa Borges.
Teve ainda os seguintes filhos naturais:
01 - Olympia Gonçalves Borges, casada com o Tenente-coronel Terêncio Costa;
02 - Odília Gonçalves Borges, casada com Nico Pereira Henriques;
03 - Armando Gonçalves Borges, casado com . . .
04 - Olmira Gonçalves Borges;
05 - Apparício Gonçalves Borges, Alferes da Brigada Militar do RGS.
Como o Coronel Horário Borges empregava muita gente da sua vizinhança, na extração de “dormentes” para a Estrada de Ferro e sendo esse trabalho feito em larga escala, um amigo vendo que tal serviço podia lhe dar um resultado incomparavelmente maior, estabelecendo ali uma serraria movida à vapor, aconselhou-o a isso, demonstrando-lhe todas as vantagens decorrentes de tal empreendimento.
Horácio Borges, embora convencido dos grandes lucros que lhe acenavam os planos de seu amigo, atalhou resolutamente, interrogando-lhe: “Mas, que vou fazer com essa gente pobre que se sustenta às custas desse serviço?”
Escusado é dizer que, dessa prolongada exploração de madeira foi colhido um grande capital, cuja maior parte ficou distribuído entre os seus trabalhadores.
No dia 04 de outubro de 1917, após haver tomado assento na “Assembléia dos Representantes do Rio Grande do Sul”, o Coronel Horácio Borges regressou de Porto Alegre com sua família, permanecendo em Cachoeira por alguns dias e depois, seguindo para a sua “Fazenda do Meio”; era um homem ligado às atividades rurais da pecuária e da agricultura de subsistência.
Faleceu na “Fazenda do Meio”, aos 09 de outubro de 1917; as cerimônias fúnebres foram feitas às expensas do município de Cachoeira, dirigidas pelo Capitão Francisco F. N. Gama (então, Intendente Municipal, 1915-1920), que providenciou a encomendação do corpo, na Igreja Matriz N. S. da Conceição; o sepultamento foi no Cemitério das Irmandades.
Através de Decreto Municipal, o Prefeito de Cachoeira (RS), conferiu com justiça a perpetuação de sua memória, denominando de Rua Cel. Horácio Borges, a via pública localizada na Vila Soares, que tem seu início no local por onde passava a linha férrea da VFRGS (hoje, Rua Virgilino Jaime Zinn, antes “Beco dos Trilhos”), em direção SE-NW e terminando na Rua Gabriel Almeida, situando-se paralela a cinco quarteirões da Rua Júlio de Castilhos.
Luiz Carlos Borges, músico desde os sete anos de idade, quando iniciou sua carreira no conjunto IRMÂOS BORGES, na cidade de São Luiz Gonzaga, região missioneira do R.G.S. com quem gravou seus três primeiros Lp's, registrando sua passagem pelo estilo regional bailável do Rio Grande do Sul. Mais tarde, já estudante universitário em Santa Maria (RS), iniciou sua carreira solo a partir do sucesso com a composição "Tropa de Osso", premiada na 9ª edição da “Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana” (RS), movimento musical que revolucionou a música tradicional gaúcha na década de 70.
Luiz Carlos Borges segue carreira alicerçando seus conhecimentos no Curso Superior de Música, fazendo sucesso no meio estudantil universitário, tocando com diretórios centrais DCES, restaurantes universitários, pátios de escolas, bares e teatros, fazendo frente a movimentos culturais.
Em 1980, forma-se em música pela UFSM - Universidade Federal de Santa Maria e assume a direção do Centro Cultural Municipal e Biblioteca Pública daquela cidade; ainda em 1980, grava seu 1 LP individual Tropa de Osso, um trabalho para todo o Estado. A partir dai Borges investe na renovação da música regional gaúcha.
Em 1982, muda-se para São Borja, onde assume a Assessoria de Cultura e Turismo daquele município e passa a trabalhar no Projeto "São Borja 300 anos de História", durante todo ano. Neste ano ainda grava seu 2º LP individual: "Noites, Penas e Guitarra".
Em 1983, a convite da administração municipal, assume em Santa, Rosa a assessoria de Cultura e Turismo, onde idealiza e desenvolve o Projeto " Musicanto Sul-Americano de Nativismo", que resgata os costumes populares da região e abre espaço para toda América do Sul mostrar o que se produz em termos musicais nativos com cada região dos países sul-americanos.
Suas atividades, dividem-se entre o produtor cultural e o músico que dia a dia aumenta sua produção.
Em 1985. lança o 3ºLP individual de sua carreira "Quarteada", logo em 1986 vem o 4º lançamento "Solo Livre", período este em que Borges já atinge outros estados brasileiros e é premiado nos mais importantes festivais do país, quer como instrumentista ou como compositor. Em conseqüência disso, o reconhecimento do seu trabalho fica evidenciado em convite para representar o folclore regional brasileiro em eventos como:
* Festival Nacional Del Folklore COSQUIM 84 - (Córdoba, Argentina), onde retornou em 1998, com Renato Borghetti e Chango Spasiuk.
* Festival Internacional de folklore - em Salt Lake City UTHA Estados Unidos da América.
* Semana regional do Folklore de Caiena (Guiana Francesa), em 1988.
* Em 1989, recebe a premiação de instrumentista do Ano.
* Em 1990, é eleito Músico da década, de 80 pela crítica musical gaúcha.
* Em 1991, lança o 8/12 disco de sua carreira "Fronteiras Abertas", em parceria com Antônio Tarrago Ross, sendo este importante passo para a concretização do projeto de Integração Cultural, defendido pelo MERCOSUL
* Em 1992, inicia o ano cumprindo uma agenda de 14 Shows na Europa nos meses de março e abril em países como: Alemanha, Áustria, Itália, Eslovênia e Suíça onde grava seu 1º CD Internacional, "Gaúcho Rider", que registra o repertório lá trabalhado, onde ritmos como vaneirão, bugio, chamamé, forró, chacarera são registrados com notória modernidade, sendo este o 9º de sua discografia.
* Ainda em 1992, Borges divide com o tecladista Geraldo Flach o lançamento de um CD com repertório assinado pelos dois parceiros somente com composições inéditas e instrumentais, um lançamento do Selo Veias para todo Pais.
* Em 1993, registra sua paixão pelo Chamamé, com "Na Chama do Chamamé" em mais um lançamento USA Discos; é o 11º LP da carreira de Luiz Carlos Borges e neste mesmo ano volta a Europa para mais duas turnês.
* Em 1994, Borges novamente excursiona pelo exterior cumprindo agenda em sete países, oportunidade em que grava seu 2º CD Internacional, "Gaúcho" pela Face Music, ao mesmo tempo em que lançava no Sul, o CD da série Gaúchos de Ouro pela USA Discos.
* Em 1995, lança "Hay Chamamé", para toda a região sul do Brasil e países do MERCOSUL,
pelo seio da USA Discos de Porto Alegre, sendo este o 14º de sua carreira, incluídos 2 Lps gravados na Argentina em 1971 e 1976, pelo selo País Discos de Buenos Aires, ambos apresentados por Raulito Barbosa.
* 1996-CD Temperando - Luiz Carlos Borges e Nícolás Brizuela - Acit RS/BR
* 1997-CD Série Acervo Gaúcho - Luiz Carlos Borges - USA Discos RS/BR
* 1998-CD Bem-Vindo ao Sul - Luiz Carlos Borges e Convidados - Acit RS/BR
* 1998-CD - Luiz Carlos Borges - Luiz Carlos Borges - Acit RS/BR
* 1999-CD - Campeiros - Luiz Carlos Borges e Mauro Ferreira - Acit RSIBR
Ele começou a "brincar" de música aos oito anos, quando ganhou uma gaita do pai Rodi Borghetti, que na época dirigia o Centro de Tradições Gaúchas 35, de Porto Alegre, o CTG precursor.
Aos 14 anos, já espantava pelo talento natural os freqüentadores do 35. Aos 16 anos, subiu pela primeira vez profissionalmente num palco, passando a participar dos festivais de músicas nativista do Rio Grande do Sul.
Foi nos festivais que, efetivamente, Borghettinho chamou a atenção da imprensa e do público. Não apenas por tocar muito bem, como por sua figura de cabelos longos, chapéu encobrindo os olhos, bombachas surradas, alpargatas de corda - um tipo que descontraía o pesado figurino tradicional gaúcho, de botas cinturões e esporas.
Quando saiu o primeiro disco, em 1984, o Brasil passou a conhecer o que o Rio Grande do Sul já sabia. A vendagem do disco alcançou a dimensão de fenômeno, logo ultrapassando as 100 mil cópias e dando para Borghetti o primeiro (e até agora único) disco de ouro da música instrumental brasileira. E agora, relançado em CD, caminha para outro recorde: chegar às 250 mil cópias e ao disco de platina. Esse primeiro LP foi produzido de forma independente e Borghettinho iria lançá-lo por conta própria, encomendando uma tiragem de mil cópias. O produtor discográfico Ayrton dos Anjos (o mais importante do Rio Grande do Sul) convenceu a empresa de comunicações RBS, que estava abrindo um selo em parceria com a Som Livre, a lançar o disco. E o "acaso" virou um marco histórico.
Em 2005, Borghetinho excursionou pela Europa - Áustria e Itália (estando em Bolzano - onde mora a Helenita dos Santos Melo).
Natural da cidade de Porto Alegre (RS); empresário teatral no Brazil, comerciante no Rio de Janeiro (RJ) e depois, radicou-se em Lisboa (Portugal), aplicando sua fortuna no teatro.
Fundou o “Teatro Dona Amélia”.
Trouxe à Lisboa, companhias francesas, italianas e espanholas; estimulou a produção teatral e os artistas portugueses.
Recebeu o título em 1891, de D. Carlos I - Rei de Portugal.
Leonel de Moura Brizola nasceu aos 22 de janeiro de 1922, no povoado de Cruzinha, que pertenceu a Passo Fundo (RS) até 1931, quando passou à jurisdição de Carazinho (RS).
Ganhou seu nome numa homenagem do seu genitor, ao caudilho Leonel Rocha (guerrilheiro do norte do RGS, nas revoluções de 1893 e 1923).
Seu pai, o lavrador José de Oliveira Brizola, morreu na “Revolução de 1923” lutando nas tropas do maragato Joaquim Francisco de Assis Brasil, que combatiam os republicanos do chimango Borges de Medeiros.
Em 1931, foi alfabetizado por sua mãe Onívia de Moura Brizola, numa escola primária de Passo Fundo.
Foi engraxate e carregador-de-malas na estação ferroviária de Carazinho, de onde foi para Porto Alegre trabalhar como ascensorista, na Galeria Chaves.
Em 1936, matriculou-se no “Escola de Técnicas Agrícolas - ETA” de Viamão, formando-se Técnico Rural, em 1939.
Em 1940, mudou-se para Porto Alegre e obteve emprego no serviço de parques e jardins da prefeitura. Para continuar seus estudos, matriculou-se no “Colégio Estadual Júlio de Castilhos” para fazer o curso supletivo. Seu professor Aldo Obino disse: “Sentava bem atrás, sempre com um sorriso irônico.”
Em 1943, começou na política como um dos fundadores do famoso Grêmio do Júlio.
Em 1945, iniciou o curso de engenharia civil na “Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS” - nessa época visitou Getúlio Dorneles Vargas na fazenda Itú (São Borja – RS), onde conheceu Jango e sua irmã Neuza (com quem casaria mais tarde).
Em 1945, tornou-se simpatizante do presidente Getúlio Dorneles Vargas - ingressou do PTB, integrando o primeiro núcleo gaúcho do novo partido.
Em 1947, foi eleito Deputado Estadual (pelo PTB, com 3.839 votos), participando da elaboração da “Constituição Gaúcha”. O PTB, que tinha a maioria na “Assembléia Legislativa do RGS” aprovou (como o apoio de Brizola), a instituição do regime parlamentarista no Estado Gaúcho, governado por Valter Jobim (do PSD) - mas o STF decidiu que essa decisão era inconstitucional.
Em 1950 (01 de março), casou-se com Neuza Marques Goulart, irmã do então Deputado Estadual João Belchior Marques Goulart. O padrinho do casamento foi o próprio Getúlio Dorneles Vargas, que em 03 de outubro daquele ano foi eleito Presidente da República do Brasil. No mesmo pleito, Brizola foi reeleito Deputado Estadual.
Em 1951, tornou-se líder do PTB na “Assembléia Legislativa Gaúcha” e pouco depois se candidatou a Prefeito de Porto Alegre, perdendo o pleito em 1º de novembro, por pouco mais de 1% dos votos.
Em 1952, foi nomeado Secretário de Obras do governador Ernesto Dornelles (do PTB).
Em 1954, foi eleito Prefeito de Porto Alegre – RS com mais de 300.000 sufrágios, 51% de todos os votos válidos; criou o “Cinturão Verde de Porto Alegre”; foi quando, aos 20 de setembro de 1958, inaugurou o monumento do LAÇADOR - na Av. Farrapos, próximo ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
Em 1958, foi eleito Governador do RGS, com 670.003 sufrágios (mais de 55% dos votos válidos) e empossado em janeiro de 1959.
Brizola planejou um governo para enfrentar a crise de descapitalização do Rio Grande do Sul. Seu I Plano de Obras foi apresentado como o primeiro planejamento feito por um governo estadual no país. > Visava captar recursos públicos e privados, para investimentos no Estado, para melhoria da infra-estrutura e ampliar a educação básica.
O Primeiro grande ato administrativo do novo governo, teve repercussão internacional: Foi a encampação da “Bond and Share” (empresa estrangeira de distribuição de energia elétrica, em Porto Alegre e Canoas) e a incorporação de seu patrimônio ao Estado, pelo valor simbólico de Cr$ 1,00 (um cruzeiro) - criando a “Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE.”
Apesar disso, o governo Brizola conseguiu recursos norte-americanos (do programa “Aliança para o Progresso”), para duas iniciativas: o reequipamento técnico da polícia e a construção da Estrada da Produção (Iraí – Canoas), batizada em sua inauguração como “Rodovia Presidente Kennedy” (numa homenagem àquele presidente, que lançara o programa de cooperação com a América Latina).
Foram também de iniciativa de Brizola, os projetos para a instalação da Refinaria Alberto Pasqualini (em Canoas) e da Aços Finos Piratiní (em Charqueadas).
Sua disposição de intervir na economia gaúcha, chegou a ponto de criar a Agasa (Açúcar Gaúcho), empresa estatal que pretendia oferecer álcool como combustível alternativo, já naquela época; sem o apoio do governo federal, este projeto gaúcho fracassou.
A obra mais emblemática do governo Brizola foram as escolas de madeira, para o curso primário. Seu lema era: Nenhuma criança sem escola no Rio Grande do Sul. Construiu 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas, 131 ginásios e escolas normais, o suficiente para manter o Rio Grande do Sul na liderança como o Estado brasileiro com a mais alta taxa de escolarização.
Criou a “Caixa Econômica Estadual do RGS” e adquiriu o controle acionário do “Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul” (criado por Getúlio Dorneles Vargas, quando Governador do Rio Grande do Sul, em 1928).
Em 1959, sem recursos para recuperar as ferrovias, que ainda estavam na idade da “maria-fumaça”, aceitou transferir para o governo federal a “Viação Férrea do Rio Grande do Sul – VFRGS” - sendo absorvida pela nova empresa que o Presidente Juscelino criou, a “Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – RFFSA”, para poder receber financiamentos externos, indispensáveis à modernização desse meio de transporte.
Em 1960, apoiou as candidaturas do general Henrique Teixeira Lott (do PSD) à Presidência da República e de João Belchior Marques Goulart (do PTB) para vice; Lott perdeu, mas Goulart foi eleito vice do mato-grossense Jânio da Silva Quadros.
Em 1961, liderou a “Campanha da Legalidade” pela posse de seu cunhado João Belchior Marques Goulart na Presidência do Brasil. Para angariar recursos financeiros, espelhou-se na iniciativa do Presidente Vargas - quando este, em 1932 emitiu as getulianas (bônus provisórios do “Thesouro do Estado do Rio Grande do Sul”), assim, Brizola também criou as famosas brizoletas, que não chegaram a circular.
A LEGALIDADE
Sexta-feira, 25 de agosto de 1961:
Renúncia do Presidente Jânio da Silva Quadros, em Brasília.
Assume Ranieri Mazzzilli porque o vice João Goulart estava na China, em missão oficial.
Em Porto Alegre, Brizola oferece condições de governabilidade a Jânio.
Sábado, 26 de agosto de 1961:
Jango recebe a notícia em Singapura, quando já retornava ao Brasil.
Brizola instala no famoso “Mata-borrão” (singular edifício, de Porto Alegre), o comitê pró legalidade.
Domingo, 27 de agosto de 1961:
Em Porto Alegre, depois da intervenção militar que silenciou a rádio Gaúcha, Brizola requisita a rádio Guaíba e forma a Cadeia da Legalidade, usando tropas da Brigada Militar para garantir o funcionamento da emissora.
Brizola lança o desafio ao povo, que se organizasse em Grupos de Onze (como time de futebol), para pelearem se preciso fosse.
Segunda-feira, 28 de agosto de 1961:
Em Brasília, os ministro militares determinam ao comando do III Exército (RS, SC e PR), que silenciassem a Rede da Legalidade (se necessário, bombardeando o Palácio Piratiní), enquanto a Marinha do Brasil se preparava para zarpar e intervir no Rio Grande do Sul.
O general Machado Lopes (Cmt. do III Ex.) e o arcebispo D. Vicente Scherer foram ao Palácio Piratiní, hipotecar solidariedade e apoio incondicional a Brizola, aderindo à legalidade.
Em Canoas, 100 sargentos da FAB impedem 12 jatos de decolarem, para bombardear o Palácio Piratiní, que estava fortemente protegido até aos dentes, por metralhadoras antiaéreas no teto do Palácio Piratiní e no topo da Catedral Metropolitana.
Terça-feira, 29 de agosto de 1961:
Em Brasília, os ministros militares divulgam manifesto, declarando inaceitável a posse de Jango.
No Rio de Janeiro, o marechal Lott é preso por seu apoio à legalidade.
Em Paris, Jango reúne-se com um grupo de parlamentares brasileiros e admite a solução parlamentarista.
Em Porto Alegre, Brizola passa o efetivo da Brigada para o comando do III Exército.
Quarta-feira, 30 de agosto de 1961:
O general Machado Lopes comunica aos demais Exércitos, a posição de seu comando e determina medidas para defender o território gaúcho, deslocando tropas, para pontos estratégicos do Estado gaúcho.
No Mata-borrão, registrava-se o alistamento de 200 mil gaúchos ou mais, prontos para lutar, organizados em Grupos de Onze.
Quinta-feira, 31 de agosto de 1961:
Jango chega de Montevideo (após longa viagem desde Paris, desviando-se do espaço aéreo brasileiro, vindo pela costa do Oceano Pacífico), sendo recepcionado defronte ao Palácio Piratiní, por mais de cem mil gaúchos.
Sexta-feira, 1º de setembro de 1961:
Tropas do III Exército e efetivos da Brigada Militar são deslocados para o litoral gaúcho, à espera da anunciada invasão dos fuzileiros navais brasileiros.
Sábado, 2 de setembro de 1961:
Articulada por Tancredo Neves (Dep. Fed. pelo PSD mineiro), que estivera com Jango em Montevideo, é aprovada pelo Congresso Brasileiro (por 298 votos, contra 14), a emenda parlamentarista que restringia os poderes do presidente; solução negociada que previa um plebiscito, para assegurar a posse de Jango.
Domingo, 3 de setembro de 1961:
Aos poucos volta a tranqüilidade ao Brasil.
Segunda-feira, 4 de setembro de 1961:
Brizola anuncia o fim das transmissões da Rede da Legalidade.
Terça-feira, 5 de setembro de 1961 - (data do 22º níver do Maragato):
Jango deixa Porto Alegre, rumo à Brasília.
Quarta-feira, 6 de setembro de 1961:
Em Porto Alegre, Brizola e seus aliados permanecem na espreita dos acontecimentos em Brasília, temendo uma emboscada a Jango - mas, prontos para uma eventual ação militar, com grande derramamento de sangue brasileiro.
Quinta-feira, 7 de setembro de 1961:
Jango assume como Presidente do Brasil e indica Tancredo Neves como Primeiro-Ministro.
Depois da “Legalidade” - Brizola tomou duas medidas polêmicas de grande repercussão nacional e internacional. Após drenar o Banhado do Colégio (em Tapes – RS), foi pioneiro fazendo a 1ª Reforma Agrária no Brasil, repartindo aquelas terras aos colonos do recém-criado MASTER (Movimento dos Agricultores Sem-Terra), que realizaram a primeira ocupação no Estado, em fevereiro de 1962, no município de Nonoai – RS.
Em 1962, também encampou a ITT (empresa norte-americana responsável pelos serviços telefônicos no Rio Grande do Sul) e criou a “Companhia Rio-grandense de Telecomunicações – CRT”.
Em 1962, ainda foi eleito Deputado Federal pelo então Estado da Guanabara – RJ.
Em 1964, foi caçado enquanto liderava nova “Campanha da Legalidade” pleiteando a permanência de seu cunhado João Belchior Marques Goulart na Presidência do Brasil - diante da desistência do já destituído Presidente, rompeu relações com seu cunhado.
Apesar de suas origens maragatas das quais, segundo ele próprio afirmava < trouxe a rebeldia > Brizola tinha personalidade e conduta política mais próxima do castilhismo chimango do seu grande líder Getúlio, centralizador, defensor da intervenção estatal na economia, de um nacionalismo radical e de políticas populares.
Lento, redundante e reiterativo, Brizola sempre teve grande facilidade para se comunicar com as massas, sobretudo no rádio. Manteve durante todo o seu governo gaúcho, um programa radiofônico, na rádio Farroupilha, o qual era ansiosamente esperado por correligionários e adversários - por isso o chamavam de Lobisomem (só aparecia nas noites de sexta-feira).
Com a implantação do “Regime de Exceção” no Brasil; foi exilado por 15 anos, um longo período na Europa e depois no Uruguai (onde comprou uma macanuda fazenda em Durasno), sendo um dos ativos integrantes da “Internacional Socialista”.
Em 1979, retornou do exílio e logo em seguida elegeu-se Governador do RJ por duas ocasiões. No período 1983-1987 edificou o Sambódromo.
Em 1981, fundou o PDT (Partido Democrático Trabalhista).
Em 1984, participou ativamente da Campanha Diretas Já. No período 1991-1995 edificou os CIEP (Centro Integrado de Educação Pública).
Não chegou a ser um Caudilho dos Pampas > porque, para ser CAUDILHO o gaúcho além de ser líder e chefe faccionário, tem que possuir muito dinheiro para custear movimentos revolucionários, cujos integrantes são armados e mantidos às custas deste chefe - o que Brizola nunca patrocinou de seu próprio bolso.
No Rio de Janeiro - RJ:
Morreu de “mãos limpas” às 20h 30’ - do dia 21 de junho de 2004, onde estava internado na CTI do Hospital São Lucas, em Copacabana.
Causa mortis: infarto, oriundo de uma insuficiência respiratória aguda, motivada por uma forte gripe contraída enquanto estava na sua fazenda, em Durasno (Uruguai).
O Velório iniciou às 00h 30’ - do dia 22, no “Palácio Guanabara” e depois das 08h - do dia 23, foi no CIEP “Tancredo Neves” (1º Centro Integrado de Educação Pública) construído por Brizola, situado na rua do Catete.
Deixou a “Cidade Maravilhosa” decolando às 14h - do dia 23, do aeroporto “Santos Dumont” num avião Lear Jet, especialmente fretado pela família.
Em Porto Alegre - RS:
Chegou no aeroporto “Salgado Filho” às 15h 05’ - do dia 23 e quando o Esquife (carregado por seis cadetes com fardas de gala) adentrou na “Sala Vip”; foi saudado por um coral feminino entoando o Hino Rio-Grandense.
Seguiu para o centro da cidade num carro de bombeiros antecedido por batedores da Brigada em motos, guarnecido por 28 brigadianos a cavalo (7 na frente, 7 atrás e 7 em cada lado) e um piquete de mais de 100 gaúchos pilchados a preceito e montando belos pingos; o Monumento Laçador ostentava um pala preto.
Chegando ao “Palácio Piratiní” às 15h 45’ - do dia 23, foi homenageado por um grupo de tradicionalistas do MTG que cantaram a canção Querência Amada (do Teixeirinha); depois, foi levado ao “Salão Negrinho do Pastoreio” onde foi velado até às 08h 30’ - do dia 24; ao sair, foi executado o Hino Rio-Grandense pela Banda da Brigada Militar e na frente do Palácio foi homenageado com uma salva de 21 tiros de fuzil; ao passar pela frente da Catedral Metropolitana o Esquife recebeu uma chuva de pétalas de rosas vinda do alto das torres.
Em São Borja - RS:
Chegou no aeroporto “João Manuel” às 11h 29’ - do dia 24, onde mais de mil pessoas entoaram também a canção Querência Amada e o Hino Rio-Grandense; o Esquife seguiu em cortejo passando pelas principais ruas indo até o centro da cidade, chegando às 11h 50’ na igreja matriz situada na Praça 15 de Novembro.
Às 14h iniciaram-se as cerimônias do Réquiem aeternam dona eis, Domine (O descanso eterno dai-lhes, Senhor) realizado na “Igreja Matriz de São Francisco de Borja.”
Às 14h 45’ iniciou-se o translado do Esquife, da igreja ao cemitério, feito por uma Guarda Fúnebre (composta por 12 elementos com fardas de gala), do Batalhão Abas Largas (de Stª Maria), da Brigada Militar.
As Exéquias iniciaram-se às 15h 35’ ao som do Hino Brasileiro, seguido de cinco emocionantes discursos, encerrando o cerimonial com o Hino Rio-Grandense e sendo às 15h 50’ finalmente sepultado junto à Dª Neuza (sua esposa), no Jazigo da família “Goulart Brizola” no cemitério municipal “Jardim da Paz” (onde jazem os ex-presidentes Getúlio Dorneles Vargas e João Belchior Marques Goulart - o Jango) > deixando grande parte da nação brasileira, mui triste e oficialmente enlutada por três dias.
Natural de Porto Alegre (RS), nascido em 1910 e falecido também em Porto Alegre (RS), em 1962.
Fez os primeiros estudos no Colégio Militar de sua cidade natal e no Colégio Lafayette do Rio de Janeiro (RJ); matriculado na Faculdade de Direito de Porto Alegre, em 1929, concluiu o curso jurídico com a turma de 1932, em que foi laureado.
Como acadêmico, ingressou nos quadros da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, como escriturário, sendo, depois de formado, nomeado Procurador.
Participou também, como estudante de Direito, da Revolução irrompida em Porto Alegre, aos 03-10-1930, integrando o grupo que atacou o Quartel-General da 3ª Região Militar, em frente ao qual foi ferido gravemente numa perna.
Em seu Estado natal exerceu importantes funções públicas, como as de Deputado Estadual, Secretário de Educação e Cultura, de Segurança Pública e do Interior e Justiça, função em que lhe coube assumir interinamente o Governo do Estado do RGS.
Foi por muitos anos advogado militante e exerceu, com brilho, o magistério secundário e superior, tendo sido lente catedrático, por concurso, da Cadeira de Direito Constitucional, na Faculdade de Direito de Porto Alegre, da Universidade do RGS.
Foi Consultor-Geral da República, no Governo do Sr. Nereu Ramos e membro do Conselho Federal de Ensino.
A 10-07-1962, em situação grave para a Nação, foi chamado a assumir o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, que renunciou aos 14-09-1962, em razão de grave crise motivada pela fixação da data para a realização do plebiscito e da delegação de poderes para as reformas de base.
Voltou, então, a Porto Alegre, onde tencionava reabrir o antigo e movimentado escritório de advocacia, quando faleceu, inesperadamente, doze dias depois. Sua morte teve repercussão nacional, tendo sido seus funerais, realizados em Porto Alegre, assistidos pelo Presidente da República, Ministros de Estado e altas autoridades do País.
Em vida, recebeu o Ministro Brochado da Rocha a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Militar, a Medalha de Ouro de Serviços Distintos à Brigada Militar do RGS e a Cruz de Mérito da Cruz Vermelha Brasileira.
Post-mortem foi entregue à viúva a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Naval, condecorações que, com outros objetos de uso, a família entregou ao Museu Histórico Júlio de Castilhos, de sua cidade natal.
José Diogo Brochado da Rocha nasceu em Porto Alegre, aos 15 de agosto de 1904. Filho do Engenheiro Militar Octavio Rocha.
Cursava a Escola Militar do Rio de Janeiro, quando tomou parte na revolução de 05 de julho de 1922.; por esse motivo foi excluído da referida Escola, com todos os companheiros de ideal.
Tendo escolhido nova carreira, formou-se em Engenharia Civil, na Escola Politécnica da Universidade do Rio de Janeiro, em 1926; foi também, Agrimensor diplomado pelo Colégio Militar, em cujo estabelecimento conquistou a Medalha de Ouro “Marechal Floriano.”
O Engenheiro José Diogo sempre militou nas fileiras republicanas, com brilho e devotamento, desenvolvendo por vezes, grande atividade política, como o foi por ocasião da propaganda da Aliança Liberal, na qualidade de Secretário Geral do Comitê Central, pró candidaturas Getúlio Vargas e João Pessoa, no Rio Grande do Sul.
Na administração, igualmente, prestou o seu valioso concurso ao Estado, Intendente e posteriormente Prefeito do Município de S. Pedro, Prefeito do Município de S. José do Norte, Prefeito do Município de Viamão, deixou em todas essas comunidades, quer no âmbito de suas funções, quer nos meios sociais ou na comunhão Castilhista, indeléveis traços de sua operosidade.
Foi de uma envergadura moral digna do nome paterno e garantidor de uma invejável posição, não só nos municípios servidos por sua inteligência sadia, como em Porto Alegre e no Rio de Janeiro; o Engenheiro José Diogo conquistou admiração dos homens de bem, desfrutando as simpatias e o respeito de todos os que lhe cercavam.
Natural de Pelotas (RS), nascido aos 26 de maio de 1894; filho do famoso médico José Brusque (cognominado de Pai da Beneficência), natural de Belém (PA), nascido em 1861 e vindo para o Rio Grande do Sul com apenas três anos de idade, acompanhado de seus pais - o Conselheiro Francisco Carlos de Araújo Brusque (ex-governador da Província do Pará) e de Cecília Amália de Azevedo.
Fez os estudos primário e secundário no Ginásio Gonzaga, de Pelotas e doutorou-se pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre (RS), defendendo a tese versando sobre a Profilaxia do Quisto Hidático,
Especializou-se em Cirurgia Geral; fez várias viagens de estudos à Argentina e freqüentou o curso de cirurgia no Hospital Rawson (Buenos Aires, Argentina), de 1919 a 1920.
Desempenhou as funções de Diretor da Educação e Saúde, de Pelotas (RS); diretor dos Serviços Cirúrgicos da Sociedade Portuguesa, de Beneficência; e, Médico-chefe do Centro de Saúde, de Pelotas.
Casado com Josefina Neves.
É descendente de uma das famílias mais distintas do Rio Grande. Nasceu na cidade de Pelotas e aí estudou os preparatórios, seguindo para S. Paulo, onde se bacharelou na Academia de Direito, tendo feito, durante
Era um homem inteligente, estudioso e de sólido preparo. Mal chegou à província, depois de haver concluído os estudos, alistou-se nas fileiras do partido liberal, que o elegeu, diversas vezes, à Assembléia Provincial e à Câmara dos representantes da nação.
Na tribuna, de uma e outra casa, pôs em acentuado relevo seu formoso talento, iluminado pelas irradiações de seu vasto saber.
Quando orava, era um encanto ouvi-lo, o auditório ficava preso à sua palavra arrebatadora.
Pouco antes da guerra do Paraguai, ocupou a pasta da marinha, tomando o mais vivo interesse pelos deveres inerentes a esse cargo. Não transitou por ali sem deixar um traço luminoso de sua passagem rápida, mas proveitosa.
Quando, ele abandonou o ministério, a imprensa carioca teceu os mais rasgados elogios à sua administração, que só se inspirou no bem público.
Foi uma figura obrigada, durante certo tempo, nas assembléias do passado Rio Grande, em cujo recinto se enfileiravam os homens mais ilustres de nossa terra, pelo saber, pelas virtudes ou cheios de serviços à Pátria.
Aquela velha casa, onde se reuniam os nossos representantes, no seu modesto interior, apresentava o aspecto venerando de um cenáculo.
Não parecia uma assembléia de homens, parecia antes uma assembléia de deuses e o Dr. Araújo Brusque ocupou sempre aí um lugar de destaque.
Natural de Pelotas (RS), nascido aos 07 de outubro de 1897; filho do famoso médico José Brusque (cognominado de Pai da Beneficência), natural de Belém (PA), nascido em 1861 e vindo para o Rio Grande do Sul, com apenas três anos de idade, acompanhado de seus pais - o Conselheiro Francisco Carlos de Araújo Brusque (ex-governador da Província do Pará) e de Cecília Amália de Azevedo.
Fez os seus estudos primário e secundário no Ginásio Gonzaga, de Pelotas (RS) e formou-se na Faculdade de Medicina, de Porto Alegre (RS), especializando-se em Ginecologia e Cirurgia Geral.
Fez várias viagens de estudo, às repúblicas do Prata, freqüentando os cursos do Hospital de Clínicas, do Hospital Rawson, de Buenos Aires (Argentina) e do Hospital Maciel, em Montevidéu (Uruguai).
Participou do Congresso de Urologia, de Buenos Aires (Argentina), realizado em 1938.
Publicou trabalho sobre Fratura do colo do fêmur (Fraturas do astrágulo).
Foi membro da Sociedade de Medicina de Pelotas (RS), desempenhando as funções de Cirurgião da Santa Casa de Misericórdia e Beneficência Portuguesa, de Pelotas, onde exerceu Clínica Geral.
Casado com Aracy Dias de cujo matrimônio teve dois filhos:
01 - Cecília;
02 - José.
Natural de Santa Maria (RS), fez os estudos primário no Curso de Aplicação da Escola Normal nº 7, de Buenos Aires (Argentina) e o secundário na Escola Normal de Porto Alegre (RS) e no Ginásio Sevigné, também da mesma cidade.
Formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de Porto Alegre, em 1939; especializou-se em Pediatria, tendo freqüentado o Curso respectivo do Professor Décio Martins Costa e o Curso de Tisiologia do Departamento Estadual de Saúde.
Fez ainda, viagens de estudos e especialização à Buenos Aires, Montevidéu e Rio de Janeiro.
Publicou os seguintes trabalhos:
01 - A Organização do Serviço de Higiene Escolar em Montevidéu e Buenos Aires;
02 - O Ensino da Puericultura nas Escolas Primárias;
03 - Índice tuberculinico nos pré-escolares de Porto Alegre;
04 - Relações entre varicela e alastrim;
Desempenhou as funções de Professora Pública, até 1938; foi ex-interna da 20ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia; ex-médica do Serviço de Higiene Infantil do Centro de Saúde nº 2; exerceu as funções de Inspetora Médico-escolar do D. E. S. e assistente do Serviço de Clínica de Crianças de Higiene Infantil da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Nascido aos 30 de janeiro de 1924, em Timbaúva, distrito de São Luiz Gonzaga (RS) hoje, Bossoroca, o autor dos clássicos: Bochincho, Galpão de Estância, Tio Anastácio e Galo de Rinha.
Falecido aos 08 de julho de 1999, deixando como herança diversos livros e discos que enaltecem a cultura gaúcha.
Jayme Caetano Braun sonhava fazer medicina; sem completar o ensino médio, no entanto, acabou se tornando um autodidata. Era um especialista em remédios caseiros. Sua imensa cultura foi apurada no período em que ocupou o cargo de diretor da Biblioteca Pública do Estado do RGS, entre 1959 e 1963.
Começou a escrever seus poemas enquanto piazito, por influência da família, abordando quase sempre os objetos do universo do homem da campanha (relhos, chilenas, laços, carretas, etc.). Muitos foram publicados, mas outros se perderam nas noites de galpão.
Foi membro e co-fundador da Academia Nativista “Estância da Poesia Crioula”, em Porto Alegre e usava os pseudônimos de Piraju, Martín Fierro e Andarengo.
Tendo trabalhado no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado, Jayme era polêmico e radical ao defender seus pontos de vista. Chegava a criticar quem ousasse tratar de um tema por ele já abordado. A tudo, porém, respondia versejando; comparado a um corvo, numa referência a seu gosto por roupas escuras, retrucou: “É uma ave higiênica, que limpa os campos”.
Apaixonado pela cultura platina, costumava dizer que os gaúchos rio-grandenses, argentinos e uruguaios, eram “pedras do mesmo caminho, águas de um mesmo rio”.
Radialista, sua obra se espalhou pelo Brasil afora; Minas Gerais, Ceará, Pernambuco e Goiás são alguns dos lugares que tem CTGs com seu nome.
O único artista rio-grandense que tem discos exclusivamente com pajadas, gravou em parceria com Noel Guarany, Cenair Maicá e Luiz Marenco, entre outros. Ninguém fazia uma declamação improvisada acompanhada de uma milonga ao violão, como ele.
PAJADA - (Payada)
A pajada é uma forma poética nascida na campanha argentina e uruguaia em meados do século retrasado, em geral é um repente em décima (estrofes de 10 versos), de redondilha maior (versos de sete sílabas) e rima entrelaçada (todos os versos rimam entre si, alternadamente).
As suas raízes remontam aos romances e quadras medievais e renascentistas, de temática popular, trazido pelos povoadores espanhóis do território platino. O contato com o linguajar e com o dia-a-dia da vida campeira, porém, adaptou essas expressões à realidade da campanha. O pajador surge, então, como um artista errante que leva aos mais distantes rincões, informação e entretenimento por meio do relato de improviso dos acontecimentos da capital (Buenos Aires ou Montevidéu).
Acompanhando-se ao violão no compasso de uma milonga ou solito, sem instrumento, era uma figura respeitadíssima; há relatos de que mesmo em campos de batalha o primeiro mate era dele, atropelando a hierarquia militar.
Ainda hoje, a “payada” (termo castellano) é uma expressão cultural forte nos dois países vizinhos ao nosso estado, com nomes como o uruguaio Gustavo Villón e os argentinos José Larraude e Argentino Luna; ela, no entanto, não vingou no Rio Grande do Sul. Poucos poetas e cantadores daqui, seguiram a tradição e os pesquisadores são quase unânimes ao apontarem Jayme Caetano Braun como sendo o único e autêntico pajador, brasileiro, capaz de payar em espanhol e enfrentar os mestres platinos, como o legendário uruguaio Sandálio Santos.
SUA TRAJETÓRIA
1943 - Começa a publicar poemas no jornal “A Notícia” - São Luiz Gonzaga.
1944 - Começa a atuar na política, participando em palanques de comício como “payador”. O poema “O Petiço de São Borja” (publicado em revistas e jornais do país, fala de Getúlio Vargas). Participa da campanha de Ruy Ramos com o poema “O Mouro do Alegrete”, como era conhecido. Nos anos seguintes, participa das campanhas de Leonel Brizola, João Goulart e Egídio Michaelsen.
1948 - Dirige o programa radiofônico “Galpão de Estância” - São Luiz Gonzaga.
1954 - Publica “Galpão de Estância” - seu primeiro livro.
1958 - Sai a primeira edição da coletânea “De Fogão em Fogão”.
1965 - Lança o livro “Potreiro de Guachos”.
1966 - Publica três livros: Botas de Garrão, Brasil Grande do Sul e Passagens Perdidas.
1973 - Participa do programa semanal Brasil Grande do Sul (Rádio Guaíba), com produção de Flávio Alcaraz Gomes - O programa ficou no ar, por 15 anos.
1990 - Lança o livro Payador e Troveiro.
1993 - Lança o disco Paisagens Perdidas, com sucessos como Mangueira de Pedra, Tio Anastácio, Cordeiro Guacho e Payada da Primavera.
1993 - Sai o disco Poemas Gaúchos, com sucessos como Payada da Saudade, Piazedo, Remorsos de Castrador, Cemitério de Campanha e Galo de Rinha.
1996 - Publica a antologia poética "50 Anos de Poesia".
As mais célebres PAJADAS literárias, são:
Em primeiro lugar - SANTOS VEGA (1945), de Hilário Ascasubi, com 13.180 versos.
Em segundo lugar - MARTIN FIERRO (1872), de José Hernandes, com 7.210 versos (coplas).
Em terceiro lugar - FAUSTO ( . . . . ), de Estanislau Del Campo, com 1.278 versos.
Em quarto lugar - ANTÕNIO CHIMANGO (1915), de Ramiro Fortes de Barcellos (Cachoeira do Sul, RGS), com 213 versos (coplas).
Nasceu no município de Jaguarão (RS), no povoado Guarda do Cerrito a 2 de setembro de 1810. Seu pai, reconhecendo o formoso engenho do filho, fê-lo seguir bem jo¬vem à Europa a fim de estudar e dando esse passo, andou muito certo.
A 29 de agosto de 1837 o nosso patrício concluiu o curso de Medici¬na pela Faculdade de Montpellier, onde deixou a mais bela tradição do seu talento e do seu saber.
Antes da sua formatura, em 1828, recebia o diploma de membro da Sociedade de História Natural de Montpellier e, no ano seguinte, na Sociedade Literária Luso-Brasileira, fundada para o cultivo do nosso idioma, apresentava uma lista de 400 palavras que Morais esquecera no seu dicionário.
Em 1836, ofereceu ao círculo médico de Montpellier, um trabalho notável com o título “Fragmento de uma memória sobre a queda dos corpos”; por esse motivo, o círculo conferiu-lhe o diploma de “Sócio Titular”.
Como o seus recursos eram escassos, começou a ensinar o francês aos próprios franceses, com a competência de um parisiense de fina cultura inte¬lectual. Fazia isto para conseguir aumentar a sua biblioteca, já notável pela seleção.
Mais tarde, depois de uma longa ausência, voltou ao torrão natal, sendo logo incumbido de lecionar português, retórica e grego no Colégio Pedro II, que havia sido criado recentemente.
Em 1839, tendo deixado o cargo de reitor desse instituto, o bispo de Anemúria, foi nomeado para substituir o nosso patrício, que se pusera em foco na regência das cadeiras que aí lecionava.
Alguns anos depois, em 1851, serviu como encarregado de negócios nos Países Baixos, sendo nomeado, em 1854, cônsul-geral do Brasil no mesmo remo.
No desempenho dessa honrosa comissão, soube aproveitar as horas de lazer para escrever obra monumental, em dois volumes, “O Oiapoc” e “O Amazonas” sobre os limites do Brasil e a França.
Um distinto historiador, referindo-se a esse notável trabalho disse com inteira justiça, que o nosso patrício pronunciara a última palavra sobre esta delicada questão de Limites.
Foi, não há dúvida, o Dr. Caetano da Silva que, concorreu com o fulgor do seu invejável saber para elucidar da forma mais brilhante, os nossos direitos sobre o território que a França reclamava.
A essa vitória da nossa diplomacia está ligado, para sempre, o nome do ilustre rio-grandense, que não teve a ventura de assistir o desfecho da causa que defendera com o ardor das convicções sinceras.
Com a idade de 63 anos, acabou seus dias em Niterói, a 27 de fevereiro de l873, quase cego.
Nasceu no Rio Grande do Sul e faleceu em Sant’Ana do Livramento (RS) em 1892.
Foi grande estancieiro e Coronel da Guarda Nacional; recebeu o título em 1879, de D. Pedro II.
Natural de Santa Maria da Boca do Monte (RS), nascido aos 15 de dezembro de 1888 e falecido em Porto Alegre (RS), aos 23 de maio de 1931.
Filiado ao Instituto Histórico e Geográfico do RGS.
Suas obras:
01 - Prosas de Ontem; 1908
02 - Terras Gaúchas; 1914
03 - Crônicas e Contos; 1920
04 - Terra Natal; 1920
05 - Rincão; 1921
06 - Imprensa e Independência; 1922
07 - O Drama das Coxilhas; 1923
08 - Discurso saudando Rubens de Barcelos; 1924
09 - Lendas Rio-Grandenses; 1925
10 - Vocabulário Gaúcho; 1926
11 - Quero-Quero; 1927
12 - O Gaúcho; 1927
13 - No Fogão Gaúcho; 1929
14 - Episódios da Revolução de 03 a 24-10-1930; 1930
Caldre e Fião era um filósofo despreocupado dos interesses e ambições do mundo, um espírito superior, um grande coração.
Nasceu em Porto Alegre, a 22 de outubro de 1813 - Segundo declaração constante no seu testamento, Caldre e Fião nasceu em 15 de outubro de 1821 e faleceu em S. Leopoldo a 20 de março de 1876. Segundo Guilhermino César, o Dr. Caldre e Fião morreu em 19 de março de 1876 .
Doutor em medicina, pela Faculdade do Rio de Janeiro, viveu na Côrte ainda alguns anos depois de formado, até que se transferiu para a sua terra natal, onde continuou a pregação ali iniciada, em prol da Abolição.
Tomou parte ativa na política do Rio Grande. Quando o partido liberal se dividiu em históricos e progressistas, ele acompanhou o Conde de Porto Alegre, chefe do partido progressista, de quem fora sempre dedicado amigo.
Eleito deputado à assembléia provincial, deixou o seu nome ligado a todos os assuntos momentosos que ali foram discutidos, durante o período legislativo em que preponderou o elemento progressista.
Em 1845, depois de haver concluído os estudos na Academia de Medicina do Rio de Janeiro, fundou o “Filantropo” jornal de propaganda abolicionista de enorme destaque no seu tempo. Sobre “O Filantropo” diz Guilhermino César ter aparecido no Rio de Janeiro em 6 de abril de 1849.
O aparecimento dessa folha, consagrada com paixão à causa dos cativos, causou abalo naquele meio inteiramente infenso às idéias liberais.
Perseguido e ameaçado em sua vida, pelos que viviam à custa do suor do escravo, por insistência de amigos, abandonou o Rio de Janeiro e veio clinicar aqui, onde em pouco tempo se tornou popular pela competência e sentimentos humanitários.
Tendo mudado de terra, não mudou de idéias, continuando a trabalhar sempre, com a mesma veemência, pela causa dos oprimidos.
Viveu sempre pobremente, quando podia ter todo o conforto, quando podia acabar os seus dias comendo em pratos de ouro
Como médico de grande clínica, jamais exigiu retribuição dos seus serviços. Só os conscienciosos, espontaneamente, lhe recompensavam o trabalho.
Escreveu:
• “A Divina Pastora” - novela rio-grandense, 2 volumes (188 e 200 págs.) - Rio, 1847
• “Segundo Sacramento Blake”
• “O Corsário” (romance rio-grandense).
• “Elementos de Farmácia Homeopática” - Rio, 1846
• “Curso de Poesia Brasileira” - Rio 1847
• “Elogio dramático ao faustosíssimo batizado do príncipe imperial D. Pedro” - Rio, 1848
• “O Coronel Manuel dos Santos” (drama) - Rio, 184...
• “O Jardim da Noiva” (poesia) - Rio, 184...
• “Imerisa” - Rio, 184...
• “Ramalhete Poético” - Rio, 1849
• “Enciclopédia dos Conhecimentos Úteis” - Rio, 1849
Foi o primeiro presidente da “Sociedade Partenon Literário” (cuja revista ajudou a fundar aos 18 de junho de 1868, em Porto Alegre, na qual publicou poesias e estudos biográficos).
Morava numa casa de modesta aparência na travessa Paissandu, quando ainda não havia sido invadida por maus elementos, como foi mais tarde.
Sua esposa, D. Maria Isabel, fizera de um pequeno sítio, que possuía em São Leopoldo, a sua habitual vivenda, asilando aí as crianças, libertas pela lei de 28 de setembro e abandonadas pelos senhores que exploravam as mães escravas.
Pode-se, pois, dizer que o Dr. Caldre e Fião vivia no isolamento, entre as quatro paredes de sua habitação.
Não tinha horas marcadas para o repasto. Só vinha à casa quando a sua clínica o permitia. Tomava apenas uma refeição diária, um jantar de pobre, uma posta de peixe, comprada na venda, com um pedaço de pão ou duas rodelas de salame, rebatidas por uma laranja chupada na própria mesa em que escrevia os seus cintilantes artigos de propaganda.
Em 1866, quando a cólera-morbus invadiu a Porto Alegre, ninguém o excedeu em abnegação, em desprendimento e em sentimentos de humanidade.
Aqui, ali e em toda a parte o encontravam no seu posto de honra, praticando o seu belo evangelho, enquanto outros, aterrorizados pela peste, esqueciam seus deveres, diante do aspecto dantesco que apresentava a cidade desolada.
Á noite, na embocadura das ruas e praças, enormes fogueiras, alimentadas pelo alcatrão, davam ao povoado uma aparência sinistra, como se um medonho incêndio lavrasse, ao mesmo tempo, em diversos pontos; ainda, para mais vivamente impressionar o espírito já abatido da população, ouvia-se, de quando em vez, o ranger da grilheta dos encarcerados que cruzavam as ruas, conduzindo em padiolas as vítimas da peste. Esse som áspero e penetrante, quebrando o silêncio das horas mortas da noite, ressoava tris¬temente como dobres de finados.
E, à luz apavorante das labaredas das fogueiras, que ardiam nas ruas, desertas e silenciosas, via-se passar, apressado, ao lado de um ou outro, o Dr. Caldre e Fião, para ir socorrer os atacados da epidemia, sobre cujas ca¬beças ele espalmava as asas do seu carinho e da sua caridade infinita.
Como homem de letras ocupa um lugar saliente na geração do passado. Publicou o “Corsário” e a “Divina Pastora”, dois romances de feição rio-grandense, além de grande número de poesias.
Apesar da névoa dos anos branquear a sua cabeça, era um espírito sadio, forte, potente, no pleno vigor da juventude.
À proporção que o corpo envelhecia, sua alma parecia rejuvenescer dia a dia. As desilusões, as injustiças de uns, os ódios de outros e as invejas de muitos, jamais abateram a rigidez do seu temperamento de ferro.
O seu bem-estar e o de sua querida esposa sacrificou-os pela inexcedível dedicação pelos infelizes, para quem sempre aparecia como o anjo do bem.
Nasceu no Rio Pardo (RS), em 09 de julho de 1805 e morreu aos 25 de fevereiro de 1881, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Filho de João Hipólito de Lima e de Maria Benedita Corrêa da Câmara (filha do I Visconde de Pelotas).
O Barão era casado com Margarida de Castro Delfim Pereira, viúva, filha dos Barões de Sorocaba e neta do I Visconde de Castro, diz Salvador de Moya, no seu “Anuário Genealógico Brasileiro”. Titulares do Império (ano III – 1941, S. Paulo).
Leopoldo Augusto da Câmara Lima recebeu em 08 de abril de 1879, o título de “Barão de S. Nicoláo.
O pai de Leopoldo era general e Reporteiro da Real Câmara por alvará de 1810. Leopoldo foi guarda-mór da alfândega da Côrte e Vereador de S. M. a Imperatriz.
Recebeu as condecorações brasileiras “Ordem das Rosa” e a “Ordem de Cristo”; a portuguesa da “Ordem de Cristo” e a francesa “Legião de Honra”.
Tendo sentado praça, ainda muito jovem, fez com brilhantismo os cursos da Escola Militar e da antiga Escola Central, diplomando-se em engenharia.
Quando voltou ao torrão natal, era já tenente do corpo de engenheiros. Veio encontrar a província numa quadra de notável efervescência política e deixou-se por ela contaminar. Apaixonando-se em extremo pela luta dos partidos, filiou-se ao grupo liberal e cortou sua carreira militar, pedindo demissão do serviço do exército.
Em 1860, quando se agitou no Rio de Janeiro o lema de reforma ou revolução, projetou-se aqui a fundação de um jornal que fosse órgão do partido liberal. Criou-se a Reforma e foi o Dr. Camargo quem lhe escreveu o artigo inicial. Sempre indefectivelmente fiel à política de Silveira Martins, o Dr. Camargo trabalhou ativamente na Reforma, durante mais de 20 anos.
Membro da Assembléia Provincial, o Dr. Camargo também foi mais tarde, em diversas legislaturas, eleito e reeleito deputado geral. Sob o ministério Dantas em 1884, foi chamado para o governo do império, como ministro da guerra. Era ainda deputado geral e seria em breve senador, quando foi proclamada a República.
Dada a mudança das instituições, o conselheiro Camargo, apartando-se dos antigos companheiros de lutas partidárias, retraiu-se de todo à vida privada, entregando-se exclusivamente a estudos de gabinete e a trabalhos de engenharia.
Depois de 20 e tantos anos de agitações, ora coberto das efêmeras glórias que a política dá, ora tragando as rudes decepções em que ela é pródiga, o conselheiro Camargo, já com mais de 50 anos, chefe de numerosa família e tendo lutado, encontrava-se pobre, amargurado por muitas desilusões e pelo futuro da prole.
Atirou-se então resolutamente ao trabalho profissional, com a alentada energia de quem procurava ressarcir em breves anos o longo tempo penosamente malbaratado nas estéreis campanhas do partidarismo.
Em 1891, chamado para S. Paulo, ali lhe foi confiada a direção de importante estabelecimento bancário, posto em que a morte o colheu.
Como todos os políticos, a calúnia mordeu-lhe muitas vezes a reputação e o caráter; entretanto, os que vieram na sua intimidade e mesmo os que de mais longe o conheciam, sabem quão cheia de dificuldades de toda a ordem lhe foi sempre a vida, enquanto viveu para a política. Chegado ao termo de um longo tirocínio partidário, estava pobre, tendo que procurar no trabalho de todos os dias os meios com que prover a subsistência material.
Nasceu em Porto Alegre (RS) em 1813 e ali faleceu em 1902; não tem nenhum parentesco com um outro “Barão de Guaíba” (grande fazendeiro no RGS, porém, de uma outra província).
Médico e figura de destaque da sociedade gaúcha; recebeu o título em 1887, de D. Pedro II.
João Cândido foi um negro marinheiro e herói, nascido no Rio Grande do Sul, filho de tropeiro.
João Cândido liderou a “Revolta dos Marinheiros” aos 22 de novembro de 1910, a bordo do MINAS (o maior navio de guerra do Brasil, na época).
Em 1910, na primeira página de O País, em artigo que marcou época, Gilberto Amado, exaltando a personalidade de João Cândido; o marinheiro que revoltou a Armada, para acabar com os castigos corporais, disse:
João Cândido foi o negro que violentou a História.
A João Cândido, queiram ou não, o Brasil deve a extinção da chibata, na Marinha de Guerra do Brasil, muito embora tivesse sido abolida no segundo dia da Proclamação da República, através do Decreto 3.
João Cândido, citado nas memórias de Afrânio Peixoto, endeusado por Gilberto Amado, Gustavo Barroso, Magalhães Júnior e violentamente atacado por Vivaldo Coaracy, comandantes H. Pereira da Cunha e Luís Autran de Alencastro Graça.
Todos os 18 marinheiros revoltosos, foram anistiados; sobre essa farsa, falou João Cândido, o seguinte:
“Fomos jogados nas masmorras subterrâneas da Ilha das Cobras , num cubículo onde normalmente caberiam duas pessoas. Éramos 18. A prisão era pequena e minava água por todos os lados. A gente sentia um calor de rachar. O ar era abafado. A impressão era que estávamos sendo cozinhados dentro de um caldeirão. Não nos deram alimento. Não havia água para beber e alguns, corroídos pela sede, beberam a própria urina.
Jogaram água com cal virgem sobre nós. Havia um declive e o líquido se evaporou no fundo da masmorra, ficando só cal. A princípio pensamos resistir à solitária; mas, ao cair da noite o calor era sufocante. Gritamos! As nossas súplicas foram abafadas pelo rufar de tambores. Tentamos arrebentar as grades. O esforço foi gigantesco. Nuvens de cal se desprendiam do chão, invadindo nossos pulmões. A escuridão era tremenda.
Os gemidos foram diminuindo até que caiu o silêncio dentro daquele inferno, onde o Governo Federal (em que confiamos cegamente), jogou 18 brasileiros com seus direitos políticos garantidos pela Constituição e pela anistia votada pelo Congresso. Pura e simples traição!”
O Deputado fluminense Jonas Bahiense de Lira, apresentou um projeto à Câmara, mandando conceder o posto de Suboficial à figura quase lendária de João Cândido, bravo comandante da Revolta dos Marinheiros, de 22-11-1910. João Cândido viveu humildemente, como simples vendedor de peixe, nas proximidades do mercado público do Rio de Janeiro.
É o seguinte, o texto do projeto mencionado:
“Art. 1º - Fica incluído na reserva remunerada da Marinha de Guerra Nacional, no posto de Suboficial, o ex-marinheiro da 1ª classe, João Cândido.
§ Único - O Ministério da Marinha fará reconstruir seus assentamentos militares, para que constem dos arquivos oficiais.
Art. 2º - Esta lei entrará em vigor, na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Ao pé do projeto, o Deputado fluminense Jonas, proferiu a seguinte justificação:
“João Cândido, então marinheiro de 1ª classe, comandou a chamada Revolta dos Marinheiros, aos 22 de novembro de 1910, comissionado no posto de almirante”.
A rebelião não por fim, a quebra da legalidade constitucional . . .
Por decreto do primeiro governo republicano, fora suprimido o uso do castigo corporal . . .
Mais cedo ou mais tarde a rebelião seria inevitável . . .
A Marinha Nacional controlou e dominou a situação . . .
Cessado o movimento, os revoltosos sofreram com estoicismo os mais bárbaros castigos . . .
A Marinha de hoje tem motivos, para orgulhar-se do gaúcho João Cândido . . .
Breno Cardia Alves era natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu aos 17 de março de 1888; filho do Dr. Protásio Alves e de Geralda Cardia.
Foi um ardoroso republicano, trazendo de berço, para zelar, quiçá robustecendo-a, a fé partidária de seu genitor; destarte politicamente, foi uma afirmativa a mais, de gloriosas e inesquecíveis tradições gaúchas.
Em Porto Alegre (RS), sua terra natal, fez os seus estudos preparatórios, ingressando depois na Faculdade de Medicina, em cujo estabelecimento doutorou-se no ano de 1917.
Cirurgião especializado em moléstias de senhoras, exerceu sua atividade profissional em querida cidade natal, não só em funções públicas, como em consultório particular; assim, foi médico da Assistência Pública, da Higiene Municipal e da Higiene Estadual.
Também, foi médico interno da Santa Casa de Misericórdia e Diretor da Enfermaria “Protásio Álves” - há muitos anos ao seu encargo e nas horas vagas, dedicando-se à agricultura em sua propriedade no município de Viamão (RS).
Filho do Dragão José dos Santos Cardoso natural de Portugal, e de Ana Leopoldo de Menezes natural do Rio Pardo (RS).
Manoel dos Santos Cardoso de Menezes casou com Laurinda Cambraia natural de Triunfo (RS); o casal teve três filhos entre os quais Manoel Cardoso dos Santos Menezes, que não só possuía o mesmo nome do pai, como a carreira também, pois chegou a major do Exército e casou na cidade de Porto Alegre (RS), em 1880, com Briolanja Gonçalves Viana.
Natural de S. Francisco de Paula (RS), nascido aos 25 de março de 1919.
Funcionário público Estadual, poeta lírico e regionalista; pertence à Academia Rio-Grandense de Letras e à Estância da Poesia Crioula, além de outras entidades culturais e tradicionalistas do RGS; seu pseudônimo “Vercingetorix”.
Suas obras:
01 - Desafio (trovas); 1949
02 - Almas Penadas (poesias); 1951
03 - Queimadas (poesias); 1957
04 - Museu das Taperas e Áporos Transcendentais (poesias); 1962
05 - Caçada em Mato Grosso (poemeto regionalista); 1969
06 - Hino às Cataratas do Iguaçu; . . . .
07 - Antologia da Estância da Poesia Crioula; 1970
08 - Dicionário de Regionalismos do RGS (c/ Zeno Cardoso Nunes); 1986
Natural de São Francisco de Paula (RS), nascido aos 15 de agosto de 1917; poeta lírico e regionalista, foi funcionário publico, pertence à Academia Sul-Riograndense de Letras e à Estância da Poesia Crioula.
Suas obras:
01 - Versos; 1942
02 - Briga de Touros e Outros Poemas; 1962
03 - Dicionário de Regionalismos do RGS (c/ Ruy Cardoso Nunes); 1986
Nasceu em Porto Alegre (RS) em 1840 e faleceu em Nice (França) em 1904; era filho do “Barão de Irapuá”.
Casou com a filha do “Visconde de Mauá”.
Seguiu a carreira diplomática; foi durante 30 anos, Cônsul do Brasil em Londres (Inglaterra).
Recebeu o título em 1883, de D. Pedro II.
João Carneiro da Fontoura (filho), nasceu no Rio Pardo (RS), em 1793 e faleceu em 1843; foi oficial das forças brasileiras; 6º filho dos doze que teve o casal João Carneiro da Fontoura (pai), capitão de Dragões, nascido no Rio de Janeiro (RJ) e de Josefa Bernardina da Cunha Menezes, do Rio Grande (RS), filha do capitão João da Cunha, de Lisboa (Portugal).
João Carneiro da Fontoura (filho), casou com Florinda Adolfo Carneiro, que nasceu na cidade de Triunfo (RS), em 1786 e faleceu na cidade de Porto Alegre (RS), em 1857.
Florinda Adolfo era filha do Sargento-mor Antônio Adolfo Charão e de Ana Clara do Nascimento.
João e Florinda tiveram quatro filhos: Balbina nascida em Caçapava (RS), que casou com o riopardense Marechal Gaspar Francisco Mena Barreto, então viúvo; Maria Josefa que casou com João Nolasco Pereira da Cunha, filho do Tenente-coronel Pedro Augusto Nolasco Pereira da Cunha, da Bahia; e os filhos homens José e João, o último casado com uma Pinto Bandeira.
João Carneiro da Fontoura 2º desta biografia. foi capitão.
CARVALHO PORTELA, MANOEL
Natural do Alegrete (RS), nascido aos 23 de dezembro de 1900 e falecido em Cachoeira do Sul (RS), aos 07 de junho de 1951.
Suas obras:
01 - Cachoeira - História e Informativa (monografia); 1940
Natural de Uruguaiana (RS), nasceu em 1861 e morreu no Rio de Janeiro (RJ). Destinado pelos à Medicina, preferiu a Engenharia Militar. Estudou no Colégio Reis, na cidade de Pelotas (RS) e no Colégio Lobo, em Porto Alegre.
Assentou praça em 1877, com destino à Escola Militar do Rio Grande do Sul, indo terminar na Escola Militar do Brasil o Curso de Engenharia, recebendo o grau de Bacharel em Matemática e Ciências Físicas, com a turma de 1894, já alferes-aluno.
Sua primeira comissão foi a da construção de quartéis e fortificações na Província do Rio Grande do Sul, a cargo do Batalhão de Engenheiros, com sede na cidade de Cachoeira.
Como oficial subalterno, serviu no 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, passando depois para o Corpo de Estado-Maior de 1ª Classe.
Desde moço, demonstrou pendores políticos, acompanhando os propagandistas da República e da Abolição, tendo em 1885 feito parte de um clube republicano em S. Borja (RS).
Foi constituinte estadual de 1891, cabendo-lhe assinar a Carta de 14 de julho. Constitucionalizado o Estado, voltou o já Cap. Setembrino à sede de sua Comissão. Voltava, porém, logo depois, eleito Deputado Estadual à Assembléia dos Representantes, dissolvida pouco após pelo golpe de Estado de Deodoro.
Na repressão ao movimento federalista de 1893-1895, prestou grandes serviços, comissionado como Ten-cel. Feita a paz, trabalhou na construção da estrada de ferro Porto Alegre – Uruguaiana (RS), seguida da de Cruz Alta – Ijuí (RS).
Exerceu depois a chefia do Gabinete do Ministro da Guerra, a Inspetoria da 4ª Região Permanente em Fortaleza (CE) e o cargo de Interventor Federal no Ceará, em situação difícil para o Estado, perturbado pelo Pe. Cícero Romão Batista.
De volta, era feito General-de-brigada. Em novembro de 1914, era-lhe confiado o comando da última expedição contra os fanáticos do Contestado, onde seis já haviam fracassado. Conseguindo vencer os rebeldes, obteve o agora Gen. Setembrino a assinatura de um tratado definitivo de limites entre os dois Estados (Paraná – Santa Catarina), pondo fim à velha questão.
Foi à seguir, Diretor dos Serviços Administrativos do Exército, Comandante da 4ª Região Militar, Chefe do Estado-Maior do Exército e Ministro da Guerra no Governo do Presidente Artur Bernardes, em período difícil para o país. Exerceu nesse período, a Presidência do Clube Militar e foi o mediador entre os libertadores em armas, no Rio Grande do Sul e o Governo do Dr. Borges de Medeiros, obtendo, a 14-12-1923,a assinatura do “Tratado de Pedras Altas” que pôs fim à luta armada, com a reforma da “Carta Castilhista” de 14-07-1891.
Sua administração na Pasta da Guerra, foi profícua ao aparelhamento militar da nação. Promovido a Marechal, foi reformado pouco depois. O competente engenheiro militar, que sempre se salientou pelo grande cuidado nos uniformes e delicadeza do trato, viveu ainda até 1947, quando morreu aos 86 anos, na antiga Capital da República.
Natural de Uruguaiana (RS), nascido aos 7 de julho de 1936
Filho de José Ciro Caspani e Elim Mandagaran Caspani
Casado com Therezinha de Jesus Carvalho Caspani
Têm três filhas: Denise, Rejane e Lisete..
3 (três) netas e seis netos.
Reside em Cachoeira do Sul desde 1941
Cidadão Cachoeirense – Leis Municipais 1085/64 e 1240/67
Formação Escolar:
1º Grau: Escola Normal João Neves da Fontoura
2º Grau: Colégios Roque Gonçalves Cachoeira do Sul e Santa Maria – RS
3º Grau: Faculdade de Direito da UFSM
Cargos Eletivos:
Vereador mais votado 1968 – 1.641 votos – 6,52% votos válidos.
Vice-Prefeito – 1972- 14.046 votos – 45,73% dos votos válidos.
Prefeito Municipal – 1976 – 21.321 votos – 55,11% dos votos válidos.
Deputado Estadual – 1990 – 13.280 votos.
Presidente da Comissão de Finanças e Planejamento da Assembléia Legislativa do Estado 1991 a 1994.
Outros Cargos Públicos exercidos:
Presidente da AJACE – Associação dos Municípios do Vale do Jacuí Centro 1977 a 1980.
Procurador Jurídico da Prefeitura Municipal de Cachoeira do Sul 1971 a 1976
Diretor Administrativo e Financeiro – METROPLAN – 1983 a 1985
Coordenador da Comissão do Mercosul da Assembléia Legislativa do Estado 1995 a 1998.
Assessor Jurídico da Presidência do IRGA – 1999 a 2000.
Coordenador da Assessoria Jurídica da FEPAGRO – Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária 2004 a 2007.
Chefe do Gabinete do Presidente Claudio Pacheco Prates Lamachia - da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio Grande do Sul desde 2007/2008/2009.
Cargos, Funções e atividades desenvolvidas na comunidade:
- 2º Sgt. da Reserva do Exército Brasileiro – Fundador, Presidente e Consultor Jurídico do Clube dos Sub tem e Sgt da Guarnição Federal de Cachoeira do Sul .
- Professor do Ginásio e da Escola Técnica de Contabilidade Roque Gonçalves – Cachoeira do Sul.
- Membro da Diretoria da Subseção da OAB/RS.
- Membro de Comissão da Seção Regional da OAB/RS.
- Patrão do CTG José Bonifácio Gomes – Cachoeira do Sul
- Coordenador da V Região do MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho de 1969 a 1975.
- Consultor Jurídico do Departamento Municipal do Futebol Menor 1972 a 1976.
- Consultor Jurídico do Asilo da Velhice e da Creche Sagrada Família.
- Presidente do Lions Clube Cachoeira do Sul 1971.
- Fundador do Lions Clube Cachoeira do Fandango 1971
- Presidente de Divisão L8E2 do Distrito L8 de Lions Internacional 1972
- Assessor de Expansão do Governador do Distrito L8 de Lions Internacional 1973- 1987 e 1988.
- Vice-Presidente do Caiçara Piscina Tênis Clube.
- Membro do Conselho Deliberativo do Clube Comercial.
- Membro da Diretoria da Sociedade Rio Branco.
- Membro do COREDE CENTRO – Conselho de Desenvolvimento Regional da Região Centro do Estado.
- Fundador de vários Conselhos Comunitários no município de Cachoeira do Sul.
- Relações Públicas do MOCOCA – Movimento Comunitário Cachoeirense.
- Vice-Provedor do Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul – três mandatos consecutivos.
- Representante da Diretoria do HCB no Conselho da Escola Técnica de Enfermagem – três mandatos consecutivos.
- Membro e Presidente do Grande Conselho do HCB – Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul – RS.
- Membro do Conselho Fiscal do Circulo de Pais e Mestres do Colégio Barão do Rio Branco – Cachoeira do Sul.
- Membro do Conselho Fiscal da III FENARROZ.
- Sócio Fundador do Clube de Caça e Pesca de Cachoeira do Sul.
- Presidente e Membro do Conselho Deliberativo da AMICUS – 1988-1989 – Cachoeira do Sul.
- Membro do Conselho Deliberativo da FUNVALE – Cachoeira do Sul.
Distinções Públicas recebidas:
- Presidente 100% de Lions Internacional.
- Presidente de Divisão 100% de Lions Internacional.
- Prêmio Presidente Internacional João Fernando Sobral.
- Patrono do Recanto Infantil Ema de Bem Garcia.
- Sócio Honorário do Instituto Riograndense de Letras – 1978.
- Membro Benemérito do Centro Cívico Monteiro Lobato.
- Sócio Honorário do Baependy Pauzinho Clube.
- Sócio Honorário do CTG – Tropeiros da Lealdade.
- Sócio Benemérito do CTG – Lanceiros do Sul.
- Sócio Honorário da Estância da Poesia Crioula.
- Patrão de Honra do CTG – Estância do Chimarrão.
- Benemérito da Liga Operária Cachoeirense – 1982.
- Benemérito da União Operária 1º de Maio de Cachoeira do Sul.
- Grande Benfeitor do HCB – Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul – 1983.
- Grande Benemérito da Fundação Educacional do Vale do Jacuí Centro – 1982.
- Colaborador Emérito do Exército – 1980 e 1981.
- Amigo da Brigada Militar 1983
- Cidadão Honorário de Cachoeira do Sul – Câmara Municipal de Vereadores – 1977
- Prefeito Destaque – FAMURS – Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul – 1981 e 1982.
- Destaque Comunitário de Cachoeira do Sul – Jornal do Povo.
- Homem Público do Ano – 1979- 1980 e 1982 – Jornal do Povo.
- Liderança Masculina 1981 – Jornal do Povo.
Algumas informações do Caspani político
Vereador mais votado em 1968. Assumiu a Presidência da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul e atuou intensamente no legislativo municipal, ajudando o então Prefeito de Cachoeira do Sul, correligionário e amigo Dr Honorato de Souza Santos a impulsionar Cachoeira do Sul para o desenvolvimento. O município foi considerado município escola e a Câmara aperfeiçoou a legislação municipal: Códigos Tributário, de Posturas, Lei Orgânica Municipal e outras.
De 1973 a 1976, como Vice Prefeito eleito com o Prefeito Municipal Dr Pedro Germano assumiu por mais de trinta vezes o Governo Municipal por motivo de afastamentos do titular quando este realizava viagens interestaduais e ou internacionais a serviço ou quando tirava as férias anuais. Foi concomitante, procurador Jurídico do Município.
Eleito Prefeito Municipal, assumiu o Governo em janeiro de 1977, dando prioridade a projetos na área da educação e da cultura, destacando-se pelo grande numero de escolas construídas e ou ampliadas, promovendo ampla integração com os Ministérios da Educação e da Cultura e as Secretarias de Estado da Educação e da Cultura. Em seu período de Governo 1977 a 1982 Cachoeira do Sul foi município Polo Educacional e Cultural. Qualificou os quadros do magistério municipal e contribuiu para o aprimoramento do ensino com escolas públicas das redes estadual e pública e notadamente do ensino superior FUNDAÇÃO Educacional do Vale do Jacuí. Deu vigoroso impulso aos Distritos de Cerro Branco, Rincão da Porta e Paraíso e graças a isso ensejou o desenvolvimento desses distritos e suas posteriores emancipações.
Iniciou a implantação do entroncamento rodo-hidro-ferroviário, obra que teve substancial ajuda do Governo Federal. Mais tarde como Deputado Estadual receberia o apoio do Governo do Estado para a construção do cais do porto e outras obras viárias importantes para a região.
Efetuou considerável obra de pavimentação de ruas chegando a ter doze turmas de pavimentação em constante trabalho no perímetro urbano e promoveu melhorias nas estradas do interior, construções de pontes, alavancando a melhoria das condições de transporte da produção primária riqueza do município. Também deu continuidade aos projetos de canalização das sangas com a construção de galerias em parceria com o DNOS – autarquia federal, totalizando mais de onze km de obras na área urbana. Deu seqüência à Implantação da Praça Dr Honorato e construiu outras como a das Nações, Bairro Scopel, Bairro Fialho e outros. Levou iluminação pública em parceria com a CEEE e extensão de água para bairros e vilas em parceria com a CORSAN que também construiu dois novos e reservatórios de água na zona norte da cidade.
Deputado Estadual : presidiu a Comissão de Finanças da Assembléia Legislativa apresentando emendas em todos os orçamentos anuais durante seu mandato legislativo, entre elas recursos para o porto, estradas da região, saúde e educação, entre outras .
Ente outras realizações conseguidas com o Governador Collares e Sec Matheus trouxeram para
Cachoeira e Região, destaco a construção do cais do porto e a escola de tempo integral, o CIEP da Vila Quinta da Boa Vista próximo ao FUNCAP.
Natural de Vila Rica > hoje, Júlio de Castilhos (RS), nasceu na Fazenda da Reserva, aos 29 de julho de 1860.
Júlio Prates de Castilhos foi um desses indivíduos excepcionais, vindos ao mundo para servirem de exemplo, semearem pensamentos e atos que são como que uma espécie de oráculo, onde os presentes e os vindouros vão beber inspiração e conselhos.
Ele nasceu para cativar almas, dominá-las, dirigi-las, viveu cercado de amigos e correligionários submissos que o ouviam e o obedeciam como quem ouve a palavra do profeta e obedece a força do destino e, sempre assim foi.
Nos bancos acadêmicos já a insinuante figura de Júlio de Castilhos manifestava uma singular e irresistível força de atração.
Foi em S. Paulo, quando estudante, que Júlio de Castilhos fez suas primeiras armas na imprensa, ensaiando asas para vôos mais altos no dia em que houvesse disso mister.
Esse dia chegou e o jornalista surgiu, temível e invencível revestido de uma couraça de lógica resistente e inamolgável.
Formado em ciências jurídicas e sociais, em 1881, voltou para a terra natal, disposto a lançar-se fragorosamente à luta em prol do seu ardente ideal político.
A esse tempo a Federação, recém aparecida, fazia, sob a superior direção de Venâncio Aires, propaganda brilhante dos princípios republicanos.
Aos 20 de setembro de 1887, defende a instituição do dia 20 de Setembro, como o DIA do GAÚCHO - pelo jornal “A Federação”.
Estava-se em pleno movimento doutrinário e Júlio de Castilhos foi, como era natural, empolgado pelo órgão propagandista, só assumindo, porém, a sua direção em 16 de maio de 1884.
Seu artigo de estréia “A monarquia não tem homens” alcançou ruidoso sucesso. Daí em diante esteve sempre na brecha, batendo-se a favor da abolição da escravatura, contra o advento do terceiro reinado e explanando a questão militar.
São memoráveis os renhidos encontros que o moço jornalista teve de sustentar com os velhos e experimentados polemistas Carlos Von Koseritz e Ignácio de Vasconcellos Ferreira.
Aquele era o jornalista profundo, o polígrafo admirável, de reputação mundial. Este, o cronista leve, o poeta irônico, o estilista endemoninhado que se comprazia, por vezes, em lançar no papel o riso satânico de Voltaire de par com a zombaria cáustica do Rochefort (o último mosqueteiro do jornalismo, como lhe chamaram depois de morto).
Mas, Júlio de Castilhos a todos enfrentou, sem nunca perder o aprumo. Sua pena privilegiada não se embrenhava nos caminhos escuros; ia pela estrada direita e clara.
Apanhava os assuntos na berra e os comentava com sólido critério, apoiando-os ou repudiando-os, conforme serviam ou não ao seu critério político ou então, se era caso de polêmica, respondia ao adversário, opondo-lhe argumentação vivaz forte, erudita ou arteira, conforme o motivo na tela.
Não há o que negar; o seu artigo intitulado “O império e o exército” publicado na Federação, em fins de 1886, foi a primeira faísca que ateou o incêndio e reduziu a cinzas o edifício monárquico, em 1889.
Em seguida ao advento de 15 de novembro de 1889, assumindo o Visconde de Pelotas o governo da província republicana, foi Júlio de Castilhos nomeado Secretário de Estado, sendo que nesse caráter, foi ele verdadeira e unicamente o Governo.
Daí em diante, o excelso republicano foi uma forte vontade sempre em ação. Vemo-lo em toda a parte e influindo em tudo.
Levado à Constituinte Nacional, fez parte da comissão dos 21 e ficaram notáveis as emendas que apresentou à Constituição Federal, o calor, a convicção e a eloqüência com que as defendeu.
Nunca tergiversou. Podia transigir, como transigiu muitas vezes com os indivíduos, nunca porém, com as idéias políticas.
Quando foi o golpe de Estado de 05 de novembro de 1891, Júlio de Castilhos imediatamente se manifestou contra ele, sem pesar as conseqüências disso, nem inquirir do que podia resultar do seu protesto.
A esse ato seguiu-se um ligeiro levante; Júlio de Castilhos que estava na presidência do Estado, abandonou o Governo, reassumindo-o em 17 de junho de 1892, e passando-o por decreto da mesma data, ao Dr. Vitorino Monteiro, a fim de disputar a eleição do cargo, o que fez, tendo sido eleito por assombro¬sa votação.
Era uma firmeza ao serviço de uma causa santa, em cuja defesa não havia força hostil capaz de fazê-lo recuar.
Dotado de todas as raras qualidades que fazem os grandes homens, foi sobretudo um trabalhador indefeso e nem era de molde a consentir que outros mais do que ele trabalhassem pela República ou, para a República.
Esforçou-se sempre por ter a primazia, por ocupar a vanguarda, por agir em ampla luz, de maneira a ser visto por todos os olhos, por isso mesmo que abominava a sombra, o disfarce, o resguardo dos reposteiros, o retraimento.
Toda a vida timbrou em aparecer e no seu eloqüente manifesto de 1891, falando ao Rio Grande diz:
“Nunca fui, não sou, jamais serei capaz de procurar em um injustificável retraimento a satisfação de um bem estar, a obtenção das minhas comodidades pessoais”.
E nunca mesmo. Foi este, um dos feitios mais simpáticos da sua complexa individua¬lidade.
Sagaz conhecedor de todos os meios de ação, Júlio de Castilhos foi, na propaganda tenaz, ativo, rápido, incisivo. Arguto psicólogo, conhecendo os homens, sabendo vê-los por dentro e por fora, no Governo do Estado foi refletido, cauto, metódico e, por vezes, desconfiado.
De resto, jamais suportou quem lhe contrariasse a vontade. Agiu sempre por si, certo de que, como diz o provérbio:
“O homem forte e a água abrem caminho por si mesmos”.
Cícero na República observa que > “a virtude deve ser ativa e que o mais glorioso emprego dessa atividade é no governo do Estado.”
Com Júlio de Castilhos assim foi. Ao ocupar a curul presidencial, a guerra fratricida estalou violenta¬mente; mas nem assim o egrégio patriota esmoreceu.
Pelo contrário; a convulsão política, a epilepsia revolucionária do mo¬mento deram azo a que o homem de Estado se manifestasse com toda a máscula grandeza do seu gênio admirável e, Júlio de Castilhos enfrentou as hostes que hostilizavam o seu governo, preparou, pôs em ação todos os meios de ataque e de defesa e, ao mesmo tempo remodelava, organizava, fazia o Rio Grande do Sul republicano.
E fê-lo. Sua administração foi tão profícua que, mau grado a revolução que as¬solava e devastava os nossos campos, as nossas vilas e cidades, no termo do seu governo passou o poder ao seu sucessor eleito, com avultadíssimo saldo nos cofres do Tesouro.
Não se cuide, entretanto, que mesmo depois de celebrada a paz, em 23 de agosto de 1895, o magnânimo rio-grandense pode prosseguir no governo do Estado com serenidade e sem empecilhos.
Não, desde meados de 1895 até meados de 1896, o Dr. Júlio de Castilhos teve de opor tenaz e altiva resistência às constantes e impatrióticas sortidas de dois generais investidos do Comando do Distrito, contra a vida constitucional e a autonomia do Rio Grande do Sul.
O primeiro a sentir-lhe o guante da férrea energia foi o Gen. Galvão, que viera ao Estado com a missão de pacificá-lo. Porém este general, no desempenho de tão melindrosa comissão, não agiu com a devida imparcialidade e isso obrigou Júlio de Castilhos a contrariar-lhe, com soberba energia, os planos ambíguos.
Recordando esse conflito, assim se exprime o altivo presidente do Rio Grande do Sul, em sua luminosa mensagem de 20 de setembro de 1896, referindo-se ao Gen. Galvão:
“A sua irritada parcialidade traíra-se desde o primeiro momento. E dia por dia, a contar dos seus passos iniciais, até o embuste que empregou para simular a deposição das armas rebeldes, acentuou-se o seu criminoso desígnio de abater ou desprestigiar a ordem constitucional do Estado.
Às suas palavras, assistidas por uma descomunal indiscrição, correspondiam diretamente os seus atos, todos tendentes a alentar e fortalecer os impenitentes inimigos das nossas instituições, com os quais havia assumido delituosamente o insolúvel compromisso de lhes chegar às mãos a direção governamental do Estado.
Os seus insidiosos manejos durante a fase em que combinou as bases da pacificação; a adulteração proposital a que expôs o pensamento do Sr. Presidente da República, reproduzindo-a infielmente na ata de 23 de agosto, o que provocou uma solene retificação oficialmente publicada; o seu cerebrino telegrama dirigido ao Congresso Nacional sobre a necessidade de ser reformada a Constituição do Estado como condição essencial à consolidação da paz, no mesmo dia em que era esta por ele próprio proclamada como definitiva; o cuidado meticuloso que desenvolveu em evitar o efetivo desarmamento dos rebeldes; as artimanhas de que fez uso para promover a dispersão anárquica das forças civis que ainda estavam ao serviço da União; tudo isso obedeceu aos ditames daquele funesto compromisso”.
Por esta sintética exposição de fatos, vê-se que o cauto Presidente do Rio Grande do Sul e chefe do pujante partido republicano estava a par de todos os maus planos do assomado Comandante do Distrito, que chegou mesmo a anunciar vir à capital (ele estava em Pelotas), colocar a sua espada sobre a ilharga do Governo do Estado, resolvido firmemente e não deixar colher de surpresa, o que deu como resultado imediato a retirada do Gen. Galvão do Comando do Distrito.
Para substituí-lo, foi investido dessas funções o Gen. Cantuária, rio-grandense, e que “foi acolhido por entre demonstrações de geral apreço, despertando a mais simpática expectativa em torno da sua pessoa, como diz a referida mensagem.
Bem depressa, porém, o Dr. Júlio de Castilhos desiludiu-se da confiança que a princípio depositara na ação do Gen. Cantuária no Comando do Distrito e, forçado a entravar-lhe os maus passos na senda dúbia por onde investia. pôs as cartas na mesa e fez jogo franco.
Depois de várias conferências e árdua correspondência com o Gen. Cantuária, no sentido da consolidação da paz, consoante o espírito da ata de 23 de agosto, teimando esse general, embora vã, em exercer pressão sobre o patriótico Governo do Estado e a inculcar-se como um interventor. “armado de todos os poderes”, o altivo e enérgico Presidente constitucional do Rio Grande do Sul, depois de uma descabida exigência daquele, viu-se na contingência de romper com ele, assim terminando a serena e ao mesmo tem¬po irônica reposta que então lhe enviou:
“Por último, resguardando a autonomia do Estado, cumpre-me dizer-vos que com o regime republicano federativo, tal como está consagrado na Constituição de 24 de fevereiro, não se coaduna o exercício da “alta política” de que dizeis estar investindo, isto é, a função de garantidor da lei da anistia com as suas inevitáveis conseqüências.
Isso importaria uma ação interventora, que só pode ser exercida legalmente nos casos do art. 6º da mesma Constituição, nenhum dos quais ocorre atualmente.
Não me sendo lícito atribuir-vos o propósito de uma intervenção inconstitucional na existência autonômica deste Estado, rogo que me esclareçais sobre a natureza da referida “função política” a que expressamente aludistes”.
O general a isso nada respondeu e, pouco depois deixava o Comando do Distrito, licenciado pelo governo da União.
Júlio de Castilhos era assim de um estoicismo espartano, quando se tratava de defender a constituição e a autonomia rio-grandense.
São ainda da brilhante mensagem de 20 de setembro de 1896, as seguintes memoráveis palavras, dirigidas aos membros da Assembléia dos Representantes:
“Aproveito a ocasião para assegurar-vos que, enquanto me couber a suma honra de exercer a Presidência do Rio Grande do Sul, não vacilarei um instante em zelar digna e acuradamente a autonomia e prestígio do Estado, harmo¬nizando sempre a observância desta impreterível obrigação de honra com as inspirações de prudência reclamada pelas grandes responsabilidades da investidura presidencial.
Jamais deixarei de fazer sentir praticamente que neste amplo e fecundo regime federativo, do qual tive a ventura de ser um obscuro colaborador, quer a doutrinação de propagandista, quer nos trabalhos da gloriosa Constituição Nacional, não há lugar para baralhamento de funções, porque estão lucidamente discriminadas na lei magna da República, que prescreve onde termina a ação das autoridades federais nos Estados e onde começa a competência dos poderes locais.”
É porque assim sempre agiu, com indefesa tenacidade e honorabilidade incomparável, pôde o insigne estadista gaúcho, a despeito da guerra civil e da tormentosa situação que, depois de terminada aquela, criaram os seus adversários em torno da sua ação administrativa e cívica, manter “a autonomia e a dignidade rio-grandense, impolutamente, com a altivez imposta pela sua vigilante ressalva; conservar a firmeza inabalável do crédito do Estado, manifestada na contínua valorização e conhecida procura de seus títulos; apresentar sempre abundantes saldos orçamentários nos cofres do Tesouro; reorganizar condignamente os serviços da administração nos vários ramos; pôr em prática muitos melhoramentos materiais, estudar os projetos de outros e promover e incitar a educação republicana, quer cívica quer industrial, em todo o vasto território do Rio Grande do Sul”.
Enfim: O glorioso Estado gaúcho, que é tido na conta de poder servir de modelo à República, nasceu do incomparável patriotismo de Júlio de Castilhos (o Patriarca).
A ele se amolda, com magnífica precisão, o diamantino verso do imortal épico:
“Ditosa Pátria que tal filho teve.”
O Dr. Júlio Prates de Castilhos nasceu em Vila Rica (hoje, Júlio de Castilhos), a 29 de junho de 1860 e faleceu em Porto Alegre ao anoitecer de 24 de outubro de 1903, justamente no momento em que todos os olhos para ele se voltaram e nele viam o único homem capaz de salvar a República do abismo, para que rolava, impedida por uma força inflexível como a Fatalidade.
Júlio de Castilhos foi o super-homem de seu partido e para a conquista de tão alto posto “as suas virtudes foram os seus meios” > diria Burke.
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Desde o início de 1893 a violência estava aumentando, apesar das denúncias e apelos, mas os jornais continuavam colocando lenha na fogueira. Em janeiro, após sete meses de circulação interrompida, reaparecia O RIO GRANDE com o seguinte editorial: Por sobre cadáveres, comentando a posse do adversário Júlio de Castilhos no governo do Estado do Rio Grande do Sul. É um texto sinistro:
Pisando cadáveres ascende hoje ao governo do Estado o presidente da “legalidade” que, por mais refratário que seja ao sentimento de remorso, passará, sem dúvida, uma noite má. Sonhos sinistros lhe perturbarão a tranqüilidade do sono de que gozam exclusivamente as consciências puras.
Eis o que certamente verá o presidente:
Primeiramente duas esperanças da Pátria, os jovens Tavares, fraternalmente abraçados, vítimas do amor filial, vazados pelas balas dirigidas pela Polícia, contra seu digno pai.
Após – um respeitável ancião, laborioso e honrado, chefe de numerosa família – Frederico Haensel – com a espinha dorsal partida por traiçoeira bala da escolta policial que o conduzia preso por crime imaginário, que até hoje ignora-se qual seja.
Imediatamente, um benemérito da Pátria, que se bateu heroicamente nos campos do Paraguai, o tenente-coronel Moura, preso, inerme e a sangue frio assassinado, quem sabe após quantos tormentos.
Centenares de outras vítimas do canibalismo da patriotada passarão diante dos olhos do presidente. Depois chegará aos seus ouvidos um amargurado coro de soluços das viúvas, órfãos e mães que choram a perda de pais e dos filhos imolados barbaramente.
No meio de tantas vozes ouvirá o choro de Anália Haense, que silenciou sua voz harmoniosa de cantora ilustre, ouvida com aplauso pela Alemanha, que chora a perda do pai.
A legalidade chegou até as bordas do abismo pela prática de todas as violências e de todos os crimes e há de ser forçosamente no abismo precipitada.
Inicie sua administração instaurando processo contra os miseráveis assassinos do coronel Moura, veterano do Paraguai, Luís Gonçalves Pacheco, José Falcão, tenente honorário e outros cidadãos degolados em viagem de Cacequi para Rosário.
Chora Rio Grande a tua desdita e com o poeta digamos:
"Chora e chora tanto
Que o pavilhão se lave
No seu pranto."
CASTRO ANTIQUEIRA, DOMINGOS DE
Natural da Freguesia de N. S. da Conceição de Viamão (RS); era filho de José de Castro Antiqueira e de Maria da Conceição.
Por Alvará de 12 de setembro de 1826, foi reconhecido Fidalgo Cavaleiro da Casa de S. M. I. e pelo Imperial Decreto de 18 de outubro de 1829, foi agraciado com o título de Barão de Jaguarí. Foi elevado a Visconde de Andaraí com honras de grandeza, pelo Imperial Decreto de 02 de dezembro de 1846; também era Comendador da Imperial Ordem do Cruzeiro.
Durante o movimento revolucionário de 1835, combatendo tenazmente os farrapos. Organizou um corpo militar, que sob o seu comando, teve destacada atuação nos combate verificados no sul da Província.
Em 1840, teve que emigrar para a cidade do Rio Grande, tendo sofrido grandes prejuízos ocasionados pelas forças farroupilhas, que vieram ao município de Pelotas, onde ele tinha a maior parte de seus haveres.
Por ocasião da Campanha do Uruguai, juntamente com o Visconde do Cerro Azul, foi quem mais contribuiu com dinheiro ao Rio Grande do Sul, cedendo grandes quantias ao governo de S. M. I.
Fazendeiro abastado no município de Piratiní (RS), era proprietário de uma chácara na Ilha dos Marinheiros, a qual denominou-a de “Filantropia”, porque o produto de sua renda contribuía para o bem estar de grande número de famílias pobres; além disso, concorreu largamente para diversas obras de caridade em Pelotas, onde ocupou vários cargos de destaque.
Domingos de Castro Antiqueira casou-se três vezes:
A primeira vez, com Joana Maria Bernardina, nascida e batizada na Freguesia da Conceição do Estreito (S. José do Norte), e falecida no Rio Grande, aos 28 de abril de 1810, cujos pais eram Manoel Domingos e Marcina Joaquina Bernarda.
A segunda vez, com Maria Joaquina de astro, que faleceu em Pelotas, aos 25 de julho de 1829.
A terceira vez, com Leocádia Amália de Castro, falecida no Rio Grande, aos 22 de novembro de 1866; era filha de João da Silveira e de Maria de Jesus.
Do primeiro e do terceiro matrimônio, não teve filhos, sendo todos do segundo casamento, como segue:
01 - Clara Joaquina;
02 - Domingos;
03 - João;
04 - Antônio;
05 - Maria Joaquina;
06 - José.
Faleceu em Pelotas (RS), aos 02 de maio de 1852 e está sepultado na Igreja Matriz daquela cidade.
João Cezimbra Jacques, filho do Cap. Inácio de Sousa Jacques e de Dª Rita Cândida de Cezimbra > nasceu em Santa Maria da Boca do Monte, aos 13 de novembro de 1849 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 28 de julho de 1922.
Voluntário da Guerra do Paraguai, foi alferes em 1875, oficial do Exército e reformado no posto de major. Declarou-se livre pensador e adepto da política positivista de Auguste Comte.
João Cezimbra Jacques suprindo com talento suas deficiências de cultura, atinge com certeiro golpe uma nova modalidade de estudos históricos. Não pretendeu rever o passado através dos sucessos culminantes da história guerreira ou política. Sensível à alma popular, no que ela tem de mais permanente (usanças, costumes, folguedos, técnica de trabalho), Cezimbra os relembra com agudo senso documental e idisfarçavel ternura.
Num livro de grande importância, o ENSAIO SOBRE OS COSTUMES DO RIO GRANDE DO SUL, tornou-se cronista das cousas de antanho, pondo no evocá-las uma acentuada preferência pela campanha. O monarca das coxilhas surde das páginas desse livro com a franqueza, a galhardia e o entono das eras primitivas. É completa a ressurreição. Com a sua prosa desativada, conduz-nos o autor ao “fogão gaúcho” de outros tempos, mostra-nos o duro trabalho do velho guasca transformado em peão de estância; e depois vem o folguedo, o canto à viola, as danças, tudo aquilo que, embora transformado pela civilização, reproduz com vivacidade o meio social do antigo Continente de São Pedro.
O livro de amor, desencadeou reações favoráveis à valorização da campanha como assunto literário; mas, não contente de ter escrito, Cezimbra Jacques levou mais além a sua devoção ao seu Pago. Assim, fez-se precursor das associações tradicionalistas, a teor do GREMIO GAÚCHO (22-05-1898) que fundou num dos arrabaldes de Porto Alegre, para que ali, à sombra de uns velhos umbus citadinos, se evocassem ao ar livre as danças, as cantorias, os folguedos característicos da fronteira. Essa entidade tradicionalista realizou o 1º desfile de cavalarianos gaúchos, na capital do Pampa.
Juntamente com João Simões Lopes Neto, fundaram em Pelotas a UNIÃO GAÚCHA (10-09-1899).
Em Bagé, fundou o CENTRO GAÚCHO DE BAGÉ (16-09-1899) e em Santa Maria, fundou o GRÊMIO GAÚCHO DE SANTA MARIA (12-10-1901).
Cezimbra Jacques buscou toda sua energia na ânsia de organizar e preservar uma tradição que nascia, sendo combatido pela elite urbana, de escassa ligação ao campeiro. A tradição gaúcha era frágil; os próprios sul-rio-grandenses defendiam a abertura de nossas fronteiras culturais, para outras influências estrangeiras. Não havia interesse na valorização das coisas “crioulas”. Uma cultura própria sempre era associada à origem da palavra gaúcho.
O papel que os rio-grandenses deveriam ter desempenhado, penetrando na intimidade das causas de Cezimbra Jacques, era o de depuração da má imagem estirpando as artérias da pejoração. Fortificar a essência forte de um povo heróico, valente, de ideal definido; o gigante centauro dos pampas; Ofereciam as asas do telurismo, mas era pouco!
Cezimbra Jacques, defensor de uma cultura crioula, não teve forças suficientes para entrincheirar sua causa. Refugiou-se no Rio de Janeiro, levando consigo o símbolo do amor devoto ao seu Pago << um saco de terra gaúcha >> que guardava em seu modesto quarto de hotel; queria que a terra lhe servisse de travesseiro, quando o sono da morte chegasse. Morreu com 73 anos de idade, longe do seu querido torrão gaúcho, que não aceitava sua luta, em seu ideal tradicionalista. Mais tarde, o “Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG” haveria de lhe cognominar de O Patrono do Tradicionalismo Gaúcho.
A volta ao autoctonismo (palavra na moda por aquela época) tomou, além daquela, outra direção na obra de Cezimbra.
O estudo do índio Rio-Grandense, isto é, das poucas famílias reunidas nos toldos de cima da serra, preocupo-o também. Examinou-lhes os hábitos, recolheu termos e expressões da sua meia-língua, esforçou-se por descobrir nas suas manifestações orais um farrapo de poesia; e assim, a despeito de não possuir conhecimentos mais amplos sobre esse gênero de pesquisas, realizou um levantamento precioso, fonte a que se vão abeberar muitos autores, ainda agora.
Nos ASSUNTOS DO RIO GRANDE DO SUL, com igual devotamento, continuou a forragear valiosas migalhas de uma tradição ameaçada. Repetindo o livro anterior em muitos pontos, renovando a matéria, retificando ou ampliando o quadro, Cezimbra Jacques completou a obra que o seu tradicionalismo quase religioso projetara em verdes anos.
Tinha um fervor pelas cousas do seu Rio Grande; a sua maneira de ver o passado histórico é que nem sempre coincidia com a de seus conterrâneos mais ilustres, talvez pela formação recebida em seus tenros anos.
Escreveu:
1 - Ensaio sobre os Costumes do Rio Grande do Sul (1883)
2 - Frases e Vocabulários de Abá-Neenga Guarani (1904)
3 - Meditações (1907)
4 - Assuntos do Rio Grande do Sul (1912)
5 - O Presidencialismo Puro: Novos Ideais Políticos (1915)
6 - O Direito na Sociologia (1917)
Natural do Rio Pardo, nasceu em 1761 e faleceu em Caçapava aos 22 de março de 1835.
Antônio casou-se duas vezes.
A primeira em Triunfo (RS) em 1794, com Ana Clara do Nascimento, nascida em 1763, no Rio Pardo (RS) e falecida em 1823, na cidade de Caçapava (RS); era filha de Bartolomeu Bueno da Silva, nascido em Guaratingüetá (SP) e de Margarida da Silveira, da Ilha Faial (Açores).
A segunda em Caçapava (RS) em 1825, com Pacífica Júlia da Fontoura, que faleceu em 1882.
Teve oito filhos do primeiro matrimônio e cinco filhos do segundo.
Antônio Adolfo Charão chegou ao posto de tenente-coronel; uma de suas filhas, a Francisca Fausta da Fontoura Charão, casou-se com Hilário Pereira Fortes - que também consta como “Barão de Viamão”.
Este Vasco é o 5º filho do primeiro casamento de Antônio Adolfo Charão.
Vasco nasceu no Rio Pardo (RS), em 1792 e morreu em 1849.
Casado em Caçapava (RS), no ano de 1821, com Cândida Leonor de Menezes (de Cachoeira), filha do Capitão Damazio dos Santos Menezes e de Severina Maria de Jesus.
O nome primitivo da família CHARÃO era SCHRAM. João Adolfo Schram, veio de “Brunsvwich” (Alemanha), era casado com a brasileira Cecília de Souza da Conceição, natural do Rio de Janeiro (RJ).
Desse casamento houve, entre outros, Antônio Adolfo Schram nascido no Rio de Janeiro (RJ), em 1721, Alferes de Dragão, casado no Rio Pardo em 1758, com Joana Veloza da Fontoura, natural da Freguesia de S. Pedro do Rio Grande.
Os Schram riograndinos passaram logo a Charão e do casal Joana e Antônio nasceram sete filhos que adotaram esse sobrenome aportuguesado.
Vasco tomou parte nas ocorrências militares de 1835.
Nasceu aos 13 de setembro de 1863, em Pelotas e aí faleceu aos 22 de fevereiro de 1890.
O Dr. Álvaro Chaves foi uma das mais risonhas esperanças que já floresceram em terras do Rio Grande. Ramo de uma árvore genealógica brilhante e de uma seiva vigorosa, esse rapaz morto aos 27 anos de idade, prometia uma vida repleta de serviços à causa da liberdade e às letras da sua terra.
Herdara de seu avô e de seu pai nobilíssimas faculdades de trabalho, de inteligência e de caráter. Desde bem moço se pronunciara pelas idéias mais liberais e bebia sofregamente nos livros as lições que legara à humanidade a Grande Revolução.
Seu avô paterno, Antônio José Gonçalves Chaves, era um português culto, empreendedor, escritor dotado de profundo senso prático, e viera para a província em princípios do século passado. Foi, por assim dizer, o criador da cidade de Pelotas. Deputado à Assembleia Provincial, expôs e defendeu aí idéias adiantadas. Não era republicano, mas, ao explodir a revolução de 1835, foi perseguido pelos legalistas e viu-se forçado a emigrar para a República do Uruguai. Era anti-escravocrata e nas sua interessantes Memórias ecônomo¬ políticas sobre a administração pública do Brazil condena abertamente a escravatura “considerando-a irreconciliável com a economia política, contrária à constituição, oposta à moral e à força do Estado, e em número excessivo para o Brasil”.
Essas mesmas idéias de liberdade e humanidade atuaram magnificamen¬te no espírito de seu neto, e dos bancos acadêmicos vinha Álvaro Chaves, com forte e singular talento, pregando-as, espalhando-as sob uma orientação su¬perior.
Advogado e lançado na vida pública, onde o seu talento brilhava e o seu sólido preparo cercava-o de uma auréola de autoridade, o jovem pelotense procurou dar forma ao seu ideal e transformar em atos as suas idéias.
Nestas condições foi um dos fundadores do partido republicano rio-grandense e dos mais valentes propagandistas da abolição da escravatura.
Infelizmente, a morte veio ao seu encontro em pleno viço dos anos. Morreu muito moço, como se vê, mas teve a felicidade de ver, pouco antes de cerrar os olhos para sempre, realizados os seus sonhos de moço: a abolição da escravatura negra pela lei de 13 de maio de 1888 e a redenção dos escravos brancos, pela proclamação da República.
Natural de Pelotas (RS), nascido aos 21 de julho de 1940; veterinário, poeta lírico e regionalista.
Suas obras:
01 - La Brucelose Ches Le Toureau (sua tese); 1965
2 - Versos do Extremo Sul (poesias); 1966
03 - O Gato e a Revolução; 1967
04 - Entre o Sena e o Guaíba; 1968
Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 01 de janeiro de 1933; além de Engenheiro Agrônomo, é Jornalista e Professor Universitário.
Em 1972, foi Ministro da Agricultura do Governo do Presidente Emílio Garrastazú Médice (1969-1974).
Usava o pseudônimo de Gavetão.
Suas obras:
01 - Contribuição ao Estudo da Raça Devon no RGS (pecuária); 1956
Ulysses Coelho era natural de Santana do Livramento (RS), filho do Capitão José Fausto Coelho (defensor dos princípios republicanos, na grande revolução de 1893).
Casou-se em 1904, na cidade de Santa Maria (RS), com Aura Fernandes com quem teve sete filhos: Ernesto Fernandes, Rivadávia, Adroaldo, Edy (casada com o Cap. Dario Arruda Gomes), Cyro, Nadyr e Neusa Fernandes; todos os filhos homens prestaram serviços de guerra (Rivadávia, como amanuenses da Secretaria do 11º Corpo Auxiliar; Ernesto, Adroaldo e Cyro, na Revolução de 1930).
Ulysses Coelho na sua mocidade dedicou-se ao comércio e mais tarde à indústria; desse modo, muito honrou a sua terra natal, dando o dignificante exemplo paterno à sua grei.
De 1923 até 1926, esteve militarmente mobilizado no desempenho de importantes missões, em obediência às ordens de seu partido e do governo do Estado; à princípio, participou da “Coluna do Sul” e logo depois se viu requisitado para ser Capitão-assistente da “Brigada do Centro” e nesse posto se conservou até o “Pacto de Pedras Altas” (firmado por Maragatos e Chimangos, em 14-12-1923).
Em 1924, quando novo surto revolucionário sacudiu o RGS, passou a servir como Capitão-ajudante no 11º Corpo Auxiliar da Brigada Militar, comandado pelo bravo gaúcho que foi o advogado Tenente-coronel Júlio Raphael de Aragão Bozano.
Em 1925, foi promovido e passou a exercer o cargo de Major-fiscal do 2º Corpo Auxiliar, em Quaraí (RS).
Quando se esboçou o movimento nacional de 1930, o nome de Ulysses Coelho, foi lembrado; assim, participou dos preparativos preliminares às ordens do Dr. Oswaldo Aranha, cooperando principalmente na organização do 9º Corpo, com elementos de S. Pedro (RS), comandado pelo Dr. Xavier da Rocha.
Vitoriosa a cruzada liberal e dissolvida essa força, Ulysses Coelho foi nomeado fiscal do 2º Regimento da Reserva.
Em setembro de 1931, achava-se à frente do governo de Canguçu (RS), para onde fôra nomeado Prefeito, por Decreto da Interventoria Federal.
Lindolfo Collor era natural de S. Leopoldo (RS), onde fez os seus estudos preparatórios, revelando inteligência invulgar desde menino.
Sempre deu mostras de acentuada inclinação ao cultivo das letras, bem como apreciáveis dons oratórios, qualidades essas que o fizeram conhecido ainda quando estudante, através de sua conferências literárias e científicas pelo interior do RGS.
Formado em Farmácia, não exerceu a profissão; isso porque, tendo ingressado na política filiado ao PRR (Partido Republicano Rio-Grandense), muito cedo foi aproveitado para o exercício de elevadas funções.
No Jornalismo, Lindolfo Collor teve oportunidade de pôr em prova profunda filosofia e superiores qualidades de polemista exímio; no O País e noutros grandes diários do Rio de Janeiro (RJ) e depois na A Federação (como diretor), mostrou-se um dos mais vigorosos jornalistas políticos.
Não menos brilhante foi a sua atuação na Câmara; Deputado Federal pelo RGS, participou de várias comissões, destacadamente e na discussão dos mais importantes problemas nacionais, a sua palavra, as suas opiniões foram sempre ouvidas com atenção e interesse.
Na “Conferência de Havana” (Cuba), como representante do Brasil, dirigiu-se com rara habilidade na discussão das teses em foco, criando para a sua pátria e para a sua pessoa, um ambiente de admiração e respeito.
Ao desenvolver a campanha Liberal; Lindolfo Collor colocou a sua palavra culta e conveniente a serviço da causa nacional, estendendo-se a sua ação até ao surto revolucionário de 1930; e ao ser organizado o “Governo Provisório da República Nova” conhecidos que eram os trabalhos do jovem rio-grandense sobre questões sociais, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas entregou-lhe a “Pasta do Trabalho” (recém criada).
Foi então que Lindolfo Collor desenvolveu a maior atividade de sua vida de homem público, organizando essa formidável obra que vem servindo de base à nossa legislação social; por seu esforço, hoje podem ser discutidos os direitos e os deveres de trabalhadores e empregadores, importantíssimo problema até agora relegado a plano secundário, ou esquecido pelos governos politiqueiros.
Aí está, se bem que ainda incompleta, uma ampla legislação social, marco inicial de futuras conquistas à mais poderosa parcela da população mundial - o operário.
Estudioso das questões que hoje revolucionam o universo, a sua inteligência avançada anteviu as conseqüências perigosas da revolta de uma grande massa que começa a compreender a sua situação na coletividade.
Assim foi ao encontro das aspirações proletárias dentro da divisa - Façamos a revolução antes que o povo faça. Porque, verdadeiramente, Lindolfo Collor fez a revolução do problema social no Brasil, até bem pouco considerado questão de polícia, na expressão de um dos últimos presidentes da época, pondo em execução idéias que a muitos de seus correligionários menos avisados, pareceram avançados em demasia.
Acontecimentos imprevistos privaram o “Governo Provisório” da colaboração deste operoso “Ministro do Trabalho” mas, a sua obra ficou e posteriormente foi enfeixada em decretos, atualmente em pleno vigor a; “CLT” (Consolidação das Leis Trabalhistas); criada em 1º de maio de 1943, através do Decreto nº 5.452; por esta lei foram criados: o Salário Mínimo, o Salário Família, Trabalho Noturno e outros direitos trabalhistas.
Natural do Rio Pardo (RS), nascido em fins do século XVIII; era filho de Patrício José Correia da Câmara, de quem herdou o título de “Visconde de Pelotas”.
Afim de que Correia da Câmara tivesse uma educação aprimorada, seu pai o mandou, ainda bastante novo, para Lisboa, matriculando-o no Colégio dos Nobres, o melhor educandário daquele tempo, em Portugal.
Depois de terminados os seus estudos, viajou Correia da Câmara por muitos países europeus e da Índia, de onde trouxe uma cultura elevada, que pôs a serviço da sua terra, ocupando diversos cargos importantes no governo do Brazil, após seu regresso à Pátria.
Retornando ao Brazil pelo ano de 1822, por ocasião da Proclamação da nossa Independência, foi logo nomeado para exercer o cargo de Cônsul, em Buenos Aires.
Em 1826, deixou o consulado de Buenos Aires, para ocupar iguais funções no Paraguai, retornando ao Brazil no ano de 1829, com o fim de desempenhar cargos mais elevados.
Ao rebentar a Revolução Farroupilha, aliou-se aos farrapos, tendo sido escolhido por Bento Gonçalves, em 1839, para Embaixador junto ao governo do Paraguai, voltando assim àquele país, no qual havia sido Cônsul anos atrás.
Citamos aqui De Paranhos Antunes, relatando esse fato, em seu livro “Episódios e Perfis de 1835” > A 8 de maio de 1839, despedia-se o Embaixador do governo farroupilha, numa audiência especial, recebendo as últimas ordens e seguindo para aquele país, sendo acompanhado até regular distância, por um Ministro de Estado e por luzido esquadrão.
Mais tarde, voltando à sua Pátria, assumiu a direção da Repartição de Estatística, em nosso Estado, funções essas que desempenhou por longo tempo e cujos serviços executou sempre com invulgar inteligência.
Sobre a última estação da vida de Antônio Manoel Correia da Câmara, relata-nos Aquiles Porto Alegre, a quem devemos grande parte das biografias dos filhos ilustres de Rio Pardo, que “apesar de ter muitos parentes e amigos, morava só, sentindo-se bem na sua solidão, completamente entregue aos seus estudos, na ânsia de saber. Era um neurastênico, ou por outra, um esquisitão. Um dia, a 30 de junho de 1848, o encontraram morto, enregelado, em cima da cama, como se não tivesse um único amigo, para assistir aos seus últimos momentos.”
Nascido no Rio Pardo (RS), é o segundo filho do I Visconde de Pelotas; fez seus estudos no Colégio dos Nobres, em Lisboa (Portugal).
Serviu no exército francês, viajou pela Europa e Ásia, visitando demoradamente as Índias.
Foi Cônsul do Brazil, em Buenos Aires (Argentina) e encarregado dos Negócios do Império do Brazil, no Paraguai.
Em 1845, voltou para o seu Rio Grande de S. Pedro, onde veio a dirigir a Estatística; possuía o fôro de Cavaleiro da Casa de S. M. Imperial; foi ainda, Conselheiro e Sargento-mor.
Faleceu no Rio de Janeiro (RS), em 1848.
Nasceu no Rio Pardo (RS), em 1808; 2º filho do General Bento José Corrêa da Câmara e neto do Dr. Antero José Ferreira de Brito, que foi secretário particular de Sebastião José de Carvalho e Mello - Marquês de Pombal.
Belchior casou-se na Capital do Brazil (RJ), com Eufrásia Marsch Euback, nascida no Rio de Janeiro (RJ) e falecida na cidade de Porto Alegre, em 1850; era filha do inglês Joseph Euback (de Durham - Inglaterra) e de Eufrásia Marques (de Porto Alegre - RS).
Frederico Corrêa da Câmara foi o 8º filho do casal General Bento Corrêa da Câmara e de Maria Bernarda Ferreira de Brito.
Frederico nasceu no Rio Pardo (RS), em 1820 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1857.
Casou-se em 1845, na cidade de Porto Alegre (RS), com Maria Fortunata de Andrade Vasconcelos, filha de José Joaquim de Andrade Vasconcelos e de Josefa da Cruz Silva de Andrade,
Frederico ingressou na Marinha Imperial do Brazil, atingindo o posto de Capitão de Mar-e-guerra.
Um filho do casal Frederico e Maria Fortunata, com o mesmo nome do pai, também foi Capitão de Mar-e-guerra, além de doutor.
Natural de Porto Alegre (RS), nasceu aos 17 de fevereiro de 1824. Era filho de José Antonio Fernandes de Lima.
Ainda menino sentou praça no 3º Regimento de Cavalaria, a 15 de setembro de 1839, marchando no mesmo dia para o campo de luta a fim de combater os revolucionários.
Tomou parte na campanha contra o ditador de Buenos Aires, de 1851 a 1852, servindo sob as ordens do Brig. Manoel Marques de Souza, o herói de Monte Caseros.
Na guerra de 1864, contra o Estado Oriental, o Maj. Corrêa da Câmara, apesar de ser da arma de cavalaria, ofereceu-se para combater no sítio de Paissandú. Tais serviços prestou, sendo elogiado em ordem do dia, pela intrepidez, calma e valentia de que dera prova naquela ação.
Em 1865 assistiu ao sítio de Uruguaiana. Em 1866 tomou parte na memorável batalha de 24 de maio e nos combates de Curuzú e Curupaití, em 1867 no ataque às posições de Tuyu-Cué. Em 1868, achou-se nos ataques de Passo-Pocio e de Espinilho. Distinguiu-se na batalha de Avaí e no reconhecimento de Lomas Valentinas. Atacou o inimigo no Passo-Tupiuno, assistindo, depois, à batalha de Campo Grande.
A 19 de março de 1870 teve a glória de pôr termo à guerra do Paraguai, vendo o ditador Solano Lopes expirar, na fuga, diante dos seus olhos.
Logo após a conclusão da guerra, foi agraciado com o título de Visconde de Pelotas.
Chegando ao Rio Grande, foi convidado para exercer o cargo de Ministro da Guerra. Delicadamente se excusou, alegando motivos de moléstia, quando a causa única era ser liberal e não lhe ficar bem a sua entrada para um gabinete conservador.
Em 1880, foi escolhido senador pela sua província e, pouco depois, nomeado Ministro da Guerra, tendo imprimido à sua pasta o cunho da mais severa justiça.
Tomou parte ativa na Questão Militar, motivada pela repreensão ao Cel. Sena Madureira, tratando, com energia no senado, deste delicado assunto.
Numa ocasião em que o II Visconde de Pelotas ocupara a atenção da alta câmara, abalado com a sua presença na tribuna, o Barão de Cotegipe que nem sempre guardava a compostura da sua elevada posição, deu-lhe um aparte em tom irônico.
O Gen. Câmara, fitando-o de alto a baixo, respondeu-lhe ao pé da letra: “O caso não é para galhofa. O nobre senador verá em breve”. Pouco depois realizava-se a profecia do nosso ilustre patrício: desabava o trono e surgia vitoriosa a República.
Tendo o Marechal Deodoro, no mesmo dia do advento do novo regime, confiado-lhe o governo do Rio Grande, o nobre visconde amparou-o, desde logo, com o prestígio do seu nome glorioso, servindo-o sempre com a maior lealdade e dando a todos os mais belos exemplos de desprendimento.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 1893.
Patrício José nasceu à bordo, antes do navio chegar a Lisboa, em 1737, era filho de Gaspar José Corrêa da Câmara e Isabel Inácia Corrêa James.
Casou-se aos 24-05-1780, com Joaquina Leocádia da Fontoura, nascida em 1776, no acampamento de São Caetano e descendente dos primitivos colonizadores da Capitania de S. Pedro.
O casal teve quinze filhos: Rita (1781-1820); Pedro José (1782-1825); Antônio Manoel (1783-1848); Maria Benedita (1784-1827), que casou com o Brigadeiro José Hipólito de Lima; Bento (1786-1851), que casou com Maria Benedita Ferreira de Brito irmã do Barão de Tramandaí; Francisco (1788); Ana Leocádia (1789-1840), que casou com José Medeiros de Albuquerque; Flora (1790-1842), que casou com José Antônio Fernandes Lima, irmão de Maria Elisa Júlia de Lima que casou com o Visconde de São Leopoldo; Leonor (1792-1865); Francisca (1793-1846); Lourenço (1794-1810); Joaquina (1796-1801); Úrsula (1797-1841), que casou com João Marcos Vieira de Souza; Bárbara (1797-1841), gêmea com a precedente; Patrício (1798-1865), que casou com Ana Cândida Vieira.
Quando chegou ao Brazil, já era capitão com serviço prestado em Portugal e na Índia, mas adotou a nacionalidade gaúcha (depois da nossa independência, em 1822).
Radicado no Rio Grande do Sul, comandou na tradicional cidade de Rio Pardo (por mais de 50 anos), a tropa de fronteira e daí procede sua descendência.
Tomou parte nas campanhas do Rio Grande colonial de 1801, 1811 e 1816, chegando ao posto de Tenente-general, Comendador da Ordem de São Bento de Aviz e da Ordem de Cristo, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real desde 1808 e depois, da Casa Imperial Brasileira e possuindo várias medalhas militares.
Patrício José Corrêa da Câmara em 1825 obteve o título de Barão de Pelotas e em 1826 o de I Visconde de Pelotas. Radicado no Rio Grande de S. Pedro, comandou na tradicional cidade de Rio Pardo, a fronteira meridional do Brazil e daí vem grande parte da sua descendência; a do II Visconde Pelotas vem quase toda de Porto Alegre.
Tomou parte nas campanhas do Rio Grande colonial de 1801 (Missões), 1811 e 1816 (Cisplatina), quando chegou a Ten-cel., Cavaleiro e Comendador da Imperial Ordem de S. Bento de Aviz, Comendador da Imperial Ordem de Cristo, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real desde 1808, Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial do Brazil e possuía diversas medalhas militares.
Era senhor de muitas propriedades rurais, entre as quais a “Estância do Cerro Feio” com duas sesmarias (300 quadras de campo) situada entre os arroios Palmas e Iruí, [hoje, pertencente aos sucessores de Carlos (Caloca) Máximo da Silveira no município de Encruzilhada do Sul] e uma outra estância, de cinco léguas e meia (480 quadras de campo).
Patrício José Corrêa da Câmara morreu com 90 anos, aos 28-05-1827.
Este Patrício José é o 6º filho do Patrício José Correa da Câmara (Visconde de Pelotas - I), aliás com o mesmo nome de Patrício, existem três:
1 - Patrício José (Visconde de Pelotas - II);
2 - Patrício José (filho de Pedro José);
3 - Patrício José (deste verbete), nasceu em Rio Pardo (RS), em 1798 e faleceu em Porto Alegre (RS), no ano de 1865.
Este Patrício José era casado com Ana Cândida Vieira, filha de Antônio Álves Guimarães e de Mariana de Jesus; o casal teve dois filhos, um homem e uma mulher que contraiu casamento com o filho do “Visconde de Castro” (que era por sua vez, irmão da “Marquesa de Santos” Domitila de Castro Canto e Mello).
Patrício José Corrêa da Câmara foi sargento-mor e major, tinha a comenda da Ordem de Cristo e em 1827, obteve a mercê do fôro de Fidalgo Cavaleiro da Casa de S. M. I.
Sua esposa conseguira a doação de uma sesmaria ainda ao tempo de solteira, sendo que as terras em apreço ficavam em Cruz Alta (RS).
Primeiro filho do casal do “Visconde de Pelotas - I”. Sem querer tornar-nos românticos ou fazedores de frases vulgares (diz, Dante de Laytano), diríamos que Pedro José foi um homem que enlouqueceu de amor, pois ao perder a esposa, não resistiu ao golpe e, sentimental ou nervoso, a verdade é que ele ficou irremediavelmente doido.
Pedro José, aos 10 de setembro de 1822, por alvará da Côrte, fôra feito Fidalgo Cavaleiro da Casa de S. M. Imperial.
Era tenente do Exército; teve dois filhos: Patrício e Joaquina que casou com o ajudante Luiz Carlos de Lorce ( ? ).
Augusto Januário Corrêa era natural de Arroio Grande (RS), onde nasceu no “Dia de S. Pedro e S. Paulo” - 29 de junho de 1873; filho de José Januário Corrêa.
Augusto teve uma única filha, Adelaide Corrêa casada com João Guilherme Benitez, também oficial brigadiano.
Augusto figurou na “Força Policial do Estado” - que depois se chamou “Guarda Cívica” - mais tarde “Corpo Policial” - e finalmente “Brigada Militar do Estado do RGS”.
Nessa milícia conservou-se até 1925, ano em que se reformou. De invulgar operosidade em prol da causa, di-lo eloqüentemente a série de nomes sob cujas ordens serviu:
Marechais Carlos Frederico de Mesquita e Antônio Adolpho da Fontoura Mena Barreto;
Generais Francisco R. de Lima, Arthur de Andrade Guimarães, Carlos Maria da Silva Telles, Tito Pedro de Escobar e Salvagé;
Coronéis Thomaz Thompson Flores, Aristides da Câmara e Sá, Antônio Pedro Caminha e Tupy Ferreira Caldas.
Depois de reformado como coronel, passou a residir em Sapucaia (RS), descansando das agruras de multíplices campanhas em que foi parte integrante o velho e valoroso soldado republicano, trazendo consigo o atestado eloqüente de sua inteligência e bravura, em conseqüência de ferimento recebido aos 22 de novembro de 1924, nos desfiladeiros do Cerro da Conceição, na Serra do Caverá, em Rosário do Sul (RS); comandava, então, luzido destacamento que foi batido por Honório Lemes (o Leão do Caverá), revolucionário cachoeirense.
CORREIA LEITE, ALBERTO
Alberto Correia Leite morreu como antigamente morriam os poetas brasileiros muito criança.
Era um verdadeiro temperamento de fidalgo. Se houvesse nascido num berço nobiliárquico, de pai titular, não teria talvez com mais “pose”, nem mais ereta figura, conduzido seus passos na vida. Seu pai, porém, só foi vis¬conde depois do poeta morto. Moreno, bonito mesmo, Correia Leite impunha-se e brilhava nas rodas dos rapazes do seu tempo.
Era empregado no comércio, quando publicou o seu livro Sarças. A crítica, então, não o poupou, mais pelo gosto de ferir o moço poeta, era um tanto irônico, para dizer mal dos versos, não eram de todo maus.
Contudo Alberto Correia Leite se ressentiu da perversidade zolista e retirou seu Livro da circulação. O poeta é que ele não podia retirar, porque não está no poder do homem tirar ao homem aquilo que ele traz do berço.
Continuou, pois o poeta a aparecer na imprensa, notadamente no “Correio do Povo”, que era um verdadeiro cenáculo, onde figurava, com brilho incomparável, a moça e a velha intelectualidade rio-grandense, e como Correia Leite, malgrado o seu espírito fidalgo, era, não raro, sarcástico e um bonito rapaz corno eu já disse, assinava as suas belas produções com o pseudônimo de Quasímodo, a repelente carcassa do sineiro que Vitor Hugo imortalizou em “Notre Dame”.
Seria hoje um dos grandes poetas rio-grandenses, se a morte o não arrebatasse, na fatídica noite de 2 de fevereiro de 1898, quando acometido de cruel enfermidade estava em tratamento no hospital da Beneficência Portuguesa.
Alberto Correia Leite nasceu na cidade de S. Pedro do Rio Grande, a 04 de setembro de 1871 e, era irmão do jornalista e poeta rio-grandense Mário d’Artagão, que residia em Portugal.
Além do seu livro Sarças, deixou em revistas e jornais uma copiosa produção, que daria um importante volume, por onde melhor se poderia julgar do estro e da fina arte do infortunado poeta do Brasil meridional.
Nasceu aos 19 de novembro de 1809, na Tranqueira Invicta, Rio Pardo (RS), filho do Capitão de Dragões, Francisco de Borja de Almeida Corte Real (natural do Algarve) e de D. Maria Angélica da Fontoura (natural do Rio Pardo – RS); Avô materno era o Brigadeiro Antônio Pinto da Fontoura.
Côrte Real tendo apenas 16 anos, tomou parte como cadete dos Dragões do Rio Pardo, na campanha de 1825; distinguiu-se nas lutas farroupilhas, alcançando o posto de coronel das forças republicanas.
Herói do Combate do Taquarí; prisioneiro com Onofre Pires na Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, conseguindo fugir. Deixou nome pela sua coragem e elegância.
No dia 18 de junho de 1840 (apenas entrando nos 30 anos), achava-se Côrte Real, com quatro companheiros de aramas, na fazenda de Marcos Alves Pereira Salgado, perto do lugar chamado “Barba Negra”, quando ali chegou uma escolta, das forças de Chico Pedro, sob o comando de João Patrício de Azambuja.
Côrte Real e seus amigos deixaram despreocupadamente o piquete que se aproximasse, convencidos de que se tratava de gente do General Antônio de Souza Netto, que nesse dia deveria chegar ao local.
Quando, verificado o engano, Côrte Real recolhia-se para dentro de casa, foi atingido por duas balas, caindo ingloriamente morto, no corredor de entrada.
A morte, a triste morte do lidador gaúcho, foi muito sentida no Rio Grande de São Pedro, quer pelos farrapos, quer pelos próprios defensores do Império.
COSTA CABRAL, ULISSES JOSÉ DA
Nasceu em Porto Alegre, aos 24 de setembro de 1855. Era filho de Cândido José da Costa Cabral e de D. Maria Jacinta Pereira Cabral, professora pública.
Aos doze anos de idade a 1º de janeiro de 1867, matriculou-se no Colégio Gomes; aí esteve dois anos, entrando como interno, para o colégio do padre Massa.
A 04 de março de 1873, sentou praça no exército, ficando, desde logo, empregado no quartel general, como amanuense.
A 13 de novembro de 1876, seguiu para o Rio de Janeiro, a fim de matricular-se na Escola Militar, no ano seguinte.
Como aluno da Escola Militar, começou a lecionar no Colégio Menezes Vieira, porque os seus pais eram pobres e ele não queria exigir sacrifícios deles.
Como vice diretor desse colégio, Ulisses Cabral demonstrou as raras aptidões que possuía para a ingrata vida do magistério.
Menezes Vieira não podia encontrar um companheiro para ajudá-lo nos trabalhos escolares como o nosso patrício.
Saindo promovido a alferes, pouco tempo depois, abandonou a carreira militar e fundou, então, o “Ateneu Brasileiro” (importante estabelecimento de ensino que alcançou invejável notoriedade).
Pelas suas mãos, passaram diversas gerações; muitos dos seus discípulos ocuparam agora elevadas posições em todas as carreiras, o que desvanecia imensamente o velho mestre.
Ulisses Cabral era de sensibilidade infantil, muitas vezes seus olhos marejaram, quando recordava um ou outro aluno que o honrava.
Mais tarde, por insistência de sua mãe que estava muito velha, voltou ao torrão natal; ela não queria fechar os olhos para sempre sem o ter perto de si.
Estabeleceu aqui, no Campo da Redenção, o “Ateneu Brasileiro”. Nessa época foi nomeado vice-reitor do “Ginásio Júlio de Castilhos” e aí prestou serviços de tal natureza que nunca poderiam ser esquecidos.
Coube-lhe, então, a regência do curso elementar, onde ele sentia-se bem à sua vontade, tratando os alunos com o maior carinho, como se fossem seus filhos.
Sabia tratar as crianças; parecia um pai amoroso, afagando os filhos, ele que nunca o fora, que nunca experimentara as doçuras da paternidade.
Fez sempre do trabalho uma religião e tanto assim, que nos últimos tempos, acometido da fatal doença que o levou, enquanto pôde, vinha sempre ao Ginásio, subia as escadas, cansado, arrastando-se . . . mas cumprindo o seu dever, dando a vida ao seu ideal, que era a vida do seu belo espírito!
Natural de Povo Novo (depois, Rio Grande), Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, nasceu aos 13 de agosto de 1774, um nome de valor, quase de todo desconhecido em sua terra natal.
Bem jovem ainda seguiu para Lisboa, a fim de completar ai a sua educação literária, revelando, desde logo, o seu belo talento. Na corte portuguesa, em 1792, tratou largamente da conveniência de transferir a corte para o Brasil, colocando-a no centro da província de Minas. Essas idéias produziram grande ruído na metrópole, visto contrariar os interesses dos poderosos, que preferiam o “status quo”.
Não houve no Brazil, nem em Portugal, por todo o primeiro quartel do século dezenove, quem o sobrepujasse no jornalismo. Enquanto lá e cá a idéia ficava afogada sob a copiosidade das flores de retórica, sob os excessivos e fertilíssimos arreios do modismo clássico, então, além de que a censura mais draconiana constrangia a franca expansão da inteligência em princípios adiantados, condicentes com a incorruptível dignidade do pensamento > Hipólito, graças à feição peculiar que lhe imprimira no estilo a tradicional sobriedade britânica, sabia expor com inexcedível clareza, com invejável simplicidade e com liberdade (se bem que, mareada de anglicanismos a pureza do seu vernáculo), tudo quanto julgava convir aos supremos interesses da sua pátria.
Em tais condições se viu ele que, foi obrigado a deixar Lisboa, do dia para a noite, receoso da fúria da Inquisição, encontrando então seguro asilo em Londres.
Apenas chegou aí, tratou logo da publicação do Investigador Português e do Correio Brasiliense, dois jornais bem acolhidos, não só no Brasil como em Portugal. Essas publicações eram lidas com ansiedade, por toda a parte, até no próprio paço de D. João VI, no Rio de Janeiro.
Durante três lustros - pois só abandonou a clava jornalista em 12-12-1822, após ver realizada a sua máxima aspiração, isto é, a Independência do Brazil - combateu, tenazmente e inexoravelmente as muitas instituições aberrantes dos verdadeiros princípios humanos, ainda viçosos no reino luso e propagou, luminosamente e perseverantemente as idéias de emancipação econômica e de libertação política da sua terra natal.
Nos seus escritos vibrantes de patriotismo, aconselhava abertamente a emancipação do Brazil, ao regime monárquico constitucional. Infelizmente, o excesso de trabalho para poder viver, num clima ingra¬to, abreviou-lhe os dias, vindo a falecer, em 11 de setembro de 1823, longe da ter¬ra que tanto amou com extremos de filho apaixonado.
Jayme da Costa Pereira era natural da cidade do Rio Grande (RS), nascido aos 28 de setembro de 1887; filho de Henrique José Pereira Júnior e de Judith da Costa Pereira.
Casou-se com Wanda da Silva, com quem teve uma única filha, chamada Ilka Silva Pereira (professora).
Jayme da Costa Pereira sempre teve o espírito dinâmico, colocando-se ao serviço de úteis e valorosas causas, emprestando a sua vivacidade e o brilho de sua inteligência; dir-se-á mesmo que era sua particularidade desdobrar-se continuamente, desde muito jovem, aproveitando as suas elevadas aquisições intelectuais, como militar de curso, na Escola Militar e, mais tarde como Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (RS).
Jayme da Costa Pereira saiu Aspirante a Oficial em 1910, depois passando pela hierarquia militar do Exército Brasileiro, tendo como Ten-cel. o encargo de Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (RS) e depois, Inspetor Federal do Ensino Secundário, no Ri Grande do Sul.
Mas não parou aí, antes, foi mais longe ainda a série ininterrupta de trabalhos; foi Instrutor na Brigada Militar do RGS, de 1910 até outubro de 1920, comissionado no posto de Capitão; em 1924, foi comandante de um “Corpo Provisório”; foi Conselheiro Municipal, no período da administração do Dr. Octavio Rocha; foi Deputado Estadual do RGS, dos Representantes, de 1929 à outubro de 1930, quando foi a Assembléia foi extinta.
Natural de Rio Grande (RS), nascido aos 21 de agosto de 1911; cérebro do regime de exceção do governo brasileiro (1964-1985).
Suas obras:
01 - O Tiro de Morteiro (técnica); 1939
02 - Planejamento Estratégico (técnicas); 1955
03 - Planejamento de Fortalecimento do Potencial Nacional (técnicas); 1956
04 - Geopolítica do Brasil (comentários); 1967
Antonio Martins da Cruz Jobim, nasceu aos 20 de novembro de 1809, em Rio Pardo. Era filho de José Martins da Cruz (acrescentou o Jobim ao seu nome, como lembrança do lugar onde nascera, em Portugal) e de D. Eugênia Rosa Pereira Fortes.
Antônio casou-se com Ana de Sousa Brasil que faleceu em Rosário, em 1881; era irmão da Viscondessa de Sabóia.
Foi um homem muito rico, filântropo, fazendeiro, protetor de diversas sociedades de caridade e contribuiu de seu bolso para a Guerra do Paraguai. Proprietário das fazendas de “Cambaí” e “Santa Teresa” (município de S. Gabriel - RS).
Revelando desde os mais verdes anos uma pronunciada vocação para a vida comercial, não quiseram seus pais torcer-lhe o destino para que tendia e, com este propósito o enviaram em mui tenra idade para o Rio de Janeiro, onde começou a praticar em uma importante casa.
Naquele vasto campo de ação a inteligência do nosso jovem patrício se exercitou indefesamente e em pouco as suas reais aptidões para a profissão lhe abriram as portas para os maiores empreendimentos nesse tão honroso quão espinhoso ramo de atividade humana.
Caráter austero, apesar dos poucos anos, probidade a toda prova, crédito sólido, o jovem rio-grandense foi bem depressa aproveitado para uma sociedade comercial, a que se dedicou de corpo e alma, consagrando-lhe o melhor do seu tempo, da sua inteligência e, tendo nesse caráter voltado para o Rio Grande do Sul, onde se conservou sempre na direção de seus negócios.
Sempre ativo e empreendedor, o nosso perfilado atingiu a um alto grau de fortuna, sem que a sua riqueza colossal o enchesse de soberba ou o impelisse para as molezas sibaríticas do ócio.
Pelo contrário, manteve até o fim da vida uma formosa linha de simplicidade proletária, amando o trabalho como fonte fecunda de preciosos bens e pondo a sua fortuna ao serviço das grandes causas nacionais.
Foi assim que prestou serviços relevantes à legalidade, durante a revolução de 1835, tendo sido por isso agraciado com o hábito da imperial Ordem da Rosa, com a comenda da Ordem de Cristo e afinal com o título de Barão, em 1859.
Também, por ocasião da porfiada campanha que sustentamos com a República do Paraguai, o nosso apelo da nação, fazendo duas avultadas ofertas para as despesas da guerra.
Em S. Gabriel onde residiu muitos anos, foi um dos maiores benfeitores da Santa Casa de Misericórdia, tendo tido sempre aberta a sua bolsa para auxiliar todas as empresas nobres e para socorrer todas as misérias.
Deste preclaro varão pode-se dizer que, foi um semeador incansável e, do que incansavelmente semeou, fartamente colheu para si e para o seu semelhante.
A cidade de Rio Pardo foi o berço do Senador José Martins da Cruz Jobim. Aí ele nasceu aos 2 de fevereiro de 1802 (Coruja Filho [Dr. Sebastião Leão] aponta a data de nascimento como sendo em 26/02/1802), sendo seus pais o Tenente José Martins da Cruz e D. Eugenia Fortes.
Descendente de pais pobres e desejoso de aprender, seguiu, criança, para o Rio de Janeiro, onde se matriculou como interno, no Seminário de S. José, que naquela época gozava de merecido renome.
Nesse tempo, entre nós, ninguém cuidava de instruir seus filhos. A única preocupação era a guerra, era a resistência aos espanhóis que buscavam, à viva força, conquistar o Rio Grande. Já haviam se assenhoreado de uma vas¬ta extensão do território à margem do Uruguai e tentavam ainda alargá-la em todos os rumos.
Rio Pardo era então uma praça-forte, ameaçada a cada instante pelos nossos inimigos, que invadiam o solo natal, destruindo tudo o que encontravam, como hordas de vândalos, dominados pela loucura da destruição.
A geração daquela época não tinha onde ilustrar o espírito, vivia em contínuos sobressaltos como num acampamento, ouvindo a todo o momento, os rufos de tambores, o grito de alerta das sentinelas que guardavam a paliçada e o tiroteio da fuzilaria das guardas avançadas.
Dessa geração de fortes, que é o nosso mais legítimo orgulho, nos veio o grande Poeta Manoel de Araújo Porto Alegre, com o seu imortal Colombo e o guerrilheiro legendário Andrade Neves que, à ponta de lança, deixou entre lauréis, as mais belas façanhas de valor e heroísmo.
Para glorificar Rio Pardo bastaria apenas um nome dessa formosa trindade, se já não estivesse na última fase de formação uma nova estrela de pri¬meira grandeza, o Dr. Ramiz Galvão, para agrupar-se a essa radiosa cons¬telação austral. . .
Mas... concluindo o nosso jovem patrício os seus estudos no Seminário de S. José, seguiu para Paris, matriculando-se na Academia de Medicina.
Tendo falecido seu pai, veio da França visitar o torrão natal e recolher a pequena herança que lhe cabia, para completar os seus estudos.
O quinhão paterno era muito diminuto, mas auxiliado pelos parentes conseguiu concluir o curso de medicina, deixando entre os lentes e colegas a mais bela tradição do seu grande valimento.
Apenas chegando ao Brasil, com o bom nome que conquistara em Paris, José Bonifácio (o Patriarca da Independência), que era então tutor dos filhos de Pedro I, o nomeou médico do Paço.
Quis assim, o fundador da nossa nacionalidade, dar um testemunho de admiração pelo jovem laureado que honrara o país no estrangeiro.
Mais tarde, dando-se uma vaga de lente na Escola do Rio de Janeiro, o Dr. Cruz Jobim apresentou-se a concurso e foi nomeado para exercer a cadeira de Medicina Legal.
Poucos anos depois, foi escolhido para diretor da mesma escola, exercendo esse cargo, com invejável competência, durante 21 anos.
Como lente e diretor do estabelecimento escreveu diversas monografias que qualquer sábio europeu não desdenharia em subscrevê-las.
Em 1848, sendo então lente jubilado, começou a sua carreira política entrando para a Câmara, como representante do nosso Estado.
Em 1851, tendo se dado uma vaga de senador no Estado do Espírito Santo, seu nome foi incluído na lista tríplice e escolhido pela coroa.
Íntimo amigo de D. Pedro II, que o considerava pela respeitabilidade de caráter, como homem de ciência e pelo desapego aos bens de fortuna, mais de uma vez, foi á Europa em comissões particulares do imperador.
Como médico gozou sempre da maior consideração pela solicitude com que tratava os doentes e ainda mais, pelo seu desprendimento. Nunca apresentou uma conta dos seus serviços, nem teve à porta da casa a placa designativa da profissão que exercia.
Tanto interesse ligava aos grandes como aos mais humildes que o procuravam para alívio dos seus males.
Era um homem raro, não só pelo saber, como pelos dotes do coração.
Quando faleceu a 25 de agosto de 1878, (Barão de Rio Branco em “Efemérides Brasileiras” registra a data de morte como sendo em 23/08/1878), seu passamento causou a mais dolorosa impressão na sociedade carioca, que tinha, pelo nosso ilustre patrício, uma espécie de idolatria.
Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 27 de fevereiro de 1880 e falecido em Bagé (RS), aos 21 de dezembro de 1929.
Bacharel em Direito, Poeta e Professor; assinava Milton Cruz.
Suas obras:
01 - Hinário Cívico (versos); 1913
02 - O Brasil e os Estados (versos); 1914
03 - Gaúchos (sonetos regionais); 1918
Consta que publicou outros trabalhos.
A vida do Dr. José da Cunha Bittencourt, nascido na cidade de Porto Alegre, a 3 de janeiro de 1827, encerra em belo exemplo de quanto pode a força de vontade quando conjugada com uma inteligência superior.
Filho de pais pobres, sentiu desde a mais verde infância pronunciado pendor para o estudo da medicina e, mau grado as dificuldades de ordem material que se acumulavam, conseguiu matricular-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se formou em Homeopatia, aos 23 anos de idade.
Freqüentava o 3º ano do seu curso médico, quando teve a infelicidade de perder seu pai que, apesar de pobre, concorria com modesta pensão para manter o filho nos estudos.
Eis como um admirador do Dr. Bittencourt descreve esse momento triste de sua vida:
“Tendo ciência o seu correspondente, o Sr. Filgueiras, proprietário da fábrica de tecidos de Santo Aleixo, que seu genitor havia falecido, avisou ao Dr. Bittencourt que, daquela data em diante, não podia mais contar com os seus recursos para prosseguir os seus estudos, oferecendo-lhe, na mesma ocasião, um lugar no seu estabelecimento fabril.”
“O Sr. Bittencourt rejeitou a proposta, declarando-lhe que, se queria ser-lhe útil e prestar-lhe um favor, continuasse a dar-lhe a mensalidade que seu falecido pai tinha estipulado que, depois de formado, lhe pagaria integralmente.”
De fato assim sucedeu. Entretanto, o Dr. Bittencourt para melhor cumprir seus nobres desíg¬nios e compromissos financeiros, empregou-se como revisor do “Correio Mercantil” do Rio, de propriedade do Dr. Joaquim Anselmo Alves Branco Muniz Barreto. Sendo ainda insuficiente seus recursos, o Dr. Bittencourt apresentou-se candidato ao concurso de um lugar de interno do Hospital da Marinha. Obteve o 1º lugar e foi nomeado.
Em 1852, vejo para sua cidade natal e, pouco depois, apresentou-se candidato avulso à Assembléia Provincial; foi eleito por enorme votação. Desse ano em diante teve uma vida política longa e agitada, sendo um dos mais acatados chefes do partido conservador.
Em 1868 foi eleito deputado geral. Seus serviços à terra natal foram muitos e de superior relevo; entre estes, contam-se a criação da Escola Normal e o curso de infantaria da Escola Militar.
O Dr. Bittencourt foi médico da Beneficência Portuguesa e por serviços prestados nesse posto foi condecorado pelo governo português com a comenda de Vila Viçosa.
Também, por serviços que prestou por ocasião da cólera-morbus, o governo imperial o agraciou com o Hábito da Rosa.
O Dr. Bittencourt era muito religioso e concorreu grandemente para a construção do Seminário Episcopal.
Este ilustre varão morreu na cidade de Porto Alegre, a 25 de novembro de 1901; o seu maior elogio está nas palavras com que um jornalista seu admirador encerrou o seu necrológio > “tudo o que foi, deveu a si somente.”
Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 22 de junho de 1902; era filho de João Baptista Carlos e de Faustina da Cunha.
Aos 26 de dezembro de 1924, Bacharelou-se em Ciências Jurídica e Sociais, na 22ª Turma da Faculdade de Direito de Porto Alegre, hoje Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; logo após formar-se retornou à Cachoeira onde instalou banca de advocacia, passando a ter destacada atuação na profissão, na política, na imprensa e nos mais variados setores da sua comunidade.
Casou em Cachoeira, aos 29 de junho de 1927, com Jacy Camargo, de quem teve duas filhas:
01 - Vera, casada com Núbio Silva Flores, residentes no Rio de Janeiro, que geraram:
a - João Orlando, casado com Lígia Flores;
b - Elisabeth Carlos, residente no Rio de Janeiro.
02 - Nora, casada com Carlos Adolfo Maia, residentes em Porto Alegre.
Adquiriu, para sua própria residência, o palacete (casarão de 31 cômodos, construído na década de 1930, pelo Dr. David Barcellos), situado na rua Marechal Floriano, em Cachoeira do Sul; entretanto, o Dr. Orlando Carlos (segundo proprietário daquele imóvel), morou pouco tempo lá, devido aos cargos que passou a exercer em Porto Alegre.
Intelectual de apurado gosto literário, produziu trabalhos de esmerada concepção e fino estilo, tanto em prosa como em verso. Devido ao seu feitio simples e retraído, muitas das produções não tiveram divulgação; ignora-se, por exemplo, se chegaram a ser publicados três sonetos de sua lavra, intitulados: Antagonismos, Carne em Flor e Tupã Irado, cujos manuscritos, datados de 16, 19 e 22 de dezembro de 1921, respectivamente, “ele” os ofertou a um amigo a quem dedicara o primeiro deles.
ATIVIDADES
a - Advogado inscrito na OAB - Seção do RGS, sob nº 108 - exercendo a profissão desde 1924;
b - Advogado do Banco do Brasil S/A, desde 04-12-1924 a 01-04-1973;
c - Membro Efetivo do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul;
d - Conselheiro Municipal (Vereador) em Cachoeira, de 1928 a 1930;
e - Inspetor Federal do Ensino Secundário, de 01-01-1932 a 30-06-1943;
f - Secretário das Obras Públicas, do Rio Grande do Sul, em 1945;
g - Deputado à Assembléia Legislativa, do Rio Grande do Sul, 1949 / 1950;
h - Assessor Especializado na Assembléia Geral de Planejamento e Estudos da
Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil, em 1951;
i - Professor de Introdução à Ciência do Direito, na Faculdade de Direito de Porto Alegre - UFRGS, em 1953;
j - Secretário da Agricultura, Indústria e Comércio, do Rio Grande do Sul, em 1955 / 1959; foi nessa época que Orlando da Cunha Carlos teve a idéia de implantar a “Companhia Estadual de Silos e Armazéns” - CESA;
k - Presidente do Rotary Club de Cachoeira , em 1962;
l - Presidente do Diretório Regional do Partido Libertador e membro de seu Diretório Nacional, até 1964;
m - Presidente do Rotary Club de Porto Alegre, em 1965 / 1966 e até o fim de sua vida;
n - Presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, BRDE, desde 1972 até 1977;
o - Vice-presidente da Associação Brasileira de Bancos de Desenvolvimento, ABBDE
TÍTULOS E DISTINÇÕES
Pela meritória dedicação à “Ordem dos Advogados do Brasil” - OAB e à classe, à causa pública e à comunidade, recebeu os seguintes títulos e distinções:
01 - Título de Comendador e prêmio Medalha Osvaldo Vergara, outorgado pela
Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Rio Grande do Sul.
02 - Homenagem do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, dando o seu nome às instalações, em Cachoeira do Sul, do Complexo Armazenador da Companhia Estadual de Silos e Armazém, da Secretaria de Agricultura e, colocando no pórtico um marco com a sua efígie, em dezembro de 1982.
03 - Homenagem da Prefeitura Municipal de Cachoeira do Sul, dando o seu nome a Avenida Orlando da Cunha Carlos (antiga Av. das Nações), na zona leste da cidade, em dezembro de 1982.
04 - Medalha Negrinho do Pastoreio, homenagem do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em 1981.
05 - Medalha Cidade de Porto Alegre, homenagem da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em dezembro de 1980.
06 - Medalha Segundo Centenário da Fundação de Porto Alegre, homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre, em março de 1972.
07 - Medalha República Italiana, conferida pelo Presidente Giovani Gronchi, em 1958.
08 - Medalha República de Portugal, conferida pelo Presidente General Craveiro Lopes.
09 - Medalha Primeira Reinion Extraordinaria de Alide - Madrid, septiembre de 1975.
10 - Medalha Sesquicentenário da Independência do Brasil.
11 - Medalha Cinqüentenário de Erechim (1918-1968), homenagem da Feira
Regional Industrial Agropecuária de Erechim, FRINAPE / 1968.
12 - Medalha 5ª Festa Nacional do Trigo, de Joaçaba (SC), em 1956
13 - Medalha 1ª Exposição Agro-Pecuária e Industrial de Canela (RS), em
dezembro de 1955.
14 - Medalha 5º Congresso Tradicionalista do CTG Rincão da Lealdade, de
Caxias do Sul (RS).
15 - Medalha conferida pela Companhia União de Seguros.
16 - Medalha Estado Maior das Forças Aramada - EMFA, na recepção que, como Presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE, fez aos estagiários da Escola Superior de Guerra, em 1973.
17 - Medalha e Diploma de Companheiro Paul Harris, concedida pelo “The Rotary Foundation of Rotary International”.
18 - Medalha XV Conferência do Distrito 468, do Rotary Club.
19 - Medalha Rotary Club de Cachoeira do Sul, em agradecimento aos 20 anos de prestimosa colaboração, aos 20 de setembro de 1959.
20 - Placa recebida da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, como seu ex-professor, comemorativa do 75º aniversário da instituição, em 1975.
21 - Diploma de colaborador da Casa da Amizade das Senhoras Rotarianas de
Porto Alegre.
22 - Diploma de Benfeitor da Santa Casa de Misericórdia, de Porto Alegre.
Faleceu em Porto Alegre, aos 23 de março de 1982 - sendo sepultado no Cemitério São Miguel e Almas, na capital do Estado do RGS.
Natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu aos 30 de maio de 1906; casado com . . . , com quem teve os filhos Régis (pai do Regis Fº, repórter da TV Globo) e Preta (casada com Mário Henrique Kämpf).
Foi Prefeito de Cachoeira do Sul (1960-1964).
Publicou a obra “Meu Pago”, que contém versos regionalistas.
Autor da canção MEU PAGO, escolhida como Hino de Cachoeira do Sul, no governo do Prefeito Dr. Júlio César Caspany (1976-1982).
MEU PAGO
Venho vindo das Campinas
Deste Rio Grande de DEUS,
Venho atrás dos teus carinhos,
Dos meigos sorrisos teus.
Mal desponta o sol dourado,
Saio a trote pela estrada,
O meu pingo é bem ligeiro,
Não abate a caminhada.
O verde pampa
do meu Rio Grande,
tudo é beleza,
não se sabe o que é tristeza,
vive alegre o coração.
E a noite desce toda estrelada,
então é lindo ver-se a guapa gauchada
de viola e gaita a mão.
Todos cantam seus amores,
Pondo a mão no coração,
Chora a gaita no terreiro,
Geme o pinho no galpão.
Quem não ama no Rio Grande,
Desconhece o que é viver,
Deixa o lado bom da vida,
Para penar e sofrer.
Felisberto Inácio da Cunha, nasceu na cidade de Pelotas, aos 11 de novembro de 1824.
Era filho de José Inácio da Cunha e D. Zeferina Gonçalves da Cunha, ambos descendentes de troncos ilustres.
Na terra de seu nascimento, Felisberto Inácio da Cunha quase nada aprendeu, tendo apenas freqüentado uma escola pública durante pouco tempo; o menino, porém, era inteligente e de uma vivacidade extraordinária. Parecia, às vezes, que adivinhava as coisas.
Nestas condições, o seu velho pai o destinou para a carreira do comércio; como tinha no Rio de Janeiro um irmão, que era dono de uma loja de fazendas, resolveu mandar o filho para lá.
Alguns anos depois o nosso patrício, já com tirocínio da vida comercial, deixou a loja do tio e veio estabelecer em Pelotas, na vizinhança do Passo do Retiro, uma importante charqueada, associado a um seu cunhado.
Separando mais tarde a sociedade, tomou a direção dos negócios do seu avô materno Antonio Ferreira Bica, imprimindo em tudo o cunho do seu inteligente esforço. Com a morte do avô, liquidou os negócios, continuando a trabalhar associado a outros, com a atividade de sempre.
Pertenceu desde moço ao partido liberal, sendo, no sul do Estado, dos chefes de grande influência. Por ocasião do movimento abolicionista, foi uma das figuras que mais se pôs em foco pelo desprendimento. Nem era de esperar outra conduta de quem dera sempre tocantes provas de grandeza de alma.
Combatendo nas fileiras do partido liberal, com o ardor das convicções sinceras procedeu de maneira a captar a estima e a consideração dos contrários, a muitos dos quais servira com o seu prestígio e a sua bolsa.
Em atenção aos valiosos serviços que prestou à causa redentora, o governo imperial o agraciou com o título de Barão do Corrientes.
Ainda robusto, com cerca de 72 anos, a morte o levou, a 19 de dezembro de 1896. Foi uma criatura que só teve a preocupação de fazer o Bem.
Natural de Cachoeira do Sul (RS), nascido aos 24 de junho de 1883 e falecido em Porto Alegre (RS) aos 17 de agosto de 1945.
Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas; também, Professor de português e matemática.
Assinava << J. Alcides Cunha >>
Suas obras:
01 - Colocação do Pronome Pessoal Complemento -
Regras sobre “Ä”, Galicismos Dispensáveis (alguns) - 1918
02 - Método de Análise Sintática (1ª Edição) - 1924
03 - Formulário Ortográfico - 1932
04 - Análise Sintática (2ª Edição) - 1941
Chamava-se João, porém tão fino e sonhador espírito, de tão borboleteante boemia, não podia tolerar nome tão prosaico, nem com ele entrar nos luminosos torneios do parnaso.
E foi assim, que por 1886 ou 1887, aparecia rufantemente, com reclames e notícias berrantes, um Renato da Cunha, de que então não se ouvia falar, assinando uns livrinhos de versos, de que a imprensa se ocupou encomiástica e miudamente.
Depois, veio a saber-se que Renato da Cunha tinha alguns bens de fortuna, uma biblioteca pequena, mas seleta, vestia corretamente, com pedras finas na gravata e nos dedos, bebia conhaque e sabia de cor a Noite na Taverna e a Bohemia de Murger.
Fez época e ele mesmo era o maior, o mais ativo reclamista do seu engenho poético. Para esse boêmio das letras, o Rio Grande do Sul não tinha outro poeta que não ele, e quando, em 1893 ou 1894, estalou a escandalosa questão dos plágios do Sr. Ribeiro da Fonseca, levantada e provada pelo Sr. Alberto Rodrigues (de Pelotas), o Renato apresentou denúncia, aliás infundada, contra outros versejadores gaúchos.
Estava possuído de uma espécie de megalomania poética, e não surgia folheto seu que não viesse ocupado mais da metade com o Perante a imprensa, que era a transcrição de tudo o que de elogioso se escrevia sobre ele.
E tão acentuada em Renato da Cunha era a mania de grandeza, que os seus livros traziam títulos assim: Rutilações, Pérolas e diamantes, Chispas e Pedrarias, etc.
Sonhou mais que produziu, mas, ainda assim, representa uma individua¬lidade de destaque no Parnaso rio-grandense.
Renato da Cunha faleceu em Porto Alegre (de onde era filho), em abril de 1901, tendo publicado as suas últimas produções no Jornal do Comércio.
Não consta que deixasse inéditos, entretanto, desde 1889 anunciava, na capa de seus livros, como obras do mesmo autor, já no prelo > O Apolo de mármore, O mundo de Diógenes, Sir Hasirim (poema) e Chispas e Pedrarias.
Morreu aos trinta e poucos anos de idade, tendo sonhado mais que vivido.
Nasceu na povoação do Herval aos 31 de agosto de 1833. Era filho do estancieiro Antonio Francisco d’Ávila e de D. Ana das Chagas d’Ávila.
Depois de haver estudado as primeiras letras, numa escola pública, na terra do seu nascimento, seguiu para o Rio de Janeiro com o propósito de tirar os preparatórios, no Colégio Pedro II.
Desde que ali entrou, revelou a sua brilhante inteligência e o seu amor ao trabalho. Concluindo os estudos, matriculou-se na Academia de Direito de S. Paulo, onde se bacharelou com 24 anos de idade, tendo sido contemporâneo de Gaspar Martins, que já experimentava as asas para largar vôos.
Henrique d’Ávila, regressando ao Rio Grande, fixou residência na cidade de Jaguarão, onde abriu banca de advocacia, filiando-se desde logo, ao partido liberal que buscava atrair os moços de talento.
Em pouco tempo, o município de Jaguarão tornou-se um baluarte inexpugnável do liberalismo.
Foi eleito diversas vezes deputado à Assembléia Provincial, à Câmara temporária, sendo, mais tarde, escolhido senador pela sua terra natal. Era um homem de talento, orador imaginoso e temido polemista.
Presidiu o Rio Grande do Sul, a província do Ceará, quando flagelada pelos horrores da seca. Teve ainda nas suas mãos, a pasta de ministro da Agricultura. Em qualquer dessas posições, revelou-se de urna atividade rara e honesto a toda a prova.
Foi um trabalhador infatigável, pois ainda, nos últimos anos de sua preciosa e útil existência, colaborou no “Jornal do Comércio” de Porto Alegre, tendo falecido pobre, depois de haver ocupado os cargos mais salientes e ter passado por suas mãos a distribuição dos créditos públicos pois Henrique d’Ávila pertencia àquele pugilo de homens políticos que se esqueciam de si para cuidar tão somente dos negócios da nação.
Nasceu em Porto Alegre aos 20 de abril de 1820. Era filho de Lauriano Dias da Silva.
Aos 15 de junho de 1837, ofereceu-se para tomar parte na reação que devia libertar a capital do domínio dos republicanos.
Revelando-se sempre com bravura em diversos combates, entre eles > aos 3 de maio de 1840, o de Taquarí e aos 26 de maio de 1843, o de Ponche Verde.
Aos 07 de setembro de 1847, foi promovido a capitão para um corpo de cavalaria. Mais tarde tomou parte na campanha de 1851, no Estado Oriental e em 1852, na República Argentina.
Em 1854, marchou de novo para Montevideo incorporado à divisão auxiliadora. Em 30 de dezembro de 1864, tendo chegado ao seu conhecimento haverem sido tomadas pelos paraguaios as colônias de Dourados e Miranda, seguiu de Nix em reconhecimento, e no rio Feio, a 3 léguas distante daí, foi no dia seguinte atacado pelos invasores, defendendo-se como um bravo.
Apenas com 130 homens era a força que o acompanhava, põe-se em defensiva, sofrendo então tremendas cargas de cavalaria, principalmente na fazenda do Destarracado, onde se houve como um herói
Aos 19 de janeiro de 1865, retirou-se para Miranda e, não encontrando força suficiente para resistir, continuou a marcha para Aquidaban e em seguida, para Santana do Paraíba.
Nessa memorável marcha, conduziu grande número de famílias desses sítios de fácil alcance dos invasores.
Em atenção aos relevantes serviços prestados nessa ocasião, o governo o agraciou com o oficialato da Rosa.
Pouco depois dessa marcha, em que tiveram de experimentar até os efeitos da fome, sentiu-se doente, sendo nomeado, contra a sua vontade, para o Rio de Janeiro, onde faleceu aos 24 de julho de 1868.
Foi sempre considerado um dos oficiais mais distintos da arma a que pertencia.
Nasceu aos 8 de novembro de 1851, na cidade de Porto Alegre.
Aos 16 anos de idade, o seu padrinho D. Sebastião Dias Laranjeiras o levou para Roma, a fim de estudar no Colégio Pio Latino Americano, onde revelou desde logo, a sua formosa inteligência.
Concluídos os estudos nesse instituto, freqüentou a Universidade Gregoriana para formar-se em Direito Canônico.
Terminado aí o curso, voltou à terra natal, conseguindo em pouco tempo a estima e a consideração de todos pela modéstia, maneiras delicadas e grandes virtudes.
Tendo sido fundado o Seminário, foi Monsenhor Diogo escolhido para exercer o cargo de vice-reitor, que desempenhou da maneira mais brilhante.
Havendo mais tarde o padre Cacique, por questões de melindres, abandonado a direção desse estabelecimento de ensino, foi Monsenhor Diogo nomeado para substitui-lo. Durante muitos anos esteve no exercício dessa investidura o nosso ilustre patrício, fazendo tudo quanto era possível para prestigiar o instituto que lhe fora confiado.
Chegando ao Rio Grande o Bispo D. Cláudio, tratou logo de afastá-lo dessa posição, entregando aos jesuítas a direção do Seminário; Monsenhor Diogo foi nomeado vigário de Viamão, voltando dois anos depois, para exercer o mesmo cargo na freguesia do Rosário, em Porto Alegre.
Vagando, mais tarde, o cargo de vigário geral e provisor do bispado, pelo falecimento do saudoso Monsenhor Pinheiro, que ocupava essa posição, há longos anos, D. Cláudio que não andou sem acerto destituindo Monsenhor Diogo do cargo de reitor do Seminário, emendou a mão, nomeando-o nes¬sa ocasião, para substituir um sacerdote tão notável pelo saber e excelsas virtudes.
Monsenhor Diogo, pouco tempo depois, sentindo-se adoentado, foi em procura de melhoras, tratar-se no hospital de Santa Isabel, em S. Leopoldo.
O mal, porém, era de morte e o nosso virtuoso patrício foi pouco a pouco definhando, entregando sua alma a Deus aos 17 de junho de 1904; com o desaparecimento desse sacerdote, apagou-se uma das figuras mais radiantes da igreja rio-grandense.
A vila de S. José do Norte teve a glória de haver sido o berço de dois heróis << o Visconde de Tamandaré e o marujo Marcílio Dias >>
No dia 11 de junho de 1865, no arroio Riachuelo a esquadra brasileira ataca e derrota a esquadra paraguaia, apesar de estar protegida por uma bateria de 32 canhões, escondida na barranca.
Foi uma luta tremenda, o feito naval mais importante da América do Sul; nesse combate, que aturou muitas horas, sem um momento de descanso, deram-se episódios de valor que assombram o mundo.
O nosso navio “Parnaíba” é abordado por três navios inimigos. A guarnição cumpre seu dever: debate-se como um bando de leões e não se rende. Entre os heróis, que tombam mortalmente feridos no convés, sobressai Marcílio Dias que, atacado por quatro paraguaios, põe fora de combate dois e cai aos golpes dos dois restantes, em 12 de junho de 1865.
Seu corpo coberto de horríveis ferimentos foi, depois da luta encarniçada, recolhido, piedosamente, exalando o último suspiro no dia seguinte.
O rio Paraná recebeu em seu seio o cadáver desse bravo, cujo nome a história registra entre lauréis imperecíveis.
O comandante da corveta, capitão-tenente Aurélio Gracindo Fernandes de Sá, referindo-se em ordem do dia, ao imperial marujo Marcílio Dias, diz:
“A praça mais distinta do Parnaíba. Não foi só na batalha de Riachuelo que esse herói dera provas de valor; no sítio de Paissandu já ele havia se assinalado pela sua indômita coragem, indo hastear a nossa bandeira, na cruz da torre da igreja, escalando-a pelo lado de fora.”
Para honrar a sua memória, mais de um navio da nossa marinha tem to¬mado o seu nome glorioso, bem como o Hospital Militar da Marinha de Guerra (RJ); e o Museu Naval do Rio de Janeiro ostenta com orgulho, o seu retrato, pintado por Décio Villares, uma das glórias da pintura nacional contemporânea.
Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 14 de maio de 1900; fez os estudos primário e secundário no Ginásio Anchieta (1908-1915).
Cursou a Faculdade de Medicina (1916-1921), defendeu a tese sobre o tema - Da reação de Noguchi.
Doutorou-se aos 24 de dezembro de 1921, especializando-se em Pediatria e Química; fez viagens de estudos aos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Participou do 9º Congresso Médico Brasileiro; da 1ª Conferência Nacional da Defesa contra a Sífilis; e, do 2º Congresso Nacional de Tuberculose.
Entre os trabalhos publicados, destacam-se, além da sua tese de doutoramento, sobre o tema Classificação Periódica dos elementos (tese de concurso à Livre-docência de Química Geral e Mineral, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre).
Esteve no desempenho de vários cargos, como segue:
01 - Interno da Clínica Propedêutica Cirúrgica (1918);
02 - Interno do Consultório de Adultos da Santa Casa de Misericórdia (1919);
03 - Interno da Enfermaria Dr. Wallau e do Instituto Osvaldo Cruz (1920);
04 - Assistente da Cadeira de Clínica Pediátrica Médica e Higiene Infantil (1922), cargo que voltou a ocupar (1931);
05 - Docente-livre de Química Fisiológica e Chefe de Laboratório (1932).
Foi Diretor da Divisão do Departamento Estadual de Saúde; Titular de Divisão Administrativa e Interinamente dirigiu a Divisão Técnica, desde 1939.
Especializou-se em Pediatria, Química e Saúde Pública; exerceu sua clínica em Porto Alegre.
Casado com Maria Rosa Demarchi, de cujo matrimônio teve o filho Eduardo.
Natural de Santo Ângelo (RS).
(Nada mais consegui, até o presente momento - 09-09-2009)
Otávio Peixoto de Melo
Maragato
Digníssimo prelado gaúcho, natural da Aldeia dos Anjos (Gravataí), Rio Grande do Sul, nascido em 1781 - (Segundo Coruja Filho, nasceu aos 13-07-1781).
Seu pai, João Nepomuceno de Carvalho, era um lavrador muito considerado na povoação pela severidade de costumes. Aí, seu filho aprendera as primeiras letras, seguindo anos depois para o Rio de Janeiro, onde completou os estudos no Seminário de N. S. da Lapa, sendo ordenado Sacerdote em 1804, revelando-se desde logo, a par de lúcida inteligência, os grandes dotes do coração.
Em 1805, ingressou no Exército Imperial, como Capelão, indo servir no Regimento dos Dragões do Rio Grande, com ele tomando parte na segunda campanha da Cisplatina (1815-1817), onde defendeu de armas na mão um ataque ao hospital de sangue.
Durante a Revolução Farroupilha, foi Cura (hoje, Pároco) de Encruzilhada (RS) e lá recebeu em 1847, a nomeação para BISPO de Porto Alegre (RS).
Uma vez, na batalha de Catalã, sendo atacado pelos inimigos o nosso hospital de sangue, o venerando sacerdote, à frente dos enfermeiros, opôs tenaz resistência à brutal agressão.
Mais tarde, já velho e adoentado, retirou-se da vida privada, indo cuidar de um pequeno sítio que possuía no município da Encruzilhada (RS), nesse recanto, fazendo o bem aos pobres que não o deixavam.
Quando abandonou o cantinho em que vivera tantos anos, para vir assumir tão elevada posição, foi um dia de luto na povoação; por essa ocasião deram-se as cenas mais tristes e comoventes. Não o queriam deixar partir.
Seguindo para o Rio de Janeiro, foi ele sagrado BISPO no Mosteiro de S. Bento, a 29 de maio de 1853.
Voltando à terra natal, assumiu a 3 de julho do mesmo ano, tão espinhoso e delicado encargo.
Pouco depois fundou o Seminário S. Feliciano, donde saiu uma plêiade brilhante de sacerdotes, como o cônego Gonçalves Viana, Luiz Pinto de Azevedo, Luiz Gonçalves de Brito e tantos outros.
Mais tarde, em 1858, teve saudades de sua antiga paróquia da Encruzilhada (RS) e partiu para lá; queria ver aqueles sítios que lhe eram tão caros, aquelas risonhas paisagens que lhe falavam tanto ao coração.
Apenas lá chegou adoeceu gravemente, sendo obrigado a voltar pouco depois; seus incômodos agravavam-se dia a dia, espalhando a aflição entre os amigos que cercavam o seu leito, cheios da mais carinhosa solicitude.
Na madrugada do dia 27 de maio de 1858, fechou os olhos para sempre, com a consciência de só haver praticado o Bem.
Natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu em 1833; foi grande proprietário de terras e banqueiro.
Notabilizou-se pelas grandes contribuições que dava à instituições filantrópicas, do Rio Grande do Sul.
Em 1873 foi agraciado com o título de Visconde de Cruz Alta, por D. Luís I - Rei de Portugal.
Faleceu em 1901.
Elis Regina Carvalho Costa, nasceu em Porto Alegre, aos 17 de março de 1945. Desde pequena gostava de cantar; apresentou-se pela primeira vez aos 11 anos, na rádio Farroupilha da capital gaúcha, cantando no programa Clube do Gurí.
Em 1959, com 14 anos foi contratada pela rádio Gaúcha, como cantora.
Em 1964, Elis transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde assinou contrato com a TV-Rio até que, em 1965, veio a FAMA > interpretando a música Arrastão (de, Edu Lobo e Vinícius de Moraes).
Elis venceu o “I Festival de Música Popular Brasileira” da extinta TV-Excelsior. A partir daí, projetou-se nacionalmente como cantora. Logo depois gravou ao vivo com Jair Rodrigues, no Teatro Paramount (São Paulo), o LP - Dois na bossa. Transformou-se em recordista nacional de vendas. No mesmo ano, ao lado de Jair Rodrigues, iniciou na TV-Record (São Paulo), a apresentação do programa O fino da bossa.
Seu jeito irrequieto e elétrico de cantar, lhe rendeu o apelido de PIMENTINHA.
Com a música Madalena, composta por Ivan Lins e Ronaldo Monteiro, conquistou os primeiros lugares nas paradas de sucesso da época.
Em 1970, passou a comandar com Ivan Lins o programa Som Livre exportação, na TV-Globo. Foi uma fase de grandes shows e muito brilho em sua carreira.
Em 1972, gravou Águas de março (de, Tom Jobim), que viria a se tornar um clássico da música popular.
No início de 1974, lançou, com o compositor Tom Jobim, o LP Elis e Tom, gravado em Los Angeles (Estados Unidos).
Em 1981, Elis realizou o último trabalho de sua brilhante carreira, Trem azul; o show obteve enorme êxito e deu origem a um disco lançado após a sua morte, que ocorreu em 19 de janeiro de 1982, pouco antes de a cantora completar 37 anos; nesse dia, o Brasil inteiro chorou com a notícia.
Elis é hoje considerada a maior cantora brasileira de todos os tempos e uma das melhores do mundo.
Os discos mais importantes de Elis Regina, são: Dois na bossa, Elis e Tom, Falso brilhante, Transversal do tempo, Saudade do Brasil e Trem azul.
Conheça algumas frases ditas por Elis Regina:
1 - “Dediquei minha vida a cantar e não tem homem, nem pai, nem filho que me tire disto.”
2 - “Meu problema agora não é cantar, é como usar este meu cantar.”
Natural de Bagé (RS), nascido aos 20 de julho de 1898 e falecido em Porto Alegre (RS), aos 23 de junho de 1966.
Sua sabedoria era assombrosa; seu tirocínio era super rápido; enquanto seus pares estavam iniciando a maneira de resolver um problema geométrico, trigonométrico, algébrico ou mesmo um intrínseco teorema - ele já estava com a fórmula adequada na ponta da língua, para a respectiva solução.
Diziam seus alunos, que ele vivia, dormia e sonhava com as ciências exatas, a matemática.
Suas obras:
01 - Caderneta de Campo (907 págs.) - 1948
Instruções de agrimensura, cálculos, etc., em parceria com outro Professor Universitário - João Luderitz.
Irineu Evangelista de Souza natural de Jaguarão (RS), nasceu aos 28 de dezembro de 1813, na então freguesia do Arroio Grande, distrito de Jaguarão. Era filho legítimo de João Evangelista de Souza e de sua mulher D. Mariana de Souza e Silva.
Ainda bem criança seguiu para o Rio de Janeiro, a fim de dedicar-se à vida comercial. Em 1825 entrou para caixeiro da loja de fazendas de Antonio José Pereira de Almeida, conquistando desde logo as simpatias do patrão.
Apesar da sua tenra idade, tanta aptidão mostrou para o comércio, por tal forma se houve no desempenho de seus deveres que, retirando-se Pereira de Almeida à vida privada, quatro anos depois, não se esqueceu de reco¬mendar o seu jovem caixeiro a um amigo que estava no acaso de aproveitar os seus serviços.
Em 1829 entrou Irineu Evangelista de Souza para sócio gerente da im¬portante casa comercial de Ricardo Carruthers.
Em 1840 empreendeu uma viagem à Europa, estabelecendo durante a sua estada alí uma casa em Manchester, sob a firma de Carruthers de Castro & Cia.
Querendo concorrer por sua parte para o progresso comercial da sua terra natal, estabeleceu no ano de 1845 uma casa na cidade do Rio Grande, sob a firma de Carruthers & Cia.
Voltando ao Rio de Janeiro em 1841, casou-se a 11 de abril desse mesmo ano com sua sobrinha D. Maria Joaquina de Souza, senhora de elevados dotes de coração.
No ano seguinte, fez aquisição do estabelecimento de fundição e estaleiro da Ponte d’Areia que se achava em completa decadência, conseguindo em pouco tempo tomá-lo próspero e florescente.
Foi na direção deste importante estabelecimento que Irineu de Souza pôs em evidência as suas grandes aptidões de industrialista e comerciante.
Em 1847, achando-se na cidade de Rio Grande, organizou ali a companhia Rio-grandense de reboques a vapor para facilitar o serviço da barra da província.
Em 1851 organizou o Banco do Brasil, que tão assinalados serviços prestou ao país.
Pouco tempo depois, por iniciativa do nosso ilustre patrício foram criadas: a companhia de iluminação a gás, a da estrada de ferro de Petrópolis, a de navegação e comércio do Amazonas e a de diques flutuantes.
Em 30 de abril de 1854, por ocasião da primeira via férrea no Brasil, levada a efeito pelo seu gênio empreendedor, foi agraciado com o título de “Barão de Mauá”.
Em julho de 1856, estabeleceu uma casa bancária em Montevidéu, que muitos bons serviços prestou ao comércio da República Oriental.
O Barão de Mauá deve ser considerado como o homem mais ativo e empreendedor de seu tempo.
Pertenceu sempre ao partido liberal que por diversas vezes o elegeu à Assembléia Geral. E só abandonou a política por ocasião do famoso repto que lhe lançou o conselheiro Gaspar Martins, por haver o Barão de Mauá prestado apoio ao gabinete conservador.
Por decreto imperial de 26/6/1874, recebeu o título de “Visconde de Mauá” pelo qual ficou conhecido.
Completamente retirado da política e da labuta do comércio, faleceu em Petrópolis (RJ), aos 21 de outubro de 1889 esse ilustre gaúcho, cuja longa existência é um belo exemplo de coragem e de amor ao trabalho.
Na cidade fluminense de Petrópolis (RJ), há o palacete construído em 1854, desse ilustre gaúcho; hoje alí funciona o Gabinete do Prefeito daquela comuna; alí estão muitos móveis e obras de arte daquele rico empreendedor rio-grandense, com toda a sua genealogia.
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O autor
ASSIS BRASIL, JOAQUIM FRANCISCO DE
Advogado e Diplomata
Político gaúcho, nascido em S. Gabriel (RS), aos 29 de julho de 1857.
Joaquim Francisco de Assis Brasil praticou o “tiro ao alvo” tornando-se exímio atirador. Certa feita, numa festa no Rio de Janeiro, lhe duvidaram de suas habilidades de pontaria com arma de fogo; mas pra que foi! Ele convidou o desafiante e seu amigo Alberto Santos Dumont (Pai da Aviação) a andar com passos lentos, equilibrando uma mação sobre a cabeça e num lampejo, pegou de uma carabina que sempre tinha ao alcance e “bum” > alvejou aquela fruta, partindo-a aos pedaços; o seu referido amigo quase se borrou todo e nunca mais duvidou dos dotes de Assis Brasil.
Formado em Direito, pela Faculdade de São Paulo, em 1882. Desde os primeiros de sua mocidade dedicou-se à causa republicana, como redator da “República” (órgão acadêmico de propaganda republicana).
Era elegante, erudito e rico, foi o mais brilhante do seleto “clube dos quatro” junto com Pinheiro Machado, Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, criadores do “Partido Republicano Rio-grandense - PPR”.
Ao contrário de seu futuro cunhado Júlio de Castilhos, formulador e teórico político de um radicalismo jacobino; previa, na fundação do partido em 1880, ser necessário enfrentar o Império até sua derrocada, mesmo que fosse preciso derramar um mar de sangue.
Não guardou, no entanto, este radicalismo em sua maturidade; em sua personalidade floresceu mais a vocação de diplomata.
Logo após a vitória da República, retirou-se da política gaúcha em 1891; não participou das refregas de 1893 (Guerra da Degola). Assim, esteve protegido dos ressentimentos que aquela sangrenta revolução deixou entre vencedores e vencidos.
Em 1885, casou-se com Cecília Prates de Castilhos (irmã do Dr. Júlio Prates de Castilhos, que depois, tornou-se seu adversário político), viuvando em 1895.
Foi deputado federal constituinte da primeira e segunda república, respectivamente em 1890 e 1933.
Em março de 1890, seguiu para Buenos Aires, como Ministro Plenipotenciário.
Em 1893, foi enviado em missão especial à China.
Em 1891, integrou a “Junta Governativa” que em seu Estado natal, substituiu ao Dr. Júlio Prates de Castilhos.
Em 1895, foi enviado a Portugal com o fim de resolver a questão diplomática surgida com o asilo aos revoltosos da Esquadra.
Em 1898, exerceu as funções diplomáticas como Ministro Plenipotenciário, nos EUA e no México. Retornando de lá, conheceu, enamorou-se apaixonadamente pela belíssima Lídia, à qual prometeu-lhe um castelo que ele mesmo idealizou, planejou, arquitetou e edificou em Pedras Altas;
Em 1903, assinou em Nova York, uma declaração em virtude da qual o “Bolivan Syndicate” renunciava, mediante indenização, à concessão que obtivera do governo boliviano, em 1901, para ocupar e explorar o então “Território do Acre”, conquistado, graças às ações do Gen. José Plácido de Castro (outro gaúcho, de S. Gabriel).
Em 1923, a “Aliança Libertadora” lançou a sua candidatura à presidência do Estado gaúcho, cuja eleição foi vergonhosamente fraudada a mando do então presidente.
Em 1928, fundou o “Partido Libertador” unindo as oposições contra Borges de Medeiros.
Em 1930, vitoriou-se a “Revolução de Getuliana” o Dr. Getúlio Dorneles Vargas designou-o para o cargo de Ministro da Agricultura.
Em 1931, foi designado Embaixador Extraordinário, na Argentina.
Quando retirou-se para o seu castelo (uma semi-fortaleza), em Pedras Altas, alí, o enciclopedismo de Assis Brasil revelou-se numa obra clássica sobre agronomia, na qual teorizava sua experiência de fazendeiro exemplar.
Conhecedor da realidade brasileira, a sua obra foi antes de tudo a de um publicista político, animado de sadio otimismo patriótico, inventou a “bomba de um mil furos” para chimarronear, introduziu o gado leiteiro “jersey” no Rio Grande do Sul - dentre outras iniciativas suas; aliás, a que não deveria ser homologada, foi a grafia do nome BRAZIL mudado, para BRASIL (porque, nome próprio não se altera - ainda mais, sendo na nossa língua portuguesa).
Escreveu:
Chispas (1877); República Federal (1881); História da República Rio-Grandense (1º vol. 1882); A Unidade Nacional (1883); Ditadura, Parlamentarismo e Democracia (1886); Do Voto e do Modo de Votar (1895); Do Governo Presidencial na República Brasileira (1896); Cultura dos Campos (1897); Idéia de Pátria (1918); O Brasil em Guerra (1919); Atitude do Partido Democrático Nacional (1929).
Faleceu vitimado por deficiência do coração, às 20 horas e 30 minutos do dia 24 de dezembro de 1938, no seu castelo, em Pedras Altas, município de “Pinheiro Marchado” (RS) antigamente denominado de “Cacimbinhas” > mudado pelo Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros (então, Presidente do Estado do RGS), para magoar seu adversário, o nosso biografado em questão.
ASSIS BRASIL, LUIZ ANTONIO DE
Advogado, Músico, Professor e Escritor
Gaúcho de Porto Alegre, nascido em 1945. Embora de família fortemente ligada à formação do Rio Grande do Sul, passou a infância e parte da adolescência em Estrela (RS), zona de colonização germânica.
De volta a Porto Alegre, estudou com os Padres Jesuítas e seguiu o Direito, bacharelando-se em 1970. Durante os estudos e mesmo depois, atuou na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – OSPA, como violoncelista. A música, entretanto, foi substituída pela literatura e a prática da advocacia, pelo magistério superior.
Junto ao Curso de Pós-Graduação em Letras, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, coordena desde 1985, uma oficina de criações literárias, que já publicou cinco antologias, lançando meia centena de novos contistas.
Atuou na administração cultural, exercendo sucessivamente os cargos de Diretor do Setor Municipal de Cultura de Porto Alegre, Diretor da Divisão de Cultura do Município de Porto Alegre, Diretor do Instituto Estadual do Livro, em sua gestão deu início à série de AUTORES GAÚCHOS de repercussão nacional e internacional, por último, foi Sub-secretário de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que exercia o cargo de Conselheiro do Conselho Estadual de Cultura.
No inverno 84/85, foi bolsista do Goethe-Institut da República Federal da Alemanha. Por indicação do Ministério da Cultura, Celso Furtado, fez parte em 1986, da comissão especial com Affonso Romano de Sant’Ana, Pedro Paulo Popovik e Luiz Antonio Marcishe - que ofereceu sugestões para uma política oficial para o livro, no Brasil.
Atualmente, além das atividades docentes e também literárias, faz parte do Conselho de Administração do Teatro São Pedro, do Conselho Editorial da Universidade de Caxias do Sul e do Conselho Editorial da PUC-RS.
Catedrático convidado da Universidade dos Açores, Portugal (89 / 90), na cadeira de Literatura Brasileira.
O romance CÃES DA PROVÍNCIA tem uma singularidade: serviu de TESE de doutoramento em Letras, apresentado à PUC-RS, em agosto de 1987, tendo obtido a nota máxima da banca examinadora. Elogiado por A. Bosi, na sua história Concisa da Literatura Brasileira, foi recentemente incluído pelo “brasiliantist” Malcon Silverman na obra A MODERNA SÁTIRA BRASILEIRA.
Faz parte do livro de Cremilda Medina A POSSE DA TERRA. É objeto de estudos em livros de Regina Zilbermann, Antonio Hohlfeldt, Volnyr Santos e outros, À respeito de sua obra estão em andamento diversos trabalhos acadêmicos de maestro e doutorado.
PRÊMIOS RECEBIDOS
Prêmio Ilha de Laytano (1977), pela melhor obra do Rio Grande do Sul;
Prêmio Literário Érico Veríssimo (1988), dado pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, pelo conjunto da obra;
Prêmio Literário Nacional (1988), pelo livro “Cães da Província”.
OUTRAS OBRAS
Um quarto de légua em quadro (1976);
A prole do corvo (1978);
Bacia das almas (1981);
Manhã transfigurada (1982);
As virtudes da casa (1985);
O homem amoroso (1986).
ASSUNÇÃO, JOAQUIM JOSÉ DE
Barão de Jarau
Nasceu em Pelotas (RS), em 1830 e faleceu na mesma cidade em 1898.
Proprietário de muitas terras e figura expressiva da sociedade pelotense; era cunhado do “Visconde da Graça”.
Foi um dos maiores industriais da região; recebeu o título em 1888, de D. Pedro II.
AZAMBUJA FORTUNA, GABRIEL DE
Engenheiro
Gabriel de Azambuja Fortuna era natural de Guaíba (RS), onde nasceu aos 21 de maio de 1878; filho de Manoel Alves Pires de Azambuja e de Marfisa Maia.
Casou-se em Porto Alegre (RS), no ano de 1902, com Alice de Laranjeira Fortuna com quem teve seis filhos: Carlinda, Antoninha, Carlos, Gil, Alice e Beatriz.
Entre os vultos que recomendam ao conceito dos seus concidadãos, por meritórias obras de invulgar repercussão coletiva, o de Gabriel de Azambuja Fortuna é, incontestavelmente, um dos mais respeitáveis.
Homem culto e inteligente, formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro (RJ), desde 1900, época em que retornou ao Rio Grande do Sul, deu eloqüentes provas de sua capacidade de ação, que no exercício de sua profissão de engenheiro, como técnico competente e experimentado, quer à serviço da política, solucionando questões partidárias em diversas comuna rio-grandenses.
Entre os vários cargos que assumiu na sua carreira particular e pública, destacam-se:
1 - Auxiliar Técnico da Comissão de Terras de Jaguary (RS);
2 - Diretor do Gasômetro Municipal, da cidade do Rio Grande (RS);
3 - Chefe da Comissão de Terras, com sede na cidade de Passo Fundo (RS), onde também foi Intendente (provisório), em 1916, como solucionador do caso municipal passofundense;
4 - Intendente (eleito) de Passo Fundo (RS), no período 1917-1920;
5 - Ajudante da Diretoria de Terras e Colonização, em Porto Alegre (RS);
6 - Diretor da 7ª diretoria do Tesouro do Estado;
7 - Chefe de uma das Carteiras do Banco do Estado do Rio Grande do Sul;
8 - Dirigiu o “PRR” (Partido Republicano Rio-Grandense) de S. Leopoldo (RS), no período 1918-1919, para cujo cargo foi nomeado, afim de solucionar e harmonizar várias questões políticas no município;
9 - Prefeito de Guaíba (RS), sua terra natal.
AZAMBUJA VILLANOVA, RODRIGO DE
Médico
Nasceu na risonha povoação de Taquarí em 1844. Aí aprendeu as primeiras letras numa escola pública, indo continuar os seus estudos, como interno e já taludo, no Colégio Gomes, em Porto Alegre.
Concluídos os preparatórios, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se matriculou na Faculdade de Medicina, tendo terminado o curso com aprovações distintas.
Voltando à terra natal, foi clinicar em Taquarí, onde tinha muitos parentes e pessoas de amizade.
Filiou-se desde logo ao partido conservador, tornando-se em pouco tempo, pelo seu espírito poderoso, um dos chefes de mais prestígio.
Foi em diversas legislaturas, eleito à Assembléia Provincial, pondo em evidência o seu interesse por tudo que se ligasse ao progresso e desenvolvimento do Rio Grande do Sul, que ele amava estremecidamente.
Por indicação do conselheiro Gaspar Martins, que o considerava pelos seus elevados dotes de espírito, foi nomeado presidente do Rio Grande.
Assumindo o governo, procedeu com a maior correção, servindo aos seus companheiros políticos dentro dos limites do possível e distribuindo justiça a todos que subiam os degraus do palácio.
Teve uma administração séria, honesta, digna de si; quando deixou o poder, recolheu-se ao lar com a consciência de haver sabido sempre cumprir o seu dever; mas foram arrancá-lo a esse doce e virtuoso remanso, para fazerem-no presidente do Banco Emissor, fundado em Porto Alegre, nos primeiros anos do novo regime.
A morte, infelizmente, o surpreendeu quando o ilustre rio-grandense estava ainda no vigor dos anos, apto para prestar elevados serviços à terra gaúcha, que ele amava com aquela fortaleza de coração leal e constante, que era uma das muitas virtudes dos antigos.
AZEVEDO LIMA, ANTONIO DE
Político
Antonio de Azevedo Lima foi um dos homens mais populares e ben¬quistos de Porto Alegre, onde nasceu em 21 de janeiro de 1834 e faleceu na madrugada de 5 de outubro de 1898, em conseqüência de um insulto cere¬bral que o acometera, em plena rua, na tarde do dia anterior.
Dotado de fina inteligência e de uma atividade indefesa, este ilustre rio-grandense prestou serviços de relevância à sua cidade natal, a princípio corno procurador da Câmara Municipal e mais tarde como vereador da mesma.
Para que se faça uma idéia de quanto Antonio de Azevedo Lima era estimado no vasto círculo de suas relações sociais, basta dizer que quando, em sessão de 26 de setembro de 1873, a Câmara Municipal o nomeou para o cargo de seu procurador, gregos e troianos bateram palmas a essa nomeação e, quando 15 anos depois, em 14 de abril de 1887, foi aposentado no referido cargo, o “Conservador”, órgão do partido contrário no qual ele militava, assim se expressava a seu respeito: “Ao deixar aquele cargo o Sr. An¬tonio de Azevedo Lima, manda a justiça que se torne público que esse distinto cidadão desempenhou sempre suas funções com zelo, inteligência e probidade”.
“Foi pois justo o voto de louvor com que o honrou a ilustre edilidade; isto num tempo que a imprensa partidária primava na retaliação pessoal aos adversários políticos mas Antonio de Azevedo Lima, se como cidadão reunia um conjunto de qualidades simpáticas, como funcionário era um modelo de capacidade ativa e probidade, por isso, nunca lhe faltaram votos de louvarem documentos oficiais, sendo de salientar-se o que em sessão de 15 de junho de 1882 a Câmara mandou consignar em ata, pelo modo como em curto prazo ele liquidou a dívida do edifício do mercado”.
A popularidade e o grau de simpatia de que gozava Antonio de Azevedo Lima manifestaram-se superior e magnificamente, quando em 1887, pouco depois da sua aposentadoria, o partido liberal o apresentou candidato à eleição de vereador da Câmara Municipal.
Estava no poder o partido conservador. A vitória do seu candidato pa¬recia pois fora de qualquer dúvida, e estuda temeridade seria a do candidato da oposição que se aventurasse à sorte das urnas, Pois Azevedo Lima aventu¬rou-se e a 31 de agosto de 1887, era por grande maioria eleito vereador.
A este pleito, que foi renhidíssimo, precedeu uma acesa polêmica entre os dois órgãos dos partidos monarquistas militantes sendo que a Federação, órgão do partido republicano, várias vezes se manifestou simpática ao candi¬dato liberal.
A imprensa neutra ou sem cunho oficial, embora ligada a esta ou aquela facção partidária, não ocultava, neste lance, a sua predi1eção por Antonio de Azevedo Lima.
Ele bem merecia, pelo génio afável, trato jovial e cavalheirismo insinu¬ante.
Também poucos homens possuíam como ele o dom de fazer rir. Antonio de Azevedo Lima era um espírito travesso. Ao pé dele não havia tristeza que se não dissipasse a um simples gesto seu, a uma momice sua, a uma sua frase humorística, que ele as tinha espontâneas, borboleteantes e graciosas.
Seu amor pelas coisas do passado porto-alegrense era entranhado. Conhecia como poucos a crônica velha da cidade. Tinha um grande fraco pelas escavações” e neste feitio escreveu muito pelos jornais e para o Anuário do Rio Grande do Sul.
Em 1872 publicou com Inácio de Vasconcelos Ferreira o Almanaque de Porto Alegre que foi o primeiro trabalho que aqui apareceu leste gênero. De relevante interesse é igualmente a sua interessante Sinópsia de Porto Alegre.
Concluindo: Antonio de Azevedo Lima foi um trabalhador incansável. e. até a sua derradeira hora, mourejou sem cessar, legando a seus filhos um nome benquisto e honrado, e aos seus amigos, que eram quase todos quantos o conheceram, a saudade de uma palestra incomparável, de uma verve cheia de brilho misto não raro da esfuziante chalaça lusitana e da sutil charge gaulesa
O jornal A República, de 06-10-1898, noticia que o falecimento ocor¬reu no dia 04-10-1898.
AZEVEDO, ASTROGILDO DE
Médico
Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 30 de janeiro de 1867; filho de Felicíssimo de Azevedo (1º Intendente de Porto Alegre) e de Maria Leocádia.
Freqüentou o Instituto Brasileiro de Apolinário Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul.
Doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, aos 24 de dezembro de 1889, com a defesa da tese sobre Estudo clínico da aphasia.
Aos 25 de janeiro de 1890, mudou-se para Santa Maria, onde iniciou a clínica.
Em 1908, empreendeu demorada viagem aos grandes centros europeus, cujas diversas clínicas freqüentou; retornando a Santa Maria, consagrou-se por inteiro à tarefa da direção do Hospital de Caridade, do qual é ele o maior Benemérito.
Ocupou, mais tarde, o cargo de Intende de Santa Maria, tendo tido oportunidade de prestar mais um relevante serviço à comuna satamariense, chamando para dirigir os estudos de engenharia sanitária, água e esgotos da “Boca do Monte”, ao eminente brasileiro Sturnino de Brito.
Casou-se aos 06 de junho de 1894, com Áurea Cezar, de cujo matrimônio nasceram os seguintes filhos:
01 - Aracy;
02 - Estela;
03 - Fernando.
O nome desse ilustre gaúcho, foi dado àquela tradicional casa de saúde, agora denominada Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo - em Santa Maria (RS).
AZEVEDO, FELICÍSSIMO MANOEL DE
Político
Nasceu na cidade de Porto Alegre a 17 de setembro de 1823 e aprendeu as primeiras letras na famosa escola pública de Antonio Alves Pereira Coruja.
Aos 12 anos, seus pais o mandaram para o Rio de Janeiro e aí se empre¬gou por algum tempo no comércio, não continuando nesta carreira porque o seu caráter altivo não podia amoldar-se ao jugo que àquele tempo pesava sobre a classe caixeiral.
Decidiu-se então, a aprender o ofício de ourives e entrou para a oficina de Madame Gastal. Aos 21 anos de idade voltou para Porto Alegre e estabeleceu-se com ourivesaria contraindo matrimônio pouco depois.
Quando o Brasil tomou armas e marchou contra o tirano Rosas - Felicíssimo de Azevedo serviu no comissariado do exército, tendo nessa ocasião prestado muitos e relevantes serviços.
De volta da Argentina, tentou improficuamente o comércio em Jaguarão e nesta capital. Apresentou-se então em vários concursos na capital. para cargos públicos sendo sempre preterido pela politicagem reinante, apesar de tirar os primeiros lugares. Mas, como “quem porfia mata a caça”, Felicíssimo de Azevedo conseguiu um emprego na Fazenda. Não o exerceu, porém, muito tempo. O seu temperamento independente estava deslocado no funcionalismo. Abandonou-o, em 1880 foi ao Rio de Janeiro e pres¬tou exame, tirando a carta de cirurgião dentista.
Por esse tempo a propaganda republicana estava no período de maior atividade. Tendo os irmãos Apolinário e Apeles Porto Alegre, Luiz Lessegneur, Júlio Pacheco, Orlando Coelho e outros fundando o “Club Republicano”, foi o velho Felicíssimo eleito presidente.
Em janeiro de 1881 74 era fundada A Federação, o glorioso órgão do partido republicano e, Felicíssimo de Azevedo correu a colaborar com ardor no novo jornal político.
São notáveis os artigos que então escreveu com o pseudônimo de Fiscal Honorário, durante anos a fio, sobre pontos do programa do partido republicano e em defesa dos interesses municipais.
Em 1887, sob o peso dos seus trabalhosos 64 anos de idade, fez uma excursão de propaganda republicana à região serrana, obtendo inúmeras adesões.
Foi o primeiro republicano que conseguiu ser eleito vereador da Câmara Municipal de Porto Alegre — a última da monarquia, em 1888. Aí abraçou e defendeu brilhantemente a questão “plebiscito” ou consulta à nação sobre o 3Q reinado, questão essa levantada então por Aparício Mariense, na câmara de S. Borja.
Feita a República foi o primeiro intendente republicano que, em pleno período de organização do novo regime, teve o município de Porto Alegre, tendo prestado neste posto os mais assinalados serviços, e levando o seu escrúpulo, o seu desvelo pela “república” a ponto de ir em pessoa fiscalizar os serviços pendentes de sua administração.
Pouco depois, a sua inteligência de princípios e rigidez de caráter obrigaram-no a resignar esse cargo.
Era inflexível neste ponto, obedecia aos princípios e não ao partidarismo; cidadão, o ninguém como ele amava a sua cidade e defendia os interesses de seu município. Deu disto, sobejas provas quando foi da célebre questão dos terrenos da várzea.
Diversos particulares apresentavam-se como proprietários de terrenos naquele logradouro público, e o nosso preclaro patrício tomou a peito confundi-los — o que conseguiu amplamente, mediante copiosa documentação e provas irrefragáveis.
Custou-lhe isto um imenso trabalho, pois andou correndo repartições públicas, revolvendo arquivos, treinando campos e ruas, examinando plantas e mapas; mas desmascarou e confundiu os pretendidos donos da várzea.
Todo esse enorme trabalho Felicíssimo de Azevedo fê-lo tão somente por amor à justiça e reivindicação da verdade violada por particulares interesseiros que queriam se apoderar, por meio de escrituras simuladas, de terras pertencentes ao município. A paga deste serviço teve-a logo: foi o coice da ingratidão.
O velho republicano, porém, não se deu por achado. Votado ao ostracismo, e já nos últimos anos de sua vida, fez-se colaborador do “Correio do Povo” e pelas colunas deste grande órgão de publicidade estampou a crítica dos negócios municipais com a mesma elevação de vistas e calor com que havia nas idades moça e viril abordado e debatido as questões sociais, econômicas ou políticas.
Felicíssimo de Azevedo foi um caráter inflexível, e manteve a linha de austeridade até a hora da morte, ocorrida a 2 de julho de 1905. Era filho legítimo de Joaquim Manoel de Azevedo, antigo Inspetor da Tesouraria e D. Teresa Joaquina de Azevedo.
AZURENHA, JOSÉ PAULINO DE
Jornalista
José Paulino de Azurenha, o melhor cronista literário rio-grandense, foi um herói do trabalho e deixou nome nas letras de sua terra, porque, realmente, teve um alto valor. Artista gráfico das oficinas do Jornal do Comércio.
Um dia foi Paulino de Azurenha, com maneiras tímidas, mostrar ao diretor, uma produção poética de sua lavra; era um soneto. O redator surpreendeu-se, sobretudo, o lavor da forma, em época que tão pouco cuidado os nossos poetas do sul davam a ela. O soneto, como se sabe, é a “pedra de toque” por onde se conhece o quilate do poeta e o moço tipógrafo, nessa produção, se revelava não só um poeta de mérito, como um raro, um consumado artista.
O moco foi tirado dos caixotins e dado a ele colocação mais consentânea com a sua inteligência no escritório do jornal.
Em breve, Paulino de Azurenha completou a sua educação literária, mais tarde, quando Caldas Júnior se resolveu a fundar o “Correio do Povo”, foi ele um dos eleitos para seu companheiro de jornada e glórias jornalísticas, e também o único de que Caldas Júnior, muitas vezes, aceitava os conselhos e acertadas ponderações.
No “Correio do Povo”, o talento dúctil de Paulino de Azurenha manifestou-se sob variegadas facetas. Não obstante seus muitos afazeres na folha, revisor, noticiarista e repórter, Paulino de Azurenha escreveu aí, sob o pseudônimo de “Leo Pardo”, as suas brilhantes crônicas do “Seminário” que darão uns dois ou três volumes de excelente prosa, onde se encontra, de período em período, o torturado culto da forma. De resto, Paulino de Azurenha não teve na vida literária outra preocupação.
Burilando um soneto, ritmando um epitalâmio, bordando um “seminário” ou simplesmente escrevendo uma corriqueira notícia de escândalo amoroso ou de furto vulgaríssimo, Paulino de Azurenha punha em ação todo o seu nervosismo estético.
Entre centenas de notícias, contendo fatos das ruas, dos cafés ou .das tavernas, em que a polícia teve de intervir, as de Paulino de Azurenha são logo conhecidas pelo seu “savoir-faire” de artista.
Este rútilo artista do verso e da prosa faleceu, repentinamente em Porto Alegre, onde também foi o seu nascimento, sem ter deixado um livro impresso, havendo entretanto espalhando matéria para muitos e brilhantes, por jornais e revistas.
Que os seus muitos admiradores, não deixem cair em terreno estéril esta idéia.
BARBOSA GONÇALVES, CARLOS
Médico
Natural de Pelotas (RS), nasceu aos 08 de abril de 1851 e faleceu em Jaguarão (RS), aos 23 de setembro de 1933; foi um grande médico e um hábil político gaúcho.
Fez seus primeiros estudos em sua cidade natal. Em princípios de 1866 seguiu para o Rio de Janeiro, onde concluiu com brilhantismo, o Curso de Humanidades, no Imperial Colégio D. Pedro II e o Curso de Medicina, em 1875, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, especializando-se em cirurgia.
Mais tarde, seguiu para a Europa. Em Paris freqüentou o Hospital Necker e o do Val-de-Grâce, onde foi chefe de clínica, por dois anos, especializando-se em medicina interna, obstetrícia, oftalmologia e cirurgia.
No convívio de seus colegas da capital francesa, ficaria o jovem médico imbuído das idéias republicanas que lhe dariam rumo na política de sua terra.
Voltou ao Brazil, em princípios de 1879 e da Capital do Império Brasileiro dirigiu-se para Jaguarão, na Província do Rio Grande do Sul.
Começando logo a trabalhar na profissão, foi sempre o médico humanitário, consciencioso e competente, não só em Jaguarão, como na vizinha República Oriental do Uruguai.
Iniciado nas lutas políticas, viu pela frente duas grandes figuras do Partido Liberal, a defender as prerrogativas monárquicas, os Conselheiros José Francisco Diana (seu antigo mestre) e Henrique Francisco D’Ávila (chefes regionais do partido).
Proclamada a República e eleitos os primeiros deputados à Constituinte Estadual, Carlos Barbosa foi escolhido para uma de suas cadeiras, embarcando para Porto Alegre, a tomar posse.
Aos 25 de julho de 1893, foi nomeado pelo Presidente Dr. Júlio Prates de Castilhos, seu eventual substituto.
Aos 25 de janeiro de 1908, Carlos Barbosa venceu a eleição para a Presidência do Estado, perante a Assembléia dos Representantes e tomou posse do Governo do Rio Grande do Sul, governando até 25-01-1913.
Dentre as inúmeras realizações de sua vasta obra administrativa, cumpre salientar > as obras do porto e barra do Rio Grande do Sul, a construção dos edifícios do Arquivo Público e da Biblioteca Pública e quartéis da Brigada Militar, a elevação de Caxias à categoria de cidade, a municipalização da Colônia de Ijuí, etc.
Em 1920, foi eleito Senador pelo Rio Grande do Sul. Reeleito em 1927, exerceu a presidência da Comissão de Diplomacia e Tratados na Câmara Alta.
Em 1929, por motivo de sua precária saúde, renunciou à cadeira, recolhendo-se definitivamente a sua terra natal.
BARBOSA LESSA, LUIZ CARLOS
Advogado, Escritor e Compositor
Luiz Carlos Barbosa Lessa nasceu aos 13 de dezembro de 1929, numa chácara nas imediações da histórica Piratiní (1ª Capital Farroupilha).
Cursou o ginásio na cidade de Pelotas e, aos 12 anos, fundou um jornalzinho escolar > O GONZAGUEANO, no qual publicou seus primeiros contos regionais ou de fundo histórico.
Transferiu-se para Porto Alegre, para cursar o 2º Colegial (atual Ensino Médio). Aos 16 anos, já colaborava em uma das principais revistas brasileiras de cultura > a PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO e obteve seu primeiro emprego como revisor e repórter da REVISTA DO GLOBO.
Formando com seu amigo Paixão Côrtes uma abnegada dupla de pesquisadores, de 1950 a 1952, realizou o levantamento de resquícios de danças regionais e produziu a recriação de danças tradicionalistas. Resultado dessa pesquisa da dupla foi o livro didático "Manual de Danças Gaúchas" e o disco long-play (o terceiro LP produzido no Brasil) "Danças Gaúchas", na voz da cantora paulista Inezita Barroso.
Foi um dos fundadores do primeiro Centro de Tradições Gaúchas - CTG, o “35 CTG” juntamente com João Carlos Paixão Côrtes, Glaucus Saraiva e Hélio José Moro. Foi aí que retomou seu interesse pela música regional.
Fundou também o conjunto musical batizado de OS MINUANOS (nome de uma das antigas tribos indígenas do Rio Grande do Sul).
Bacharel pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (UFRGS), 1952.
Em 1956, montou um grupo teatral, para a apresentação de sua comédia musical Não te assusta, Zacarias! e saiu divulgando as danças e os costumes gauchescos por todas as regiões do Rio Grande do Sul, colhendo aplausos também nas cidades de Curitiba e São Paulo.
Recebeu muitas premiações por seu trabalho na área literária; Barbosa Lessa publicou, entre outras obras:
A Retirada de S. José do Norte (1946)
Chimarrão, história da Erva-mate (1953)
O Sentido e o valor do tradicionalismo (1954)
Manual de danças gaúchas - em parceria com Paixão Côrtes (1956)
Não te assusta, Zacarias (1956)
Boi das aspas de ouro (1958)
A Rainha de Moçambique (1958)
Os Guaxos (1959)
Estórias e Lendas do Rio Grande do Sul (1960)
História das Missões
Nova História do Brasil (1967)
Aventuras na Serra do Pinto
O burrinho Marco Pólo
Danças e Andanças da Tradição Gaúcha - em parceria com Paixão Côrtes (1975)
Rodeio dos ventos (1978)
História dos índios (1986)
República das carretas
Tesouros do Arroio Grande
São Miguel da Humanidade
Mão Gaúcha
Borges de Medeiros
Nativismo
Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo
Barbosa Lessa foi “Secretário da Cultura, Desporto e Turismo do Rio Grande do Sul” no governo de José Augusto Amaral de Souza, desenvolvendo um trabalho de divulgação e valorização da cultura gaúcha.
A fauna e a flora ainda virgem dessa sua propriedade, conservam espécies raras, vivendo em seu meio muitos bugios, somando a uma beleza natural.
Barbosa Lessa, historiador Latino-Americano é, com certeza, a maior autoridade do Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG.
Em novembro de 1988, teve aprovada no IV Congresso Internacional da Tradição Gaúcha realizado em La Plata (Argentina), a definição geográfica da área abarcada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Ele afirmava que o “Círculo da Tradição” preza pelo ritual do CHIMARRÃO e pela fraternidade universal.
Incentivou a realização do Primeiro Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul, levado a efeito na cidade de Santa Maria, em 1954, quando apresentou e viu aprovada sua tese de base socióloga "O Sentido e o Valor do Tradicionalismo", definidora dos objetivos desse movimento.
Residiu na capital paulista até 1954, envolvido com produção de rádio, televisão, teatro e cinema, detendo-se finalmente na área de propaganda e relações públicas. Chefe de grupo de criação da Jr. Walter Thompson Publicidade e chefe de relações públicas do Banco Crefisul de Investimentos.
Voltou a Porto Alegre em 1974, já como especialista em Comunicação Social, tendo trabalhado na Mercur Publicidade e Companhia Riograndense de Saneamento, CORSAN. Aposentou-se como jornalista em 1987.
Entrementes, na administração de Amaral de Souza, foi Secretário Estadual da Cultura, tendo então idealizado para Porto Alegre um centro oficial de cultura acadêmica, que veio a pré inaugurar em março de 1983: a Casa de Cultura Mário Quintana.
Mantinha pequena reserva ecológica no município de Camaquã, onde residia com sua esposa Nilza, dedicada à produção artesanal de erva-mate e plantas medicinais, em Água Grande (município de Camaquã – RS), onde mateia com erva-mate nativa, preparada em sua propriedade, sob o pilão de um monjolo movido pelas águas de suas belas cachoeiras.
Filhos: Guilherme, analista de sistemas, residente em Porto Alegre e Valéria, casada com norte-americano e residente no estado de New Jersey, USA.
Teve destacado nome na música popular, dentre as quais, sempre de cunho gauchesco, destacam-se "Negrinho do Pastoreio", "Quero-quero", "Balseiros do Rio Uruguai", Levanta, Gaúcho!", "Despedida", bem como as danças tradicionalistas em parceria com Paixão Côrtes.
Foi Conselheiro Honorário do MTG - Movimento Tradicionalista Brasileiro.
Faleceu aos 11 de março de 2002.
BARCELLOS FERREIRA, ÁLVARO
Médico Catedrático
Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 25 de setembro de 1906; fez o estudo primário no Colégio Cecília Corseuil du Pasquier e o secundário nos Ginásios Anchieta e Júlio de Castilhos, em sua cidade natal.
Formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, em 1927, defendendo a tese de doutoramento, que versou sobre A reação de Meinicke no soro sangüíneo e que foi aprovada com distinção.
Especializou-se em Clínica Médica, conquistando na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, por concurso, em 1933, o posto de docente de Clínica Médica Propedêutica e, em 1934, o cargo de Professor Catedrático da mesma cadeira,
Realizou viagens de estudos ao Rio de Janeiro, Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina), freqüentando nessas capitais diversos cursos de aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, fazendo conferências e dando aulas nas sociedades médicas e Faculdade de Medicina, locais.
Fez parte da banca examinadora do concurso para Professor Catedrático da Cadeira de Clínica Médica Propedêutica, na Faculdade de Medicina da Bahia.
Integrou, como membro, o comitê de Porto Alegre, do Congresso Pan-Americano de Endocrinologia, efetuado em Montevidéu, em 1941.
Entre os trabalhos que publicou, mencionam-se os seguintes:
01 - Nefropatia sifilítica
02 - Concepção moderna das ictirícias
03 - Ensaio de interpretação da bratestesia laríngea
04 - A prova da santonina na exploração funcional do fígado
05 - Distúrbios do ritmo respiratório
06 - Abaulamentos expiatórios
07 - Sobre um caso de caquexia de Simmondo
08 - Lições de Clínica Médica Propedêutica (Parte Geral)
09 - Exame semiológico das articulações
10 - Exame semiológico das glândulas linfáticas superficiais
11 - Importância e objeto da Clínica Médica Propedêutica
12 - Estudo semiológico do edema
13 - Semiologia funcional do duodeno
14 - Patologia da dor visceral
15 - Patologia da úlcera gastroduodenal
16 - A soberania da cínica
Antes de pertencer à Congregação da Faculdade de Porto Alegre, exerceu as funções de médico da antiga Diretoria de Higiene e Saúde Publica do Estado do RGS; também, ocupou a Vice-presidência do Sindicato Médico do RGS e, desde 1941 a Presidência da Sociedade de Medicina de Porto Alegre.
Casado com Zulmira Grazziotin.
BARRETO LEITE, DOMINGOS ALVES
Militar
O general rio-grandense Domingos Alves Barreto Leite foi um tipo completo de militar, bravo e pundonoroso, tendo entrado muito moço para o serviço militar.
Nascido em 1828, assentou praça voluntariamente no 7º Batalhão de Infantaria a 26 de outubro de 1844, contando apenas 16 anos de idade. Em março do ano seguinte foi reconhecido cadete da 1ª Classe e promovido a alferes em 7 de agosto de 1849. Em 14 de março de 1850 marchou com o seu batalhão para a fronteira de Quaraí, seguindo daí para Bagé, no mês imediato. Em março de 1851 marchou para S. Gabriel e em outubro do mesmo ano seguiu para a campanha do Estado Oriental. Tomou parte nas operações daquela república até a conclusão da guerra. Entrando novamente em operações na República Argentina, assistiu ao combate de 17 de dezembro na ponte de Tronqueiras, com as forças do ditador Rosas. Em 3 de fevereiro de 1852 assistiu ao combate de Moron, em Buenos Aires, sendo em ordem do dia elogiado por atos de bravura. Em março do mesmo ano foi condecorado com o hábito da Imperial ordem do Cruzeiro.
Em 1853, matriculou-se na Escola Militar a fim de estudar no curso de infantaria. Em 1854, marchou para o Estado Oriental e foi, no mesmo ano, nomeado ajudante de ordens da Divisão Auxiliadora. A 11 de setembro de 1856, foi nomeado Agente do Conselho Econômico do 3º Batalhão a que então pertencia. Em fins do mesmo ano obteve licença para prosseguir os seus estudos na Escola Militar. Em 18 de dezembro de 1857 foi nomeado ajudante de campo do comando em chefe do exército em observação e, em meados de janeiro de 1858 marchou para a fronteira das Missões. A 12 de agosto do mesmo ano foi promovido a tenente. Em novembro de 1859 foi nomeado Ajudante de Ordens para servir junto ao comando das armas. Em janeiro de 1861, foi nomeado Diretor de Escola elementar do 5º Batalhão de Infantaria e, em março do mesmo ano foi aprovado plenamente no exame prático que prestou dessa arma para capitão. No mês de março de 1862, embarcou para o Rio de Janeiro com o seu batalhão e em 8 de dezembro do mesmo ano seguiu em diligência para S. Paulo, a fim de sufocar uma rebelião dos trabalhadores da estrada de ferro. A 5 de outubro de 1864 marchou para a campanha do Paraguai e por ordem do dia do comando em chefe em 6 de dezembro foi nomeado Assistente do Deputado do Quartel Mestre General junto ao Comando da 2ª Brigada.
Em 1865 assistiu ao assalto e tomada de Paissandu, desde o princípio até a derrota do inimigo, pelo qual foi elogiado, em ordem do dia do comando em chefe, de 7 de janeiro de maneira seguinte: “O Tenente Domingos Alves Barreto Leite é digno de menção pelo seu constante desembaraço nas pelejas, quer recebendo, quer transmitindo ordens e, por conservar sangue frio e boa disposição ante os maiores perigos”. Por estes serviços foi, por decreto de 17 de fevereiro, nomeado cavaleiro da Ordem da Rosa. Pouco depois assistiu ao combate de Montevideo, sendo condecorado com a medalha dessa campanha. Nesse mesmo ano, foi, por ordem do dia, nomeado capitão em comissão para o 10º Corpo de Voluntários da Pátria, e por decreto de 22 de janeiro de 1866, foi promovido a este posto, para a 7ª Companhia do 3º Batalhão de Infantaria.
Fez a passagem do Rio Paraná, assistindo aos combates de 16 e 17 de abril desse ano. Tomou parte no combate de 2 de maio e a 19 foi nomeado major em comissão. Assistiu à avançada de 20 e a batalha de 24 de maio, sendo em todos esses atos elogiado pelo comando do Batalhão e da Brigada. Por decreto de 21 de novembro foi nomeado oficial da Ordem da Rosa. A 23 de abril de 1868, depois de gozo de licença para tratamento de saúde, apresentou-se ao exército e, a 27 assumiu o comando do 26º Corpo de Voluntários da Pátria. Pouco depois, por ordem superior, marchou de Tagí para demolir o reduto de Parecuê. Daí marchou e reconheceu as posições inimigas em frente a Timbé. Assistiu ao reconhecimento de 10 de outubro em Piquicirí. Tomou parte no combate de 6 de dezembro na ponte de Itororó, onde foi gravemente ferido no peito, sendo elogiado pelo comando em chefe e promovido a major por atos de bravura e condecorado com a medalha de Mérito Militar. Por decreto de 20 de fevereiro de 1869, foi aprovada aquela promoção. Em setembro do mesmo ano, seguiu com o exército em perseguição do inimigo que se achava em Santo Estanislau e em seguida marchou até Capivari.
Por decreto de 4 de fevereiro de 1871 foi nomeado comendador da Ordem da Rosa, e no mesmo ano condecorado com a medalha da campanha do Paraguai. Em 15 de novembro foi promovido ao posto de tenente coronel comandante do 5º Batalhão de infantaria por merecimento. Por decreto de 7 de abril de 1883, foi promovido ao posto de coronel, por merecimento.
Agravando-se o seu estado de saúde, sempre alterado devido aos ferimentos recebidos na guerra, Barreto Leite foi, por decreto de 26 de abril de 1884, transferido para a 2º Classe do exército, como agregado à arma da infantaria, de conformidade com a resolução imperial, sendo então excluído do quadro efetivo. Inspecionado novamente de saúde e julgado apto ao serviço, voltou, por decreto de 3 de outubro de 1885, à 1ª Classe do exército, sendo reformado no posto de general, por decreto de 22 de março de 1890.
Ë esta em longos traços, a extensa folha de serviços que, durante quase meio século, prestou à Pátria e ao exército o general Barreto Leite. Nas perfiladas guerras que o Brasil teve que sustentar com as repúblicas do Uruguai, Argentina e Paraguai, o bravo rio-grandense tomou parte em quase todas as batalhas e combates, sendo sempre elogiado em ordens do dia, pelos seus “reiterados atos de bravura nos combates”, segundo a alta e honrosa expressão de uma delas.
Por isso mesmo, se tinha o peito coberto de cicatrizes, pelos ferimentos recebidos nos campos da guerra, de um dos quais nunca sarou completamente, tinha-o também estrelado de medalhas e insígnias honorificas, conquistadas com o holocausto do seu sangue heróico à Pátria estremecida.
Já no último quartel da vida, os movimentos sucessivos que se produziram nos Estados da União em conseqüência do golpe de estado de 1891, foi o velho e bravo militar colocado à testa do governo do Estado, passando-o para o Dr. Barros Cassal em 3 de março de 1892.
O Gen. Barreto Leite faleceu em Porto Alegre e durante a sua vida, o soldado brioso jamais se divorciou do cidadão austero.
BARROS CASSAL, JOÃO DE
Advogado
O Dr. João de Barros Cassal foi um rio-grandense que deixou na paulicéia a mais risonha e simpática tradição de boemia acadêmica.
Seu gênio era buliçoso, borboleante a sua inteligência, o que não o impedia de ter um caráter austero, uma vontade inflexível, em se tratando de pontos de honra.
Entrou na vida pública como um nome aureolado. Tinha sido um forte propagandista da República. Na imprensa, na tribuna, nos comícios populares, Barros Cassal revelava-se um adversário político violento do terceiro reinado. Sua pena era uma alavanca demolidora. Seu verbo um “schrapnell”. Falando ou escrevendo incendiava, derrocava. Fazendo a crítica da monarquia, por onde a chama de sua palavra passava, ficavam ruínas e cinzas. Foi assim, quando dirigiu em abril de 1890, a Federação.
Era um lutador, sempre pronto a bater-se em honra de todas as liberda¬des e por isso o povo o amava.
Proclamada a República, foi Barros Cassal escolhido para primeiro chefe de polícia do novo regime no Rio Grande. Sua ação, nesse posto, foi breve, mas enérgica. Velhos elementos monárquicos, em 1890, vieram à tona e foram chamados à primeira linha do governo. Ao que parece, Deodoro não confiava nos moços. Os republicanos do Rio Grande insurgiram-se contra esse catado imprevisto de coisas e, a 6 de maio de 1890, numa manifestação popular feita ao general Frota, que havia passado o governo do Estado ao Dr. Francisco Tavares, dizia, como orador do povo, o Dr. Júlio de Castilhos:
“A República foi feita sob o influxo perseverante dos republicanos, que em longos anos de eficaz doutrinação política e de incitamento ao patriotismo dos brasileiros, preparou a opinião do povo e do exército para a revolução de 15 de novembro”.
“A República foi preparada pelos republicanos, foi feita pelos republicanos, estamos no inicio de sua organização institucional, entretanto, quem é que governa? São os republicanos? Não. Eles têm o apoio do exército, o aplauso do povo, está com todo o seu prestígio: é o que esta extraordinária manifestação demonstra, mas eles não governam.”
Estas palavras do Patriarca exaltaram os ânimos. O governo, pela calada, tomava medidas preventivas. Os republicanos, por seu turno, preparavam-se para mostrar sua força e. . . surgiram os tristes sucessos de 13 de maio, em que Barros Cassal, em plena Rua dos Andradas, caiu varado por uma descarga de infantaria.
Não morreu, porém, o moço rio-grandense e continuou seus serviços à República, recebendo a 3 de março de 1892 o governo do Estado das mãos do general Barreto Leite, tendo já feito parte da junta governativa que surgiu do “golpe de Estado” de 12 de novembro de 1891.
Espírito tão inquieto nem sempre se acomodava a tudo, Barros Cassal apartou-se um dia de alguns de seus velhos e mais queridos camaradas da propaganda, alistando-se no partido democrata.
Pouco depois entrava em plena revolução, viria o golpe de 1893. Barros Cassal perdera, pela desilusão e pelo muito lutar, quase todas as suas singulares energias e, em outubro de 1903 morria em Mato Grosso, cinco dias antes de Júlio de Castilhos, a quem amava e por quem fora amado, de quem a inconstante sorte o separara, acendendo o feroz destino entre ambos, uma guerra de extermínio.
BATISTA DE OLIVEIRA, CÂNDIDO
Conselheiro do Império
Nasceu aos 15 de fevereiro de 1801 em Porto Alegre. Eram seus pais Francisco Batista Anjo e D. Francisca Cândida de Oliveira.
Seu pai o destinara à vida eclesiástica e com esse fim o enviara ao Rio de Janeiro, a fim de estudar no Seminário de S. José.
Reconhecendo o estudante que não tinha vocação para a vida de sacerdote, deixou o seminário, seguindo para Coimbra, no ano de 1820. Aí fre¬qüentou, com grande aproveitamento a escola de matemática, bacharelando-se em 1824.
Terminados os estudos acadêmicos, retirou-se para Lisboa, onde o acolheu carinhosamente o Marquês de Alegrete. Aí esteve hospedado, durante meses, até que recebesse os recursos necessários a fim de seguir para Paris, onde queria completar os seus estudos, que era a sua mais ardente aspiração.
Na capital da França, freqüentou os cursos da Escola Politécnica, da qual era professor de astronomia o sábio Arago, que se tomou seu amigo.
Voltando ao Rio de Janeiro em 1827, foi logo nomeado lente substituto da Escola Militar, passando pouco depois a ser proprietário da cadeira de Mecânica Racional.
No ano de 1830, tomou assento na Câmara dos Deputados, como representante da sua terra natal. No período de descanso parlamentar veio visitar a sua Província da qual se achava afastado havia muitos anos.
Teve, porém, de voltar logo para o Rio de Janeiro, a fim de exercer o cargo de inspetor geral do Tesouro Nacional. Importantes melhoramentos introduziu logo no serviço das repartições arrecadadoras, salientando-se entre eles: o serviço especial de estereometria, uma nova fórmula de arqueação dos navios mercantes para o pagamento do imposto de amuragem e a sistematização dos pesos e medidas nacionais.
Ainda por iniciativa sua, na Câmara dos Deputados propôs a medida de fixação do novo monetário, na razão de dois mil e quinhentos réis a oitava de ouro de 22 quilates, para servir de regulador da circulação monetária do país e facilitar nesta parte a criação de uni banco, que, além, de outras incumbências, tivesse especialmente a seu cargo uniformizar o meio circulante entre nós.
No ano de 1834, deixou o cargo que ocupava no Tesouro, alegando motivo de doença.
Convidado em 1835 para exercer o cargo de nosso ministro residente junto à corte da Sardenha, aceitou a nomeação, seguindo para a Europa.
Pouco depois de haver sido empossado da comissão diplomática, deixou o lugar que ocupava, partindo para Paris, onde permaneceu até meados do ano de 1837.
Em 1839, o Marquês de Olinda, regente do Império, organizando um novo ministério, encarregou o nosso ilustre patrício de gerir ao mesmo tem¬po a Pasta da Fazenda e a de Estrangeiros.
Por motivo de saúde, aceitou a missão diplomática de S. Petesburgo, no caráter de enviado, onde permaneceu até o ano de 1843, em que foi mudado no mesmo caráter, para a corte de Viena.
No desempenho dessas duas comissões diplomáticas, teve ocasião de estreitar relações de amizade com os dois mais notáveis estadistas da Europa o Conde de Nesselrode e o Príncipe de Metternich.
Deixando a corte de Viena, assumiu o exercício de sua cadeira na Academia Militar, esperando apenas completar o tempo para a sua jubilação.
Em 1844 foi chamado para fazer parte do ministério, presidido pelo Visconde de Caravelas.
Coube-lhe a Pasta da Marinha, onde prestou serviços que lhe granjearam a consideração e a estima da Armada.
Em 1848, depois de haver deixado o ministério, foi encarregado de fazer o reconhecimento topográfico da fronteira meridional do país, trabalho esse que executou no ano de 1849.
Em 1850 tomou assento no Senado, como representante da Província do Ceará, tendo prestado à sua Pátria, serviços inestimáveis.
Publicou diversos trabalhos de literatura e economia política, salientando-se, entre os últimos, o seu aplaudido Sistema Financial.
BATISTA LUZARDO, JOÃO
Médico e Advogado
Natural de Uruguaiana (RS), nascido aos 11 de dezembro de 1892; filho de . . .
Fez os estudos, primário no Ginásio Sant’Ana, de Uruguaiana; o secundário no Ginásio Santa Maria, de Santa Maria e Ginásio Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, concluídos em 1911.
Cursou os dois primeiros anos da Faculdade de Medicina de Porto Alegre e os demais anos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por onde se doutorou, defendendo a tese sobre o tema: Da responsabilidade criminal no Direito Penal Brasileiro.
Vários são os títulos que possui, entre os quais merecem referências, os seguintes:
a - Grande Oficial da Ordem Nacional do Mérito, do Paraguai;
b - Grande Cavaleiro da Ordem Real da Itália;
Iniciou suas atividades profissionais em Uruguaiana, onde estabeleceu clínica médica.
Também foi Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade Livre de Direito, do Rio de Janeiro.
Desempenhou as funções de Diretor do jornal A Nação - de Uruguaiana; foi Vice-presidente do Partido Libertador, do Rio Grande do Sul; foi também, Deputado Federal, pelo seu Estado, em quatro legislaturas, de 1924 a 1930 e de 1935 a 1937; foi ainda Chefe de Polícia do Distrito Federal; Embaixador do Brasil, em Montevidéu (Uruguai), nomeado em novembro de 1937.
Casou-se com Adelaide Inda, de cujo matrimônio teve os seguintes filhos:
01 - Cleonice Conceição;
02 - Luiz Alberto.
BELÉN ROLLANO, BRÍGIDO
Guapo gaúcho castellano
Rio-Grandense por adoção
Brígido Belén Rollano foi um castellano nascido em 1857, na querência de Pedernal (Tacuarembó – Uruguai) e falecido aos 13 de setembro de 1934, em Cachoeira (RS-Brasil); filho de D. Manuel Belén dos Reis e de Dª Maria José Rollano, tiveram quatro filhos: Coriolana Belén dos Reis, Benício Belén Rollano, Brígido Belén Rollano e Profírio Belén Rollano.
Brígido era católico, de instrução rudimentar e com apenas 14 anos de idade já era guapo, pois, juntamente com seu irmão mais velho (Benício), foi convocado para pelear por seu país, já no final da “Guerra do Paraguai” (1864-1870).
Quando retornaram da guerra, constataram que toda a sua família havia sido assassinada por quatro vagabundos que vagavam por sua querência; munidos de tristeza e ódio, após certificarem-se quais eram os assassinos, vingaram a morte dos seus, eliminando os bandidos. Porém, temendo represálias, em 1871 debandaram-se para outros “nortes”, saindo por Rio Branco (Uruguai) e entrando em Jaguarão (Brazil Império).
Após, os irmãos Benício e Brígido encontraram-se uma única vez, numa pulperia, quando cheios de saudade cantaram a seguinte milônga:
“No peito destes gaúchos,
pulsa um mesmo coração.
Mesmo que não acreditem,
verdade, somos irmão.
Um reside em Rio Branco
e o outro mora em Jaguarão.”
Aconteceu que, os familiares dos quatro vagabundos descobriram por onde andavam os irmãos “Belén Rollano” os quais, passaram a serem caçados; Benício que residia em Rio Branco, foi morto e Brígido (sabendo do acontecido), fugiu para Candelária (interior do Rio Grande de S. Pedro), onde escondia-se na lendária caverna do “Cerro do Monge” (Botucaraí) e daí, ajustou-se na estância de um tal Querino Porto.
Algum tempo depois, num final de tarde, foi sitiado o galpão-de-fogo da estância do seu patrão, por uma patrulha do povo, que buscava “um sôrro qualquer”; Brígido na ânsia da legítima defesa teve de despachar mais três viventes, fugindo novamente e dessa vez, para a Serrilhada, em Santana da Boa Vista (RS-Brasil).
Na Serrilhada, casou-se com Cândida Álves de Oliveira e cambiou-se para o costado do arroio Papagaio, limite de Encruzilhada com Cachoeira (RS-Brasil), cabeceira oeste do “Cerro do Papagaio” (hoje, Cerro dos Peixoto), onde estabeleceu-se como pecuarista e depois de muito tropear, adquiriu a “Fazenda das Casuarinas” (donde gerou e criou a sua prole de cinco filhos: Ataliba Álves dos Reis, Amina (Cotinha) José Álves Belém, Idália Álves Belém, Corioliano Álves Belém e Pedro Álves Belém.
Cândida Álves de Oliveira (25-03-1856 / 16-09- . . . . ) era filha de Pedro Álves de Oliveira e de Maria Quirina da Silva (que era filha de Januário Machado da Silva e de Leopoldina Maria de Jesus).
Pedro Álves de Oliveira era filho de Sebastião Antônio Álves de Oliveira e de Maria Joanna Álves de Mello (filha de Felizardo Gomes de Mello, que era filho de Wenceslau Gomes de Mello e de Escolástica Jesus Vitória Quaresma).
Wenceslau era filho de João Gomes de Mello (1712-1770) e de Maria Josefa da Conceição (1720 / 22-12-1811).
Segundo o descendente Alvise Álves de Mello (06-03-1914 / 14-06-1981) > Brígido teria participado da “Revolução Maragatos / Chimangos” (1923-1928), pois trazia em seu chapéu, a “divisa” NO ME GUSTA D. BORGES (não gosto do Borges de Medeiros).
Brígido era amigo de Fabrício Laurindo Machado > onde, seguidamente pousava em suas tropeadas.
BEM E CANTO, BALTHAZAR GUARANY DE
Militar
Balthazar Guarany de Bem e Canto nasceu em Caçapava (RS), no ano de 1876, filho do Cel. Balthazar de Bem e Canto e de Dª Ricardina Silveira.
Casou-se com Dª Ubaldina Chaves que lhe deu 11 filhos: Celig, Adil, Breno, Francisco, Cora, Álvaro, Carmem, Ruy, Maria, Ernani e Zulma.
Balthazar Guarany foi um elemento de real prestígio nos municípios de Cachoeira, Caçapava e S. Gabriel, aos quais se achava ligado por amizades sólidas e interesses particulares referentes ao ramo da sua atividade, a pecuária.
No Barro Vermelho, distrito de Cachoeira (RS), localizava-se a sua Fazenda das Palmeiras, onde desenvolvia a pecuária com muito esmero, principalmente criando a raça bovina Hereford e a raça ovina preferida era a Rambonillet. Na cidade distante apenas 6 léguas (39,6 Km) da sua fazenda, possuía magnífica vivenda na rua 7 de Setembro (praça José Bonifácio).
Pelo acervo de serviços em bem da coletividade e do governo gaúcho, o Tenente-coronel Balthazar Guarany ocupava lugar de destaque na comunhão republicana, sendo credor da admiração e do respeito do povo Rio-grandense, por múltiplos sacrifícios, tanto nos tempos de paz, como nos períodos de luta armada. Nunca deixou de atender às solicitações de pátria, quando esta recorreu aos brasileiros de boa vontade, afim de que a segurança e o crédito nacionais não sofressem os efeitos de ambições mal contidas.
A sua vontade de aço e a sua experimentada espada estiveram em todas as emergências, à disposição da legalidade; assim aconteceu em 1923, em 1924, em 1926 e em 1930.
Em 1923, foi encarregado por Borges de Medeiros (então na presidência do Rio Grande do Sul), de organizar e comandar o 2º Corpo de Ataque. Essa força operou nos municípios de S. Sepé, Caçapava, S. Gabriel, Bagé, Santana do Livramento, Rosário e Alegrete, tendo por várias vezes contato com o inimigo.
Em 1924, o governo necessitou dos seus serviços como Sub-chefe de Polícia. Por esse motivo passou o comando do 2º Corpo de Ataque, ao respectivo Major-fiscal João Vargas de Souza.
Por várias vezes foi escolhido pelos dirigentes da política estadual, para missões de elevada importância, desempenhando muitos cargos com invulgar inteligência, que tão bem está descrito em sua obra literária, MEMÓRIAS, onde se pode ver que, nunca em suas milícias incorporaram mulheres, quer como enfermeira, quer como militares em qualquer posto ou graduação, como afirma-se por aí que houve o concurso de uma tal Olmira Leal (vulgo, Cabo-toco).
Foi Vice-intendente de Caçapava, Conselheiro Municipal em S. Gabriel, Sub-chefe de Polícia e Vice-intendente de Cachoeira.
BEM, BALTHAZAR PATRÍCIO DE
Médico
Balthazar Patrício de Bem nasceu em Caçapava (RS), aos 16 de março de 1887; filho do Cel. Belchior de Bem e Canto e de Dª Florinda Freitas.
De seu casamento com Dª Marina Mattos deixou dois filhos: Carlos de Bem e Etelvina (casada com o Dr. Izidoro Lopes).
Era formado em medicina por Faculdade de Porto Alegre, exercendo sempre essa profissão. Fazendeiro com propriedades estabelecidas no distrito de Barro Vermelho, à apenas 6 léguas (39,6 Km) do município de Cachoeira (RS), onde também possui um belo palacete na rua 7 de Setembro (na praça José Bonifácio). Também foi um entusiasta propulsor da indústria pastoril, ocupando a Direção da Charqueada do Paredão, também em Cachoeira.
Foi Intendente de Cachoeira (1912-1915) e também Deputado Estadual. Os movimentos revolucionários de 1923 e 1924, roubaram da coletividade Rio-grandense, valores que ainda hoje são lamentados. Famílias ainda permanecem enlutadas, com os sentimentos de dor, por perdas irreparáveis.
Entre as pessoa mais preciosas que tombaram em holocausto à ordem, em defesa de seus ideais > o vulto do Dr. Balthazar Patrício de Bem surge reclamando de uma geração que se diz civilizada, a prática futura de mais humanidade e mais amor.
Pelo seu coração boníssimo, todo dedicado ao bem dentro da nobre profissão que exercia, o Dr. Balthazar Patrício de Bem conquistara a gratidão de Cachoeira, em todas as camadas sociais; tanto maior foi o pesar desse povo, ao perder o seu benfeitor e amigo.
Tombou garbosamente com fuzil na mão, onde levantaram um marco prestando-lhe tal homenagem, no alto do Barro Vermelho > alvejado por disparo inimigo de um piquete revolucionário que havia invadido uma de suas fazendas estabelecidas alí perto; era o dia 10 de novembro de 1924.
Está sepultado ao lado direito do corredor central, no Cemitério Municipal de Cachoeira do Sul, em jazigo da sua família onde há uma lápide, na qual se lê:
“ Poderoso guia.
Caridoso médico.
Amigo dos humildes.
Bondoso protetor. ”
Através de Decreto Municipal, o Prefeito de Cachoeira (RS), conferiu com justiça a perpetuação de sua memória, denominando de Praça Dr. Balthazar de Bem, a antiga “Praça da Igreja”.
BERCHON DES ESSARTS, EDMUNDO
Médico
Natural de São Gabriel (RS), nasceu em 1º de maio de 1864; falecido o seu pai, no Paraguai, depois de terminada a Guerra do Paraguai, mudou-se com a mãe e toda a família, para Pelotas (RS), em janeiro de 1874.
Nessa cidade fez os estudos secundários no colégio do acreditado professor Carlos André Lauintinie, a quem sucedeu o também reputado professor Charles Bachellery.
Tirados os exames em Porto Alegre, seguiu para o Rio de Janeiro, em cuja Faculdade de Medicina se matriculou em 1882. Cursava o 5º ano, quando (devido a incidente entre os alunos e o professor da Cadeira de Farmácia), se transferiu para a Faculdade de Salvador (BA), onde se doutorou, mediante a apresentação da tese a respeito do Câncer.
Depois de formado, permaneceu cinco meses na capital do País (Rio de Janeiro), onde trabalhou na Policlínica Geral.
Em 1888, partiu para Paris (França) e lá freqüentou os cursos de Lucas Championnère, Guyon, Terrier, Tarner e outros; regressando em 1889, instalou-se em Pelotas (RS), para iniciar a sua longa e notável carreira médica.
Foi um cirurgião notável e um preclaro cidadão. Por grande que tenha sido a face profissional da sua vida, maior, sem dúvida, foi o seu aspecto cívico. Há grande médicos que, apenas são grande médicos; entendem com isso, esgotada a sua tarefa. Em Edmundo Berchon, o médico, o cirurgião não era o homem todo, mas apenas, um dos modos de ser do cidadão. Como simples cirurgião, teria feito as numerosas e admiráveis operações que fez, teria inovado processos, teria deixado a sua escola de notáveis cirurgiões. - Mas não teria posto os seus recursos materiais a serviço da educação e da assistência social, não teria fomentado à sua custa a economia do seu torrão, não se haveria dedicado desde a juventude à política, que é, para os espíritos da sua estirpe, a mais nobre e útil de todas as artes.
Aos 31 de março de 1890, foi nomeado médico do hospital da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; mais tarde, empreendeu às suas custas, várias campanhas sanitárias contra a febre tífica, o câncer, o cisto hidático, o carbúnculo, a febre aftosa e outras entidades mórbidas.
Aos 02 de setembro de 1893, tornou-se médico efetivo da Santa Casa e assumiu a direção de várias enfermarias.
Segundo testemunho do Professor Nogueira Flores, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, foi o Dr. Berchon quem montou o primeiro aparelho de Raios X, em nosso país, por volta de 1896 ou 1897.
Foi o Dr. Berchon quem sugeriu, em 1899, a vinda das Irmãs de Caridade, para o Hospital de Caridade e teve neste sentido, vários entendimentos com os representantes da respectiva ordem.
Na Academia Nacional de Medicina, fez-lhe o panegírico, o Professor Jaime Poggi, que lhe chamou grande ilustre cirurgião brasileiro e eminente mestre.
No Colégio Brasileiro de Cirurgiões, pronunciou um magnífico discurso o Dr. Sílvio Brauner, que o descreveu como técnico de rara habilidade, cirurgião que no ato operatório aliava o máximo de segurança à maior simplicidade.
Foi membro da Academia Nacional de Medicina, do Rio de Janeiro; da Sociedade de Medicina de Porto Alegre; da Associação Francesa de Cirurgia, de Paris; da Sociedade Italiana de Cirurgia, de Roma; do Colégio Americano de Cirurgiões; da Sociedade de Orthopedia, de Roma; e do Collegio Brasileiro de Cirurgiões, do Rio de Janeiro.
Foi Presidente da Biblioteca Pública Pelotense; Presidente e Fundador da Sociedade Agrícola, de Pelotas; Fundador do Asylo de Mendigos; Presidente do (antigo) Jockey Club; Sócio Grande Benfeitor do Asylo de Orfãs S. Benedicto; Diretor da Escola de Agronomia Eliseu Maciel; Professor Honorário da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Pelotas; Sócio Benemérito Fundador da Sociedade de Cultura Artística, de Pelotas e Irmão Grande Benfeitor, da Santa Casa de Misericórdia.
Aos 22 de outubro de 1928 (data de seu jubileu profissional), seus amigos ofereceram-lhe um álbum de veludo que tinha na capa um cartão de prata lavrada, cercado de grega de ouro, contendo o extrato das Atas referentes ao ilustre Irmão Grande Benfeitor, bem como artigos assinados por todos os componentes da Mesa Administrativa, Conselho Deliberativo e Irmãos daquela instituição de caridade. - Mais uma placa de bronze foi inaugurada aos 31 de março de 1940, para comemorar o jubileu da sua atividade cirúrgica no hospital.
Ainda em 1922, tomou parte saliente numa outra campanha que sacudiu o RGS e por fim, o levou à Revolução de 1923. Após a pacificação de “Pedras Altas” ocupou a presidência do Diretório Municipal de Pelotas da Aliança Libertadora.
Nesse posto atingiu o ápice de sua carreira política; adoentado e desiludido, afastou-se da política, sem deixar de acompanhar com interesse os acontecimentos nacionais
Foi o político em tudo congruente com médico; nunca procurou cargos ou honrarias; na política via apenas o cumprimento de um dever de solidariedade humana.
Tendo se agravado os seus padecimentos, quando se achava no Rio de Janeiro, em fins de 1941, foi alí submetido a uma operação de caráter provisório e regressou à Pelotas, em avião especial
Cercado logo pelo carinho de seus amigos e admiradores, que quase se poderiam contar pelo habitantes da cidade, reanimado pelo ambiente acolhedor do Pago, ainda sobreviveu alguns meses, graças à sua fortaleza de espírito.
Faleceu em Pelotas (RS), aos 14 de março de 1942, com 78 anos de idade.
BERLINK, EUDORO
Jornalista
Nasceu em Porto Alegre, pela volta do ano de 1840; era um homem de brilhante engenho e farta erudição.
Durante alguns anos, redigiu o “Rio-grandense” órgão do partido que, apesar de ter ao leme tão hábil timoneiro, sempre arrastou a existência.
Naqueles tempos, um jornal era mantido à custa dos maiores sacrifícios; não viviam, como agora, desafogados, em suave deslize,
Apesar de Eudoro Berlink consagrar-se à vida da imprensa, ia buscar ainda nos labores do magistério recursos para poder viver. Este fato, só por si, dá uma idéia exata do estado precário do jornalismo de então e, como era professor, lembrou-se um dia de organizar uma geografia do Rio Grande, que viesse ajudá-lo no ensino, donde pudesse auferir alguma vantagem pecuniária.
Mais tarde teve uns pruridos de autor dramático e o foi, não há dúvida; escreveu, o drama Georgina, que foi levado à cena pela companhia Cabral, alcançando ruidosos aplausos.
Cansado de mourejar aqui, quase sem proveito, resolveu mudar de terra e seguiu para o Rio de Janeiro, campo mais vasto para as suas aspirações. Apenas lá chegou, dedicou-se à vida da imprensa, sendo acolhido da forma a mais carinhosa.
Era um escritor provinciano, inteiramente desconhecido naquele meio, que se colocou desde logo em forte destaque, pelo modo de encarar os assuntos e pela correção do seu estilo primoroso.
Nessa faina passou o resto da existência até que a morte o levou deste mundo, onde nem sempre os que mais trabalham e mais merecem têm o melhor galardão.
BINS, ALBERTO
Major
O Major Alberto Bins foi um hábil industrialista, político, administrador; a sua atividade dinâmica desdobrou-se incessantemente, sendo um padrão de laboriosidade teuta, sua raça de origem.
Desde moço foi um soldado fiel e operoso do Partido Republicano, que o aproveitou em elevadas posições.
Como Prefeito da Capital de Porto Alegre, foi um continuador da obra do Dr. Octavio Rocha, na remodelação da cidade, modernizando-a.
No Conselho Municipal (sucedido pela Câmara Municipal de Vereadores), na Assembléia dos Representantes (sucedida pela Assembléia de Deputados Estaduais), e outros postos por onde passou, a sua atuação sempre mereceu o aplauso de seus patrícios, o mesmo acontecendo com os companheiros de grei partidária Castilhista, base do Partido Republicano Liberal, ao qual se filiou quando de sua formação.
BOPP, RAUL
Diplomata e Prosador
Natural de Santa Maria (RS), nasceu aos 04 de agosto de 1898; usava o pseudônimo de Jacó Pum-Pum.
Suas obras:
01 - Petrópolis, Cidade Fidalga (crônica) - 1924
02 - Cobra Norato “nheengatú” da margem esquerda do Amazonas (poema) - 1931
03 - Urucungo (poemas negros) - 1933
04 - Sol e Banana (notas sobre a economia do Brasil) - 1938
05 - Anuário de Estatística Mundial (organização) - 1939
06 - Coisas de Idioma e Folclore (comentário) - 1946
07 - Quatro Poemas de “Brasil Choca Teu Ovo” - 1946
08 - Poesias - 1947
09 - Notas de um Caderno sobre o Itamarati - 1956
10 - Notas de Viagem - Uma volta pelo mundo, em 30 dias - 1960
11 - Movimentos Modernistas no Brasil (ensaio) - 1966
12 - Memórias de um Embaixador - 1968
13 - Antologia Poética (trechos de seus livros) - 1969
14 - Putirum (poemas e artigos) - 1969
15 - Bopp Passado a Limpo - por ele mesmo (considerações) - 1969
BORBA, FRANCISCO ANTÔNIO DE
Farroupilha
O Coronel Bento Manoel tinha ordens expressas para prendê-lo; foi um revolucionário farroupilha e pessoa de prestígio político no Rio Pardo. Era oficial reformado do Exército de 2ª linha.
Casado com Mariana Mena filha do Ten-cel. Francisco Xavier do Amaral Sarmento Mena.
Francisco Antônio de Borba teve, entre outros filhos, um com o seu nome e que chegou a major do Exército.
BORGES DE MEDEIROS, ANTÔNIO AUGUSTO
Estadista
Nasceu em Caçapava (RS), aos 19 de novembro de 1864 (RMJCeAHRGS vol. 1, pág. 96). Era filho de um magistrado pernambucano, acompanhou o pai numa remoção para Pouso Alegre (MG), mas logo voltou ao Rio Grande.
Em Porto Alegre, freqüentou o Colégio Souza Lobo, seguindo em 1880, para São Paulo a fim de iniciar o curso de Direito, que concluiu em Recife, no ano de 1885.
Voltando à Província natal, instalou banca de advocacia em Cachoeira e logo ingressou na política, integrando nas fileiras do Partido Republicano, de que seria o chefe local e depois estadual.
Proclamada a República, foi nomeado “Delegado de Polícia” em Cachoeira e logo depois, eleito para a 1ª Constituinte Republicana Federal, tendo assinado a Carta de 24 de fevereiro de 1891.
Dissolvida a Câmara, voltou ao Rio Grande; organizado o Poder Judiciário, foi um dos primeiros desembargadores do Supremo Tribunal de Justiça do Estado, cargo que renunciaria pouco depois, por julgá-lo incompatível com sua condição de político.
Durante a repressão à “Revolução Federalista” - Guerra da Degola (1993-95) no RGS, Borges de Medeiros prestou serviços de guerra na “Brigada Santos e Silva” no posto de tenente-coronel.
Mais tarde, o Marechal Floriano Peixoto lhe conferiu as honras desse posto no Exército; feita a PAZ, foi nomeado “Chefe de Polícia do RGS” cujos serviços reorganizou.
1º Mandato - 1898-1903:
Aos 25-01-1898, assumia pela primeira vez, o cargo de “Presidente do RGS” em substituição ao Dr. Júlio Prates de Castilhos; fazendo importante administração nesse quinquênio, destacando-se o “Código de Processo Penal”.
2º Mandato - 1903-1908:
Ao morrer o Dr. Júlio Prates de Castilhos em 24-10-1903, sucedeu-lhe na chefia partidária, mostrando-se como político e administrador, um de homem símbolo de seu tempo, sendo reeleito à Presidência do RGS e em 1908 foi substituído pelo Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, que governou até 1912.
Borges de Medeiros recolhera-se à vida privada, dedicando-se à uma pequena plantação de arroz.
3º Mandado - 1913-1918:
Borges de Medeiros, desgostoso com o governo do Dr. Carlos Barbosa, apresenta-se como candidato à sucessão. Ocorreram fraudes e mais fraudes; até os mortos votaram e em 25-01-1913, voltava ao cargo de Presidente do RGS.
Conta-se que, no município de Cachoeira havia um castellano chamado D. Brígido Belén Rollano (peleyador nas hostes do Gen. Zeca Netto), em cujo chapéu lia-se a “divisa” > No me gusta Don Borges (Não gosto do Borges).
Aos 06 de março de 1914, na fazenda de seu pai Octavio Peixoto de Mello, nasce o macanudo Alvise Álves de Mello, neto do rio-grandense José Peixoto da Silveira Mello e também de D. Brígido Belén Rollano (o castellano acima mencionado); Alvise veio a falecer aos 14 de junho de 1981 (deixando numerosa prole).
Neste quatriênio, Borges de Medeiros adoeceu gravemente, sendo substituído temporariamente pelo então Vice-presidente Gen. Salvador Pinheiro Machado.
4º Mandato - 1918-1923:
Neste período, o velho chefe republicano ainda governou o RGS, mas crescera bastante a onda de oposição ao seu governo.
Em 1922, o Rio Grande andava agitado e a oposição forma a Aliança Libertadora tendo como candidato, o “maragato” Dr. Joaquim Francisco de Assis Brasil, travando-se o pleito em 25-11-1922, ocorrendo fraudes escandalosas e de todo tamanho, mortos votaram em grande número a favor dos “chimangos” e pela Constituição Gaúcha o vencedor deveria alcançar ¾ da votação.
Confira os resultados deste Pleito (números da votação):
Segundo os maragatos:
Borges de Medeiros ...... 107.738
Assis Brasil ..................... 37.982
Total ............................. 145.720
¾ do total, somam ........ 109.290
Votação obtida ............. 107.738
Faltaram ....................... 1.552
Segundo os chimangos:
Borges de Medeiros ..... 109.620
Assis Brasil .................. 37.982
Total ............................ 147.602
¾ do total, somam ........ 110.701
Votação obtida ............. 109.620
Faltaram ....................... 1.081 e meio.
A comprovação desta FRAUDE eleitoral:
Os Borgistas alcançando 107.738, cujos ¾ perfazem 109.290, aumentaram para 109.620, imaginando ultrapassar o percentual exigido em 330 sufrágios, esquecendo-se que, no alterar somente o resultado passando dos 145.720 para 147 602, implica também no fator ¾ de 109.290 passar para 110.701,5, perfazendo sempre uma diferença de 1.411,5.
Acrescente-se ainda que, os eleitores Borgistas (os chimangos - do lenço branco) tinham transporte e alimentação gratuitos, na véspera, no dia do pleito e no dia seguinte, às custas do governo estadual . . . enquanto que, aos eleitores Assisistas (os maragatos - do lenço colorado) não lhes era permitido desfrutar de tais regalias.
Outra FRAUDE:
Conta-se que, quando Borges de Medeiros mandava uma “ordem escrita” em que as letras “i” tinham pingo era para ser atendida; entretanto, se não tinham pingo então, não era para ser atendida.
Certa feita, um eleitor chimango (portanto, seu correligionário) aguardava a sua vez de ser atendido, tendo na mão uma “ordem escrita” do Borges de Medeiros. Para matar o tempo de espera naquela sala da repartição pública, cuja “ordem” destinava-se, leu-a e constatou faltarem os pingos nos “i”. Não teve dúvidas tratar-se de esquecimento do velho caudilho; então, logo começou a fazer a necessária correção, sem saber da convenção mantida e no dia seguinte estava empregado.
A “ordem” assim estava redigida em latim vulgar (porém, sem pingos):
"Filhis Irinis - in istis no cargui di fiscalis di higienis irgid intão istamis."
"Filho Irineu - emprega este no cargo de fiscal de higiene, ao que grato estou."
Nas administrações do Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros (Antônio Chimango) ele não dava oportunidade nenhuma aos adversários, mesmo que fossem pessoas competentíssimas e de conduta ilibada; isso não era de admirar, pois ludibriava até aos seus correligionários, como se constata na “ordem escrita” > acima exibida.
5º Mandato - 1923-1928:
Em conseqüência da FRAUDE acima mostrada, os roubados maragatos levantam-se em armas, com o velado apoio do Governo Federal e no Rio Grande irrompe a longa e sangrenta “Revolução de 23.”
As forças Borgistas foram comandadas por José Antônio Flores da Cunha e as força da oposição, foram lideradas pelo Dr. Joaquim Francisco de Assis Brasil, ensangüentando o RGS > sendo que a PAZ assinada em Pedras Altas (Armistício em 07-11-1923 e Pacto em 15-12-1923), veio alterar dispositivos da Carta Estadual, que não mais permitiria a sua continuação no poder.
O fermento ficou ainda alastrando-se por todo o país; em 05-07-1924, a guarnição federal e a força pública de S. Paulo, revoltaram-se e por pedido do Governo Federal, Borges de Medeiros manda para lá um forte contingente da Brigada Militar do RGS.
No RGS, revoltaram-se os Regimentos de Cavalaria do Exército, aquartelados em Uruguaiana, S. Borja, S. Luís Gonzaga e o Batalhão Ferroviário de Stº Ângelo; em 09-11-1924, o 3º Batalhão de Engenharia de Cachoeira, revoltou-se aderindo à causa.
Este movimento militar foi comandado pelo Cap. Luís Carlos Prestes que formou a “Coluna Prestes” ao que, logo aderiram os antigos revolucionários civis e a luta ameaçava generalizar-se novamente, ocorrendo violentos combates em Guassú M’Boi em 09-11-1924 e Três Galpões em 11-12-1924.
Aos 30-09-1925, o Rio Grande foi invadido pela fronteira de Livramento (RS), por forças comandadas pelo cachoeirense Honório Lemes da Silva (o Leão do Caverá) e pela fronteira de D. Pedrito, por forças de Octaviano Fernandes; também o chefe maragato Zeca Neto transpôs a fronteira uruguaia, fazendo junção com os rebeldes militares, travando-se um violento combate em S. Sepé, aos 25-12-1926.
Borges de Medeiros deixa o governo em 1928 e passa o governo do RGS ao Dr. Getúlio Dorneles Vargas; novamente afasta-se da política, mas era sempre ouvido nas grandes ocasiões e, quando o partido ou o estado se achava em crise.
Ainda participou da Revolução Constitucionalista de 1932, pegando em armas contra Vargas, sendo preso no combate do Cerro Alegre (Piratiní) e deportado.
O Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros faleceu em Porto Alegre, aos 25-04-1961.
BORGES DO CANTO, JOSÉ
Dragão
Conquistador das Missões
Nasceu na Cachoeira (quando era 4ª Zona do Rio Pardo), em 1775 e foi batizado na Igreja Matriz, do Rio Pardo.
Faleceu aos 29 anos de idade, em 1804; foi morto pelos castelhanos que o agarraram no Arapeí, aonde fôra vaquear (capturar vacas). [História do RGS – Guilhermino César – pág. 214]
Seu pai era Francisco Borges do Canto (de S. Miguel dos Açores) e de D. Eugênia de Sousa (da Colônia do Sacramento - Cisplatina).
Francisco Borges do Canto foi requerente de uma sesmaria, conforme consta nos ANAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO SUL (pág. 360) > “Registro de uma sesmaria (três léguas ou 150 quadras de campo) passada pelo Ilmo. e Exmo. Sr. Vice-Rei do Estado a Francisco Borges do Canto. [Costa do arroio Capané]”.
Porto Alegre, 17 de junho de 1800. F 1249/190, 190v.
O Cabo José Borges do Canto (vaqueano e desertor do Regimento dos Dragões do Rio Pardo), conhecedor do oeste gaúcho onde tropeava, recebeu armas e munições, bem como instruções, objetivos da nova empreitada; se lançou à luta e foi o Conquistador do Território das Missões, para a coroa de Portugal, saindo do Rio Pardo com 13 homens, aos quais se incorporaram mais alguns nos arredores da Tranqueira Invicta, formando uma partida de 40 bravos; em Cachoeira já somavam 70 valentes, além dos amigos e conterrâneos, os irmãos Francisco Carvalho, Filipe Carvalho e Luís Carvalho; de Santa Maria da Boca do Monte partiu com 130 guapos, que somados a mais 300 índios em Santo Inácio e São João Mirim, conquistaram as Missões, em 08-09-1801.
Descendente de uma gente gerada no fragor das guerras e das conquistas, trazia latente nas veias o sangue de uma raça forte e varonil e, no espírito o estoicismo e a ânsia dos conquistadores gaúchos.
Dotado dessa bravura indômita que sempre caracterizou os filhos deste Pago, herança de uma época de lutas, não soube se conter e quebrando mesmo a disciplina, desertou da sua tropa, capitaneando um grupo de guerrilhas, para dar combate ao inimigo em seu próprio campo, desprezando o perigo e a estratégia, com risco da própria vida ou de comprometer a sua própria carreira militar.
Seus companheiros chamavam-se Manoel dos Santos Pedroso (Maneco Pedroso) e seu imediato chamava-se Gabriel Ribeiro de Almeida. Sua astúcia era simples: Segundo o historiador cachoeirense Aurélio Pôrto, Borges do Canto sabia do descontentamento dos guaranys, contra os castellanos; por isso, valendo-se da amizade com os caciques (pois, quase todos eram sogros seu), persuadia estes a lutarem contra os espanhóis.
Feita a conquista das Missões, volta ao corpo da sua tropa, onde continuou prestando seus serviços à Pátria, que vivia em constantes lutas por aqueles tempos.
Muito deve o Brazil a José Borges do Canto, devendo o Rio Grande do Sul a esse bravo militar gaúcho, a conquista das Missões.
Faleceu em 1804.
BORGES FORTES, AMYR
Médico
Natural de S. Gabriel (RS), nascido aos 28 de outubro de 1906; médico, militar e professor de Geografia do Brasil.
Suas obras:
01 - Momento do Artilheiro - 1942
02 - Aspectos dos transportes no Brasil - 1956
03 - Aspectos Fisiográficos, Demográficos e Econômicos do RS - 1958
04 - Geografia Física do Brasil - 1959
05 - Panorama Econômico do Rio Grande do Sul - 1959
06 - Compêndio de Geografia Geral do RGS - 1961 e 1962
07 - História Administrativa Judiciária e Eclesiástica do RGS - 1963.
BORGES FORTES, JOÃO
Militar
Natural de S. Gabriel (RS), nascido aos 02 de maio de 1872; era neto do médico e político cachoeirense João Pereira da Silva Borges Fortes.
Além de militar concluindo o curso do estado-maior e de revisão, diplomando-se bacharel em Matemática e Ciências Físicas.
Reformou-se como general, em 1923. Como militar, exerceu importantes comissões, como na Comissão de Comparas nos Estados Unidos, durante a Primeira Guerra Mundial.
Destacou-se por estudos, especializados, de Genealogia e de História, notadamente do Rio Grande do Sul.
Colaborou na imprensa do Rio de Janeiro e de sua cidade natal.
Deixou, entre outros trabalhos:
01 - O Tupi na Corografia do Rio-Grandense - 1930
02 - Troncos Seculares - O povoamento do RGS - 1931
03 - A Estância - 1931
04 - Cristóvão Pereira de Abreu - A Família Fortes - 1931
05 - Casaes - 1932
06 - O Brigadeiro José da Silva Pais e a Fundação do Rio Grande - 1933
07 - O Povoamento Inicial do Rio Grande - 1934
08 - A Frota de João de Magalhães - 1934
09 - De Sertão a Estado - 1936
10 - A Fundação do Rio Grande - 1937
11 - Tropeiros - 1937
12 - Francisco Pinto Bandeira - 1938
13 - Velhos Caminhos do Rio Grande do Sul - 1938
14 - O Levante dos Dragões - 1939
15 - O Retovado - 1940
16 - Rio Grande de São Pedro - 1941
17 - Gomes Freire, O General - 1941
18 - Gen. Dias de Oliveira - 1942
19 - Histórico do Regimento Mallet . . . .
Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos13 de setembro de 1942.
BORGES FORTES, JOÃO PEREIRA DA SILVA
Médico
Nasceu em 1816, na cidade de São Gabriel e faleceu aos 07-01-1893, na vila de S. Vicente. Filho de Manoel José Pereira da Silva (natural de Laguna, SC) e de Emerenciana Antonia.
Neto paterno do Ten. José Pereira da Silva e de Maria Rosa Gomes, ambos naturais da Laguna (SC).
Neto materno de Antônio Gonçalves Borges (nascido aos 10-01-1773, natural de São Miguel, Ilha Terceira dos Açores, filho de Manoel Gonçalves Mancebo e de Agueda Maria, também daquela ilha) - e de Joana Rosa Pereira Fortes (natural de Rio Pardo, filha de João Pereira Fortes que casou na cidade de Rio Pardo em 1756, co Eugênia Rosa, natural da Freguesia da Praia, Ilha Terceira dos Açores, filha de Manoel Ribeiro e de Catarina de São Francisco).
Trineto de João Pereira d’Agueda e de Izabel Nunes, naturais das ilhas do Pico e de São Jorge, nos Açores, donde vieram para Laguna (SC) e posteriormente para o Sul em 1750, instalando-se nas proximidades de Rio Pardo (RS). - Izabel Nunes era filha de Miguel Pereira de Bairos e de Lucia Simões da Silveira (neta de Sebastião Nunes de Souza e Bairos e de Maria Luiza Fagundes.
Aos 14 anos de idade, seus pais, abastados fazendeiros, mandaram-no para o Rio de Janeiro, de onde só regressou ao sul depois de formado em medicina, após um brilhante curso acadêmico.
O Dr. João Pereira Fortes da Silva Fortes, que acrescentou ao seu nome paterno Borges Fortes, para diferenciar-se de seus homônimos quando cursava a Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, adotou o nome Borges (de sei avô Antônio Gonçalves Borges) e Fortes (de sua avó Joana Pereira Fortes), ambos maternos.
Enquanto permaneceu no Rio, teve ensejo, já pelas suas invejáveis qualidades de caráter, já pela reputação granjeada no meio social e científico de atrair as simpatias e amizade de notáveis vultos em evidência naquela época, entre eles a do patriarca José Bonifácio de Andrade e Silva, com quem privou e teve a fortuna de conviver na formosa ilha de Paquetá.
De regresso ao sul, o Dr. Borges Fortes fixando residência em São Gabriel, onde seguiu as lides políticas; envolveu-se, desde logo, na vida ativa da política, filiado ao partido conservador (Caramurú), galgando postos elevados, chegando a ser Presidente da Assembléia Provincial.
Casou-se com Francisca de Paula Vale, nascida em São Gabriel, filha de Tomaz Ferreira Vale e de Leontina Alves Vale; neta paterna de Tomaz Ferreira Vale e de Joana Maria Ferreira.
Do casal, nasceram: João, Tomaz, Gabriel, Arminda, Luiza, José, Leonildo, Francisco de Paula, Fernando, Gaspar e Narcisa.
Em poucos anos, abandonou a profissão médica, só a exercendo por caridade e amizade. Caráter de rija têmpera, orador fluente e insinuante, manejava a palavra com admirável precisão e, tanto impressionava pela gravidade do assunto que abordasse, como pela fina ironia e humorismo com que ilustrava o discurso ou a palestra, cativando a atenção dos ouvintes.
Em sua Fazenda Inhantium, no município de São Gabriel, hospedou o Imperador D. Pedro II, quando de sua estadia no Rio Grande de São Pedro; mais tarde, recusou o Título de Barão de Inhantium, que lhe fora oferecido, pois era homem simples e despido de honrarias.
O partido conservador fronteiriço (3º Círculo Eleitoral) o fez seu chefe, elegendo-o em 12 ou 14 Legislaturas, deputado provincial. Desta Assembléia foi diversas vezes presidente. Foi também eleito, por duas vezes, deputado geral. Presidente do Conselho de Ministros, seus amigos o convidaram para exercer o cargo de Presidente desta então província, convite que não quis aceitar.
Modesto e abnegado teria sido escolhido senador do Império, se não fizesse, com prejuízo próprio, recair em outro candidato, seu dileto amigo, vo¬tos que seriam suficientes para sua inclusão na lista tríplice.
Sobre isto ocorreu um fato: numa das vagas do Senado, dada naqueles tempos, o Monarca disse ao seu eminente médico, irmão do biografado, Cons. Manoel Pereira da Silva Continentino, que aconselhasse a seu irmão a apresentar-se candidato ao Senado, pois que desde que fosse incluído na Lista Tríplice, seria o seu escolhido.
Nem assim se empenhou ele por isso, fazendo-o em favor de seu parti¬cular amigo, o ilustre doutor João Jacinto de Mendonça, que foi eleito e escolhido.
Não quis também aceitar o título de Barão do Inhatium, que lhe foi oferecido por sumidade política, que então dirigia os destinos do império, em homenagem aos grandes serviços prestados ao país, na sua longa e laboriosa vida pública. Esta graça lhe foi oferecida depois do regresso do Imperador, que viera assistir à rendição de Uruguaiana.
Hospedara-se o Imperador na fazenda denominada “Inhatium”, no município de S. Gabriel, pertencente aos progenitores do biografado.
Como um agradecimento aos obséquios prestados à real comitiva, recebeu a veneranda mãe do biografado, o título de Dama do Paço, junto à Imperatriz e Borges Fortes os de Cavaleiro da Ordem de Cristo e da Rosa.
Borges Fortes conjugou seus esforços políticos com os daquela plêiade de notáveis homens, como o foram: Pedro Chaves, Felix da Cunha, Oliveira Belo, Freitas de Castro, João Jacinto de Mendonça, Israel Barcelos, Tavares, Visconde da Graça, os doutores Jônatas Abbott, Joaquim Mendonça, Barão de S. Borja e muitos outros, nos últimos tempos, com o filho deste, seu querido amigo, o inolvidável Dr. Severino Ribeiro Carneiro Monteiro, a quem passou a chefia do 3º Círculo Eleitoral.
Seus próprios adversários políticos o tinham na maior consideração, tanto que era particular amigo do grande Silveira Martins.
Para dar uma idéia da energia de que era dotado Borges Fortes, basta lembrar um fato político que bem o caracteriza: era presidente da Província o Cons. Andrade Figueira de Melo. Este varão se tinha indisposto politicamente com Borges Fortes e a dissidência lavrara já nos arraiais do partido conservador.
Borges Fortes, presidente da Assembléia, tinha retardado sua vinda de S. Gabriel, onde residia e aquela funcionava sob presidência interina, quando de Rio Pardo telegrafaram comunicando ali achar-se Borges Fortes, em trânsito para a capital. Espalhada a notícia, Figueira de Melo, acintosa e arbitrariamente, man¬dou fechar o edifício da Assembléia, encerrando suas sessões.
Esta violência pôs em polvorosa os políticos correligionários de Borges Fortes. Estes, em grande número, inclusive seu finado filho Dr. Borges Fortes Filho, também deputado, fretaram um vapor e foram ao encontro do presti¬gioso chefe a quem era feito o acinte, levar a nova e conferenciar.
Este homem, de decisão pronta, tudo acalmou. Chegado à capital, oficiou ao Presidente comunicando vir assumir a pre¬sidência da Assembléia e que para funcionar a mesma, precisava do edifício privativo de seus membros, o qual constava achar-se fechado por ordem de S. Exa.
O Presidente da Província ficou silencioso. Então, Borges Fortes, oficiou de novo a S. Exa. mas, para dizer-lhe energicamente que: “não consistia num prédio a Assembléia dos Deputados, legítimos representantes dos mais caros interesses do povo rio-grandense e, sim, na reunião dos mesmos em qualquer ponto da capital para tratar desses interesses. Por isso fazia ciente a S. Exa. que os ia reunir na praça pública, onde faria funcionar a Assembléia”.
Já transportavam bancos e mesas de uma aula pública para a praça da Matriz, para serem colocados em frente ao velho Palácio, quando o porteiro da Assembléia, às carreiras, foi ao encontro de Borges Fortes, que com grande grupo de deputados subia a rua da Ladeira e ofegante, comunicou-lhe que S. Exa. o Presidente Melo tinha mandado abrir as portas do edifício da Assembléia!
Este ilustre rio-grandense, depois de uma vida de intenso labor político e já no declínio, foi pelo egrégio e inesquecível Castilhos, nomeado médico da Colônia Jaguari. Morreu pobre, legando a seus descendentes o patrimônio da honradez, com que sempre viveu.
BORGES, HORÁCIO GONÇALVES
Militar
Natural do 4º Distrito (então, Restinga Seca), do município de Cachoeira (RS), nascido em 1857; filho de Antônio Gonçalves Borges e de Rufina de Lima. Era tio do Dr. A. A. Borges de Medeiros.
Estudou e se educou até aos 15 anos e com essa idade principiou a iniciar-se nos misteres da pecuária, na fazenda de seu pai; porém, aos 25 anos de idade, ficou órfão de pai.
Herdou de seu pai a “Fazenda do Meio”, no 4º Distrito (então, Restinga Seca), do município de Cachoeira, onde havia uma boa casa de dois andares, engenhos de farinha e melado, com a área de uma légua e meia quadrada (75 quadras) de campo, dividida em três invernadas cercadas, que suportava uma lotação de 3.000 reses.
Nos ANAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO SUL (Volume 11, pág. 267), consta: “Registro de uma petição de Antônio Gonçalves Borges e de uma sesmaria (3 léguas ou, 150 quadras) de uns campos a ele pertencente”. [Freguesia de São Nicolau da Cachoeira no rincão de São Sepé].
Porto Alegre, 16 de agosto de 1790.
F 1246/105v, 106, 106v.
Adquiriu a “Fazenda Boa Vista”, no município de Santa Maria, com a área de uma légua quadrada (ou 50 quadras) de campo, dividida em duas invernadas cercadas, que suportava uma lotação de 2.000 reses (situada entre os rios Vacacaí Grande e o Arenal).
Possuía uma ampla e confortável residência em Cachoeira, situada na rua Saldanha Marinho, entre as travessas Andrade Neves e a “24 de Maio” (hoje, travessa Sílvio Scopel).
Ainda era proprietário de uma bela Chácara com a área de três hectares, localizada no fim da rua 7 de Setembro (possivelmente a palavra “fim” aqui usada > na verdade designe: começo, junto ao rio Jacuí), também em Cachoeira.
Os longos anos consagrado à pecuária e à agricultura, fizeram o Coronel Horácio um dos homens mais competentes da vida rural; isso foi o bastante para explicar a particular estima em que teve os seus conterrâneos.
Horário Gonçalves Borges foi Coronel da Guarda Nacional, desde 1905; em 1912, foi Intendente de Cachoeira; foi Comandante do 64º Corpo da Brigada de Infantaria, na Comarca de Cachoeira; durante vários anos foi Chefe Político do Partido Republicano dos 4º e 5º distritos, do município de Cachoeira e depois passou a Chefe político de todo o município.
Casado com Georgina Herédia (natural de Cachoeira, RS), com quem teve os seguintes filhos legítimos:
01 - Horacinda Herédia Borges;
02 - Rufina Herédia Borges;
03 - Sebastião Herédia Borges;
04 - Horácio Herédia Borges, nascido em Cachoeira, aos 28-10-1904; casou em Porto Alegre, em 1926, com Izabel Pereira da Costa e teve dois filhos:
a - João Horácio da Costa Borges;
b - Izabel da Costa Borges.
Teve ainda os seguintes filhos naturais:
01 - Olympia Gonçalves Borges, casada com o Tenente-coronel Terêncio Costa;
02 - Odília Gonçalves Borges, casada com Nico Pereira Henriques;
03 - Armando Gonçalves Borges, casado com . . .
04 - Olmira Gonçalves Borges;
05 - Apparício Gonçalves Borges, Alferes da Brigada Militar do RGS.
Como o Coronel Horário Borges empregava muita gente da sua vizinhança, na extração de “dormentes” para a Estrada de Ferro e sendo esse trabalho feito em larga escala, um amigo vendo que tal serviço podia lhe dar um resultado incomparavelmente maior, estabelecendo ali uma serraria movida à vapor, aconselhou-o a isso, demonstrando-lhe todas as vantagens decorrentes de tal empreendimento.
Horácio Borges, embora convencido dos grandes lucros que lhe acenavam os planos de seu amigo, atalhou resolutamente, interrogando-lhe: “Mas, que vou fazer com essa gente pobre que se sustenta às custas desse serviço?”
Escusado é dizer que, dessa prolongada exploração de madeira foi colhido um grande capital, cuja maior parte ficou distribuído entre os seus trabalhadores.
No dia 04 de outubro de 1917, após haver tomado assento na “Assembléia dos Representantes do Rio Grande do Sul”, o Coronel Horácio Borges regressou de Porto Alegre com sua família, permanecendo em Cachoeira por alguns dias e depois, seguindo para a sua “Fazenda do Meio”; era um homem ligado às atividades rurais da pecuária e da agricultura de subsistência.
Faleceu na “Fazenda do Meio”, aos 09 de outubro de 1917; as cerimônias fúnebres foram feitas às expensas do município de Cachoeira, dirigidas pelo Capitão Francisco F. N. Gama (então, Intendente Municipal, 1915-1920), que providenciou a encomendação do corpo, na Igreja Matriz N. S. da Conceição; o sepultamento foi no Cemitério das Irmandades.
Através de Decreto Municipal, o Prefeito de Cachoeira (RS), conferiu com justiça a perpetuação de sua memória, denominando de Rua Cel. Horácio Borges, a via pública localizada na Vila Soares, que tem seu início no local por onde passava a linha férrea da VFRGS (hoje, Rua Virgilino Jaime Zinn, antes “Beco dos Trilhos”), em direção SE-NW e terminando na Rua Gabriel Almeida, situando-se paralela a cinco quarteirões da Rua Júlio de Castilhos.
BORGES, LUIZ CARLOS
Instrumentista
Luiz Carlos Borges, músico desde os sete anos de idade, quando iniciou sua carreira no conjunto IRMÂOS BORGES, na cidade de São Luiz Gonzaga, região missioneira do R.G.S. com quem gravou seus três primeiros Lp's, registrando sua passagem pelo estilo regional bailável do Rio Grande do Sul. Mais tarde, já estudante universitário em Santa Maria (RS), iniciou sua carreira solo a partir do sucesso com a composição "Tropa de Osso", premiada na 9ª edição da “Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana” (RS), movimento musical que revolucionou a música tradicional gaúcha na década de 70.
Luiz Carlos Borges segue carreira alicerçando seus conhecimentos no Curso Superior de Música, fazendo sucesso no meio estudantil universitário, tocando com diretórios centrais DCES, restaurantes universitários, pátios de escolas, bares e teatros, fazendo frente a movimentos culturais.
Em 1980, forma-se em música pela UFSM - Universidade Federal de Santa Maria e assume a direção do Centro Cultural Municipal e Biblioteca Pública daquela cidade; ainda em 1980, grava seu 1 LP individual Tropa de Osso, um trabalho para todo o Estado. A partir dai Borges investe na renovação da música regional gaúcha.
Em 1982, muda-se para São Borja, onde assume a Assessoria de Cultura e Turismo daquele município e passa a trabalhar no Projeto "São Borja 300 anos de História", durante todo ano. Neste ano ainda grava seu 2º LP individual: "Noites, Penas e Guitarra".
Em 1983, a convite da administração municipal, assume em Santa, Rosa a assessoria de Cultura e Turismo, onde idealiza e desenvolve o Projeto " Musicanto Sul-Americano de Nativismo", que resgata os costumes populares da região e abre espaço para toda América do Sul mostrar o que se produz em termos musicais nativos com cada região dos países sul-americanos.
Suas atividades, dividem-se entre o produtor cultural e o músico que dia a dia aumenta sua produção.
Em 1985. lança o 3ºLP individual de sua carreira "Quarteada", logo em 1986 vem o 4º lançamento "Solo Livre", período este em que Borges já atinge outros estados brasileiros e é premiado nos mais importantes festivais do país, quer como instrumentista ou como compositor. Em conseqüência disso, o reconhecimento do seu trabalho fica evidenciado em convite para representar o folclore regional brasileiro em eventos como:
* Festival Nacional Del Folklore COSQUIM 84 - (Córdoba, Argentina), onde retornou em 1998, com Renato Borghetti e Chango Spasiuk.
* Festival Internacional de folklore - em Salt Lake City UTHA Estados Unidos da América.
* Semana regional do Folklore de Caiena (Guiana Francesa), em 1988.
* Em 1989, recebe a premiação de instrumentista do Ano.
* Em 1990, é eleito Músico da década, de 80 pela crítica musical gaúcha.
* Em 1991, lança o 8/12 disco de sua carreira "Fronteiras Abertas", em parceria com Antônio Tarrago Ross, sendo este importante passo para a concretização do projeto de Integração Cultural, defendido pelo MERCOSUL
* Em 1992, inicia o ano cumprindo uma agenda de 14 Shows na Europa nos meses de março e abril em países como: Alemanha, Áustria, Itália, Eslovênia e Suíça onde grava seu 1º CD Internacional, "Gaúcho Rider", que registra o repertório lá trabalhado, onde ritmos como vaneirão, bugio, chamamé, forró, chacarera são registrados com notória modernidade, sendo este o 9º de sua discografia.
* Ainda em 1992, Borges divide com o tecladista Geraldo Flach o lançamento de um CD com repertório assinado pelos dois parceiros somente com composições inéditas e instrumentais, um lançamento do Selo Veias para todo Pais.
* Em 1993, registra sua paixão pelo Chamamé, com "Na Chama do Chamamé" em mais um lançamento USA Discos; é o 11º LP da carreira de Luiz Carlos Borges e neste mesmo ano volta a Europa para mais duas turnês.
* Em 1994, Borges novamente excursiona pelo exterior cumprindo agenda em sete países, oportunidade em que grava seu 2º CD Internacional, "Gaúcho" pela Face Music, ao mesmo tempo em que lançava no Sul, o CD da série Gaúchos de Ouro pela USA Discos.
* Em 1995, lança "Hay Chamamé", para toda a região sul do Brasil e países do MERCOSUL,
pelo seio da USA Discos de Porto Alegre, sendo este o 14º de sua carreira, incluídos 2 Lps gravados na Argentina em 1971 e 1976, pelo selo País Discos de Buenos Aires, ambos apresentados por Raulito Barbosa.
* 1996-CD Temperando - Luiz Carlos Borges e Nícolás Brizuela - Acit RS/BR
* 1997-CD Série Acervo Gaúcho - Luiz Carlos Borges - USA Discos RS/BR
* 1998-CD Bem-Vindo ao Sul - Luiz Carlos Borges e Convidados - Acit RS/BR
* 1998-CD - Luiz Carlos Borges - Luiz Carlos Borges - Acit RS/BR
* 1999-CD - Campeiros - Luiz Carlos Borges e Mauro Ferreira - Acit RSIBR
BORGHETTI, RENATO
Instrumentista
Ele começou a "brincar" de música aos oito anos, quando ganhou uma gaita do pai Rodi Borghetti, que na época dirigia o Centro de Tradições Gaúchas 35, de Porto Alegre, o CTG precursor.
Aos 14 anos, já espantava pelo talento natural os freqüentadores do 35. Aos 16 anos, subiu pela primeira vez profissionalmente num palco, passando a participar dos festivais de músicas nativista do Rio Grande do Sul.
Foi nos festivais que, efetivamente, Borghettinho chamou a atenção da imprensa e do público. Não apenas por tocar muito bem, como por sua figura de cabelos longos, chapéu encobrindo os olhos, bombachas surradas, alpargatas de corda - um tipo que descontraía o pesado figurino tradicional gaúcho, de botas cinturões e esporas.
Quando saiu o primeiro disco, em 1984, o Brasil passou a conhecer o que o Rio Grande do Sul já sabia. A vendagem do disco alcançou a dimensão de fenômeno, logo ultrapassando as 100 mil cópias e dando para Borghetti o primeiro (e até agora único) disco de ouro da música instrumental brasileira. E agora, relançado em CD, caminha para outro recorde: chegar às 250 mil cópias e ao disco de platina. Esse primeiro LP foi produzido de forma independente e Borghettinho iria lançá-lo por conta própria, encomendando uma tiragem de mil cópias. O produtor discográfico Ayrton dos Anjos (o mais importante do Rio Grande do Sul) convenceu a empresa de comunicações RBS, que estava abrindo um selo em parceria com a Som Livre, a lançar o disco. E o "acaso" virou um marco histórico.
Em 2005, Borghetinho excursionou pela Europa - Áustria e Itália (estando em Bolzano - onde mora a Helenita dos Santos Melo).
BRAGA JÚNIOR, LUÍS DE
Visconde de São Luís de Braga
Natural da cidade de Porto Alegre (RS); empresário teatral no Brazil, comerciante no Rio de Janeiro (RJ) e depois, radicou-se em Lisboa (Portugal), aplicando sua fortuna no teatro.
Fundou o “Teatro Dona Amélia”.
Trouxe à Lisboa, companhias francesas, italianas e espanholas; estimulou a produção teatral e os artistas portugueses.
Recebeu o título em 1891, de D. Carlos I - Rei de Portugal.
BRIZOLA, LEONEL DE MOURA
Engenheiro
Político e Estadista
Leonel de Moura Brizola nasceu aos 22 de janeiro de 1922, no povoado de Cruzinha, que pertenceu a Passo Fundo (RS) até 1931, quando passou à jurisdição de Carazinho (RS).
Ganhou seu nome numa homenagem do seu genitor, ao caudilho Leonel Rocha (guerrilheiro do norte do RGS, nas revoluções de 1893 e 1923).
Seu pai, o lavrador José de Oliveira Brizola, morreu na “Revolução de 1923” lutando nas tropas do maragato Joaquim Francisco de Assis Brasil, que combatiam os republicanos do chimango Borges de Medeiros.
Em 1931, foi alfabetizado por sua mãe Onívia de Moura Brizola, numa escola primária de Passo Fundo.
Foi engraxate e carregador-de-malas na estação ferroviária de Carazinho, de onde foi para Porto Alegre trabalhar como ascensorista, na Galeria Chaves.
Em 1936, matriculou-se no “Escola de Técnicas Agrícolas - ETA” de Viamão, formando-se Técnico Rural, em 1939.
Em 1940, mudou-se para Porto Alegre e obteve emprego no serviço de parques e jardins da prefeitura. Para continuar seus estudos, matriculou-se no “Colégio Estadual Júlio de Castilhos” para fazer o curso supletivo. Seu professor Aldo Obino disse: “Sentava bem atrás, sempre com um sorriso irônico.”
Em 1943, começou na política como um dos fundadores do famoso Grêmio do Júlio.
Em 1945, iniciou o curso de engenharia civil na “Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS” - nessa época visitou Getúlio Dorneles Vargas na fazenda Itú (São Borja – RS), onde conheceu Jango e sua irmã Neuza (com quem casaria mais tarde).
Em 1945, tornou-se simpatizante do presidente Getúlio Dorneles Vargas - ingressou do PTB, integrando o primeiro núcleo gaúcho do novo partido.
Em 1947, foi eleito Deputado Estadual (pelo PTB, com 3.839 votos), participando da elaboração da “Constituição Gaúcha”. O PTB, que tinha a maioria na “Assembléia Legislativa do RGS” aprovou (como o apoio de Brizola), a instituição do regime parlamentarista no Estado Gaúcho, governado por Valter Jobim (do PSD) - mas o STF decidiu que essa decisão era inconstitucional.
Em 1950 (01 de março), casou-se com Neuza Marques Goulart, irmã do então Deputado Estadual João Belchior Marques Goulart. O padrinho do casamento foi o próprio Getúlio Dorneles Vargas, que em 03 de outubro daquele ano foi eleito Presidente da República do Brasil. No mesmo pleito, Brizola foi reeleito Deputado Estadual.
Em 1951, tornou-se líder do PTB na “Assembléia Legislativa Gaúcha” e pouco depois se candidatou a Prefeito de Porto Alegre, perdendo o pleito em 1º de novembro, por pouco mais de 1% dos votos.
Em 1952, foi nomeado Secretário de Obras do governador Ernesto Dornelles (do PTB).
Em 1954, foi eleito Prefeito de Porto Alegre – RS com mais de 300.000 sufrágios, 51% de todos os votos válidos; criou o “Cinturão Verde de Porto Alegre”; foi quando, aos 20 de setembro de 1958, inaugurou o monumento do LAÇADOR - na Av. Farrapos, próximo ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
Em 1958, foi eleito Governador do RGS, com 670.003 sufrágios (mais de 55% dos votos válidos) e empossado em janeiro de 1959.
Brizola planejou um governo para enfrentar a crise de descapitalização do Rio Grande do Sul. Seu I Plano de Obras foi apresentado como o primeiro planejamento feito por um governo estadual no país. > Visava captar recursos públicos e privados, para investimentos no Estado, para melhoria da infra-estrutura e ampliar a educação básica.
O Primeiro grande ato administrativo do novo governo, teve repercussão internacional: Foi a encampação da “Bond and Share” (empresa estrangeira de distribuição de energia elétrica, em Porto Alegre e Canoas) e a incorporação de seu patrimônio ao Estado, pelo valor simbólico de Cr$ 1,00 (um cruzeiro) - criando a “Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE.”
Apesar disso, o governo Brizola conseguiu recursos norte-americanos (do programa “Aliança para o Progresso”), para duas iniciativas: o reequipamento técnico da polícia e a construção da Estrada da Produção (Iraí – Canoas), batizada em sua inauguração como “Rodovia Presidente Kennedy” (numa homenagem àquele presidente, que lançara o programa de cooperação com a América Latina).
Foram também de iniciativa de Brizola, os projetos para a instalação da Refinaria Alberto Pasqualini (em Canoas) e da Aços Finos Piratiní (em Charqueadas).
Sua disposição de intervir na economia gaúcha, chegou a ponto de criar a Agasa (Açúcar Gaúcho), empresa estatal que pretendia oferecer álcool como combustível alternativo, já naquela época; sem o apoio do governo federal, este projeto gaúcho fracassou.
A obra mais emblemática do governo Brizola foram as escolas de madeira, para o curso primário. Seu lema era: Nenhuma criança sem escola no Rio Grande do Sul. Construiu 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas, 131 ginásios e escolas normais, o suficiente para manter o Rio Grande do Sul na liderança como o Estado brasileiro com a mais alta taxa de escolarização.
Criou a “Caixa Econômica Estadual do RGS” e adquiriu o controle acionário do “Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul” (criado por Getúlio Dorneles Vargas, quando Governador do Rio Grande do Sul, em 1928).
Em 1959, sem recursos para recuperar as ferrovias, que ainda estavam na idade da “maria-fumaça”, aceitou transferir para o governo federal a “Viação Férrea do Rio Grande do Sul – VFRGS” - sendo absorvida pela nova empresa que o Presidente Juscelino criou, a “Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – RFFSA”, para poder receber financiamentos externos, indispensáveis à modernização desse meio de transporte.
Em 1960, apoiou as candidaturas do general Henrique Teixeira Lott (do PSD) à Presidência da República e de João Belchior Marques Goulart (do PTB) para vice; Lott perdeu, mas Goulart foi eleito vice do mato-grossense Jânio da Silva Quadros.
Em 1961, liderou a “Campanha da Legalidade” pela posse de seu cunhado João Belchior Marques Goulart na Presidência do Brasil. Para angariar recursos financeiros, espelhou-se na iniciativa do Presidente Vargas - quando este, em 1932 emitiu as getulianas (bônus provisórios do “Thesouro do Estado do Rio Grande do Sul”), assim, Brizola também criou as famosas brizoletas, que não chegaram a circular.
A LEGALIDADE
Sexta-feira, 25 de agosto de 1961:
Renúncia do Presidente Jânio da Silva Quadros, em Brasília.
Assume Ranieri Mazzzilli porque o vice João Goulart estava na China, em missão oficial.
Em Porto Alegre, Brizola oferece condições de governabilidade a Jânio.
Sábado, 26 de agosto de 1961:
Jango recebe a notícia em Singapura, quando já retornava ao Brasil.
Brizola instala no famoso “Mata-borrão” (singular edifício, de Porto Alegre), o comitê pró legalidade.
Domingo, 27 de agosto de 1961:
Em Porto Alegre, depois da intervenção militar que silenciou a rádio Gaúcha, Brizola requisita a rádio Guaíba e forma a Cadeia da Legalidade, usando tropas da Brigada Militar para garantir o funcionamento da emissora.
Brizola lança o desafio ao povo, que se organizasse em Grupos de Onze (como time de futebol), para pelearem se preciso fosse.
Segunda-feira, 28 de agosto de 1961:
Em Brasília, os ministro militares determinam ao comando do III Exército (RS, SC e PR), que silenciassem a Rede da Legalidade (se necessário, bombardeando o Palácio Piratiní), enquanto a Marinha do Brasil se preparava para zarpar e intervir no Rio Grande do Sul.
O general Machado Lopes (Cmt. do III Ex.) e o arcebispo D. Vicente Scherer foram ao Palácio Piratiní, hipotecar solidariedade e apoio incondicional a Brizola, aderindo à legalidade.
Em Canoas, 100 sargentos da FAB impedem 12 jatos de decolarem, para bombardear o Palácio Piratiní, que estava fortemente protegido até aos dentes, por metralhadoras antiaéreas no teto do Palácio Piratiní e no topo da Catedral Metropolitana.
Terça-feira, 29 de agosto de 1961:
Em Brasília, os ministros militares divulgam manifesto, declarando inaceitável a posse de Jango.
No Rio de Janeiro, o marechal Lott é preso por seu apoio à legalidade.
Em Paris, Jango reúne-se com um grupo de parlamentares brasileiros e admite a solução parlamentarista.
Em Porto Alegre, Brizola passa o efetivo da Brigada para o comando do III Exército.
Quarta-feira, 30 de agosto de 1961:
O general Machado Lopes comunica aos demais Exércitos, a posição de seu comando e determina medidas para defender o território gaúcho, deslocando tropas, para pontos estratégicos do Estado gaúcho.
No Mata-borrão, registrava-se o alistamento de 200 mil gaúchos ou mais, prontos para lutar, organizados em Grupos de Onze.
Quinta-feira, 31 de agosto de 1961:
Jango chega de Montevideo (após longa viagem desde Paris, desviando-se do espaço aéreo brasileiro, vindo pela costa do Oceano Pacífico), sendo recepcionado defronte ao Palácio Piratiní, por mais de cem mil gaúchos.
Sexta-feira, 1º de setembro de 1961:
Tropas do III Exército e efetivos da Brigada Militar são deslocados para o litoral gaúcho, à espera da anunciada invasão dos fuzileiros navais brasileiros.
Sábado, 2 de setembro de 1961:
Articulada por Tancredo Neves (Dep. Fed. pelo PSD mineiro), que estivera com Jango em Montevideo, é aprovada pelo Congresso Brasileiro (por 298 votos, contra 14), a emenda parlamentarista que restringia os poderes do presidente; solução negociada que previa um plebiscito, para assegurar a posse de Jango.
Domingo, 3 de setembro de 1961:
Aos poucos volta a tranqüilidade ao Brasil.
Segunda-feira, 4 de setembro de 1961:
Brizola anuncia o fim das transmissões da Rede da Legalidade.
Terça-feira, 5 de setembro de 1961 - (data do 22º níver do Maragato):
Jango deixa Porto Alegre, rumo à Brasília.
Quarta-feira, 6 de setembro de 1961:
Em Porto Alegre, Brizola e seus aliados permanecem na espreita dos acontecimentos em Brasília, temendo uma emboscada a Jango - mas, prontos para uma eventual ação militar, com grande derramamento de sangue brasileiro.
Quinta-feira, 7 de setembro de 1961:
Jango assume como Presidente do Brasil e indica Tancredo Neves como Primeiro-Ministro.
Depois da “Legalidade” - Brizola tomou duas medidas polêmicas de grande repercussão nacional e internacional. Após drenar o Banhado do Colégio (em Tapes – RS), foi pioneiro fazendo a 1ª Reforma Agrária no Brasil, repartindo aquelas terras aos colonos do recém-criado MASTER (Movimento dos Agricultores Sem-Terra), que realizaram a primeira ocupação no Estado, em fevereiro de 1962, no município de Nonoai – RS.
Em 1962, também encampou a ITT (empresa norte-americana responsável pelos serviços telefônicos no Rio Grande do Sul) e criou a “Companhia Rio-grandense de Telecomunicações – CRT”.
Em 1962, ainda foi eleito Deputado Federal pelo então Estado da Guanabara – RJ.
Em 1964, foi caçado enquanto liderava nova “Campanha da Legalidade” pleiteando a permanência de seu cunhado João Belchior Marques Goulart na Presidência do Brasil - diante da desistência do já destituído Presidente, rompeu relações com seu cunhado.
Apesar de suas origens maragatas das quais, segundo ele próprio afirmava < trouxe a rebeldia > Brizola tinha personalidade e conduta política mais próxima do castilhismo chimango do seu grande líder Getúlio, centralizador, defensor da intervenção estatal na economia, de um nacionalismo radical e de políticas populares.
Lento, redundante e reiterativo, Brizola sempre teve grande facilidade para se comunicar com as massas, sobretudo no rádio. Manteve durante todo o seu governo gaúcho, um programa radiofônico, na rádio Farroupilha, o qual era ansiosamente esperado por correligionários e adversários - por isso o chamavam de Lobisomem (só aparecia nas noites de sexta-feira).
Com a implantação do “Regime de Exceção” no Brasil; foi exilado por 15 anos, um longo período na Europa e depois no Uruguai (onde comprou uma macanuda fazenda em Durasno), sendo um dos ativos integrantes da “Internacional Socialista”.
Em 1979, retornou do exílio e logo em seguida elegeu-se Governador do RJ por duas ocasiões. No período 1983-1987 edificou o Sambódromo.
Em 1981, fundou o PDT (Partido Democrático Trabalhista).
Em 1984, participou ativamente da Campanha Diretas Já. No período 1991-1995 edificou os CIEP (Centro Integrado de Educação Pública).
Não chegou a ser um Caudilho dos Pampas > porque, para ser CAUDILHO o gaúcho além de ser líder e chefe faccionário, tem que possuir muito dinheiro para custear movimentos revolucionários, cujos integrantes são armados e mantidos às custas deste chefe - o que Brizola nunca patrocinou de seu próprio bolso.
No Rio de Janeiro - RJ:
Morreu de “mãos limpas” às 20h 30’ - do dia 21 de junho de 2004, onde estava internado na CTI do Hospital São Lucas, em Copacabana.
Causa mortis: infarto, oriundo de uma insuficiência respiratória aguda, motivada por uma forte gripe contraída enquanto estava na sua fazenda, em Durasno (Uruguai).
O Velório iniciou às 00h 30’ - do dia 22, no “Palácio Guanabara” e depois das 08h - do dia 23, foi no CIEP “Tancredo Neves” (1º Centro Integrado de Educação Pública) construído por Brizola, situado na rua do Catete.
Deixou a “Cidade Maravilhosa” decolando às 14h - do dia 23, do aeroporto “Santos Dumont” num avião Lear Jet, especialmente fretado pela família.
Em Porto Alegre - RS:
Chegou no aeroporto “Salgado Filho” às 15h 05’ - do dia 23 e quando o Esquife (carregado por seis cadetes com fardas de gala) adentrou na “Sala Vip”; foi saudado por um coral feminino entoando o Hino Rio-Grandense.
Seguiu para o centro da cidade num carro de bombeiros antecedido por batedores da Brigada em motos, guarnecido por 28 brigadianos a cavalo (7 na frente, 7 atrás e 7 em cada lado) e um piquete de mais de 100 gaúchos pilchados a preceito e montando belos pingos; o Monumento Laçador ostentava um pala preto.
Chegando ao “Palácio Piratiní” às 15h 45’ - do dia 23, foi homenageado por um grupo de tradicionalistas do MTG que cantaram a canção Querência Amada (do Teixeirinha); depois, foi levado ao “Salão Negrinho do Pastoreio” onde foi velado até às 08h 30’ - do dia 24; ao sair, foi executado o Hino Rio-Grandense pela Banda da Brigada Militar e na frente do Palácio foi homenageado com uma salva de 21 tiros de fuzil; ao passar pela frente da Catedral Metropolitana o Esquife recebeu uma chuva de pétalas de rosas vinda do alto das torres.
Em São Borja - RS:
Chegou no aeroporto “João Manuel” às 11h 29’ - do dia 24, onde mais de mil pessoas entoaram também a canção Querência Amada e o Hino Rio-Grandense; o Esquife seguiu em cortejo passando pelas principais ruas indo até o centro da cidade, chegando às 11h 50’ na igreja matriz situada na Praça 15 de Novembro.
Às 14h iniciaram-se as cerimônias do Réquiem aeternam dona eis, Domine (O descanso eterno dai-lhes, Senhor) realizado na “Igreja Matriz de São Francisco de Borja.”
Às 14h 45’ iniciou-se o translado do Esquife, da igreja ao cemitério, feito por uma Guarda Fúnebre (composta por 12 elementos com fardas de gala), do Batalhão Abas Largas (de Stª Maria), da Brigada Militar.
As Exéquias iniciaram-se às 15h 35’ ao som do Hino Brasileiro, seguido de cinco emocionantes discursos, encerrando o cerimonial com o Hino Rio-Grandense e sendo às 15h 50’ finalmente sepultado junto à Dª Neuza (sua esposa), no Jazigo da família “Goulart Brizola” no cemitério municipal “Jardim da Paz” (onde jazem os ex-presidentes Getúlio Dorneles Vargas e João Belchior Marques Goulart - o Jango) > deixando grande parte da nação brasileira, mui triste e oficialmente enlutada por três dias.
BROCHADO DA ROCHA, FRANCISCO DE PAULA
Advogado
Natural de Porto Alegre (RS), nascido em 1910 e falecido também em Porto Alegre (RS), em 1962.
Fez os primeiros estudos no Colégio Militar de sua cidade natal e no Colégio Lafayette do Rio de Janeiro (RJ); matriculado na Faculdade de Direito de Porto Alegre, em 1929, concluiu o curso jurídico com a turma de 1932, em que foi laureado.
Como acadêmico, ingressou nos quadros da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, como escriturário, sendo, depois de formado, nomeado Procurador.
Participou também, como estudante de Direito, da Revolução irrompida em Porto Alegre, aos 03-10-1930, integrando o grupo que atacou o Quartel-General da 3ª Região Militar, em frente ao qual foi ferido gravemente numa perna.
Em seu Estado natal exerceu importantes funções públicas, como as de Deputado Estadual, Secretário de Educação e Cultura, de Segurança Pública e do Interior e Justiça, função em que lhe coube assumir interinamente o Governo do Estado do RGS.
Foi por muitos anos advogado militante e exerceu, com brilho, o magistério secundário e superior, tendo sido lente catedrático, por concurso, da Cadeira de Direito Constitucional, na Faculdade de Direito de Porto Alegre, da Universidade do RGS.
Foi Consultor-Geral da República, no Governo do Sr. Nereu Ramos e membro do Conselho Federal de Ensino.
A 10-07-1962, em situação grave para a Nação, foi chamado a assumir o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, que renunciou aos 14-09-1962, em razão de grave crise motivada pela fixação da data para a realização do plebiscito e da delegação de poderes para as reformas de base.
Voltou, então, a Porto Alegre, onde tencionava reabrir o antigo e movimentado escritório de advocacia, quando faleceu, inesperadamente, doze dias depois. Sua morte teve repercussão nacional, tendo sido seus funerais, realizados em Porto Alegre, assistidos pelo Presidente da República, Ministros de Estado e altas autoridades do País.
Em vida, recebeu o Ministro Brochado da Rocha a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Militar, a Medalha de Ouro de Serviços Distintos à Brigada Militar do RGS e a Cruz de Mérito da Cruz Vermelha Brasileira.
Post-mortem foi entregue à viúva a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Naval, condecorações que, com outros objetos de uso, a família entregou ao Museu Histórico Júlio de Castilhos, de sua cidade natal.
BROCHADO DA ROCHA, JOSÉ DIOGO
Engenheiro Civil
José Diogo Brochado da Rocha nasceu em Porto Alegre, aos 15 de agosto de 1904. Filho do Engenheiro Militar Octavio Rocha.
Cursava a Escola Militar do Rio de Janeiro, quando tomou parte na revolução de 05 de julho de 1922.; por esse motivo foi excluído da referida Escola, com todos os companheiros de ideal.
Tendo escolhido nova carreira, formou-se em Engenharia Civil, na Escola Politécnica da Universidade do Rio de Janeiro, em 1926; foi também, Agrimensor diplomado pelo Colégio Militar, em cujo estabelecimento conquistou a Medalha de Ouro “Marechal Floriano.”
O Engenheiro José Diogo sempre militou nas fileiras republicanas, com brilho e devotamento, desenvolvendo por vezes, grande atividade política, como o foi por ocasião da propaganda da Aliança Liberal, na qualidade de Secretário Geral do Comitê Central, pró candidaturas Getúlio Vargas e João Pessoa, no Rio Grande do Sul.
Na administração, igualmente, prestou o seu valioso concurso ao Estado, Intendente e posteriormente Prefeito do Município de S. Pedro, Prefeito do Município de S. José do Norte, Prefeito do Município de Viamão, deixou em todas essas comunidades, quer no âmbito de suas funções, quer nos meios sociais ou na comunhão Castilhista, indeléveis traços de sua operosidade.
Foi de uma envergadura moral digna do nome paterno e garantidor de uma invejável posição, não só nos municípios servidos por sua inteligência sadia, como em Porto Alegre e no Rio de Janeiro; o Engenheiro José Diogo conquistou admiração dos homens de bem, desfrutando as simpatias e o respeito de todos os que lhe cercavam.
BRUSQUE FILHO, JOSÉ
Médico
Natural de Pelotas (RS), nascido aos 26 de maio de 1894; filho do famoso médico José Brusque (cognominado de Pai da Beneficência), natural de Belém (PA), nascido em 1861 e vindo para o Rio Grande do Sul com apenas três anos de idade, acompanhado de seus pais - o Conselheiro Francisco Carlos de Araújo Brusque (ex-governador da Província do Pará) e de Cecília Amália de Azevedo.
Fez os estudos primário e secundário no Ginásio Gonzaga, de Pelotas e doutorou-se pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre (RS), defendendo a tese versando sobre a Profilaxia do Quisto Hidático,
Especializou-se em Cirurgia Geral; fez várias viagens de estudos à Argentina e freqüentou o curso de cirurgia no Hospital Rawson (Buenos Aires, Argentina), de 1919 a 1920.
Desempenhou as funções de Diretor da Educação e Saúde, de Pelotas (RS); diretor dos Serviços Cirúrgicos da Sociedade Portuguesa, de Beneficência; e, Médico-chefe do Centro de Saúde, de Pelotas.
Casado com Josefina Neves.
BRUSQUE, FRANCISCO CARLOS DE ARAÚJO
Advogado
É descendente de uma das famílias mais distintas do Rio Grande. Nasceu na cidade de Pelotas e aí estudou os preparatórios, seguindo para S. Paulo, onde se bacharelou na Academia de Direito, tendo feito, durante
o curso, uma bonita figura.
Era um homem inteligente, estudioso e de sólido preparo. Mal chegou à província, depois de haver concluído os estudos, alistou-se nas fileiras do partido liberal, que o elegeu, diversas vezes, à Assembléia Provincial e à Câmara dos representantes da nação.
Na tribuna, de uma e outra casa, pôs em acentuado relevo seu formoso talento, iluminado pelas irradiações de seu vasto saber.
Quando orava, era um encanto ouvi-lo, o auditório ficava preso à sua palavra arrebatadora.
Pouco antes da guerra do Paraguai, ocupou a pasta da marinha, tomando o mais vivo interesse pelos deveres inerentes a esse cargo. Não transitou por ali sem deixar um traço luminoso de sua passagem rápida, mas proveitosa.
Quando, ele abandonou o ministério, a imprensa carioca teceu os mais rasgados elogios à sua administração, que só se inspirou no bem público.
Foi uma figura obrigada, durante certo tempo, nas assembléias do passado Rio Grande, em cujo recinto se enfileiravam os homens mais ilustres de nossa terra, pelo saber, pelas virtudes ou cheios de serviços à Pátria.
Aquela velha casa, onde se reuniam os nossos representantes, no seu modesto interior, apresentava o aspecto venerando de um cenáculo.
Não parecia uma assembléia de homens, parecia antes uma assembléia de deuses e o Dr. Araújo Brusque ocupou sempre aí um lugar de destaque.
BRUSQUE, HUGO
Médico
Natural de Pelotas (RS), nascido aos 07 de outubro de 1897; filho do famoso médico José Brusque (cognominado de Pai da Beneficência), natural de Belém (PA), nascido em 1861 e vindo para o Rio Grande do Sul, com apenas três anos de idade, acompanhado de seus pais - o Conselheiro Francisco Carlos de Araújo Brusque (ex-governador da Província do Pará) e de Cecília Amália de Azevedo.
Fez os seus estudos primário e secundário no Ginásio Gonzaga, de Pelotas (RS) e formou-se na Faculdade de Medicina, de Porto Alegre (RS), especializando-se em Ginecologia e Cirurgia Geral.
Fez várias viagens de estudo, às repúblicas do Prata, freqüentando os cursos do Hospital de Clínicas, do Hospital Rawson, de Buenos Aires (Argentina) e do Hospital Maciel, em Montevidéu (Uruguai).
Participou do Congresso de Urologia, de Buenos Aires (Argentina), realizado em 1938.
Publicou trabalho sobre Fratura do colo do fêmur (Fraturas do astrágulo).
Foi membro da Sociedade de Medicina de Pelotas (RS), desempenhando as funções de Cirurgião da Santa Casa de Misericórdia e Beneficência Portuguesa, de Pelotas, onde exerceu Clínica Geral.
Casado com Aracy Dias de cujo matrimônio teve dois filhos:
01 - Cecília;
02 - José.
BUDIANSKY, ESTELA
Médica
Natural de Santa Maria (RS), fez os estudos primário no Curso de Aplicação da Escola Normal nº 7, de Buenos Aires (Argentina) e o secundário na Escola Normal de Porto Alegre (RS) e no Ginásio Sevigné, também da mesma cidade.
Formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de Porto Alegre, em 1939; especializou-se em Pediatria, tendo freqüentado o Curso respectivo do Professor Décio Martins Costa e o Curso de Tisiologia do Departamento Estadual de Saúde.
Fez ainda, viagens de estudos e especialização à Buenos Aires, Montevidéu e Rio de Janeiro.
Publicou os seguintes trabalhos:
01 - A Organização do Serviço de Higiene Escolar em Montevidéu e Buenos Aires;
02 - O Ensino da Puericultura nas Escolas Primárias;
03 - Índice tuberculinico nos pré-escolares de Porto Alegre;
04 - Relações entre varicela e alastrim;
Desempenhou as funções de Professora Pública, até 1938; foi ex-interna da 20ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia; ex-médica do Serviço de Higiene Infantil do Centro de Saúde nº 2; exerceu as funções de Inspetora Médico-escolar do D. E. S. e assistente do Serviço de Clínica de Crianças de Higiene Infantil da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
CAETANO BRAUN, JAYME
O Payador das Missões
Nascido aos 30 de janeiro de 1924, em Timbaúva, distrito de São Luiz Gonzaga (RS) hoje, Bossoroca, o autor dos clássicos: Bochincho, Galpão de Estância, Tio Anastácio e Galo de Rinha.
Falecido aos 08 de julho de 1999, deixando como herança diversos livros e discos que enaltecem a cultura gaúcha.
Jayme Caetano Braun sonhava fazer medicina; sem completar o ensino médio, no entanto, acabou se tornando um autodidata. Era um especialista em remédios caseiros. Sua imensa cultura foi apurada no período em que ocupou o cargo de diretor da Biblioteca Pública do Estado do RGS, entre 1959 e 1963.
Começou a escrever seus poemas enquanto piazito, por influência da família, abordando quase sempre os objetos do universo do homem da campanha (relhos, chilenas, laços, carretas, etc.). Muitos foram publicados, mas outros se perderam nas noites de galpão.
Foi membro e co-fundador da Academia Nativista “Estância da Poesia Crioula”, em Porto Alegre e usava os pseudônimos de Piraju, Martín Fierro e Andarengo.
Tendo trabalhado no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado, Jayme era polêmico e radical ao defender seus pontos de vista. Chegava a criticar quem ousasse tratar de um tema por ele já abordado. A tudo, porém, respondia versejando; comparado a um corvo, numa referência a seu gosto por roupas escuras, retrucou: “É uma ave higiênica, que limpa os campos”.
Apaixonado pela cultura platina, costumava dizer que os gaúchos rio-grandenses, argentinos e uruguaios, eram “pedras do mesmo caminho, águas de um mesmo rio”.
Radialista, sua obra se espalhou pelo Brasil afora; Minas Gerais, Ceará, Pernambuco e Goiás são alguns dos lugares que tem CTGs com seu nome.
O único artista rio-grandense que tem discos exclusivamente com pajadas, gravou em parceria com Noel Guarany, Cenair Maicá e Luiz Marenco, entre outros. Ninguém fazia uma declamação improvisada acompanhada de uma milonga ao violão, como ele.
PAJADA - (Payada)
A pajada é uma forma poética nascida na campanha argentina e uruguaia em meados do século retrasado, em geral é um repente em décima (estrofes de 10 versos), de redondilha maior (versos de sete sílabas) e rima entrelaçada (todos os versos rimam entre si, alternadamente).
As suas raízes remontam aos romances e quadras medievais e renascentistas, de temática popular, trazido pelos povoadores espanhóis do território platino. O contato com o linguajar e com o dia-a-dia da vida campeira, porém, adaptou essas expressões à realidade da campanha. O pajador surge, então, como um artista errante que leva aos mais distantes rincões, informação e entretenimento por meio do relato de improviso dos acontecimentos da capital (Buenos Aires ou Montevidéu).
Acompanhando-se ao violão no compasso de uma milonga ou solito, sem instrumento, era uma figura respeitadíssima; há relatos de que mesmo em campos de batalha o primeiro mate era dele, atropelando a hierarquia militar.
Ainda hoje, a “payada” (termo castellano) é uma expressão cultural forte nos dois países vizinhos ao nosso estado, com nomes como o uruguaio Gustavo Villón e os argentinos José Larraude e Argentino Luna; ela, no entanto, não vingou no Rio Grande do Sul. Poucos poetas e cantadores daqui, seguiram a tradição e os pesquisadores são quase unânimes ao apontarem Jayme Caetano Braun como sendo o único e autêntico pajador, brasileiro, capaz de payar em espanhol e enfrentar os mestres platinos, como o legendário uruguaio Sandálio Santos.
SUA TRAJETÓRIA
1943 - Começa a publicar poemas no jornal “A Notícia” - São Luiz Gonzaga.
1944 - Começa a atuar na política, participando em palanques de comício como “payador”. O poema “O Petiço de São Borja” (publicado em revistas e jornais do país, fala de Getúlio Vargas). Participa da campanha de Ruy Ramos com o poema “O Mouro do Alegrete”, como era conhecido. Nos anos seguintes, participa das campanhas de Leonel Brizola, João Goulart e Egídio Michaelsen.
1948 - Dirige o programa radiofônico “Galpão de Estância” - São Luiz Gonzaga.
1954 - Publica “Galpão de Estância” - seu primeiro livro.
1958 - Sai a primeira edição da coletânea “De Fogão em Fogão”.
1965 - Lança o livro “Potreiro de Guachos”.
1966 - Publica três livros: Botas de Garrão, Brasil Grande do Sul e Passagens Perdidas.
1973 - Participa do programa semanal Brasil Grande do Sul (Rádio Guaíba), com produção de Flávio Alcaraz Gomes - O programa ficou no ar, por 15 anos.
1990 - Lança o livro Payador e Troveiro.
1993 - Lança o disco Paisagens Perdidas, com sucessos como Mangueira de Pedra, Tio Anastácio, Cordeiro Guacho e Payada da Primavera.
1993 - Sai o disco Poemas Gaúchos, com sucessos como Payada da Saudade, Piazedo, Remorsos de Castrador, Cemitério de Campanha e Galo de Rinha.
1996 - Publica a antologia poética "50 Anos de Poesia".
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As mais célebres PAJADAS literárias, são:
Em primeiro lugar - SANTOS VEGA (1945), de Hilário Ascasubi, com 13.180 versos.
Em segundo lugar - MARTIN FIERRO (1872), de José Hernandes, com 7.210 versos (coplas).
Em terceiro lugar - FAUSTO ( . . . . ), de Estanislau Del Campo, com 1.278 versos.
Em quarto lugar - ANTÕNIO CHIMANGO (1915), de Ramiro Fortes de Barcellos (Cachoeira do Sul, RGS), com 213 versos (coplas).
CAETANO DA SILVA, JOAQUIM
Médico
Nasceu no município de Jaguarão (RS), no povoado Guarda do Cerrito a 2 de setembro de 1810. Seu pai, reconhecendo o formoso engenho do filho, fê-lo seguir bem jo¬vem à Europa a fim de estudar e dando esse passo, andou muito certo.
A 29 de agosto de 1837 o nosso patrício concluiu o curso de Medici¬na pela Faculdade de Montpellier, onde deixou a mais bela tradição do seu talento e do seu saber.
Antes da sua formatura, em 1828, recebia o diploma de membro da Sociedade de História Natural de Montpellier e, no ano seguinte, na Sociedade Literária Luso-Brasileira, fundada para o cultivo do nosso idioma, apresentava uma lista de 400 palavras que Morais esquecera no seu dicionário.
Em 1836, ofereceu ao círculo médico de Montpellier, um trabalho notável com o título “Fragmento de uma memória sobre a queda dos corpos”; por esse motivo, o círculo conferiu-lhe o diploma de “Sócio Titular”.
Como o seus recursos eram escassos, começou a ensinar o francês aos próprios franceses, com a competência de um parisiense de fina cultura inte¬lectual. Fazia isto para conseguir aumentar a sua biblioteca, já notável pela seleção.
Mais tarde, depois de uma longa ausência, voltou ao torrão natal, sendo logo incumbido de lecionar português, retórica e grego no Colégio Pedro II, que havia sido criado recentemente.
Em 1839, tendo deixado o cargo de reitor desse instituto, o bispo de Anemúria, foi nomeado para substituir o nosso patrício, que se pusera em foco na regência das cadeiras que aí lecionava.
Alguns anos depois, em 1851, serviu como encarregado de negócios nos Países Baixos, sendo nomeado, em 1854, cônsul-geral do Brasil no mesmo remo.
No desempenho dessa honrosa comissão, soube aproveitar as horas de lazer para escrever obra monumental, em dois volumes, “O Oiapoc” e “O Amazonas” sobre os limites do Brasil e a França.
Um distinto historiador, referindo-se a esse notável trabalho disse com inteira justiça, que o nosso patrício pronunciara a última palavra sobre esta delicada questão de Limites.
Foi, não há dúvida, o Dr. Caetano da Silva que, concorreu com o fulgor do seu invejável saber para elucidar da forma mais brilhante, os nossos direitos sobre o território que a França reclamava.
A essa vitória da nossa diplomacia está ligado, para sempre, o nome do ilustre rio-grandense, que não teve a ventura de assistir o desfecho da causa que defendera com o ardor das convicções sinceras.
Com a idade de 63 anos, acabou seus dias em Niterói, a 27 de fevereiro de l873, quase cego.
CAETANO PEREIRA, ANTÔNIO
Barão de Ibirapuitã
Nasceu no Rio Grande do Sul e faleceu em Sant’Ana do Livramento (RS) em 1892.
Foi grande estancieiro e Coronel da Guarda Nacional; recebeu o título em 1879, de D. Pedro II.
CALAGE, ROQUE OLIVEIRA
Jornalista escritor
Natural de Santa Maria da Boca do Monte (RS), nascido aos 15 de dezembro de 1888 e falecido em Porto Alegre (RS), aos 23 de maio de 1931.
Filiado ao Instituto Histórico e Geográfico do RGS.
Suas obras:
01 - Prosas de Ontem; 1908
02 - Terras Gaúchas; 1914
03 - Crônicas e Contos; 1920
04 - Terra Natal; 1920
05 - Rincão; 1921
06 - Imprensa e Independência; 1922
07 - O Drama das Coxilhas; 1923
08 - Discurso saudando Rubens de Barcelos; 1924
09 - Lendas Rio-Grandenses; 1925
10 - Vocabulário Gaúcho; 1926
11 - Quero-Quero; 1927
12 - O Gaúcho; 1927
13 - No Fogão Gaúcho; 1929
14 - Episódios da Revolução de 03 a 24-10-1930; 1930
CALDRE E FIÃO, JOSÉ ANTONIO DO VALLE
Médico
Caldre e Fião era um filósofo despreocupado dos interesses e ambições do mundo, um espírito superior, um grande coração.
Nasceu em Porto Alegre, a 22 de outubro de 1813 - Segundo declaração constante no seu testamento, Caldre e Fião nasceu em 15 de outubro de 1821 e faleceu em S. Leopoldo a 20 de março de 1876. Segundo Guilhermino César, o Dr. Caldre e Fião morreu em 19 de março de 1876 .
Doutor em medicina, pela Faculdade do Rio de Janeiro, viveu na Côrte ainda alguns anos depois de formado, até que se transferiu para a sua terra natal, onde continuou a pregação ali iniciada, em prol da Abolição.
Tomou parte ativa na política do Rio Grande. Quando o partido liberal se dividiu em históricos e progressistas, ele acompanhou o Conde de Porto Alegre, chefe do partido progressista, de quem fora sempre dedicado amigo.
Eleito deputado à assembléia provincial, deixou o seu nome ligado a todos os assuntos momentosos que ali foram discutidos, durante o período legislativo em que preponderou o elemento progressista.
Em 1845, depois de haver concluído os estudos na Academia de Medicina do Rio de Janeiro, fundou o “Filantropo” jornal de propaganda abolicionista de enorme destaque no seu tempo. Sobre “O Filantropo” diz Guilhermino César ter aparecido no Rio de Janeiro em 6 de abril de 1849.
O aparecimento dessa folha, consagrada com paixão à causa dos cativos, causou abalo naquele meio inteiramente infenso às idéias liberais.
Perseguido e ameaçado em sua vida, pelos que viviam à custa do suor do escravo, por insistência de amigos, abandonou o Rio de Janeiro e veio clinicar aqui, onde em pouco tempo se tornou popular pela competência e sentimentos humanitários.
Tendo mudado de terra, não mudou de idéias, continuando a trabalhar sempre, com a mesma veemência, pela causa dos oprimidos.
Viveu sempre pobremente, quando podia ter todo o conforto, quando podia acabar os seus dias comendo em pratos de ouro
Como médico de grande clínica, jamais exigiu retribuição dos seus serviços. Só os conscienciosos, espontaneamente, lhe recompensavam o trabalho.
Escreveu:
• “A Divina Pastora” - novela rio-grandense, 2 volumes (188 e 200 págs.) - Rio, 1847
• “Segundo Sacramento Blake”
• “O Corsário” (romance rio-grandense).
• “Elementos de Farmácia Homeopática” - Rio, 1846
• “Curso de Poesia Brasileira” - Rio 1847
• “Elogio dramático ao faustosíssimo batizado do príncipe imperial D. Pedro” - Rio, 1848
• “O Coronel Manuel dos Santos” (drama) - Rio, 184...
• “O Jardim da Noiva” (poesia) - Rio, 184...
• “Imerisa” - Rio, 184...
• “Ramalhete Poético” - Rio, 1849
• “Enciclopédia dos Conhecimentos Úteis” - Rio, 1849
Foi o primeiro presidente da “Sociedade Partenon Literário” (cuja revista ajudou a fundar aos 18 de junho de 1868, em Porto Alegre, na qual publicou poesias e estudos biográficos).
Morava numa casa de modesta aparência na travessa Paissandu, quando ainda não havia sido invadida por maus elementos, como foi mais tarde.
Sua esposa, D. Maria Isabel, fizera de um pequeno sítio, que possuía em São Leopoldo, a sua habitual vivenda, asilando aí as crianças, libertas pela lei de 28 de setembro e abandonadas pelos senhores que exploravam as mães escravas.
Pode-se, pois, dizer que o Dr. Caldre e Fião vivia no isolamento, entre as quatro paredes de sua habitação.
Não tinha horas marcadas para o repasto. Só vinha à casa quando a sua clínica o permitia. Tomava apenas uma refeição diária, um jantar de pobre, uma posta de peixe, comprada na venda, com um pedaço de pão ou duas rodelas de salame, rebatidas por uma laranja chupada na própria mesa em que escrevia os seus cintilantes artigos de propaganda.
Em 1866, quando a cólera-morbus invadiu a Porto Alegre, ninguém o excedeu em abnegação, em desprendimento e em sentimentos de humanidade.
Aqui, ali e em toda a parte o encontravam no seu posto de honra, praticando o seu belo evangelho, enquanto outros, aterrorizados pela peste, esqueciam seus deveres, diante do aspecto dantesco que apresentava a cidade desolada.
Á noite, na embocadura das ruas e praças, enormes fogueiras, alimentadas pelo alcatrão, davam ao povoado uma aparência sinistra, como se um medonho incêndio lavrasse, ao mesmo tempo, em diversos pontos; ainda, para mais vivamente impressionar o espírito já abatido da população, ouvia-se, de quando em vez, o ranger da grilheta dos encarcerados que cruzavam as ruas, conduzindo em padiolas as vítimas da peste. Esse som áspero e penetrante, quebrando o silêncio das horas mortas da noite, ressoava tris¬temente como dobres de finados.
E, à luz apavorante das labaredas das fogueiras, que ardiam nas ruas, desertas e silenciosas, via-se passar, apressado, ao lado de um ou outro, o Dr. Caldre e Fião, para ir socorrer os atacados da epidemia, sobre cujas ca¬beças ele espalmava as asas do seu carinho e da sua caridade infinita.
Como homem de letras ocupa um lugar saliente na geração do passado. Publicou o “Corsário” e a “Divina Pastora”, dois romances de feição rio-grandense, além de grande número de poesias.
Apesar da névoa dos anos branquear a sua cabeça, era um espírito sadio, forte, potente, no pleno vigor da juventude.
À proporção que o corpo envelhecia, sua alma parecia rejuvenescer dia a dia. As desilusões, as injustiças de uns, os ódios de outros e as invejas de muitos, jamais abateram a rigidez do seu temperamento de ferro.
O seu bem-estar e o de sua querida esposa sacrificou-os pela inexcedível dedicação pelos infelizes, para quem sempre aparecia como o anjo do bem.
CÂMARA LIMA, LEOPOLDO AUGUSTO DA
Barão de S. Nicolau
Nasceu no Rio Pardo (RS), em 09 de julho de 1805 e morreu aos 25 de fevereiro de 1881, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Filho de João Hipólito de Lima e de Maria Benedita Corrêa da Câmara (filha do I Visconde de Pelotas).
O Barão era casado com Margarida de Castro Delfim Pereira, viúva, filha dos Barões de Sorocaba e neta do I Visconde de Castro, diz Salvador de Moya, no seu “Anuário Genealógico Brasileiro”. Titulares do Império (ano III – 1941, S. Paulo).
Leopoldo Augusto da Câmara Lima recebeu em 08 de abril de 1879, o título de “Barão de S. Nicoláo.
O pai de Leopoldo era general e Reporteiro da Real Câmara por alvará de 1810. Leopoldo foi guarda-mór da alfândega da Côrte e Vereador de S. M. a Imperatriz.
Recebeu as condecorações brasileiras “Ordem das Rosa” e a “Ordem de Cristo”; a portuguesa da “Ordem de Cristo” e a francesa “Legião de Honra”.
CAMARGO, ANTONIO ELEUTÉRIO DE
Engenheiro
Conselheiro do Império
Tendo sentado praça, ainda muito jovem, fez com brilhantismo os cursos da Escola Militar e da antiga Escola Central, diplomando-se em engenharia.
Quando voltou ao torrão natal, era já tenente do corpo de engenheiros. Veio encontrar a província numa quadra de notável efervescência política e deixou-se por ela contaminar. Apaixonando-se em extremo pela luta dos partidos, filiou-se ao grupo liberal e cortou sua carreira militar, pedindo demissão do serviço do exército.
Em 1860, quando se agitou no Rio de Janeiro o lema de reforma ou revolução, projetou-se aqui a fundação de um jornal que fosse órgão do partido liberal. Criou-se a Reforma e foi o Dr. Camargo quem lhe escreveu o artigo inicial. Sempre indefectivelmente fiel à política de Silveira Martins, o Dr. Camargo trabalhou ativamente na Reforma, durante mais de 20 anos.
Membro da Assembléia Provincial, o Dr. Camargo também foi mais tarde, em diversas legislaturas, eleito e reeleito deputado geral. Sob o ministério Dantas em 1884, foi chamado para o governo do império, como ministro da guerra. Era ainda deputado geral e seria em breve senador, quando foi proclamada a República.
Dada a mudança das instituições, o conselheiro Camargo, apartando-se dos antigos companheiros de lutas partidárias, retraiu-se de todo à vida privada, entregando-se exclusivamente a estudos de gabinete e a trabalhos de engenharia.
Depois de 20 e tantos anos de agitações, ora coberto das efêmeras glórias que a política dá, ora tragando as rudes decepções em que ela é pródiga, o conselheiro Camargo, já com mais de 50 anos, chefe de numerosa família e tendo lutado, encontrava-se pobre, amargurado por muitas desilusões e pelo futuro da prole.
Atirou-se então resolutamente ao trabalho profissional, com a alentada energia de quem procurava ressarcir em breves anos o longo tempo penosamente malbaratado nas estéreis campanhas do partidarismo.
Em 1891, chamado para S. Paulo, ali lhe foi confiada a direção de importante estabelecimento bancário, posto em que a morte o colheu.
Como todos os políticos, a calúnia mordeu-lhe muitas vezes a reputação e o caráter; entretanto, os que vieram na sua intimidade e mesmo os que de mais longe o conheciam, sabem quão cheia de dificuldades de toda a ordem lhe foi sempre a vida, enquanto viveu para a política. Chegado ao termo de um longo tirocínio partidário, estava pobre, tendo que procurar no trabalho de todos os dias os meios com que prover a subsistência material.
CAMPOS, MANUEL JOSÉ DE
II - Barão de Guaíba
Nasceu em Porto Alegre (RS) em 1813 e ali faleceu em 1902; não tem nenhum parentesco com um outro “Barão de Guaíba” (grande fazendeiro no RGS, porém, de uma outra província).
Médico e figura de destaque da sociedade gaúcha; recebeu o título em 1887, de D. Pedro II.
CÂNDIDO, JOÃO
Marujo
João Cândido foi um negro marinheiro e herói, nascido no Rio Grande do Sul, filho de tropeiro.
João Cândido liderou a “Revolta dos Marinheiros” aos 22 de novembro de 1910, a bordo do MINAS (o maior navio de guerra do Brasil, na época).
Em 1910, na primeira página de O País, em artigo que marcou época, Gilberto Amado, exaltando a personalidade de João Cândido; o marinheiro que revoltou a Armada, para acabar com os castigos corporais, disse:
João Cândido foi o negro que violentou a História.
A João Cândido, queiram ou não, o Brasil deve a extinção da chibata, na Marinha de Guerra do Brasil, muito embora tivesse sido abolida no segundo dia da Proclamação da República, através do Decreto 3.
João Cândido, citado nas memórias de Afrânio Peixoto, endeusado por Gilberto Amado, Gustavo Barroso, Magalhães Júnior e violentamente atacado por Vivaldo Coaracy, comandantes H. Pereira da Cunha e Luís Autran de Alencastro Graça.
Todos os 18 marinheiros revoltosos, foram anistiados; sobre essa farsa, falou João Cândido, o seguinte:
“Fomos jogados nas masmorras subterrâneas da Ilha das Cobras , num cubículo onde normalmente caberiam duas pessoas. Éramos 18. A prisão era pequena e minava água por todos os lados. A gente sentia um calor de rachar. O ar era abafado. A impressão era que estávamos sendo cozinhados dentro de um caldeirão. Não nos deram alimento. Não havia água para beber e alguns, corroídos pela sede, beberam a própria urina.
Jogaram água com cal virgem sobre nós. Havia um declive e o líquido se evaporou no fundo da masmorra, ficando só cal. A princípio pensamos resistir à solitária; mas, ao cair da noite o calor era sufocante. Gritamos! As nossas súplicas foram abafadas pelo rufar de tambores. Tentamos arrebentar as grades. O esforço foi gigantesco. Nuvens de cal se desprendiam do chão, invadindo nossos pulmões. A escuridão era tremenda.
Os gemidos foram diminuindo até que caiu o silêncio dentro daquele inferno, onde o Governo Federal (em que confiamos cegamente), jogou 18 brasileiros com seus direitos políticos garantidos pela Constituição e pela anistia votada pelo Congresso. Pura e simples traição!”
O Deputado fluminense Jonas Bahiense de Lira, apresentou um projeto à Câmara, mandando conceder o posto de Suboficial à figura quase lendária de João Cândido, bravo comandante da Revolta dos Marinheiros, de 22-11-1910. João Cândido viveu humildemente, como simples vendedor de peixe, nas proximidades do mercado público do Rio de Janeiro.
É o seguinte, o texto do projeto mencionado:
“Art. 1º - Fica incluído na reserva remunerada da Marinha de Guerra Nacional, no posto de Suboficial, o ex-marinheiro da 1ª classe, João Cândido.
§ Único - O Ministério da Marinha fará reconstruir seus assentamentos militares, para que constem dos arquivos oficiais.
Art. 2º - Esta lei entrará em vigor, na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Ao pé do projeto, o Deputado fluminense Jonas, proferiu a seguinte justificação:
“João Cândido, então marinheiro de 1ª classe, comandou a chamada Revolta dos Marinheiros, aos 22 de novembro de 1910, comissionado no posto de almirante”.
A rebelião não por fim, a quebra da legalidade constitucional . . .
Por decreto do primeiro governo republicano, fora suprimido o uso do castigo corporal . . .
Mais cedo ou mais tarde a rebelião seria inevitável . . .
A Marinha Nacional controlou e dominou a situação . . .
Cessado o movimento, os revoltosos sofreram com estoicismo os mais bárbaros castigos . . .
A Marinha de hoje tem motivos, para orgulhar-se do gaúcho João Cândido . . .
CARDIA ALVES, BRENNO
Médico
Breno Cardia Alves era natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu aos 17 de março de 1888; filho do Dr. Protásio Alves e de Geralda Cardia.
Foi um ardoroso republicano, trazendo de berço, para zelar, quiçá robustecendo-a, a fé partidária de seu genitor; destarte politicamente, foi uma afirmativa a mais, de gloriosas e inesquecíveis tradições gaúchas.
Em Porto Alegre (RS), sua terra natal, fez os seus estudos preparatórios, ingressando depois na Faculdade de Medicina, em cujo estabelecimento doutorou-se no ano de 1917.
Cirurgião especializado em moléstias de senhoras, exerceu sua atividade profissional em querida cidade natal, não só em funções públicas, como em consultório particular; assim, foi médico da Assistência Pública, da Higiene Municipal e da Higiene Estadual.
Também, foi médico interno da Santa Casa de Misericórdia e Diretor da Enfermaria “Protásio Álves” - há muitos anos ao seu encargo e nas horas vagas, dedicando-se à agricultura em sua propriedade no município de Viamão (RS).
CARDOSO DE MENEZES, MANOEL DOS SANTOS
Dragão
Filho do Dragão José dos Santos Cardoso natural de Portugal, e de Ana Leopoldo de Menezes natural do Rio Pardo (RS).
Manoel dos Santos Cardoso de Menezes casou com Laurinda Cambraia natural de Triunfo (RS); o casal teve três filhos entre os quais Manoel Cardoso dos Santos Menezes, que não só possuía o mesmo nome do pai, como a carreira também, pois chegou a major do Exército e casou na cidade de Porto Alegre (RS), em 1880, com Briolanja Gonçalves Viana.
CARDOSO NUNES, RUY
Regionalista
Natural de S. Francisco de Paula (RS), nascido aos 25 de março de 1919.
Funcionário público Estadual, poeta lírico e regionalista; pertence à Academia Rio-Grandense de Letras e à Estância da Poesia Crioula, além de outras entidades culturais e tradicionalistas do RGS; seu pseudônimo “Vercingetorix”.
Suas obras:
01 - Desafio (trovas); 1949
02 - Almas Penadas (poesias); 1951
03 - Queimadas (poesias); 1957
04 - Museu das Taperas e Áporos Transcendentais (poesias); 1962
05 - Caçada em Mato Grosso (poemeto regionalista); 1969
06 - Hino às Cataratas do Iguaçu; . . . .
07 - Antologia da Estância da Poesia Crioula; 1970
08 - Dicionário de Regionalismos do RGS (c/ Zeno Cardoso Nunes); 1986
CARDOSO NUNES, ZENO
Poeta
Natural de São Francisco de Paula (RS), nascido aos 15 de agosto de 1917; poeta lírico e regionalista, foi funcionário publico, pertence à Academia Sul-Riograndense de Letras e à Estância da Poesia Crioula.
Suas obras:
01 - Versos; 1942
02 - Briga de Touros e Outros Poemas; 1962
03 - Dicionário de Regionalismos do RGS (c/ Ruy Cardoso Nunes); 1986
CARDOSO SALES FILHO, JOSÉ LUÍS
Barão de Ibirá-mirim
Nasceu em Porto Alegre (RS) em 1840 e faleceu em Nice (França) em 1904; era filho do “Barão de Irapuá”.
Casou com a filha do “Visconde de Mauá”.
Seguiu a carreira diplomática; foi durante 30 anos, Cônsul do Brasil em Londres (Inglaterra).
Recebeu o título em 1883, de D. Pedro II.
CARNEIRO DA FONTOURA, JOÃO
Dragão
João Carneiro da Fontoura (filho), nasceu no Rio Pardo (RS), em 1793 e faleceu em 1843; foi oficial das forças brasileiras; 6º filho dos doze que teve o casal João Carneiro da Fontoura (pai), capitão de Dragões, nascido no Rio de Janeiro (RJ) e de Josefa Bernardina da Cunha Menezes, do Rio Grande (RS), filha do capitão João da Cunha, de Lisboa (Portugal).
João Carneiro da Fontoura (filho), casou com Florinda Adolfo Carneiro, que nasceu na cidade de Triunfo (RS), em 1786 e faleceu na cidade de Porto Alegre (RS), em 1857.
Florinda Adolfo era filha do Sargento-mor Antônio Adolfo Charão e de Ana Clara do Nascimento.
João e Florinda tiveram quatro filhos: Balbina nascida em Caçapava (RS), que casou com o riopardense Marechal Gaspar Francisco Mena Barreto, então viúvo; Maria Josefa que casou com João Nolasco Pereira da Cunha, filho do Tenente-coronel Pedro Augusto Nolasco Pereira da Cunha, da Bahia; e os filhos homens José e João, o último casado com uma Pinto Bandeira.
João Carneiro da Fontoura 2º desta biografia. foi capitão.
CARVALHO PORTELA, MANOEL
Jornalista
Natural do Alegrete (RS), nascido aos 23 de dezembro de 1900 e falecido em Cachoeira do Sul (RS), aos 07 de junho de 1951.
Suas obras:
01 - Cachoeira - História e Informativa (monografia); 1940
CARVALHO, FERNANDO SETEMBRINO DE
Militar e Político
Natural de Uruguaiana (RS), nasceu em 1861 e morreu no Rio de Janeiro (RJ). Destinado pelos à Medicina, preferiu a Engenharia Militar. Estudou no Colégio Reis, na cidade de Pelotas (RS) e no Colégio Lobo, em Porto Alegre.
Assentou praça em 1877, com destino à Escola Militar do Rio Grande do Sul, indo terminar na Escola Militar do Brasil o Curso de Engenharia, recebendo o grau de Bacharel em Matemática e Ciências Físicas, com a turma de 1894, já alferes-aluno.
Sua primeira comissão foi a da construção de quartéis e fortificações na Província do Rio Grande do Sul, a cargo do Batalhão de Engenheiros, com sede na cidade de Cachoeira.
Como oficial subalterno, serviu no 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, passando depois para o Corpo de Estado-Maior de 1ª Classe.
Desde moço, demonstrou pendores políticos, acompanhando os propagandistas da República e da Abolição, tendo em 1885 feito parte de um clube republicano em S. Borja (RS).
Foi constituinte estadual de 1891, cabendo-lhe assinar a Carta de 14 de julho. Constitucionalizado o Estado, voltou o já Cap. Setembrino à sede de sua Comissão. Voltava, porém, logo depois, eleito Deputado Estadual à Assembléia dos Representantes, dissolvida pouco após pelo golpe de Estado de Deodoro.
Na repressão ao movimento federalista de 1893-1895, prestou grandes serviços, comissionado como Ten-cel. Feita a paz, trabalhou na construção da estrada de ferro Porto Alegre – Uruguaiana (RS), seguida da de Cruz Alta – Ijuí (RS).
Exerceu depois a chefia do Gabinete do Ministro da Guerra, a Inspetoria da 4ª Região Permanente em Fortaleza (CE) e o cargo de Interventor Federal no Ceará, em situação difícil para o Estado, perturbado pelo Pe. Cícero Romão Batista.
De volta, era feito General-de-brigada. Em novembro de 1914, era-lhe confiado o comando da última expedição contra os fanáticos do Contestado, onde seis já haviam fracassado. Conseguindo vencer os rebeldes, obteve o agora Gen. Setembrino a assinatura de um tratado definitivo de limites entre os dois Estados (Paraná – Santa Catarina), pondo fim à velha questão.
Foi à seguir, Diretor dos Serviços Administrativos do Exército, Comandante da 4ª Região Militar, Chefe do Estado-Maior do Exército e Ministro da Guerra no Governo do Presidente Artur Bernardes, em período difícil para o país. Exerceu nesse período, a Presidência do Clube Militar e foi o mediador entre os libertadores em armas, no Rio Grande do Sul e o Governo do Dr. Borges de Medeiros, obtendo, a 14-12-1923,a assinatura do “Tratado de Pedras Altas” que pôs fim à luta armada, com a reforma da “Carta Castilhista” de 14-07-1891.
Sua administração na Pasta da Guerra, foi profícua ao aparelhamento militar da nação. Promovido a Marechal, foi reformado pouco depois. O competente engenheiro militar, que sempre se salientou pelo grande cuidado nos uniformes e delicadeza do trato, viveu ainda até 1947, quando morreu aos 86 anos, na antiga Capital da República.
CASPANI, JULIO CEZAR
Advogado e Político
Natural de Uruguaiana (RS), nascido aos 7 de julho de 1936
Filho de José Ciro Caspani e Elim Mandagaran Caspani
Casado com Therezinha de Jesus Carvalho Caspani
Têm três filhas: Denise, Rejane e Lisete..
3 (três) netas e seis netos.
Reside em Cachoeira do Sul desde 1941
Cidadão Cachoeirense – Leis Municipais 1085/64 e 1240/67
Formação Escolar:
1º Grau: Escola Normal João Neves da Fontoura
2º Grau: Colégios Roque Gonçalves Cachoeira do Sul e Santa Maria – RS
3º Grau: Faculdade de Direito da UFSM
Cargos Eletivos:
Vereador mais votado 1968 – 1.641 votos – 6,52% votos válidos.
Vice-Prefeito – 1972- 14.046 votos – 45,73% dos votos válidos.
Prefeito Municipal – 1976 – 21.321 votos – 55,11% dos votos válidos.
Deputado Estadual – 1990 – 13.280 votos.
Presidente da Comissão de Finanças e Planejamento da Assembléia Legislativa do Estado 1991 a 1994.
Outros Cargos Públicos exercidos:
Presidente da AJACE – Associação dos Municípios do Vale do Jacuí Centro 1977 a 1980.
Procurador Jurídico da Prefeitura Municipal de Cachoeira do Sul 1971 a 1976
Diretor Administrativo e Financeiro – METROPLAN – 1983 a 1985
Coordenador da Comissão do Mercosul da Assembléia Legislativa do Estado 1995 a 1998.
Assessor Jurídico da Presidência do IRGA – 1999 a 2000.
Coordenador da Assessoria Jurídica da FEPAGRO – Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária 2004 a 2007.
Chefe do Gabinete do Presidente Claudio Pacheco Prates Lamachia - da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio Grande do Sul desde 2007/2008/2009.
Cargos, Funções e atividades desenvolvidas na comunidade:
- 2º Sgt. da Reserva do Exército Brasileiro – Fundador, Presidente e Consultor Jurídico do Clube dos Sub tem e Sgt da Guarnição Federal de Cachoeira do Sul .
- Professor do Ginásio e da Escola Técnica de Contabilidade Roque Gonçalves – Cachoeira do Sul.
- Membro da Diretoria da Subseção da OAB/RS.
- Membro de Comissão da Seção Regional da OAB/RS.
- Patrão do CTG José Bonifácio Gomes – Cachoeira do Sul
- Coordenador da V Região do MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho de 1969 a 1975.
- Consultor Jurídico do Departamento Municipal do Futebol Menor 1972 a 1976.
- Consultor Jurídico do Asilo da Velhice e da Creche Sagrada Família.
- Presidente do Lions Clube Cachoeira do Sul 1971.
- Fundador do Lions Clube Cachoeira do Fandango 1971
- Presidente de Divisão L8E2 do Distrito L8 de Lions Internacional 1972
- Assessor de Expansão do Governador do Distrito L8 de Lions Internacional 1973- 1987 e 1988.
- Vice-Presidente do Caiçara Piscina Tênis Clube.
- Membro do Conselho Deliberativo do Clube Comercial.
- Membro da Diretoria da Sociedade Rio Branco.
- Membro do COREDE CENTRO – Conselho de Desenvolvimento Regional da Região Centro do Estado.
- Fundador de vários Conselhos Comunitários no município de Cachoeira do Sul.
- Relações Públicas do MOCOCA – Movimento Comunitário Cachoeirense.
- Vice-Provedor do Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul – três mandatos consecutivos.
- Representante da Diretoria do HCB no Conselho da Escola Técnica de Enfermagem – três mandatos consecutivos.
- Membro e Presidente do Grande Conselho do HCB – Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul – RS.
- Membro do Conselho Fiscal do Circulo de Pais e Mestres do Colégio Barão do Rio Branco – Cachoeira do Sul.
- Membro do Conselho Fiscal da III FENARROZ.
- Sócio Fundador do Clube de Caça e Pesca de Cachoeira do Sul.
- Presidente e Membro do Conselho Deliberativo da AMICUS – 1988-1989 – Cachoeira do Sul.
- Membro do Conselho Deliberativo da FUNVALE – Cachoeira do Sul.
Distinções Públicas recebidas:
- Presidente 100% de Lions Internacional.
- Presidente de Divisão 100% de Lions Internacional.
- Prêmio Presidente Internacional João Fernando Sobral.
- Patrono do Recanto Infantil Ema de Bem Garcia.
- Sócio Honorário do Instituto Riograndense de Letras – 1978.
- Membro Benemérito do Centro Cívico Monteiro Lobato.
- Sócio Honorário do Baependy Pauzinho Clube.
- Sócio Honorário do CTG – Tropeiros da Lealdade.
- Sócio Benemérito do CTG – Lanceiros do Sul.
- Sócio Honorário da Estância da Poesia Crioula.
- Patrão de Honra do CTG – Estância do Chimarrão.
- Benemérito da Liga Operária Cachoeirense – 1982.
- Benemérito da União Operária 1º de Maio de Cachoeira do Sul.
- Grande Benfeitor do HCB – Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul – 1983.
- Grande Benemérito da Fundação Educacional do Vale do Jacuí Centro – 1982.
- Colaborador Emérito do Exército – 1980 e 1981.
- Amigo da Brigada Militar 1983
- Cidadão Honorário de Cachoeira do Sul – Câmara Municipal de Vereadores – 1977
- Prefeito Destaque – FAMURS – Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul – 1981 e 1982.
- Destaque Comunitário de Cachoeira do Sul – Jornal do Povo.
- Homem Público do Ano – 1979- 1980 e 1982 – Jornal do Povo.
- Liderança Masculina 1981 – Jornal do Povo.
Algumas informações do Caspani político
Vereador mais votado em 1968. Assumiu a Presidência da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul e atuou intensamente no legislativo municipal, ajudando o então Prefeito de Cachoeira do Sul, correligionário e amigo Dr Honorato de Souza Santos a impulsionar Cachoeira do Sul para o desenvolvimento. O município foi considerado município escola e a Câmara aperfeiçoou a legislação municipal: Códigos Tributário, de Posturas, Lei Orgânica Municipal e outras.
De 1973 a 1976, como Vice Prefeito eleito com o Prefeito Municipal Dr Pedro Germano assumiu por mais de trinta vezes o Governo Municipal por motivo de afastamentos do titular quando este realizava viagens interestaduais e ou internacionais a serviço ou quando tirava as férias anuais. Foi concomitante, procurador Jurídico do Município.
Eleito Prefeito Municipal, assumiu o Governo em janeiro de 1977, dando prioridade a projetos na área da educação e da cultura, destacando-se pelo grande numero de escolas construídas e ou ampliadas, promovendo ampla integração com os Ministérios da Educação e da Cultura e as Secretarias de Estado da Educação e da Cultura. Em seu período de Governo 1977 a 1982 Cachoeira do Sul foi município Polo Educacional e Cultural. Qualificou os quadros do magistério municipal e contribuiu para o aprimoramento do ensino com escolas públicas das redes estadual e pública e notadamente do ensino superior FUNDAÇÃO Educacional do Vale do Jacuí. Deu vigoroso impulso aos Distritos de Cerro Branco, Rincão da Porta e Paraíso e graças a isso ensejou o desenvolvimento desses distritos e suas posteriores emancipações.
Iniciou a implantação do entroncamento rodo-hidro-ferroviário, obra que teve substancial ajuda do Governo Federal. Mais tarde como Deputado Estadual receberia o apoio do Governo do Estado para a construção do cais do porto e outras obras viárias importantes para a região.
Efetuou considerável obra de pavimentação de ruas chegando a ter doze turmas de pavimentação em constante trabalho no perímetro urbano e promoveu melhorias nas estradas do interior, construções de pontes, alavancando a melhoria das condições de transporte da produção primária riqueza do município. Também deu continuidade aos projetos de canalização das sangas com a construção de galerias em parceria com o DNOS – autarquia federal, totalizando mais de onze km de obras na área urbana. Deu seqüência à Implantação da Praça Dr Honorato e construiu outras como a das Nações, Bairro Scopel, Bairro Fialho e outros. Levou iluminação pública em parceria com a CEEE e extensão de água para bairros e vilas em parceria com a CORSAN que também construiu dois novos e reservatórios de água na zona norte da cidade.
Deputado Estadual : presidiu a Comissão de Finanças da Assembléia Legislativa apresentando emendas em todos os orçamentos anuais durante seu mandato legislativo, entre elas recursos para o porto, estradas da região, saúde e educação, entre outras .
Ente outras realizações conseguidas com o Governador Collares e Sec Matheus trouxeram para
Cachoeira e Região, destaco a construção do cais do porto e a escola de tempo integral, o CIEP da Vila Quinta da Boa Vista próximo ao FUNCAP.
CASTILHOS, JÚLIO PRATES DE
Advogado e Político
O Patriarca
Natural de Vila Rica > hoje, Júlio de Castilhos (RS), nasceu na Fazenda da Reserva, aos 29 de julho de 1860.
Júlio Prates de Castilhos foi um desses indivíduos excepcionais, vindos ao mundo para servirem de exemplo, semearem pensamentos e atos que são como que uma espécie de oráculo, onde os presentes e os vindouros vão beber inspiração e conselhos.
Ele nasceu para cativar almas, dominá-las, dirigi-las, viveu cercado de amigos e correligionários submissos que o ouviam e o obedeciam como quem ouve a palavra do profeta e obedece a força do destino e, sempre assim foi.
Nos bancos acadêmicos já a insinuante figura de Júlio de Castilhos manifestava uma singular e irresistível força de atração.
Foi em S. Paulo, quando estudante, que Júlio de Castilhos fez suas primeiras armas na imprensa, ensaiando asas para vôos mais altos no dia em que houvesse disso mister.
Esse dia chegou e o jornalista surgiu, temível e invencível revestido de uma couraça de lógica resistente e inamolgável.
Formado em ciências jurídicas e sociais, em 1881, voltou para a terra natal, disposto a lançar-se fragorosamente à luta em prol do seu ardente ideal político.
A esse tempo a Federação, recém aparecida, fazia, sob a superior direção de Venâncio Aires, propaganda brilhante dos princípios republicanos.
Aos 20 de setembro de 1887, defende a instituição do dia 20 de Setembro, como o DIA do GAÚCHO - pelo jornal “A Federação”.
Estava-se em pleno movimento doutrinário e Júlio de Castilhos foi, como era natural, empolgado pelo órgão propagandista, só assumindo, porém, a sua direção em 16 de maio de 1884.
Seu artigo de estréia “A monarquia não tem homens” alcançou ruidoso sucesso. Daí em diante esteve sempre na brecha, batendo-se a favor da abolição da escravatura, contra o advento do terceiro reinado e explanando a questão militar.
São memoráveis os renhidos encontros que o moço jornalista teve de sustentar com os velhos e experimentados polemistas Carlos Von Koseritz e Ignácio de Vasconcellos Ferreira.
Aquele era o jornalista profundo, o polígrafo admirável, de reputação mundial. Este, o cronista leve, o poeta irônico, o estilista endemoninhado que se comprazia, por vezes, em lançar no papel o riso satânico de Voltaire de par com a zombaria cáustica do Rochefort (o último mosqueteiro do jornalismo, como lhe chamaram depois de morto).
Mas, Júlio de Castilhos a todos enfrentou, sem nunca perder o aprumo. Sua pena privilegiada não se embrenhava nos caminhos escuros; ia pela estrada direita e clara.
Apanhava os assuntos na berra e os comentava com sólido critério, apoiando-os ou repudiando-os, conforme serviam ou não ao seu critério político ou então, se era caso de polêmica, respondia ao adversário, opondo-lhe argumentação vivaz forte, erudita ou arteira, conforme o motivo na tela.
Não há o que negar; o seu artigo intitulado “O império e o exército” publicado na Federação, em fins de 1886, foi a primeira faísca que ateou o incêndio e reduziu a cinzas o edifício monárquico, em 1889.
Em seguida ao advento de 15 de novembro de 1889, assumindo o Visconde de Pelotas o governo da província republicana, foi Júlio de Castilhos nomeado Secretário de Estado, sendo que nesse caráter, foi ele verdadeira e unicamente o Governo.
Daí em diante, o excelso republicano foi uma forte vontade sempre em ação. Vemo-lo em toda a parte e influindo em tudo.
Levado à Constituinte Nacional, fez parte da comissão dos 21 e ficaram notáveis as emendas que apresentou à Constituição Federal, o calor, a convicção e a eloqüência com que as defendeu.
Nunca tergiversou. Podia transigir, como transigiu muitas vezes com os indivíduos, nunca porém, com as idéias políticas.
Quando foi o golpe de Estado de 05 de novembro de 1891, Júlio de Castilhos imediatamente se manifestou contra ele, sem pesar as conseqüências disso, nem inquirir do que podia resultar do seu protesto.
A esse ato seguiu-se um ligeiro levante; Júlio de Castilhos que estava na presidência do Estado, abandonou o Governo, reassumindo-o em 17 de junho de 1892, e passando-o por decreto da mesma data, ao Dr. Vitorino Monteiro, a fim de disputar a eleição do cargo, o que fez, tendo sido eleito por assombro¬sa votação.
Era uma firmeza ao serviço de uma causa santa, em cuja defesa não havia força hostil capaz de fazê-lo recuar.
Dotado de todas as raras qualidades que fazem os grandes homens, foi sobretudo um trabalhador indefeso e nem era de molde a consentir que outros mais do que ele trabalhassem pela República ou, para a República.
Esforçou-se sempre por ter a primazia, por ocupar a vanguarda, por agir em ampla luz, de maneira a ser visto por todos os olhos, por isso mesmo que abominava a sombra, o disfarce, o resguardo dos reposteiros, o retraimento.
Toda a vida timbrou em aparecer e no seu eloqüente manifesto de 1891, falando ao Rio Grande diz:
“Nunca fui, não sou, jamais serei capaz de procurar em um injustificável retraimento a satisfação de um bem estar, a obtenção das minhas comodidades pessoais”.
E nunca mesmo. Foi este, um dos feitios mais simpáticos da sua complexa individua¬lidade.
Sagaz conhecedor de todos os meios de ação, Júlio de Castilhos foi, na propaganda tenaz, ativo, rápido, incisivo. Arguto psicólogo, conhecendo os homens, sabendo vê-los por dentro e por fora, no Governo do Estado foi refletido, cauto, metódico e, por vezes, desconfiado.
De resto, jamais suportou quem lhe contrariasse a vontade. Agiu sempre por si, certo de que, como diz o provérbio:
“O homem forte e a água abrem caminho por si mesmos”.
Cícero na República observa que > “a virtude deve ser ativa e que o mais glorioso emprego dessa atividade é no governo do Estado.”
Com Júlio de Castilhos assim foi. Ao ocupar a curul presidencial, a guerra fratricida estalou violenta¬mente; mas nem assim o egrégio patriota esmoreceu.
Pelo contrário; a convulsão política, a epilepsia revolucionária do mo¬mento deram azo a que o homem de Estado se manifestasse com toda a máscula grandeza do seu gênio admirável e, Júlio de Castilhos enfrentou as hostes que hostilizavam o seu governo, preparou, pôs em ação todos os meios de ataque e de defesa e, ao mesmo tempo remodelava, organizava, fazia o Rio Grande do Sul republicano.
E fê-lo. Sua administração foi tão profícua que, mau grado a revolução que as¬solava e devastava os nossos campos, as nossas vilas e cidades, no termo do seu governo passou o poder ao seu sucessor eleito, com avultadíssimo saldo nos cofres do Tesouro.
Não se cuide, entretanto, que mesmo depois de celebrada a paz, em 23 de agosto de 1895, o magnânimo rio-grandense pode prosseguir no governo do Estado com serenidade e sem empecilhos.
Não, desde meados de 1895 até meados de 1896, o Dr. Júlio de Castilhos teve de opor tenaz e altiva resistência às constantes e impatrióticas sortidas de dois generais investidos do Comando do Distrito, contra a vida constitucional e a autonomia do Rio Grande do Sul.
O primeiro a sentir-lhe o guante da férrea energia foi o Gen. Galvão, que viera ao Estado com a missão de pacificá-lo. Porém este general, no desempenho de tão melindrosa comissão, não agiu com a devida imparcialidade e isso obrigou Júlio de Castilhos a contrariar-lhe, com soberba energia, os planos ambíguos.
Recordando esse conflito, assim se exprime o altivo presidente do Rio Grande do Sul, em sua luminosa mensagem de 20 de setembro de 1896, referindo-se ao Gen. Galvão:
“A sua irritada parcialidade traíra-se desde o primeiro momento. E dia por dia, a contar dos seus passos iniciais, até o embuste que empregou para simular a deposição das armas rebeldes, acentuou-se o seu criminoso desígnio de abater ou desprestigiar a ordem constitucional do Estado.
Às suas palavras, assistidas por uma descomunal indiscrição, correspondiam diretamente os seus atos, todos tendentes a alentar e fortalecer os impenitentes inimigos das nossas instituições, com os quais havia assumido delituosamente o insolúvel compromisso de lhes chegar às mãos a direção governamental do Estado.
Os seus insidiosos manejos durante a fase em que combinou as bases da pacificação; a adulteração proposital a que expôs o pensamento do Sr. Presidente da República, reproduzindo-a infielmente na ata de 23 de agosto, o que provocou uma solene retificação oficialmente publicada; o seu cerebrino telegrama dirigido ao Congresso Nacional sobre a necessidade de ser reformada a Constituição do Estado como condição essencial à consolidação da paz, no mesmo dia em que era esta por ele próprio proclamada como definitiva; o cuidado meticuloso que desenvolveu em evitar o efetivo desarmamento dos rebeldes; as artimanhas de que fez uso para promover a dispersão anárquica das forças civis que ainda estavam ao serviço da União; tudo isso obedeceu aos ditames daquele funesto compromisso”.
Por esta sintética exposição de fatos, vê-se que o cauto Presidente do Rio Grande do Sul e chefe do pujante partido republicano estava a par de todos os maus planos do assomado Comandante do Distrito, que chegou mesmo a anunciar vir à capital (ele estava em Pelotas), colocar a sua espada sobre a ilharga do Governo do Estado, resolvido firmemente e não deixar colher de surpresa, o que deu como resultado imediato a retirada do Gen. Galvão do Comando do Distrito.
Para substituí-lo, foi investido dessas funções o Gen. Cantuária, rio-grandense, e que “foi acolhido por entre demonstrações de geral apreço, despertando a mais simpática expectativa em torno da sua pessoa, como diz a referida mensagem.
Bem depressa, porém, o Dr. Júlio de Castilhos desiludiu-se da confiança que a princípio depositara na ação do Gen. Cantuária no Comando do Distrito e, forçado a entravar-lhe os maus passos na senda dúbia por onde investia. pôs as cartas na mesa e fez jogo franco.
Depois de várias conferências e árdua correspondência com o Gen. Cantuária, no sentido da consolidação da paz, consoante o espírito da ata de 23 de agosto, teimando esse general, embora vã, em exercer pressão sobre o patriótico Governo do Estado e a inculcar-se como um interventor. “armado de todos os poderes”, o altivo e enérgico Presidente constitucional do Rio Grande do Sul, depois de uma descabida exigência daquele, viu-se na contingência de romper com ele, assim terminando a serena e ao mesmo tem¬po irônica reposta que então lhe enviou:
“Por último, resguardando a autonomia do Estado, cumpre-me dizer-vos que com o regime republicano federativo, tal como está consagrado na Constituição de 24 de fevereiro, não se coaduna o exercício da “alta política” de que dizeis estar investindo, isto é, a função de garantidor da lei da anistia com as suas inevitáveis conseqüências.
Isso importaria uma ação interventora, que só pode ser exercida legalmente nos casos do art. 6º da mesma Constituição, nenhum dos quais ocorre atualmente.
Não me sendo lícito atribuir-vos o propósito de uma intervenção inconstitucional na existência autonômica deste Estado, rogo que me esclareçais sobre a natureza da referida “função política” a que expressamente aludistes”.
O general a isso nada respondeu e, pouco depois deixava o Comando do Distrito, licenciado pelo governo da União.
Júlio de Castilhos era assim de um estoicismo espartano, quando se tratava de defender a constituição e a autonomia rio-grandense.
São ainda da brilhante mensagem de 20 de setembro de 1896, as seguintes memoráveis palavras, dirigidas aos membros da Assembléia dos Representantes:
“Aproveito a ocasião para assegurar-vos que, enquanto me couber a suma honra de exercer a Presidência do Rio Grande do Sul, não vacilarei um instante em zelar digna e acuradamente a autonomia e prestígio do Estado, harmo¬nizando sempre a observância desta impreterível obrigação de honra com as inspirações de prudência reclamada pelas grandes responsabilidades da investidura presidencial.
Jamais deixarei de fazer sentir praticamente que neste amplo e fecundo regime federativo, do qual tive a ventura de ser um obscuro colaborador, quer a doutrinação de propagandista, quer nos trabalhos da gloriosa Constituição Nacional, não há lugar para baralhamento de funções, porque estão lucidamente discriminadas na lei magna da República, que prescreve onde termina a ação das autoridades federais nos Estados e onde começa a competência dos poderes locais.”
É porque assim sempre agiu, com indefesa tenacidade e honorabilidade incomparável, pôde o insigne estadista gaúcho, a despeito da guerra civil e da tormentosa situação que, depois de terminada aquela, criaram os seus adversários em torno da sua ação administrativa e cívica, manter “a autonomia e a dignidade rio-grandense, impolutamente, com a altivez imposta pela sua vigilante ressalva; conservar a firmeza inabalável do crédito do Estado, manifestada na contínua valorização e conhecida procura de seus títulos; apresentar sempre abundantes saldos orçamentários nos cofres do Tesouro; reorganizar condignamente os serviços da administração nos vários ramos; pôr em prática muitos melhoramentos materiais, estudar os projetos de outros e promover e incitar a educação republicana, quer cívica quer industrial, em todo o vasto território do Rio Grande do Sul”.
Enfim: O glorioso Estado gaúcho, que é tido na conta de poder servir de modelo à República, nasceu do incomparável patriotismo de Júlio de Castilhos (o Patriarca).
A ele se amolda, com magnífica precisão, o diamantino verso do imortal épico:
“Ditosa Pátria que tal filho teve.”
O Dr. Júlio Prates de Castilhos nasceu em Vila Rica (hoje, Júlio de Castilhos), a 29 de junho de 1860 e faleceu em Porto Alegre ao anoitecer de 24 de outubro de 1903, justamente no momento em que todos os olhos para ele se voltaram e nele viam o único homem capaz de salvar a República do abismo, para que rolava, impedida por uma força inflexível como a Fatalidade.
Júlio de Castilhos foi o super-homem de seu partido e para a conquista de tão alto posto “as suas virtudes foram os seus meios” > diria Burke.
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Desde o início de 1893 a violência estava aumentando, apesar das denúncias e apelos, mas os jornais continuavam colocando lenha na fogueira. Em janeiro, após sete meses de circulação interrompida, reaparecia O RIO GRANDE com o seguinte editorial: Por sobre cadáveres, comentando a posse do adversário Júlio de Castilhos no governo do Estado do Rio Grande do Sul. É um texto sinistro:
Pisando cadáveres ascende hoje ao governo do Estado o presidente da “legalidade” que, por mais refratário que seja ao sentimento de remorso, passará, sem dúvida, uma noite má. Sonhos sinistros lhe perturbarão a tranqüilidade do sono de que gozam exclusivamente as consciências puras.
Eis o que certamente verá o presidente:
Primeiramente duas esperanças da Pátria, os jovens Tavares, fraternalmente abraçados, vítimas do amor filial, vazados pelas balas dirigidas pela Polícia, contra seu digno pai.
Após – um respeitável ancião, laborioso e honrado, chefe de numerosa família – Frederico Haensel – com a espinha dorsal partida por traiçoeira bala da escolta policial que o conduzia preso por crime imaginário, que até hoje ignora-se qual seja.
Imediatamente, um benemérito da Pátria, que se bateu heroicamente nos campos do Paraguai, o tenente-coronel Moura, preso, inerme e a sangue frio assassinado, quem sabe após quantos tormentos.
Centenares de outras vítimas do canibalismo da patriotada passarão diante dos olhos do presidente. Depois chegará aos seus ouvidos um amargurado coro de soluços das viúvas, órfãos e mães que choram a perda de pais e dos filhos imolados barbaramente.
No meio de tantas vozes ouvirá o choro de Anália Haense, que silenciou sua voz harmoniosa de cantora ilustre, ouvida com aplauso pela Alemanha, que chora a perda do pai.
A legalidade chegou até as bordas do abismo pela prática de todas as violências e de todos os crimes e há de ser forçosamente no abismo precipitada.
Inicie sua administração instaurando processo contra os miseráveis assassinos do coronel Moura, veterano do Paraguai, Luís Gonçalves Pacheco, José Falcão, tenente honorário e outros cidadãos degolados em viagem de Cacequi para Rosário.
Chora Rio Grande a tua desdita e com o poeta digamos:
"Chora e chora tanto
Que o pavilhão se lave
No seu pranto."
Do livro "A patrulha de sete João" (de Euclides Torres - JÁ Editores - Maio / 2005), págs 143/4.
CASTRO ANTIQUEIRA, DOMINGOS DE
Visconde de Jaguarí
Natural da Freguesia de N. S. da Conceição de Viamão (RS); era filho de José de Castro Antiqueira e de Maria da Conceição.
Por Alvará de 12 de setembro de 1826, foi reconhecido Fidalgo Cavaleiro da Casa de S. M. I. e pelo Imperial Decreto de 18 de outubro de 1829, foi agraciado com o título de Barão de Jaguarí. Foi elevado a Visconde de Andaraí com honras de grandeza, pelo Imperial Decreto de 02 de dezembro de 1846; também era Comendador da Imperial Ordem do Cruzeiro.
Durante o movimento revolucionário de 1835, combatendo tenazmente os farrapos. Organizou um corpo militar, que sob o seu comando, teve destacada atuação nos combate verificados no sul da Província.
Em 1840, teve que emigrar para a cidade do Rio Grande, tendo sofrido grandes prejuízos ocasionados pelas forças farroupilhas, que vieram ao município de Pelotas, onde ele tinha a maior parte de seus haveres.
Por ocasião da Campanha do Uruguai, juntamente com o Visconde do Cerro Azul, foi quem mais contribuiu com dinheiro ao Rio Grande do Sul, cedendo grandes quantias ao governo de S. M. I.
Fazendeiro abastado no município de Piratiní (RS), era proprietário de uma chácara na Ilha dos Marinheiros, a qual denominou-a de “Filantropia”, porque o produto de sua renda contribuía para o bem estar de grande número de famílias pobres; além disso, concorreu largamente para diversas obras de caridade em Pelotas, onde ocupou vários cargos de destaque.
Domingos de Castro Antiqueira casou-se três vezes:
A primeira vez, com Joana Maria Bernardina, nascida e batizada na Freguesia da Conceição do Estreito (S. José do Norte), e falecida no Rio Grande, aos 28 de abril de 1810, cujos pais eram Manoel Domingos e Marcina Joaquina Bernarda.
A segunda vez, com Maria Joaquina de astro, que faleceu em Pelotas, aos 25 de julho de 1829.
A terceira vez, com Leocádia Amália de Castro, falecida no Rio Grande, aos 22 de novembro de 1866; era filha de João da Silveira e de Maria de Jesus.
Do primeiro e do terceiro matrimônio, não teve filhos, sendo todos do segundo casamento, como segue:
01 - Clara Joaquina;
02 - Domingos;
03 - João;
04 - Antônio;
05 - Maria Joaquina;
06 - José.
Faleceu em Pelotas (RS), aos 02 de maio de 1852 e está sepultado na Igreja Matriz daquela cidade.
CEZIMBRA JACQUES, JOÃO
Militar
Patrono do Tradicionalismo Gaúcho
João Cezimbra Jacques, filho do Cap. Inácio de Sousa Jacques e de Dª Rita Cândida de Cezimbra > nasceu em Santa Maria da Boca do Monte, aos 13 de novembro de 1849 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 28 de julho de 1922.
Voluntário da Guerra do Paraguai, foi alferes em 1875, oficial do Exército e reformado no posto de major. Declarou-se livre pensador e adepto da política positivista de Auguste Comte.
João Cezimbra Jacques suprindo com talento suas deficiências de cultura, atinge com certeiro golpe uma nova modalidade de estudos históricos. Não pretendeu rever o passado através dos sucessos culminantes da história guerreira ou política. Sensível à alma popular, no que ela tem de mais permanente (usanças, costumes, folguedos, técnica de trabalho), Cezimbra os relembra com agudo senso documental e idisfarçavel ternura.
Num livro de grande importância, o ENSAIO SOBRE OS COSTUMES DO RIO GRANDE DO SUL, tornou-se cronista das cousas de antanho, pondo no evocá-las uma acentuada preferência pela campanha. O monarca das coxilhas surde das páginas desse livro com a franqueza, a galhardia e o entono das eras primitivas. É completa a ressurreição. Com a sua prosa desativada, conduz-nos o autor ao “fogão gaúcho” de outros tempos, mostra-nos o duro trabalho do velho guasca transformado em peão de estância; e depois vem o folguedo, o canto à viola, as danças, tudo aquilo que, embora transformado pela civilização, reproduz com vivacidade o meio social do antigo Continente de São Pedro.
O livro de amor, desencadeou reações favoráveis à valorização da campanha como assunto literário; mas, não contente de ter escrito, Cezimbra Jacques levou mais além a sua devoção ao seu Pago. Assim, fez-se precursor das associações tradicionalistas, a teor do GREMIO GAÚCHO (22-05-1898) que fundou num dos arrabaldes de Porto Alegre, para que ali, à sombra de uns velhos umbus citadinos, se evocassem ao ar livre as danças, as cantorias, os folguedos característicos da fronteira. Essa entidade tradicionalista realizou o 1º desfile de cavalarianos gaúchos, na capital do Pampa.
Juntamente com João Simões Lopes Neto, fundaram em Pelotas a UNIÃO GAÚCHA (10-09-1899).
Em Bagé, fundou o CENTRO GAÚCHO DE BAGÉ (16-09-1899) e em Santa Maria, fundou o GRÊMIO GAÚCHO DE SANTA MARIA (12-10-1901).
Cezimbra Jacques buscou toda sua energia na ânsia de organizar e preservar uma tradição que nascia, sendo combatido pela elite urbana, de escassa ligação ao campeiro. A tradição gaúcha era frágil; os próprios sul-rio-grandenses defendiam a abertura de nossas fronteiras culturais, para outras influências estrangeiras. Não havia interesse na valorização das coisas “crioulas”. Uma cultura própria sempre era associada à origem da palavra gaúcho.
O papel que os rio-grandenses deveriam ter desempenhado, penetrando na intimidade das causas de Cezimbra Jacques, era o de depuração da má imagem estirpando as artérias da pejoração. Fortificar a essência forte de um povo heróico, valente, de ideal definido; o gigante centauro dos pampas; Ofereciam as asas do telurismo, mas era pouco!
Cezimbra Jacques, defensor de uma cultura crioula, não teve forças suficientes para entrincheirar sua causa. Refugiou-se no Rio de Janeiro, levando consigo o símbolo do amor devoto ao seu Pago << um saco de terra gaúcha >> que guardava em seu modesto quarto de hotel; queria que a terra lhe servisse de travesseiro, quando o sono da morte chegasse. Morreu com 73 anos de idade, longe do seu querido torrão gaúcho, que não aceitava sua luta, em seu ideal tradicionalista. Mais tarde, o “Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG” haveria de lhe cognominar de O Patrono do Tradicionalismo Gaúcho.
A volta ao autoctonismo (palavra na moda por aquela época) tomou, além daquela, outra direção na obra de Cezimbra.
O estudo do índio Rio-Grandense, isto é, das poucas famílias reunidas nos toldos de cima da serra, preocupo-o também. Examinou-lhes os hábitos, recolheu termos e expressões da sua meia-língua, esforçou-se por descobrir nas suas manifestações orais um farrapo de poesia; e assim, a despeito de não possuir conhecimentos mais amplos sobre esse gênero de pesquisas, realizou um levantamento precioso, fonte a que se vão abeberar muitos autores, ainda agora.
Nos ASSUNTOS DO RIO GRANDE DO SUL, com igual devotamento, continuou a forragear valiosas migalhas de uma tradição ameaçada. Repetindo o livro anterior em muitos pontos, renovando a matéria, retificando ou ampliando o quadro, Cezimbra Jacques completou a obra que o seu tradicionalismo quase religioso projetara em verdes anos.
Tinha um fervor pelas cousas do seu Rio Grande; a sua maneira de ver o passado histórico é que nem sempre coincidia com a de seus conterrâneos mais ilustres, talvez pela formação recebida em seus tenros anos.
Escreveu:
1 - Ensaio sobre os Costumes do Rio Grande do Sul (1883)
2 - Frases e Vocabulários de Abá-Neenga Guarani (1904)
3 - Meditações (1907)
4 - Assuntos do Rio Grande do Sul (1912)
5 - O Presidencialismo Puro: Novos Ideais Políticos (1915)
6 - O Direito na Sociologia (1917)
CHARÃO, ANTÔNIO ADOLFO
Dragão
Natural do Rio Pardo, nasceu em 1761 e faleceu em Caçapava aos 22 de março de 1835.
Antônio casou-se duas vezes.
A primeira em Triunfo (RS) em 1794, com Ana Clara do Nascimento, nascida em 1763, no Rio Pardo (RS) e falecida em 1823, na cidade de Caçapava (RS); era filha de Bartolomeu Bueno da Silva, nascido em Guaratingüetá (SP) e de Margarida da Silveira, da Ilha Faial (Açores).
A segunda em Caçapava (RS) em 1825, com Pacífica Júlia da Fontoura, que faleceu em 1882.
Teve oito filhos do primeiro matrimônio e cinco filhos do segundo.
Antônio Adolfo Charão chegou ao posto de tenente-coronel; uma de suas filhas, a Francisca Fausta da Fontoura Charão, casou-se com Hilário Pereira Fortes - que também consta como “Barão de Viamão”.
CHARÃO, VASCO ADOLFO
Dragão
Este Vasco é o 5º filho do primeiro casamento de Antônio Adolfo Charão.
Vasco nasceu no Rio Pardo (RS), em 1792 e morreu em 1849.
Casado em Caçapava (RS), no ano de 1821, com Cândida Leonor de Menezes (de Cachoeira), filha do Capitão Damazio dos Santos Menezes e de Severina Maria de Jesus.
O nome primitivo da família CHARÃO era SCHRAM. João Adolfo Schram, veio de “Brunsvwich” (Alemanha), era casado com a brasileira Cecília de Souza da Conceição, natural do Rio de Janeiro (RJ).
Desse casamento houve, entre outros, Antônio Adolfo Schram nascido no Rio de Janeiro (RJ), em 1721, Alferes de Dragão, casado no Rio Pardo em 1758, com Joana Veloza da Fontoura, natural da Freguesia de S. Pedro do Rio Grande.
Os Schram riograndinos passaram logo a Charão e do casal Joana e Antônio nasceram sete filhos que adotaram esse sobrenome aportuguesado.
Vasco tomou parte nas ocorrências militares de 1835.
CHAVES, ÁLVARO
Advogado
Nasceu aos 13 de setembro de 1863, em Pelotas e aí faleceu aos 22 de fevereiro de 1890.
O Dr. Álvaro Chaves foi uma das mais risonhas esperanças que já floresceram em terras do Rio Grande. Ramo de uma árvore genealógica brilhante e de uma seiva vigorosa, esse rapaz morto aos 27 anos de idade, prometia uma vida repleta de serviços à causa da liberdade e às letras da sua terra.
Herdara de seu avô e de seu pai nobilíssimas faculdades de trabalho, de inteligência e de caráter. Desde bem moço se pronunciara pelas idéias mais liberais e bebia sofregamente nos livros as lições que legara à humanidade a Grande Revolução.
Seu avô paterno, Antônio José Gonçalves Chaves, era um português culto, empreendedor, escritor dotado de profundo senso prático, e viera para a província em princípios do século passado. Foi, por assim dizer, o criador da cidade de Pelotas. Deputado à Assembleia Provincial, expôs e defendeu aí idéias adiantadas. Não era republicano, mas, ao explodir a revolução de 1835, foi perseguido pelos legalistas e viu-se forçado a emigrar para a República do Uruguai. Era anti-escravocrata e nas sua interessantes Memórias ecônomo¬ políticas sobre a administração pública do Brazil condena abertamente a escravatura “considerando-a irreconciliável com a economia política, contrária à constituição, oposta à moral e à força do Estado, e em número excessivo para o Brasil”.
Essas mesmas idéias de liberdade e humanidade atuaram magnificamen¬te no espírito de seu neto, e dos bancos acadêmicos vinha Álvaro Chaves, com forte e singular talento, pregando-as, espalhando-as sob uma orientação su¬perior.
Advogado e lançado na vida pública, onde o seu talento brilhava e o seu sólido preparo cercava-o de uma auréola de autoridade, o jovem pelotense procurou dar forma ao seu ideal e transformar em atos as suas idéias.
Nestas condições foi um dos fundadores do partido republicano rio-grandense e dos mais valentes propagandistas da abolição da escravatura.
Infelizmente, a morte veio ao seu encontro em pleno viço dos anos. Morreu muito moço, como se vê, mas teve a felicidade de ver, pouco antes de cerrar os olhos para sempre, realizados os seus sonhos de moço: a abolição da escravatura negra pela lei de 13 de maio de 1888 e a redenção dos escravos brancos, pela proclamação da República.
CHEUICHE, ALCY JOSÉ DE VARGAS
Regionalista
Natural de Pelotas (RS), nascido aos 21 de julho de 1940; veterinário, poeta lírico e regionalista.
Suas obras:
01 - La Brucelose Ches Le Toureau (sua tese); 1965
2 - Versos do Extremo Sul (poesias); 1966
03 - O Gato e a Revolução; 1967
04 - Entre o Sena e o Guaíba; 1968
CIRNE LIMA, LUÍS FERNANDO
Egenheiro Agrônomo
Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 01 de janeiro de 1933; além de Engenheiro Agrônomo, é Jornalista e Professor Universitário.
Em 1972, foi Ministro da Agricultura do Governo do Presidente Emílio Garrastazú Médice (1969-1974).
Usava o pseudônimo de Gavetão.
Suas obras:
01 - Contribuição ao Estudo da Raça Devon no RGS (pecuária); 1956
COELHO, ULYSSES
Militar
Ulysses Coelho era natural de Santana do Livramento (RS), filho do Capitão José Fausto Coelho (defensor dos princípios republicanos, na grande revolução de 1893).
Casou-se em 1904, na cidade de Santa Maria (RS), com Aura Fernandes com quem teve sete filhos: Ernesto Fernandes, Rivadávia, Adroaldo, Edy (casada com o Cap. Dario Arruda Gomes), Cyro, Nadyr e Neusa Fernandes; todos os filhos homens prestaram serviços de guerra (Rivadávia, como amanuenses da Secretaria do 11º Corpo Auxiliar; Ernesto, Adroaldo e Cyro, na Revolução de 1930).
Ulysses Coelho na sua mocidade dedicou-se ao comércio e mais tarde à indústria; desse modo, muito honrou a sua terra natal, dando o dignificante exemplo paterno à sua grei.
De 1923 até 1926, esteve militarmente mobilizado no desempenho de importantes missões, em obediência às ordens de seu partido e do governo do Estado; à princípio, participou da “Coluna do Sul” e logo depois se viu requisitado para ser Capitão-assistente da “Brigada do Centro” e nesse posto se conservou até o “Pacto de Pedras Altas” (firmado por Maragatos e Chimangos, em 14-12-1923).
Em 1924, quando novo surto revolucionário sacudiu o RGS, passou a servir como Capitão-ajudante no 11º Corpo Auxiliar da Brigada Militar, comandado pelo bravo gaúcho que foi o advogado Tenente-coronel Júlio Raphael de Aragão Bozano.
Em 1925, foi promovido e passou a exercer o cargo de Major-fiscal do 2º Corpo Auxiliar, em Quaraí (RS).
Quando se esboçou o movimento nacional de 1930, o nome de Ulysses Coelho, foi lembrado; assim, participou dos preparativos preliminares às ordens do Dr. Oswaldo Aranha, cooperando principalmente na organização do 9º Corpo, com elementos de S. Pedro (RS), comandado pelo Dr. Xavier da Rocha.
Vitoriosa a cruzada liberal e dissolvida essa força, Ulysses Coelho foi nomeado fiscal do 2º Regimento da Reserva.
Em setembro de 1931, achava-se à frente do governo de Canguçu (RS), para onde fôra nomeado Prefeito, por Decreto da Interventoria Federal.
COLLOR, LINDOLFO BOECKEL
Jornalista
Lindolfo Collor era natural de S. Leopoldo (RS), onde fez os seus estudos preparatórios, revelando inteligência invulgar desde menino.
Sempre deu mostras de acentuada inclinação ao cultivo das letras, bem como apreciáveis dons oratórios, qualidades essas que o fizeram conhecido ainda quando estudante, através de sua conferências literárias e científicas pelo interior do RGS.
Formado em Farmácia, não exerceu a profissão; isso porque, tendo ingressado na política filiado ao PRR (Partido Republicano Rio-Grandense), muito cedo foi aproveitado para o exercício de elevadas funções.
No Jornalismo, Lindolfo Collor teve oportunidade de pôr em prova profunda filosofia e superiores qualidades de polemista exímio; no O País e noutros grandes diários do Rio de Janeiro (RJ) e depois na A Federação (como diretor), mostrou-se um dos mais vigorosos jornalistas políticos.
Não menos brilhante foi a sua atuação na Câmara; Deputado Federal pelo RGS, participou de várias comissões, destacadamente e na discussão dos mais importantes problemas nacionais, a sua palavra, as suas opiniões foram sempre ouvidas com atenção e interesse.
Na “Conferência de Havana” (Cuba), como representante do Brasil, dirigiu-se com rara habilidade na discussão das teses em foco, criando para a sua pátria e para a sua pessoa, um ambiente de admiração e respeito.
Ao desenvolver a campanha Liberal; Lindolfo Collor colocou a sua palavra culta e conveniente a serviço da causa nacional, estendendo-se a sua ação até ao surto revolucionário de 1930; e ao ser organizado o “Governo Provisório da República Nova” conhecidos que eram os trabalhos do jovem rio-grandense sobre questões sociais, o Dr. Getúlio Dorneles Vargas entregou-lhe a “Pasta do Trabalho” (recém criada).
Foi então que Lindolfo Collor desenvolveu a maior atividade de sua vida de homem público, organizando essa formidável obra que vem servindo de base à nossa legislação social; por seu esforço, hoje podem ser discutidos os direitos e os deveres de trabalhadores e empregadores, importantíssimo problema até agora relegado a plano secundário, ou esquecido pelos governos politiqueiros.
Aí está, se bem que ainda incompleta, uma ampla legislação social, marco inicial de futuras conquistas à mais poderosa parcela da população mundial - o operário.
Estudioso das questões que hoje revolucionam o universo, a sua inteligência avançada anteviu as conseqüências perigosas da revolta de uma grande massa que começa a compreender a sua situação na coletividade.
Assim foi ao encontro das aspirações proletárias dentro da divisa - Façamos a revolução antes que o povo faça. Porque, verdadeiramente, Lindolfo Collor fez a revolução do problema social no Brasil, até bem pouco considerado questão de polícia, na expressão de um dos últimos presidentes da época, pondo em execução idéias que a muitos de seus correligionários menos avisados, pareceram avançados em demasia.
Acontecimentos imprevistos privaram o “Governo Provisório” da colaboração deste operoso “Ministro do Trabalho” mas, a sua obra ficou e posteriormente foi enfeixada em decretos, atualmente em pleno vigor a; “CLT” (Consolidação das Leis Trabalhistas); criada em 1º de maio de 1943, através do Decreto nº 5.452; por esta lei foram criados: o Salário Mínimo, o Salário Família, Trabalho Noturno e outros direitos trabalhistas.
CORRÊA DA CÂMARA, ANTÔNIO MANOEL
Conselheiro
Natural do Rio Pardo (RS), nascido em fins do século XVIII; era filho de Patrício José Correia da Câmara, de quem herdou o título de “Visconde de Pelotas”.
Afim de que Correia da Câmara tivesse uma educação aprimorada, seu pai o mandou, ainda bastante novo, para Lisboa, matriculando-o no Colégio dos Nobres, o melhor educandário daquele tempo, em Portugal.
Depois de terminados os seus estudos, viajou Correia da Câmara por muitos países europeus e da Índia, de onde trouxe uma cultura elevada, que pôs a serviço da sua terra, ocupando diversos cargos importantes no governo do Brazil, após seu regresso à Pátria.
Retornando ao Brazil pelo ano de 1822, por ocasião da Proclamação da nossa Independência, foi logo nomeado para exercer o cargo de Cônsul, em Buenos Aires.
Em 1826, deixou o consulado de Buenos Aires, para ocupar iguais funções no Paraguai, retornando ao Brazil no ano de 1829, com o fim de desempenhar cargos mais elevados.
Ao rebentar a Revolução Farroupilha, aliou-se aos farrapos, tendo sido escolhido por Bento Gonçalves, em 1839, para Embaixador junto ao governo do Paraguai, voltando assim àquele país, no qual havia sido Cônsul anos atrás.
Citamos aqui De Paranhos Antunes, relatando esse fato, em seu livro “Episódios e Perfis de 1835” > A 8 de maio de 1839, despedia-se o Embaixador do governo farroupilha, numa audiência especial, recebendo as últimas ordens e seguindo para aquele país, sendo acompanhado até regular distância, por um Ministro de Estado e por luzido esquadrão.
Mais tarde, voltando à sua Pátria, assumiu a direção da Repartição de Estatística, em nosso Estado, funções essas que desempenhou por longo tempo e cujos serviços executou sempre com invulgar inteligência.
Sobre a última estação da vida de Antônio Manoel Correia da Câmara, relata-nos Aquiles Porto Alegre, a quem devemos grande parte das biografias dos filhos ilustres de Rio Pardo, que “apesar de ter muitos parentes e amigos, morava só, sentindo-se bem na sua solidão, completamente entregue aos seus estudos, na ânsia de saber. Era um neurastênico, ou por outra, um esquisitão. Um dia, a 30 de junho de 1848, o encontraram morto, enregelado, em cima da cama, como se não tivesse um único amigo, para assistir aos seus últimos momentos.”
CORRÊA DA CÂMARA, ANTÔNIO MANOEL
Militar
Nascido no Rio Pardo (RS), é o segundo filho do I Visconde de Pelotas; fez seus estudos no Colégio dos Nobres, em Lisboa (Portugal).
Serviu no exército francês, viajou pela Europa e Ásia, visitando demoradamente as Índias.
Foi Cônsul do Brazil, em Buenos Aires (Argentina) e encarregado dos Negócios do Império do Brazil, no Paraguai.
Em 1845, voltou para o seu Rio Grande de S. Pedro, onde veio a dirigir a Estatística; possuía o fôro de Cavaleiro da Casa de S. M. Imperial; foi ainda, Conselheiro e Sargento-mor.
Faleceu no Rio de Janeiro (RS), em 1848.
CORRÊA DA CÂMARA, BELCHIOR
Político
Nasceu no Rio Pardo (RS), em 1808; 2º filho do General Bento José Corrêa da Câmara e neto do Dr. Antero José Ferreira de Brito, que foi secretário particular de Sebastião José de Carvalho e Mello - Marquês de Pombal.
Belchior casou-se na Capital do Brazil (RJ), com Eufrásia Marsch Euback, nascida no Rio de Janeiro (RJ) e falecida na cidade de Porto Alegre, em 1850; era filha do inglês Joseph Euback (de Durham - Inglaterra) e de Eufrásia Marques (de Porto Alegre - RS).
CORRÊA DA CÂMARA, FREDERICO
Militar
Frederico Corrêa da Câmara foi o 8º filho do casal General Bento Corrêa da Câmara e de Maria Bernarda Ferreira de Brito.
Frederico nasceu no Rio Pardo (RS), em 1820 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1857.
Casou-se em 1845, na cidade de Porto Alegre (RS), com Maria Fortunata de Andrade Vasconcelos, filha de José Joaquim de Andrade Vasconcelos e de Josefa da Cruz Silva de Andrade,
Frederico ingressou na Marinha Imperial do Brazil, atingindo o posto de Capitão de Mar-e-guerra.
Um filho do casal Frederico e Maria Fortunata, com o mesmo nome do pai, também foi Capitão de Mar-e-guerra, além de doutor.
CORRÊA DA CÂMARA, JOSÉ ANTÔNIO
General
II Visconde de Pelotas
Natural de Porto Alegre (RS), nasceu aos 17 de fevereiro de 1824. Era filho de José Antonio Fernandes de Lima.
Ainda menino sentou praça no 3º Regimento de Cavalaria, a 15 de setembro de 1839, marchando no mesmo dia para o campo de luta a fim de combater os revolucionários.
Tomou parte na campanha contra o ditador de Buenos Aires, de 1851 a 1852, servindo sob as ordens do Brig. Manoel Marques de Souza, o herói de Monte Caseros.
Na guerra de 1864, contra o Estado Oriental, o Maj. Corrêa da Câmara, apesar de ser da arma de cavalaria, ofereceu-se para combater no sítio de Paissandú. Tais serviços prestou, sendo elogiado em ordem do dia, pela intrepidez, calma e valentia de que dera prova naquela ação.
Em 1865 assistiu ao sítio de Uruguaiana. Em 1866 tomou parte na memorável batalha de 24 de maio e nos combates de Curuzú e Curupaití, em 1867 no ataque às posições de Tuyu-Cué. Em 1868, achou-se nos ataques de Passo-Pocio e de Espinilho. Distinguiu-se na batalha de Avaí e no reconhecimento de Lomas Valentinas. Atacou o inimigo no Passo-Tupiuno, assistindo, depois, à batalha de Campo Grande.
A 19 de março de 1870 teve a glória de pôr termo à guerra do Paraguai, vendo o ditador Solano Lopes expirar, na fuga, diante dos seus olhos.
Logo após a conclusão da guerra, foi agraciado com o título de Visconde de Pelotas.
Chegando ao Rio Grande, foi convidado para exercer o cargo de Ministro da Guerra. Delicadamente se excusou, alegando motivos de moléstia, quando a causa única era ser liberal e não lhe ficar bem a sua entrada para um gabinete conservador.
Em 1880, foi escolhido senador pela sua província e, pouco depois, nomeado Ministro da Guerra, tendo imprimido à sua pasta o cunho da mais severa justiça.
Tomou parte ativa na Questão Militar, motivada pela repreensão ao Cel. Sena Madureira, tratando, com energia no senado, deste delicado assunto.
Numa ocasião em que o II Visconde de Pelotas ocupara a atenção da alta câmara, abalado com a sua presença na tribuna, o Barão de Cotegipe que nem sempre guardava a compostura da sua elevada posição, deu-lhe um aparte em tom irônico.
O Gen. Câmara, fitando-o de alto a baixo, respondeu-lhe ao pé da letra: “O caso não é para galhofa. O nobre senador verá em breve”. Pouco depois realizava-se a profecia do nosso ilustre patrício: desabava o trono e surgia vitoriosa a República.
Tendo o Marechal Deodoro, no mesmo dia do advento do novo regime, confiado-lhe o governo do Rio Grande, o nobre visconde amparou-o, desde logo, com o prestígio do seu nome glorioso, servindo-o sempre com a maior lealdade e dando a todos os mais belos exemplos de desprendimento.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 1893.
CORRÊA DA CÂMARA, PATRÍCIO JOSÉ
I Visconde de Pelotas
Patrício José nasceu à bordo, antes do navio chegar a Lisboa, em 1737, era filho de Gaspar José Corrêa da Câmara e Isabel Inácia Corrêa James.
Casou-se aos 24-05-1780, com Joaquina Leocádia da Fontoura, nascida em 1776, no acampamento de São Caetano e descendente dos primitivos colonizadores da Capitania de S. Pedro.
O casal teve quinze filhos: Rita (1781-1820); Pedro José (1782-1825); Antônio Manoel (1783-1848); Maria Benedita (1784-1827), que casou com o Brigadeiro José Hipólito de Lima; Bento (1786-1851), que casou com Maria Benedita Ferreira de Brito irmã do Barão de Tramandaí; Francisco (1788); Ana Leocádia (1789-1840), que casou com José Medeiros de Albuquerque; Flora (1790-1842), que casou com José Antônio Fernandes Lima, irmão de Maria Elisa Júlia de Lima que casou com o Visconde de São Leopoldo; Leonor (1792-1865); Francisca (1793-1846); Lourenço (1794-1810); Joaquina (1796-1801); Úrsula (1797-1841), que casou com João Marcos Vieira de Souza; Bárbara (1797-1841), gêmea com a precedente; Patrício (1798-1865), que casou com Ana Cândida Vieira.
Quando chegou ao Brazil, já era capitão com serviço prestado em Portugal e na Índia, mas adotou a nacionalidade gaúcha (depois da nossa independência, em 1822).
Radicado no Rio Grande do Sul, comandou na tradicional cidade de Rio Pardo (por mais de 50 anos), a tropa de fronteira e daí procede sua descendência.
Tomou parte nas campanhas do Rio Grande colonial de 1801, 1811 e 1816, chegando ao posto de Tenente-general, Comendador da Ordem de São Bento de Aviz e da Ordem de Cristo, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real desde 1808 e depois, da Casa Imperial Brasileira e possuindo várias medalhas militares.
Patrício José Corrêa da Câmara em 1825 obteve o título de Barão de Pelotas e em 1826 o de I Visconde de Pelotas. Radicado no Rio Grande de S. Pedro, comandou na tradicional cidade de Rio Pardo, a fronteira meridional do Brazil e daí vem grande parte da sua descendência; a do II Visconde Pelotas vem quase toda de Porto Alegre.
Tomou parte nas campanhas do Rio Grande colonial de 1801 (Missões), 1811 e 1816 (Cisplatina), quando chegou a Ten-cel., Cavaleiro e Comendador da Imperial Ordem de S. Bento de Aviz, Comendador da Imperial Ordem de Cristo, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real desde 1808, Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial do Brazil e possuía diversas medalhas militares.
Era senhor de muitas propriedades rurais, entre as quais a “Estância do Cerro Feio” com duas sesmarias (300 quadras de campo) situada entre os arroios Palmas e Iruí, [hoje, pertencente aos sucessores de Carlos (Caloca) Máximo da Silveira no município de Encruzilhada do Sul] e uma outra estância, de cinco léguas e meia (480 quadras de campo).
Patrício José Corrêa da Câmara morreu com 90 anos, aos 28-05-1827.
CORRÊA DA CÂMARA, PATRÍCIO JOSÉ
Militar
Este Patrício José é o 6º filho do Patrício José Correa da Câmara (Visconde de Pelotas - I), aliás com o mesmo nome de Patrício, existem três:
1 - Patrício José (Visconde de Pelotas - II);
2 - Patrício José (filho de Pedro José);
3 - Patrício José (deste verbete), nasceu em Rio Pardo (RS), em 1798 e faleceu em Porto Alegre (RS), no ano de 1865.
Este Patrício José era casado com Ana Cândida Vieira, filha de Antônio Álves Guimarães e de Mariana de Jesus; o casal teve dois filhos, um homem e uma mulher que contraiu casamento com o filho do “Visconde de Castro” (que era por sua vez, irmão da “Marquesa de Santos” Domitila de Castro Canto e Mello).
Patrício José Corrêa da Câmara foi sargento-mor e major, tinha a comenda da Ordem de Cristo e em 1827, obteve a mercê do fôro de Fidalgo Cavaleiro da Casa de S. M. I.
Sua esposa conseguira a doação de uma sesmaria ainda ao tempo de solteira, sendo que as terras em apreço ficavam em Cruz Alta (RS).
CORRÊA DA CÂMARA, PEDRO JOSÉ
Militar
Primeiro filho do casal do “Visconde de Pelotas - I”. Sem querer tornar-nos românticos ou fazedores de frases vulgares (diz, Dante de Laytano), diríamos que Pedro José foi um homem que enlouqueceu de amor, pois ao perder a esposa, não resistiu ao golpe e, sentimental ou nervoso, a verdade é que ele ficou irremediavelmente doido.
Pedro José, aos 10 de setembro de 1822, por alvará da Côrte, fôra feito Fidalgo Cavaleiro da Casa de S. M. Imperial.
Era tenente do Exército; teve dois filhos: Patrício e Joaquina que casou com o ajudante Luiz Carlos de Lorce ( ? ).
CORRÊA, AUGUSTO JANUÁRIO
Militar
Augusto Januário Corrêa era natural de Arroio Grande (RS), onde nasceu no “Dia de S. Pedro e S. Paulo” - 29 de junho de 1873; filho de José Januário Corrêa.
Augusto teve uma única filha, Adelaide Corrêa casada com João Guilherme Benitez, também oficial brigadiano.
Augusto figurou na “Força Policial do Estado” - que depois se chamou “Guarda Cívica” - mais tarde “Corpo Policial” - e finalmente “Brigada Militar do Estado do RGS”.
Nessa milícia conservou-se até 1925, ano em que se reformou. De invulgar operosidade em prol da causa, di-lo eloqüentemente a série de nomes sob cujas ordens serviu:
Marechais Carlos Frederico de Mesquita e Antônio Adolpho da Fontoura Mena Barreto;
Generais Francisco R. de Lima, Arthur de Andrade Guimarães, Carlos Maria da Silva Telles, Tito Pedro de Escobar e Salvagé;
Coronéis Thomaz Thompson Flores, Aristides da Câmara e Sá, Antônio Pedro Caminha e Tupy Ferreira Caldas.
Depois de reformado como coronel, passou a residir em Sapucaia (RS), descansando das agruras de multíplices campanhas em que foi parte integrante o velho e valoroso soldado republicano, trazendo consigo o atestado eloqüente de sua inteligência e bravura, em conseqüência de ferimento recebido aos 22 de novembro de 1924, nos desfiladeiros do Cerro da Conceição, na Serra do Caverá, em Rosário do Sul (RS); comandava, então, luzido destacamento que foi batido por Honório Lemes (o Leão do Caverá), revolucionário cachoeirense.
CORREIA LEITE, ALBERTO
Poeta
Alberto Correia Leite morreu como antigamente morriam os poetas brasileiros muito criança.
Era um verdadeiro temperamento de fidalgo. Se houvesse nascido num berço nobiliárquico, de pai titular, não teria talvez com mais “pose”, nem mais ereta figura, conduzido seus passos na vida. Seu pai, porém, só foi vis¬conde depois do poeta morto. Moreno, bonito mesmo, Correia Leite impunha-se e brilhava nas rodas dos rapazes do seu tempo.
Era empregado no comércio, quando publicou o seu livro Sarças. A crítica, então, não o poupou, mais pelo gosto de ferir o moço poeta, era um tanto irônico, para dizer mal dos versos, não eram de todo maus.
Contudo Alberto Correia Leite se ressentiu da perversidade zolista e retirou seu Livro da circulação. O poeta é que ele não podia retirar, porque não está no poder do homem tirar ao homem aquilo que ele traz do berço.
Continuou, pois o poeta a aparecer na imprensa, notadamente no “Correio do Povo”, que era um verdadeiro cenáculo, onde figurava, com brilho incomparável, a moça e a velha intelectualidade rio-grandense, e como Correia Leite, malgrado o seu espírito fidalgo, era, não raro, sarcástico e um bonito rapaz corno eu já disse, assinava as suas belas produções com o pseudônimo de Quasímodo, a repelente carcassa do sineiro que Vitor Hugo imortalizou em “Notre Dame”.
Seria hoje um dos grandes poetas rio-grandenses, se a morte o não arrebatasse, na fatídica noite de 2 de fevereiro de 1898, quando acometido de cruel enfermidade estava em tratamento no hospital da Beneficência Portuguesa.
Alberto Correia Leite nasceu na cidade de S. Pedro do Rio Grande, a 04 de setembro de 1871 e, era irmão do jornalista e poeta rio-grandense Mário d’Artagão, que residia em Portugal.
Além do seu livro Sarças, deixou em revistas e jornais uma copiosa produção, que daria um importante volume, por onde melhor se poderia julgar do estro e da fina arte do infortunado poeta do Brasil meridional.
CÔRTE REAL, AFFONSO JOSÉ DE ALMEIDA
Coronel Farroupilha
Nasceu aos 19 de novembro de 1809, na Tranqueira Invicta, Rio Pardo (RS), filho do Capitão de Dragões, Francisco de Borja de Almeida Corte Real (natural do Algarve) e de D. Maria Angélica da Fontoura (natural do Rio Pardo – RS); Avô materno era o Brigadeiro Antônio Pinto da Fontoura.
Côrte Real tendo apenas 16 anos, tomou parte como cadete dos Dragões do Rio Pardo, na campanha de 1825; distinguiu-se nas lutas farroupilhas, alcançando o posto de coronel das forças republicanas.
Herói do Combate do Taquarí; prisioneiro com Onofre Pires na Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, conseguindo fugir. Deixou nome pela sua coragem e elegância.
No dia 18 de junho de 1840 (apenas entrando nos 30 anos), achava-se Côrte Real, com quatro companheiros de aramas, na fazenda de Marcos Alves Pereira Salgado, perto do lugar chamado “Barba Negra”, quando ali chegou uma escolta, das forças de Chico Pedro, sob o comando de João Patrício de Azambuja.
Côrte Real e seus amigos deixaram despreocupadamente o piquete que se aproximasse, convencidos de que se tratava de gente do General Antônio de Souza Netto, que nesse dia deveria chegar ao local.
Quando, verificado o engano, Côrte Real recolhia-se para dentro de casa, foi atingido por duas balas, caindo ingloriamente morto, no corredor de entrada.
A morte, a triste morte do lidador gaúcho, foi muito sentida no Rio Grande de São Pedro, quer pelos farrapos, quer pelos próprios defensores do Império.
FONTE: Vultos da epopéia Farroupilha - 1935, págs. 181-185 - Othelo Rosa
COSTA CABRAL, ULISSES JOSÉ DA
Professor
Nasceu em Porto Alegre, aos 24 de setembro de 1855. Era filho de Cândido José da Costa Cabral e de D. Maria Jacinta Pereira Cabral, professora pública.
Aos doze anos de idade a 1º de janeiro de 1867, matriculou-se no Colégio Gomes; aí esteve dois anos, entrando como interno, para o colégio do padre Massa.
A 04 de março de 1873, sentou praça no exército, ficando, desde logo, empregado no quartel general, como amanuense.
A 13 de novembro de 1876, seguiu para o Rio de Janeiro, a fim de matricular-se na Escola Militar, no ano seguinte.
Como aluno da Escola Militar, começou a lecionar no Colégio Menezes Vieira, porque os seus pais eram pobres e ele não queria exigir sacrifícios deles.
Como vice diretor desse colégio, Ulisses Cabral demonstrou as raras aptidões que possuía para a ingrata vida do magistério.
Menezes Vieira não podia encontrar um companheiro para ajudá-lo nos trabalhos escolares como o nosso patrício.
Saindo promovido a alferes, pouco tempo depois, abandonou a carreira militar e fundou, então, o “Ateneu Brasileiro” (importante estabelecimento de ensino que alcançou invejável notoriedade).
Pelas suas mãos, passaram diversas gerações; muitos dos seus discípulos ocuparam agora elevadas posições em todas as carreiras, o que desvanecia imensamente o velho mestre.
Ulisses Cabral era de sensibilidade infantil, muitas vezes seus olhos marejaram, quando recordava um ou outro aluno que o honrava.
Mais tarde, por insistência de sua mãe que estava muito velha, voltou ao torrão natal; ela não queria fechar os olhos para sempre sem o ter perto de si.
Estabeleceu aqui, no Campo da Redenção, o “Ateneu Brasileiro”. Nessa época foi nomeado vice-reitor do “Ginásio Júlio de Castilhos” e aí prestou serviços de tal natureza que nunca poderiam ser esquecidos.
Coube-lhe, então, a regência do curso elementar, onde ele sentia-se bem à sua vontade, tratando os alunos com o maior carinho, como se fossem seus filhos.
Sabia tratar as crianças; parecia um pai amoroso, afagando os filhos, ele que nunca o fora, que nunca experimentara as doçuras da paternidade.
Fez sempre do trabalho uma religião e tanto assim, que nos últimos tempos, acometido da fatal doença que o levou, enquanto pôde, vinha sempre ao Ginásio, subia as escadas, cansado, arrastando-se . . . mas cumprindo o seu dever, dando a vida ao seu ideal, que era a vida do seu belo espírito!
COSTA PEREIRA FURTADO DE MENDONÇA, HIPÓLITO JOSÉ DA
Jornalista
Natural de Povo Novo (depois, Rio Grande), Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, nasceu aos 13 de agosto de 1774, um nome de valor, quase de todo desconhecido em sua terra natal.
Bem jovem ainda seguiu para Lisboa, a fim de completar ai a sua educação literária, revelando, desde logo, o seu belo talento. Na corte portuguesa, em 1792, tratou largamente da conveniência de transferir a corte para o Brasil, colocando-a no centro da província de Minas. Essas idéias produziram grande ruído na metrópole, visto contrariar os interesses dos poderosos, que preferiam o “status quo”.
Não houve no Brazil, nem em Portugal, por todo o primeiro quartel do século dezenove, quem o sobrepujasse no jornalismo. Enquanto lá e cá a idéia ficava afogada sob a copiosidade das flores de retórica, sob os excessivos e fertilíssimos arreios do modismo clássico, então, além de que a censura mais draconiana constrangia a franca expansão da inteligência em princípios adiantados, condicentes com a incorruptível dignidade do pensamento > Hipólito, graças à feição peculiar que lhe imprimira no estilo a tradicional sobriedade britânica, sabia expor com inexcedível clareza, com invejável simplicidade e com liberdade (se bem que, mareada de anglicanismos a pureza do seu vernáculo), tudo quanto julgava convir aos supremos interesses da sua pátria.
Em tais condições se viu ele que, foi obrigado a deixar Lisboa, do dia para a noite, receoso da fúria da Inquisição, encontrando então seguro asilo em Londres.
Apenas chegou aí, tratou logo da publicação do Investigador Português e do Correio Brasiliense, dois jornais bem acolhidos, não só no Brasil como em Portugal. Essas publicações eram lidas com ansiedade, por toda a parte, até no próprio paço de D. João VI, no Rio de Janeiro.
Durante três lustros - pois só abandonou a clava jornalista em 12-12-1822, após ver realizada a sua máxima aspiração, isto é, a Independência do Brazil - combateu, tenazmente e inexoravelmente as muitas instituições aberrantes dos verdadeiros princípios humanos, ainda viçosos no reino luso e propagou, luminosamente e perseverantemente as idéias de emancipação econômica e de libertação política da sua terra natal.
Nos seus escritos vibrantes de patriotismo, aconselhava abertamente a emancipação do Brazil, ao regime monárquico constitucional. Infelizmente, o excesso de trabalho para poder viver, num clima ingra¬to, abreviou-lhe os dias, vindo a falecer, em 11 de setembro de 1823, longe da ter¬ra que tanto amou com extremos de filho apaixonado.
COSTA PEREIRA, JAYME DA
Militar e Advogado
Jayme da Costa Pereira era natural da cidade do Rio Grande (RS), nascido aos 28 de setembro de 1887; filho de Henrique José Pereira Júnior e de Judith da Costa Pereira.
Casou-se com Wanda da Silva, com quem teve uma única filha, chamada Ilka Silva Pereira (professora).
Jayme da Costa Pereira sempre teve o espírito dinâmico, colocando-se ao serviço de úteis e valorosas causas, emprestando a sua vivacidade e o brilho de sua inteligência; dir-se-á mesmo que era sua particularidade desdobrar-se continuamente, desde muito jovem, aproveitando as suas elevadas aquisições intelectuais, como militar de curso, na Escola Militar e, mais tarde como Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (RS).
Jayme da Costa Pereira saiu Aspirante a Oficial em 1910, depois passando pela hierarquia militar do Exército Brasileiro, tendo como Ten-cel. o encargo de Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (RS) e depois, Inspetor Federal do Ensino Secundário, no Ri Grande do Sul.
Mas não parou aí, antes, foi mais longe ainda a série ininterrupta de trabalhos; foi Instrutor na Brigada Militar do RGS, de 1910 até outubro de 1920, comissionado no posto de Capitão; em 1924, foi comandante de um “Corpo Provisório”; foi Conselheiro Municipal, no período da administração do Dr. Octavio Rocha; foi Deputado Estadual do RGS, dos Representantes, de 1929 à outubro de 1930, quando foi a Assembléia foi extinta.
COUTO E SILVA, GOLBERY DO
Militar
Natural de Rio Grande (RS), nascido aos 21 de agosto de 1911; cérebro do regime de exceção do governo brasileiro (1964-1985).
Suas obras:
01 - O Tiro de Morteiro (técnica); 1939
02 - Planejamento Estratégico (técnicas); 1955
03 - Planejamento de Fortalecimento do Potencial Nacional (técnicas); 1956
04 - Geopolítica do Brasil (comentários); 1967
CRUZ JOBIM, ANTÔNIO MARTINS DA
Barão do Cambaí
Antonio Martins da Cruz Jobim, nasceu aos 20 de novembro de 1809, em Rio Pardo. Era filho de José Martins da Cruz (acrescentou o Jobim ao seu nome, como lembrança do lugar onde nascera, em Portugal) e de D. Eugênia Rosa Pereira Fortes.
Antônio casou-se com Ana de Sousa Brasil que faleceu em Rosário, em 1881; era irmão da Viscondessa de Sabóia.
Foi um homem muito rico, filântropo, fazendeiro, protetor de diversas sociedades de caridade e contribuiu de seu bolso para a Guerra do Paraguai. Proprietário das fazendas de “Cambaí” e “Santa Teresa” (município de S. Gabriel - RS).
Revelando desde os mais verdes anos uma pronunciada vocação para a vida comercial, não quiseram seus pais torcer-lhe o destino para que tendia e, com este propósito o enviaram em mui tenra idade para o Rio de Janeiro, onde começou a praticar em uma importante casa.
Naquele vasto campo de ação a inteligência do nosso jovem patrício se exercitou indefesamente e em pouco as suas reais aptidões para a profissão lhe abriram as portas para os maiores empreendimentos nesse tão honroso quão espinhoso ramo de atividade humana.
Caráter austero, apesar dos poucos anos, probidade a toda prova, crédito sólido, o jovem rio-grandense foi bem depressa aproveitado para uma sociedade comercial, a que se dedicou de corpo e alma, consagrando-lhe o melhor do seu tempo, da sua inteligência e, tendo nesse caráter voltado para o Rio Grande do Sul, onde se conservou sempre na direção de seus negócios.
Sempre ativo e empreendedor, o nosso perfilado atingiu a um alto grau de fortuna, sem que a sua riqueza colossal o enchesse de soberba ou o impelisse para as molezas sibaríticas do ócio.
Pelo contrário, manteve até o fim da vida uma formosa linha de simplicidade proletária, amando o trabalho como fonte fecunda de preciosos bens e pondo a sua fortuna ao serviço das grandes causas nacionais.
Foi assim que prestou serviços relevantes à legalidade, durante a revolução de 1835, tendo sido por isso agraciado com o hábito da imperial Ordem da Rosa, com a comenda da Ordem de Cristo e afinal com o título de Barão, em 1859.
Também, por ocasião da porfiada campanha que sustentamos com a República do Paraguai, o nosso apelo da nação, fazendo duas avultadas ofertas para as despesas da guerra.
Em S. Gabriel onde residiu muitos anos, foi um dos maiores benfeitores da Santa Casa de Misericórdia, tendo tido sempre aberta a sua bolsa para auxiliar todas as empresas nobres e para socorrer todas as misérias.
Deste preclaro varão pode-se dizer que, foi um semeador incansável e, do que incansavelmente semeou, fartamente colheu para si e para o seu semelhante.
CRUZ JOBIM, JOSÉ MARTINS DA
Médico
A cidade de Rio Pardo foi o berço do Senador José Martins da Cruz Jobim. Aí ele nasceu aos 2 de fevereiro de 1802 (Coruja Filho [Dr. Sebastião Leão] aponta a data de nascimento como sendo em 26/02/1802), sendo seus pais o Tenente José Martins da Cruz e D. Eugenia Fortes.
Descendente de pais pobres e desejoso de aprender, seguiu, criança, para o Rio de Janeiro, onde se matriculou como interno, no Seminário de S. José, que naquela época gozava de merecido renome.
Nesse tempo, entre nós, ninguém cuidava de instruir seus filhos. A única preocupação era a guerra, era a resistência aos espanhóis que buscavam, à viva força, conquistar o Rio Grande. Já haviam se assenhoreado de uma vas¬ta extensão do território à margem do Uruguai e tentavam ainda alargá-la em todos os rumos.
Rio Pardo era então uma praça-forte, ameaçada a cada instante pelos nossos inimigos, que invadiam o solo natal, destruindo tudo o que encontravam, como hordas de vândalos, dominados pela loucura da destruição.
A geração daquela época não tinha onde ilustrar o espírito, vivia em contínuos sobressaltos como num acampamento, ouvindo a todo o momento, os rufos de tambores, o grito de alerta das sentinelas que guardavam a paliçada e o tiroteio da fuzilaria das guardas avançadas.
Dessa geração de fortes, que é o nosso mais legítimo orgulho, nos veio o grande Poeta Manoel de Araújo Porto Alegre, com o seu imortal Colombo e o guerrilheiro legendário Andrade Neves que, à ponta de lança, deixou entre lauréis, as mais belas façanhas de valor e heroísmo.
Para glorificar Rio Pardo bastaria apenas um nome dessa formosa trindade, se já não estivesse na última fase de formação uma nova estrela de pri¬meira grandeza, o Dr. Ramiz Galvão, para agrupar-se a essa radiosa cons¬telação austral. . .
Mas... concluindo o nosso jovem patrício os seus estudos no Seminário de S. José, seguiu para Paris, matriculando-se na Academia de Medicina.
Tendo falecido seu pai, veio da França visitar o torrão natal e recolher a pequena herança que lhe cabia, para completar os seus estudos.
O quinhão paterno era muito diminuto, mas auxiliado pelos parentes conseguiu concluir o curso de medicina, deixando entre os lentes e colegas a mais bela tradição do seu grande valimento.
Apenas chegando ao Brasil, com o bom nome que conquistara em Paris, José Bonifácio (o Patriarca da Independência), que era então tutor dos filhos de Pedro I, o nomeou médico do Paço.
Quis assim, o fundador da nossa nacionalidade, dar um testemunho de admiração pelo jovem laureado que honrara o país no estrangeiro.
Mais tarde, dando-se uma vaga de lente na Escola do Rio de Janeiro, o Dr. Cruz Jobim apresentou-se a concurso e foi nomeado para exercer a cadeira de Medicina Legal.
Poucos anos depois, foi escolhido para diretor da mesma escola, exercendo esse cargo, com invejável competência, durante 21 anos.
Como lente e diretor do estabelecimento escreveu diversas monografias que qualquer sábio europeu não desdenharia em subscrevê-las.
Em 1848, sendo então lente jubilado, começou a sua carreira política entrando para a Câmara, como representante do nosso Estado.
Em 1851, tendo se dado uma vaga de senador no Estado do Espírito Santo, seu nome foi incluído na lista tríplice e escolhido pela coroa.
Íntimo amigo de D. Pedro II, que o considerava pela respeitabilidade de caráter, como homem de ciência e pelo desapego aos bens de fortuna, mais de uma vez, foi á Europa em comissões particulares do imperador.
Como médico gozou sempre da maior consideração pela solicitude com que tratava os doentes e ainda mais, pelo seu desprendimento. Nunca apresentou uma conta dos seus serviços, nem teve à porta da casa a placa designativa da profissão que exercia.
Tanto interesse ligava aos grandes como aos mais humildes que o procuravam para alívio dos seus males.
Era um homem raro, não só pelo saber, como pelos dotes do coração.
Quando faleceu a 25 de agosto de 1878, (Barão de Rio Branco em “Efemérides Brasileiras” registra a data de morte como sendo em 23/08/1878), seu passamento causou a mais dolorosa impressão na sociedade carioca, que tinha, pelo nosso ilustre patrício, uma espécie de idolatria.
CRUZ, MILTON CEZIMBRA DA
Advogado
Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 27 de fevereiro de 1880 e falecido em Bagé (RS), aos 21 de dezembro de 1929.
Bacharel em Direito, Poeta e Professor; assinava Milton Cruz.
Suas obras:
01 - Hinário Cívico (versos); 1913
02 - O Brasil e os Estados (versos); 1914
03 - Gaúchos (sonetos regionais); 1918
Consta que publicou outros trabalhos.
CUNHA BITTENCOURT, JOSÉ BERNARDINO DA
Médico
A vida do Dr. José da Cunha Bittencourt, nascido na cidade de Porto Alegre, a 3 de janeiro de 1827, encerra em belo exemplo de quanto pode a força de vontade quando conjugada com uma inteligência superior.
Filho de pais pobres, sentiu desde a mais verde infância pronunciado pendor para o estudo da medicina e, mau grado as dificuldades de ordem material que se acumulavam, conseguiu matricular-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se formou em Homeopatia, aos 23 anos de idade.
Freqüentava o 3º ano do seu curso médico, quando teve a infelicidade de perder seu pai que, apesar de pobre, concorria com modesta pensão para manter o filho nos estudos.
Eis como um admirador do Dr. Bittencourt descreve esse momento triste de sua vida:
“Tendo ciência o seu correspondente, o Sr. Filgueiras, proprietário da fábrica de tecidos de Santo Aleixo, que seu genitor havia falecido, avisou ao Dr. Bittencourt que, daquela data em diante, não podia mais contar com os seus recursos para prosseguir os seus estudos, oferecendo-lhe, na mesma ocasião, um lugar no seu estabelecimento fabril.”
“O Sr. Bittencourt rejeitou a proposta, declarando-lhe que, se queria ser-lhe útil e prestar-lhe um favor, continuasse a dar-lhe a mensalidade que seu falecido pai tinha estipulado que, depois de formado, lhe pagaria integralmente.”
De fato assim sucedeu. Entretanto, o Dr. Bittencourt para melhor cumprir seus nobres desíg¬nios e compromissos financeiros, empregou-se como revisor do “Correio Mercantil” do Rio, de propriedade do Dr. Joaquim Anselmo Alves Branco Muniz Barreto. Sendo ainda insuficiente seus recursos, o Dr. Bittencourt apresentou-se candidato ao concurso de um lugar de interno do Hospital da Marinha. Obteve o 1º lugar e foi nomeado.
Em 1852, vejo para sua cidade natal e, pouco depois, apresentou-se candidato avulso à Assembléia Provincial; foi eleito por enorme votação. Desse ano em diante teve uma vida política longa e agitada, sendo um dos mais acatados chefes do partido conservador.
Em 1868 foi eleito deputado geral. Seus serviços à terra natal foram muitos e de superior relevo; entre estes, contam-se a criação da Escola Normal e o curso de infantaria da Escola Militar.
O Dr. Bittencourt foi médico da Beneficência Portuguesa e por serviços prestados nesse posto foi condecorado pelo governo português com a comenda de Vila Viçosa.
Também, por serviços que prestou por ocasião da cólera-morbus, o governo imperial o agraciou com o Hábito da Rosa.
O Dr. Bittencourt era muito religioso e concorreu grandemente para a construção do Seminário Episcopal.
Este ilustre varão morreu na cidade de Porto Alegre, a 25 de novembro de 1901; o seu maior elogio está nas palavras com que um jornalista seu admirador encerrou o seu necrológio > “tudo o que foi, deveu a si somente.”
CUNHA CARLOS, ORLANDO DA
Advogado
Natural de Cachoeira (RS), nascido aos 22 de junho de 1902; era filho de João Baptista Carlos e de Faustina da Cunha.
Aos 26 de dezembro de 1924, Bacharelou-se em Ciências Jurídica e Sociais, na 22ª Turma da Faculdade de Direito de Porto Alegre, hoje Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; logo após formar-se retornou à Cachoeira onde instalou banca de advocacia, passando a ter destacada atuação na profissão, na política, na imprensa e nos mais variados setores da sua comunidade.
Casou em Cachoeira, aos 29 de junho de 1927, com Jacy Camargo, de quem teve duas filhas:
01 - Vera, casada com Núbio Silva Flores, residentes no Rio de Janeiro, que geraram:
a - João Orlando, casado com Lígia Flores;
b - Elisabeth Carlos, residente no Rio de Janeiro.
02 - Nora, casada com Carlos Adolfo Maia, residentes em Porto Alegre.
Adquiriu, para sua própria residência, o palacete (casarão de 31 cômodos, construído na década de 1930, pelo Dr. David Barcellos), situado na rua Marechal Floriano, em Cachoeira do Sul; entretanto, o Dr. Orlando Carlos (segundo proprietário daquele imóvel), morou pouco tempo lá, devido aos cargos que passou a exercer em Porto Alegre.
Intelectual de apurado gosto literário, produziu trabalhos de esmerada concepção e fino estilo, tanto em prosa como em verso. Devido ao seu feitio simples e retraído, muitas das produções não tiveram divulgação; ignora-se, por exemplo, se chegaram a ser publicados três sonetos de sua lavra, intitulados: Antagonismos, Carne em Flor e Tupã Irado, cujos manuscritos, datados de 16, 19 e 22 de dezembro de 1921, respectivamente, “ele” os ofertou a um amigo a quem dedicara o primeiro deles.
ATIVIDADES
a - Advogado inscrito na OAB - Seção do RGS, sob nº 108 - exercendo a profissão desde 1924;
b - Advogado do Banco do Brasil S/A, desde 04-12-1924 a 01-04-1973;
c - Membro Efetivo do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul;
d - Conselheiro Municipal (Vereador) em Cachoeira, de 1928 a 1930;
e - Inspetor Federal do Ensino Secundário, de 01-01-1932 a 30-06-1943;
f - Secretário das Obras Públicas, do Rio Grande do Sul, em 1945;
g - Deputado à Assembléia Legislativa, do Rio Grande do Sul, 1949 / 1950;
h - Assessor Especializado na Assembléia Geral de Planejamento e Estudos da
Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil, em 1951;
i - Professor de Introdução à Ciência do Direito, na Faculdade de Direito de Porto Alegre - UFRGS, em 1953;
j - Secretário da Agricultura, Indústria e Comércio, do Rio Grande do Sul, em 1955 / 1959; foi nessa época que Orlando da Cunha Carlos teve a idéia de implantar a “Companhia Estadual de Silos e Armazéns” - CESA;
k - Presidente do Rotary Club de Cachoeira , em 1962;
l - Presidente do Diretório Regional do Partido Libertador e membro de seu Diretório Nacional, até 1964;
m - Presidente do Rotary Club de Porto Alegre, em 1965 / 1966 e até o fim de sua vida;
n - Presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, BRDE, desde 1972 até 1977;
o - Vice-presidente da Associação Brasileira de Bancos de Desenvolvimento, ABBDE
TÍTULOS E DISTINÇÕES
Pela meritória dedicação à “Ordem dos Advogados do Brasil” - OAB e à classe, à causa pública e à comunidade, recebeu os seguintes títulos e distinções:
01 - Título de Comendador e prêmio Medalha Osvaldo Vergara, outorgado pela
Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Rio Grande do Sul.
02 - Homenagem do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, dando o seu nome às instalações, em Cachoeira do Sul, do Complexo Armazenador da Companhia Estadual de Silos e Armazém, da Secretaria de Agricultura e, colocando no pórtico um marco com a sua efígie, em dezembro de 1982.
03 - Homenagem da Prefeitura Municipal de Cachoeira do Sul, dando o seu nome a Avenida Orlando da Cunha Carlos (antiga Av. das Nações), na zona leste da cidade, em dezembro de 1982.
04 - Medalha Negrinho do Pastoreio, homenagem do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em 1981.
05 - Medalha Cidade de Porto Alegre, homenagem da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em dezembro de 1980.
06 - Medalha Segundo Centenário da Fundação de Porto Alegre, homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre, em março de 1972.
07 - Medalha República Italiana, conferida pelo Presidente Giovani Gronchi, em 1958.
08 - Medalha República de Portugal, conferida pelo Presidente General Craveiro Lopes.
09 - Medalha Primeira Reinion Extraordinaria de Alide - Madrid, septiembre de 1975.
10 - Medalha Sesquicentenário da Independência do Brasil.
11 - Medalha Cinqüentenário de Erechim (1918-1968), homenagem da Feira
Regional Industrial Agropecuária de Erechim, FRINAPE / 1968.
12 - Medalha 5ª Festa Nacional do Trigo, de Joaçaba (SC), em 1956
13 - Medalha 1ª Exposição Agro-Pecuária e Industrial de Canela (RS), em
dezembro de 1955.
14 - Medalha 5º Congresso Tradicionalista do CTG Rincão da Lealdade, de
Caxias do Sul (RS).
15 - Medalha conferida pela Companhia União de Seguros.
16 - Medalha Estado Maior das Forças Aramada - EMFA, na recepção que, como Presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE, fez aos estagiários da Escola Superior de Guerra, em 1973.
17 - Medalha e Diploma de Companheiro Paul Harris, concedida pelo “The Rotary Foundation of Rotary International”.
18 - Medalha XV Conferência do Distrito 468, do Rotary Club.
19 - Medalha Rotary Club de Cachoeira do Sul, em agradecimento aos 20 anos de prestimosa colaboração, aos 20 de setembro de 1959.
20 - Placa recebida da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, como seu ex-professor, comemorativa do 75º aniversário da instituição, em 1975.
21 - Diploma de colaborador da Casa da Amizade das Senhoras Rotarianas de
Porto Alegre.
22 - Diploma de Benfeitor da Santa Casa de Misericórdia, de Porto Alegre.
Faleceu em Porto Alegre, aos 23 de março de 1982 - sendo sepultado no Cemitério São Miguel e Almas, na capital do Estado do RGS.
CUNHA RÖSING, MOACYR DA
Coletor Federal - Advogado - Poeta Regionalista - Político
Índio Velho
Natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu aos 30 de maio de 1906; casado com . . . , com quem teve os filhos Régis (pai do Regis Fº, repórter da TV Globo) e Preta (casada com Mário Henrique Kämpf).
Foi Prefeito de Cachoeira do Sul (1960-1964).
Publicou a obra “Meu Pago”, que contém versos regionalistas.
Autor da canção MEU PAGO, escolhida como Hino de Cachoeira do Sul, no governo do Prefeito Dr. Júlio César Caspany (1976-1982).
MEU PAGO
Venho vindo das Campinas
Deste Rio Grande de DEUS,
Venho atrás dos teus carinhos,
Dos meigos sorrisos teus.
Mal desponta o sol dourado,
Saio a trote pela estrada,
O meu pingo é bem ligeiro,
Não abate a caminhada.
O verde pampa
do meu Rio Grande,
tudo é beleza,
não se sabe o que é tristeza,
vive alegre o coração.
E a noite desce toda estrelada,
então é lindo ver-se a guapa gauchada
de viola e gaita a mão.
Todos cantam seus amores,
Pondo a mão no coração,
Chora a gaita no terreiro,
Geme o pinho no galpão.
Quem não ama no Rio Grande,
Desconhece o que é viver,
Deixa o lado bom da vida,
Para penar e sofrer.
CUNHA, FELISBERTO INÁCIO DA
Barão do Correntes
Felisberto Inácio da Cunha, nasceu na cidade de Pelotas, aos 11 de novembro de 1824.
Era filho de José Inácio da Cunha e D. Zeferina Gonçalves da Cunha, ambos descendentes de troncos ilustres.
Na terra de seu nascimento, Felisberto Inácio da Cunha quase nada aprendeu, tendo apenas freqüentado uma escola pública durante pouco tempo; o menino, porém, era inteligente e de uma vivacidade extraordinária. Parecia, às vezes, que adivinhava as coisas.
Nestas condições, o seu velho pai o destinou para a carreira do comércio; como tinha no Rio de Janeiro um irmão, que era dono de uma loja de fazendas, resolveu mandar o filho para lá.
Alguns anos depois o nosso patrício, já com tirocínio da vida comercial, deixou a loja do tio e veio estabelecer em Pelotas, na vizinhança do Passo do Retiro, uma importante charqueada, associado a um seu cunhado.
Separando mais tarde a sociedade, tomou a direção dos negócios do seu avô materno Antonio Ferreira Bica, imprimindo em tudo o cunho do seu inteligente esforço. Com a morte do avô, liquidou os negócios, continuando a trabalhar associado a outros, com a atividade de sempre.
Pertenceu desde moço ao partido liberal, sendo, no sul do Estado, dos chefes de grande influência. Por ocasião do movimento abolicionista, foi uma das figuras que mais se pôs em foco pelo desprendimento. Nem era de esperar outra conduta de quem dera sempre tocantes provas de grandeza de alma.
Combatendo nas fileiras do partido liberal, com o ardor das convicções sinceras procedeu de maneira a captar a estima e a consideração dos contrários, a muitos dos quais servira com o seu prestígio e a sua bolsa.
Em atenção aos valiosos serviços que prestou à causa redentora, o governo imperial o agraciou com o título de Barão do Corrientes.
Ainda robusto, com cerca de 72 anos, a morte o levou, a 19 de dezembro de 1896. Foi uma criatura que só teve a preocupação de fazer o Bem.
CUNHA, JOÃO ALCIDES
Professor
Natural de Cachoeira do Sul (RS), nascido aos 24 de junho de 1883 e falecido em Porto Alegre (RS) aos 17 de agosto de 1945.
Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas; também, Professor de português e matemática.
Assinava << J. Alcides Cunha >>
Suas obras:
01 - Colocação do Pronome Pessoal Complemento -
Regras sobre “Ä”, Galicismos Dispensáveis (alguns) - 1918
02 - Método de Análise Sintática (1ª Edição) - 1924
03 - Formulário Ortográfico - 1932
04 - Análise Sintática (2ª Edição) - 1941
CUNHA, JOÃO RENATO DA
Boêmio
Chamava-se João, porém tão fino e sonhador espírito, de tão borboleteante boemia, não podia tolerar nome tão prosaico, nem com ele entrar nos luminosos torneios do parnaso.
E foi assim, que por 1886 ou 1887, aparecia rufantemente, com reclames e notícias berrantes, um Renato da Cunha, de que então não se ouvia falar, assinando uns livrinhos de versos, de que a imprensa se ocupou encomiástica e miudamente.
Depois, veio a saber-se que Renato da Cunha tinha alguns bens de fortuna, uma biblioteca pequena, mas seleta, vestia corretamente, com pedras finas na gravata e nos dedos, bebia conhaque e sabia de cor a Noite na Taverna e a Bohemia de Murger.
Fez época e ele mesmo era o maior, o mais ativo reclamista do seu engenho poético. Para esse boêmio das letras, o Rio Grande do Sul não tinha outro poeta que não ele, e quando, em 1893 ou 1894, estalou a escandalosa questão dos plágios do Sr. Ribeiro da Fonseca, levantada e provada pelo Sr. Alberto Rodrigues (de Pelotas), o Renato apresentou denúncia, aliás infundada, contra outros versejadores gaúchos.
Estava possuído de uma espécie de megalomania poética, e não surgia folheto seu que não viesse ocupado mais da metade com o Perante a imprensa, que era a transcrição de tudo o que de elogioso se escrevia sobre ele.
E tão acentuada em Renato da Cunha era a mania de grandeza, que os seus livros traziam títulos assim: Rutilações, Pérolas e diamantes, Chispas e Pedrarias, etc.
Sonhou mais que produziu, mas, ainda assim, representa uma individua¬lidade de destaque no Parnaso rio-grandense.
Renato da Cunha faleceu em Porto Alegre (de onde era filho), em abril de 1901, tendo publicado as suas últimas produções no Jornal do Comércio.
Não consta que deixasse inéditos, entretanto, desde 1889 anunciava, na capa de seus livros, como obras do mesmo autor, já no prelo > O Apolo de mármore, O mundo de Diógenes, Sir Hasirim (poema) e Chispas e Pedrarias.
Morreu aos trinta e poucos anos de idade, tendo sonhado mais que vivido.
D'AVILA, HENRIQUE FRANCISCO
Advogado
Nasceu na povoação do Herval aos 31 de agosto de 1833. Era filho do estancieiro Antonio Francisco d’Ávila e de D. Ana das Chagas d’Ávila.
Depois de haver estudado as primeiras letras, numa escola pública, na terra do seu nascimento, seguiu para o Rio de Janeiro com o propósito de tirar os preparatórios, no Colégio Pedro II.
Desde que ali entrou, revelou a sua brilhante inteligência e o seu amor ao trabalho. Concluindo os estudos, matriculou-se na Academia de Direito de S. Paulo, onde se bacharelou com 24 anos de idade, tendo sido contemporâneo de Gaspar Martins, que já experimentava as asas para largar vôos.
Henrique d’Ávila, regressando ao Rio Grande, fixou residência na cidade de Jaguarão, onde abriu banca de advocacia, filiando-se desde logo, ao partido liberal que buscava atrair os moços de talento.
Em pouco tempo, o município de Jaguarão tornou-se um baluarte inexpugnável do liberalismo.
Foi eleito diversas vezes deputado à Assembléia Provincial, à Câmara temporária, sendo, mais tarde, escolhido senador pela sua terra natal. Era um homem de talento, orador imaginoso e temido polemista.
Presidiu o Rio Grande do Sul, a província do Ceará, quando flagelada pelos horrores da seca. Teve ainda nas suas mãos, a pasta de ministro da Agricultura. Em qualquer dessas posições, revelou-se de urna atividade rara e honesto a toda a prova.
Foi um trabalhador infatigável, pois ainda, nos últimos anos de sua preciosa e útil existência, colaborou no “Jornal do Comércio” de Porto Alegre, tendo falecido pobre, depois de haver ocupado os cargos mais salientes e ter passado por suas mãos a distribuição dos créditos públicos pois Henrique d’Ávila pertencia àquele pugilo de homens políticos que se esqueciam de si para cuidar tão somente dos negócios da nação.
DIAS DA SILVA, JOSÉ ANTONIO
Militar
Nasceu em Porto Alegre aos 20 de abril de 1820. Era filho de Lauriano Dias da Silva.
Aos 15 de junho de 1837, ofereceu-se para tomar parte na reação que devia libertar a capital do domínio dos republicanos.
Revelando-se sempre com bravura em diversos combates, entre eles > aos 3 de maio de 1840, o de Taquarí e aos 26 de maio de 1843, o de Ponche Verde.
Aos 07 de setembro de 1847, foi promovido a capitão para um corpo de cavalaria. Mais tarde tomou parte na campanha de 1851, no Estado Oriental e em 1852, na República Argentina.
Em 1854, marchou de novo para Montevideo incorporado à divisão auxiliadora. Em 30 de dezembro de 1864, tendo chegado ao seu conhecimento haverem sido tomadas pelos paraguaios as colônias de Dourados e Miranda, seguiu de Nix em reconhecimento, e no rio Feio, a 3 léguas distante daí, foi no dia seguinte atacado pelos invasores, defendendo-se como um bravo.
Apenas com 130 homens era a força que o acompanhava, põe-se em defensiva, sofrendo então tremendas cargas de cavalaria, principalmente na fazenda do Destarracado, onde se houve como um herói
Aos 19 de janeiro de 1865, retirou-se para Miranda e, não encontrando força suficiente para resistir, continuou a marcha para Aquidaban e em seguida, para Santana do Paraíba.
Nessa memorável marcha, conduziu grande número de famílias desses sítios de fácil alcance dos invasores.
Em atenção aos relevantes serviços prestados nessa ocasião, o governo o agraciou com o oficialato da Rosa.
Pouco depois dessa marcha, em que tiveram de experimentar até os efeitos da fome, sentiu-se doente, sendo nomeado, contra a sua vontade, para o Rio de Janeiro, onde faleceu aos 24 de julho de 1868.
Foi sempre considerado um dos oficiais mais distintos da arma a que pertencia.
DIAS LARANJEIRA, DIOGO SATURNINO
Monsenhor
Nasceu aos 8 de novembro de 1851, na cidade de Porto Alegre.
Aos 16 anos de idade, o seu padrinho D. Sebastião Dias Laranjeiras o levou para Roma, a fim de estudar no Colégio Pio Latino Americano, onde revelou desde logo, a sua formosa inteligência.
Concluídos os estudos nesse instituto, freqüentou a Universidade Gregoriana para formar-se em Direito Canônico.
Terminado aí o curso, voltou à terra natal, conseguindo em pouco tempo a estima e a consideração de todos pela modéstia, maneiras delicadas e grandes virtudes.
Tendo sido fundado o Seminário, foi Monsenhor Diogo escolhido para exercer o cargo de vice-reitor, que desempenhou da maneira mais brilhante.
Havendo mais tarde o padre Cacique, por questões de melindres, abandonado a direção desse estabelecimento de ensino, foi Monsenhor Diogo nomeado para substitui-lo. Durante muitos anos esteve no exercício dessa investidura o nosso ilustre patrício, fazendo tudo quanto era possível para prestigiar o instituto que lhe fora confiado.
Chegando ao Rio Grande o Bispo D. Cláudio, tratou logo de afastá-lo dessa posição, entregando aos jesuítas a direção do Seminário; Monsenhor Diogo foi nomeado vigário de Viamão, voltando dois anos depois, para exercer o mesmo cargo na freguesia do Rosário, em Porto Alegre.
Vagando, mais tarde, o cargo de vigário geral e provisor do bispado, pelo falecimento do saudoso Monsenhor Pinheiro, que ocupava essa posição, há longos anos, D. Cláudio que não andou sem acerto destituindo Monsenhor Diogo do cargo de reitor do Seminário, emendou a mão, nomeando-o nes¬sa ocasião, para substituir um sacerdote tão notável pelo saber e excelsas virtudes.
Monsenhor Diogo, pouco tempo depois, sentindo-se adoentado, foi em procura de melhoras, tratar-se no hospital de Santa Isabel, em S. Leopoldo.
O mal, porém, era de morte e o nosso virtuoso patrício foi pouco a pouco definhando, entregando sua alma a Deus aos 17 de junho de 1904; com o desaparecimento desse sacerdote, apagou-se uma das figuras mais radiantes da igreja rio-grandense.
DIAS, MARCÍLIO
Marujo
A vila de S. José do Norte teve a glória de haver sido o berço de dois heróis << o Visconde de Tamandaré e o marujo Marcílio Dias >>
No dia 11 de junho de 1865, no arroio Riachuelo a esquadra brasileira ataca e derrota a esquadra paraguaia, apesar de estar protegida por uma bateria de 32 canhões, escondida na barranca.
Foi uma luta tremenda, o feito naval mais importante da América do Sul; nesse combate, que aturou muitas horas, sem um momento de descanso, deram-se episódios de valor que assombram o mundo.
O nosso navio “Parnaíba” é abordado por três navios inimigos. A guarnição cumpre seu dever: debate-se como um bando de leões e não se rende. Entre os heróis, que tombam mortalmente feridos no convés, sobressai Marcílio Dias que, atacado por quatro paraguaios, põe fora de combate dois e cai aos golpes dos dois restantes, em 12 de junho de 1865.
Seu corpo coberto de horríveis ferimentos foi, depois da luta encarniçada, recolhido, piedosamente, exalando o último suspiro no dia seguinte.
O rio Paraná recebeu em seu seio o cadáver desse bravo, cujo nome a história registra entre lauréis imperecíveis.
O comandante da corveta, capitão-tenente Aurélio Gracindo Fernandes de Sá, referindo-se em ordem do dia, ao imperial marujo Marcílio Dias, diz:
“A praça mais distinta do Parnaíba. Não foi só na batalha de Riachuelo que esse herói dera provas de valor; no sítio de Paissandu já ele havia se assinalado pela sua indômita coragem, indo hastear a nossa bandeira, na cruz da torre da igreja, escalando-a pelo lado de fora.”
Para honrar a sua memória, mais de um navio da nossa marinha tem to¬mado o seu nome glorioso, bem como o Hospital Militar da Marinha de Guerra (RJ); e o Museu Naval do Rio de Janeiro ostenta com orgulho, o seu retrato, pintado por Décio Villares, uma das glórias da pintura nacional contemporânea.
DIFINI, FELICÍSSIMO
Médico
Natural de Porto Alegre (RS), nascido aos 14 de maio de 1900; fez os estudos primário e secundário no Ginásio Anchieta (1908-1915).
Cursou a Faculdade de Medicina (1916-1921), defendeu a tese sobre o tema - Da reação de Noguchi.
Doutorou-se aos 24 de dezembro de 1921, especializando-se em Pediatria e Química; fez viagens de estudos aos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Participou do 9º Congresso Médico Brasileiro; da 1ª Conferência Nacional da Defesa contra a Sífilis; e, do 2º Congresso Nacional de Tuberculose.
Entre os trabalhos publicados, destacam-se, além da sua tese de doutoramento, sobre o tema Classificação Periódica dos elementos (tese de concurso à Livre-docência de Química Geral e Mineral, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre).
Esteve no desempenho de vários cargos, como segue:
01 - Interno da Clínica Propedêutica Cirúrgica (1918);
02 - Interno do Consultório de Adultos da Santa Casa de Misericórdia (1919);
03 - Interno da Enfermaria Dr. Wallau e do Instituto Osvaldo Cruz (1920);
04 - Assistente da Cadeira de Clínica Pediátrica Médica e Higiene Infantil (1922), cargo que voltou a ocupar (1931);
05 - Docente-livre de Química Fisiológica e Chefe de Laboratório (1932).
Foi Diretor da Divisão do Departamento Estadual de Saúde; Titular de Divisão Administrativa e Interinamente dirigiu a Divisão Técnica, desde 1939.
Especializou-se em Pediatria, Química e Saúde Pública; exerceu sua clínica em Porto Alegre.
Casado com Maria Rosa Demarchi, de cujo matrimônio teve o filho Eduardo.
DINIZ DIAS
Barão de São Jacó
Natural de Santo Ângelo (RS).
(Nada mais consegui, até o presente momento - 09-09-2009)
Otávio Peixoto de Melo
Maragato
D. FELICIANO
1º Bispo gaúcho
JOSÉ RODRIGUES PRATES
Digníssimo prelado gaúcho, natural da Aldeia dos Anjos (Gravataí), Rio Grande do Sul, nascido em 1781 - (Segundo Coruja Filho, nasceu aos 13-07-1781).
Seu pai, João Nepomuceno de Carvalho, era um lavrador muito considerado na povoação pela severidade de costumes. Aí, seu filho aprendera as primeiras letras, seguindo anos depois para o Rio de Janeiro, onde completou os estudos no Seminário de N. S. da Lapa, sendo ordenado Sacerdote em 1804, revelando-se desde logo, a par de lúcida inteligência, os grandes dotes do coração.
Em 1805, ingressou no Exército Imperial, como Capelão, indo servir no Regimento dos Dragões do Rio Grande, com ele tomando parte na segunda campanha da Cisplatina (1815-1817), onde defendeu de armas na mão um ataque ao hospital de sangue.
Durante a Revolução Farroupilha, foi Cura (hoje, Pároco) de Encruzilhada (RS) e lá recebeu em 1847, a nomeação para BISPO de Porto Alegre (RS).
Uma vez, na batalha de Catalã, sendo atacado pelos inimigos o nosso hospital de sangue, o venerando sacerdote, à frente dos enfermeiros, opôs tenaz resistência à brutal agressão.
Mais tarde, já velho e adoentado, retirou-se da vida privada, indo cuidar de um pequeno sítio que possuía no município da Encruzilhada (RS), nesse recanto, fazendo o bem aos pobres que não o deixavam.
Quando abandonou o cantinho em que vivera tantos anos, para vir assumir tão elevada posição, foi um dia de luto na povoação; por essa ocasião deram-se as cenas mais tristes e comoventes. Não o queriam deixar partir.
Seguindo para o Rio de Janeiro, foi ele sagrado BISPO no Mosteiro de S. Bento, a 29 de maio de 1853.
Voltando à terra natal, assumiu a 3 de julho do mesmo ano, tão espinhoso e delicado encargo.
Pouco depois fundou o Seminário S. Feliciano, donde saiu uma plêiade brilhante de sacerdotes, como o cônego Gonçalves Viana, Luiz Pinto de Azevedo, Luiz Gonçalves de Brito e tantos outros.
Mais tarde, em 1858, teve saudades de sua antiga paróquia da Encruzilhada (RS) e partiu para lá; queria ver aqueles sítios que lhe eram tão caros, aquelas risonhas paisagens que lhe falavam tanto ao coração.
Apenas lá chegou adoeceu gravemente, sendo obrigado a voltar pouco depois; seus incômodos agravavam-se dia a dia, espalhando a aflição entre os amigos que cercavam o seu leito, cheios da mais carinhosa solicitude.
Na madrugada do dia 27 de maio de 1858, fechou os olhos para sempre, com a consciência de só haver praticado o Bem.
DUTRA JÚNIOR, JOAQUIM FRANCISCO
Visconde de Cruz Alta
Natural de Porto Alegre (RS), onde nasceu em 1833; foi grande proprietário de terras e banqueiro.
Notabilizou-se pelas grandes contribuições que dava à instituições filantrópicas, do Rio Grande do Sul.
Em 1873 foi agraciado com o título de Visconde de Cruz Alta, por D. Luís I - Rei de Portugal.
Faleceu em 1901.
ELIS REGINA CARVALHO COSTA
Cantora
Elis Regina Carvalho Costa, nasceu em Porto Alegre, aos 17 de março de 1945. Desde pequena gostava de cantar; apresentou-se pela primeira vez aos 11 anos, na rádio Farroupilha da capital gaúcha, cantando no programa Clube do Gurí.
Em 1959, com 14 anos foi contratada pela rádio Gaúcha, como cantora.
Em 1964, Elis transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde assinou contrato com a TV-Rio até que, em 1965, veio a FAMA > interpretando a música Arrastão (de, Edu Lobo e Vinícius de Moraes).
Elis venceu o “I Festival de Música Popular Brasileira” da extinta TV-Excelsior. A partir daí, projetou-se nacionalmente como cantora. Logo depois gravou ao vivo com Jair Rodrigues, no Teatro Paramount (São Paulo), o LP - Dois na bossa. Transformou-se em recordista nacional de vendas. No mesmo ano, ao lado de Jair Rodrigues, iniciou na TV-Record (São Paulo), a apresentação do programa O fino da bossa.
Seu jeito irrequieto e elétrico de cantar, lhe rendeu o apelido de PIMENTINHA.
Com a música Madalena, composta por Ivan Lins e Ronaldo Monteiro, conquistou os primeiros lugares nas paradas de sucesso da época.
Em 1970, passou a comandar com Ivan Lins o programa Som Livre exportação, na TV-Globo. Foi uma fase de grandes shows e muito brilho em sua carreira.
Em 1972, gravou Águas de março (de, Tom Jobim), que viria a se tornar um clássico da música popular.
No início de 1974, lançou, com o compositor Tom Jobim, o LP Elis e Tom, gravado em Los Angeles (Estados Unidos).
Em 1981, Elis realizou o último trabalho de sua brilhante carreira, Trem azul; o show obteve enorme êxito e deu origem a um disco lançado após a sua morte, que ocorreu em 19 de janeiro de 1982, pouco antes de a cantora completar 37 anos; nesse dia, o Brasil inteiro chorou com a notícia.
Elis é hoje considerada a maior cantora brasileira de todos os tempos e uma das melhores do mundo.
Os discos mais importantes de Elis Regina, são: Dois na bossa, Elis e Tom, Falso brilhante, Transversal do tempo, Saudade do Brasil e Trem azul.
Conheça algumas frases ditas por Elis Regina:
1 - “Dediquei minha vida a cantar e não tem homem, nem pai, nem filho que me tire disto.”
2 - “Meu problema agora não é cantar, é como usar este meu cantar.”
ESPARTEL, LÉLIS FERREIRA
Engenheiro civil e Professor Universitário
Natural de Bagé (RS), nascido aos 20 de julho de 1898 e falecido em Porto Alegre (RS), aos 23 de junho de 1966.
Sua sabedoria era assombrosa; seu tirocínio era super rápido; enquanto seus pares estavam iniciando a maneira de resolver um problema geométrico, trigonométrico, algébrico ou mesmo um intrínseco teorema - ele já estava com a fórmula adequada na ponta da língua, para a respectiva solução.
Diziam seus alunos, que ele vivia, dormia e sonhava com as ciências exatas, a matemática.
Suas obras:
01 - Caderneta de Campo (907 págs.) - 1948
Instruções de agrimensura, cálculos, etc., em parceria com outro Professor Universitário - João Luderitz.
EVANGELISTA DE SOUZA, IRINEU
Empreendedor
Barão e Visconde de Mauá
Irineu Evangelista de Souza natural de Jaguarão (RS), nasceu aos 28 de dezembro de 1813, na então freguesia do Arroio Grande, distrito de Jaguarão. Era filho legítimo de João Evangelista de Souza e de sua mulher D. Mariana de Souza e Silva.
Ainda bem criança seguiu para o Rio de Janeiro, a fim de dedicar-se à vida comercial. Em 1825 entrou para caixeiro da loja de fazendas de Antonio José Pereira de Almeida, conquistando desde logo as simpatias do patrão.
Apesar da sua tenra idade, tanta aptidão mostrou para o comércio, por tal forma se houve no desempenho de seus deveres que, retirando-se Pereira de Almeida à vida privada, quatro anos depois, não se esqueceu de reco¬mendar o seu jovem caixeiro a um amigo que estava no acaso de aproveitar os seus serviços.
Em 1829 entrou Irineu Evangelista de Souza para sócio gerente da im¬portante casa comercial de Ricardo Carruthers.
Em 1840 empreendeu uma viagem à Europa, estabelecendo durante a sua estada alí uma casa em Manchester, sob a firma de Carruthers de Castro & Cia.
Querendo concorrer por sua parte para o progresso comercial da sua terra natal, estabeleceu no ano de 1845 uma casa na cidade do Rio Grande, sob a firma de Carruthers & Cia.
Voltando ao Rio de Janeiro em 1841, casou-se a 11 de abril desse mesmo ano com sua sobrinha D. Maria Joaquina de Souza, senhora de elevados dotes de coração.
No ano seguinte, fez aquisição do estabelecimento de fundição e estaleiro da Ponte d’Areia que se achava em completa decadência, conseguindo em pouco tempo tomá-lo próspero e florescente.
Foi na direção deste importante estabelecimento que Irineu de Souza pôs em evidência as suas grandes aptidões de industrialista e comerciante.
Em 1847, achando-se na cidade de Rio Grande, organizou ali a companhia Rio-grandense de reboques a vapor para facilitar o serviço da barra da província.
Em 1851 organizou o Banco do Brasil, que tão assinalados serviços prestou ao país.
Pouco tempo depois, por iniciativa do nosso ilustre patrício foram criadas: a companhia de iluminação a gás, a da estrada de ferro de Petrópolis, a de navegação e comércio do Amazonas e a de diques flutuantes.
Em 30 de abril de 1854, por ocasião da primeira via férrea no Brasil, levada a efeito pelo seu gênio empreendedor, foi agraciado com o título de “Barão de Mauá”.
Em julho de 1856, estabeleceu uma casa bancária em Montevidéu, que muitos bons serviços prestou ao comércio da República Oriental.
O Barão de Mauá deve ser considerado como o homem mais ativo e empreendedor de seu tempo.
Pertenceu sempre ao partido liberal que por diversas vezes o elegeu à Assembléia Geral. E só abandonou a política por ocasião do famoso repto que lhe lançou o conselheiro Gaspar Martins, por haver o Barão de Mauá prestado apoio ao gabinete conservador.
Por decreto imperial de 26/6/1874, recebeu o título de “Visconde de Mauá” pelo qual ficou conhecido.
Completamente retirado da política e da labuta do comércio, faleceu em Petrópolis (RJ), aos 21 de outubro de 1889 esse ilustre gaúcho, cuja longa existência é um belo exemplo de coragem e de amor ao trabalho.
Na cidade fluminense de Petrópolis (RJ), há o palacete construído em 1854, desse ilustre gaúcho; hoje alí funciona o Gabinete do Prefeito daquela comuna; alí estão muitos móveis e obras de arte daquele rico empreendedor rio-grandense, com toda a sua genealogia.
continua . . .
FIM
FIM
NOTA: Se você tem conta no "gmail" - eu gostaria de ter o seu comentário no espaço apropriado logo abaixo.
O autor
Rio 30 de Maio de 2019
ResponderExcluirSaudações. Estou realizando uma pesquisa sobre uma escola na cidade de Espumoso. Busco informações sobre o Professor Affonso Luiz Spada. Agradeço o auxílio virtuoso. Antenciosamente Jairo Reis. Profjairoreis@gmail.com
Fabrício Laurindo Machado, que comenta como amigo de Brígido, acima, é meu tetra avô. Tens mais alguma informação sobre ele? Qualquer coisa pode me contatar no email luizaugustoporto@gmmail.com
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